Filme conta com Scarlett Johansson no papel principal (Fotos Universal Pictures/Divulgação)
Maristela Bretas
Scarlett Johansson é Lucy, uma jovem turista que se envolve com o cara errado durante uma viagem e acaba caindo nas mãos de traficantes chineses. O que ela não esperava era se tornar uma vítima da droga que deveria transportar para a Europa. Os pacotes estouram em seu estômago e ela começa a sofrer os efeitos arrasadores do entorpecente.
Se uma pessoa normal usa apenas 10% do cérebro, com o comprimido azul Lucy poderá atingir 100%. Ela passa a ter poderes que lhe permitem adquirir conhecimento instantaneamente, usar telecinesia, não sentir dor, ouvir tudo o que se passa ao redor e controlar a mente das pessoas.
O novo filme de Luc Besson mistura ficção científica, muita ação e muito delírio do diretor, responsável também pelo roteiro e produção. Usando dezenas de imagens que parecem tiradas de algum documentário da NetGeo, vai contando em ritmo frenético a trajetória de Lucy e sua corrida contra o tempo para evitar que o restante da droga seja distribuída pelos traficantes.
Ao mesmo tempo, ela precisa se encontrar com um grupo de cientistas, coordenados pelo professor Norman, papel de Morgan Freeman, para poder contar sua experiência antes que atinja a capacidade total de seu cérebro. O filme é bom, mas literalmente "uma viagem". Johansson está bem no papel, principalmente nas cenas em que se transforma em uma quase "Kill Bill", com direito a pistola automática, muita porrada e perseguições de carro pelas ruas de Paris, ao lado do investigador Pierre Del Rio, interpretado por Amr Waked.
Ficha técnica: Direção: Luc Besson Produção: TF1 Films Production Distribuição: Universal Pictures Duração: 1h29 Gênero: Ficção País: França Classificação: 16 anos Nota: 4,0 (0 a 5)
Tags: Lucy; França; ficção; Universal Pictures; Luc Besson, Scarlett Johansson; Morgan Freeman; Cinema no Escurinho
Gru ganha um irmão gêmeo e enfrenta seu pior inimigo nesta nova aventura (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)
Maristela Bretas
Eles já haviam provado, desde o primeiro filme, que seriam a atração especial da franquia. E não poderia ser diferente em "Meu Malvado Favorito 3" ("Despicable Me 3"), o quarto filme com os bonequinhos amarelinhos de macacão azul que adoram banana e falam uma língua incompreensível que todo mundo entende. A história é sobre Gru e seu irmão gêmeo Dru, mas os Minions (cujas vozes são novamente do diretor Pierre Coffin) fazem a grande diversão da nova animação. E são temidos até por grandes vilões.
"Meu Malvado Favorito 3" é muito divertido e novamente explora a relação de família. No primeiro, Gru, o maior vilão de todos os tempos, se rende a três lindas órfãs Edith, Agnes e Margo e deixa a vilania. No segundo, já mais caseiro, cuidando das filhas, ele se rende ao amor ao conhecer Lucy e ainda conta com um empurrãozinho das filhas. Mas a vilania não saiu do sangue do maior dos malvados e até seus fiéis ajudantes, os Minions, sentem falta do antigo patrão e fazem de tudo para que ele pratique alguma maldade.
A notícia da existência de um irmão gêmeo pode mudar toda a vida de Gru e trazer de volta a alegria aos bonequinhos amarelos que não aguentam mais a vidinha pacata e sem graça do chefe. E são as cenas com os Minions as mais engraçadas, principalmente quando resolvem conversar em seu idioma "diferente" e partem para uma nova vida, longe da família e cheia de aventuras e até prisões.
A relação de família está presente durante toda a animação, desde o momento, tanto na união de Gru (dublado por Leandro Hassum) com os Minions quanto na ligação dele com o irmão recém-descoberto e com Lucy (dublada por Maria clara Gueiros) e as crianças. O tema é bem explorado pelos diretores, dando a dimensão esperada para cada situação. Agnes continua sendo a mais fofinha de todas e encanta com seu olhar apaixonante e sua obsessão por unicórnios.
A experiente agente secreta Lucy, agora esposa de Gru, quer se tornar uma mãe verdadeira e tenta de todas as formas conquistar as crianças. Ao contrário do irmão, Dru (também dublado por Hassum) é a imagem do sucesso - farta cabeleira loura, rico e adorado por todos, o que chega a despertar inveja em Gru. Para Dru, o irmão é seu modelo de vilão, como era o pai, e quer que Gru lhe ensine a ser do mal.
Além da questão de família é muito bem explorada no enredo, a escolha do inimigo não fica para trás. Balthazar Bratt (principalmente na dublagem de Evandro Mesquita) é um vilão que não evolui no tempo, tanto nas roupas quanto na música dos anos 80, que ele usa como trilha sonora em cada aparição ou luta. Ele nunca aceitou o fim do seriado com seu personagem Evil Bratt e para se vingar entrou para o mundo do crime. Gru, agora do bem, é seu maior alvo. Em sua primeira aparição anos depois, Gru e Lucy são chamados para capturar Bratt, mas acabam demitidos por deixá-lo escapar.
"Meu Malvado Favorito 3" é uma grande aventura, com momentos "fofiiiiiiiiinhos" e divertidos que garantem boas gargalhadas, muitas sacanagens dos Minions e mensagens bacanas da família Gru. Merece ser visto e curtido. Recomendo para toda a família e todas as idades.
Ficha técnica: Direção: Pierre Coffin / Kyle Balda Produção: Illumination Entertainment Distribuição: Universal Pictures Duração: 1h30 Gêneros: Aventura /Animação / Comédia País: EUA Classificação: Livre Nota: 4 (0 a 5)
Filme é dirigido por Francis Lawrence, o mesmo diretor dos outros quatro longas da franquia (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)
Larisssa Figueiredo
Um dos pontos mais fortes da franquia "Jogos Vorazes" é a forma como os personagens são construídos e aprofundados com complexidade, estreitando a linha de separação entre os mocinhos e vilões. Em "A Cantiga dos Pássaros e Serpentes" ("The Hunger Games – The Ballad of Songbirds and Snakes"), filme prequel da franquia que estreou nos cinemas, acompanhamos o tirânico presidente Snow aos 18 anos, atormentado pela pobreza e miséria na Panem pós-guerra, quando vê uma chance de mudar sua realidade se tornando o mentor de Lucy Gray Baird, o tributo feminino do Distrito 12.
O elenco do longa-metragem é composto por grandes nomes como Viola Davis (Dra. Gaul), Peter Dinklage (Reitor Highbottom) e Hunter Schafer (Tigris Snow), mas o destaque vai para Tom Blyth, que incorporou os dilemas e contradições do jovem Coriolanus Snow.
Dar vida a um personagem complexo que foge aos arquétipos óbvios hollywoodianos é um desafio que foi executado com maestria pelo ator britânico. Snow, ainda que querendo salvar sua família da pobreza, já mostrava frieza, sinais de tirania e desejo de poder irrestrito e, mesmo assim, Blyth consegue trazer ternura, simpatia e até empatia para Snow do início ao fim do filme.
Já a protagonista Lucy Gray Baird foi interpretada por Rachel Zegler, amplamente criticada pelos fãs da saga nas redes sociais quando a escolha foi divulgada. Lucy é uma personagem imprevisível, intensa, cheia de emoções, que representa um mártir na própria narrativa, esses aspectos parecem ter dificultado a imersão de Zegler na personagem.
A atriz exagera nas “caretas” e não soa natural na pele de Lucy Gray nos momentos de maior tensão. Apesar disso, Rachel Zegler é dona de uma voz exuberante e entrega performances de alto nível nas cenas em que aparece cantando e tem uma química inegável com seu par, Tom Blyth.
Por falar em música, mais uma vez a franquia evidenciou a preocupação em apresentar uma trilha sonora original de primeira qualidade, que ficou a cargo de James Newton Howard ("Operação Red Sparrow" -2018).
Além da icônica contribuição de Rachel Zegler em “The Hanging Tree”, música escrita pela autora dos livros, Suzanne Collins, e também interpretada por Jennifer Lawrence (Katniss Everdeen) em "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1", “Can't Catch Me Now”, da cantora pop Olivia Rodrigo, ganhou destaque como composição original para o longa.
O filme é dirigido por Francis Lawrence, o mesmo diretor dos outros quatro longas da franquia e tem produção executiva de Suzanne Collins. O roteiro começa dinâmico e envolvente, mas perde o ritmo do meio para o final, aspecto que é um desafio para diversas adaptações literárias.
O longa é um dos mais brutais entre as produções de "Jogos Vorazes", com direito a mortes marcantes e muita violência, sem deixar de ser político e inteligente, escancarando as engrenagens da espetacularização por trás dos jogos.
A montagem de "A Cantiga dos Pássaros e Serpentes" chama atenção pela riqueza de planos sequência bem elaborados que imergem o espectador para dentro do filme. A fotografia e os cenários, em sua maioria na Polônia, não deixam dúvidas para afirmar a qualidade estética do longa-metragem, cheio de referências visuais dos símbolos da franquia, como a árvore e os tordos.
O filme prequel trouxe a completude que faltava ao universo de "Jogos Vorazes", proporcionando ainda mais profundidade à narrativa de Snow, um dos grandes protagonistas da franquia.
Ficha técnica:
Direção: Francis Lawrence Produção: Lionsgate, Color Force Distribuição: Paris Filmes Exibição: nos cinemas Duração: 2h38 Classificação: 12 anos País: EUA Gêneros: Ficção, ação, aventura Nota: 4 (0 a 5)
Filme dirigido por Taron Lexton remete a lugares, referências, frases e trechos de produções de Federico Fellini (Fotos: Cineart Filmes/Divulgação)
Mirtes Helena Scalioni
Mesmo os que não são profundos conhecedores do cineasta
italiano vão gostar de "Em Busca de Fellini", delicioso filme descaradamente
feito para homenagear e reverenciar esse genial criador, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas de BH. No entanto, quem tiver
mais conhecimento da sua obra vai, certamente, reconhecer lugares, referências,
frases e, claro, se deliciar com trechos dos seus filmes. Estão lá, por
exemplo, cenas emocionantes e citações de "La Dolce Vita", "Oito
e Meio", "Noites de Cabíria" e, principalmente, "A Estrada
da Vida".
Difícil acreditar, mas o filme, dirigido por Taron Lexton, é
baseado em fatos reais. Lucy (Ksenia Solo em atuação impecável) é uma jovem
ingênua que vive na pequena Ohio, nos Estados Unidos, de onde nunca saiu.
Superprotegida pela mãe é sonhadora, tem dificuldades com os rapazes e acaba
desenvolvendo um louco amor pelo cinema, mais especificamente por Federico
Fellini, de quem se torna fã ardorosa.
Entre outras identificações, ela se vê no personagem
Gelsomina, vivido por Giullietta Masina em "A Estrada da Vida".
Assiste ao filme repetidas vezes e sempre se emociona as lágrimas. Sem saber
que sua mãe Claire (Maria Bello) está doente, decide ir para a Itália à procura
do diretor que, como ela, acredita que "o visionário é o único e
verdadeiro realista".
A viagem solitária de Lucy pela Itália, passando por Verona,
Veneza e Roma, é a grande mágica do filme, e se torna comovente, principalmente
por ser habilmente intercalada com o drama de sua mãe Claire, que ficou em Ohio
aos cuidados da irmã Kerri (Mary Lynn Rajskub), talvez a única personagem de
toda a trama que tem alguma tangência com o real. Entre loucuras, experiências,
desencontros e perigos, a jovem conhece Angelo (Lorenzo Balducci), que a ajuda
na busca por Fellini.
Cenas passadas na bela Itália sempre encantam e emocionam.
Lugares, comidas, a música envolvente e o idioma parecem aquecer a alma do
espectador, mesmo que a viagem de Lucy cause algum estranhamento. Que ninguém
se pergunte, por exemplo, onde ela se hospeda, com que dinheiro se desloca e
outros questionamentos de ordem prática.
Onírica como a obra de Federico Fellini, a passagem da jovem
americana pelo país europeu é pura fantasia, fiel, portanto, à excentricidade e
à estética do diretor, para quem "a vida é uma combinação de magia e
espaguete". Mas, enfim, em se tratando de Fellini, quem precisa de
realidade?
"Em Busca de Fellini", distribuído no Brasil pela
Cineart Filmes, já conquistou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor e
Melhor Atriz no Festival de Ferrara deste ano, na Itália. A produção além de
homenagear o diretor e seu pais, é baseada na verdadeira história de Nancy
Cartwright, uma das roteiristas e produtoras. Classificação: 14 anos
Emmet vai enfrentar novos vilões para proteger seus amigos e o planeta e provar para Lucy que também pode ser um herói (Fotos: Warner Bros. Entertainment/Divulgação)
Maristela Bretas
Com momentos divertidos, "Uma Aventura LEGO 2" ("The LEGO Movie 2: The Second Part") retoma uma linha que deu muito certo com "LEGO Batman: o Filme" há dois anos, explorando bem o sarcasmo de alguns personagens, especialmente o do Homem-Morcego (voz de Will Arnett). Ele e outros velhos conhecidos da animação original - "Uma Aventura LEGO" (2014) - estão de volta, dividindo a tela com o ingênuo herói Emmet (voz novamente de Chris Pratt).
Apesar de a fórmula já estar perdendo o impacto que foi sucesso anteriormente, esta continuação ainda provoca boas risadas. Especialmente dos adultos, por causa das referências a personagens como os super-heróis da Liga da Justiça (Superman, Lanterna Verde, Mulher Maravilha e Aquaman), e de filmes e franquias de sucesso, como "Mad Max: Estrada da Fúria", "Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros" (2015), "O Senhor dos Anéis" e "Harry Potter".
Se no início a animação caminhava para outra ótima produção, em pouco tempo ela muda seu foco e se volta para crianças pequenas, apresentando cenários e pecinhas de montar da LEGO fofinhos e bem coloridos e uma "musiquinha" bem chata que deveria grudar no cérebro, como aconteceu com "Tudo é Incrível", do primeiro filme, mas ainda bem é esquecível. Os produtores tentaram inovar nos créditos finais com uma boa proposta, mas o resultado foi uma longa ficha técnica (11 minutos!!!!) e outra canção de expulsar público do cinema.
A animação passa também uma visão antiquada dos criadores ao associar Bianca (Brooklynn Prince), irmã de Finn (Jadon Sand, do primeiro filme) os novos personagens supercoloridos, que esbanjam gliter e purpurina, só pensam em festa e casamento. Já o garoto fica com as pecinhas iradas, os super-heróis, as naves espaciais, armas, carros de deserto e muita ação. É a velha história de que "meninas usam rosa e brincam de bonecas e meninos usam azul e gostam de carrinhos".
O que era totalmente incrível em Bricksburg no primeiro filme se transforma em Apocalipsópolis após o ataque dos alienígenas do Planeta Duplo ocorrido há cinco anos. Emmet ainda acredita que tudo pode voltar a ser incrível, mas Lucy/Mega Estilo (Elizabeth Banks) só consegue ver maldade e perigo no novo mundo e não aceita o jeito inocente do amigo.
Vivendo num local desértico, dentro de uma fortaleza no melhor estilo "Mad Max", nossos simpáticos heróis vão enfrentar nova invasão, desta vez da tropa da rainha Tuduki Eukiser Ser!, na voz de Tiffany Haddish. Multicolorida e multiformas, ela banca a boazinha, só fala em casamento e faz uma ótima dupla com o Batman em "tiradas" irônicas, garantindo boas risadas.
A vilã sequestra Lucy, Batman, Benny - o Astronauta (Charlie Day), Unigata (Alison Brie) e o pirata Barba de Ferro (Nick Offerman), levando-os para o sistema planetário de Manar, onde tudo é um grande musical Emmet terá de voar pela galáxia para resgatá-los e acabar com os planos da rainha e vai contar com a ajuda de um novo amigo, o navegando do espaço Rex Perigoso.
Produzida pela mesma equipe de toda a franquia LEGO - Dan Lin, Roy Lee, Phil Lord, Christopher Miller, estes dois últimos responsáveis também pela história, baseada nos LEGO Construction Toys. "Uma Aventura LEGO 2" tem classificação livre, mas mesmo na versão dublada é mais indicada a crianças acima de 6 anos. E se a proposta é rir e voltar a ser criança com os filhos pequenos, a animação é uma boa pedida, podendo ser conferida nas versões 2D ou 3D (inclusive Imax), dublada ou legendada.
Ficha técnica: Direção: Mike Mitchell Produção: Lin Pictures / Lord&Miller / LEGO System A/S / Warner Animation Group / Vertigo Entertainment Distribuição: Warner Bros. Pictures Duração: 1h48 Gêneros: Animação / Comédia / Aventura Países: EUA / Austrália / Canadá / Dinamarca Classificação: Livre Nota: 3,5 (0 a 5)
Zachary Levi retoma o papel do super-herói com poderes de deuses (Fotos: Warner Bros. Pictures)
Maristela Bretas
Como alguém pode achar que um jovem de 18 anos pode ter um comportamento tão infantil e bobo como adulto nos dias de hoje? Pois o roteirista de “Shazam! Fúria dos Deuses”, segundo filme da franquia do herói da DC Comics, acha que é possível.
Se no primeiro filme – “Shazam!” (2019), o ator Zachary Levi já interpretava um meninão grande, nesse ele não evoluiu nada, ao contrário dos irmãos adotivos que dividem a fama e o fracasso de super-heróis com ele.
A produção adotou o estilo de grandes batalhas com destruição de cidades que a Marvel já fez em vários filmes da franquia "Vingadores", como “A Era de Ultron” (2015), por exemplo.
Temos também carros explodindo e voando sobre as pessoas, personagens atravessando prédios e apanhando muito dos vilões e monstros atacando os habitantes da cidade.
No filme, as três filhas de Atlas, deus do Olimpo, vêm à Terra para recuperar o cajado com o poder tirado do pai pelos magos. Elas terão de enfrentar Shazam e seu grupo de amigos adolescentes e super-heróis como ele, que vão tentar evitar a destruição da raça humana pelas vilãs.
Apesar de esforçados, os jovens são bem trapalhões e não são bem vistos pela população da Filadélfia.
Vilãs são o destaque
E são elas que se destacam na produção. Estão muito melhores que o mocinho, tanto na atuação, quanto nos trajes bem produzidos de deusas guerreiras do Olimpo.
Curiosidade: as atrizes Lucy Liu, Hellen Mirren e Rachel Zegler foram escaneadas para que os trajes fossem confeccionados. A equipe de figurinistas também utilizou a impressão 3D para dar definição e textura adicionais aos corpetes e saias.
Lucy Liu está ótima como Kalypso, a filha do meio que controla mentes. É a mais cruel e quer o extermínio dos humanos.
Helen Mirren é Héspera, a mais velha e com poderes dos raios busca justiça em nome do pai, sem destruição. Como sempre, a atriz (do excelente "A 100 Passos de um Sonho" - 2014) tem presença marcante cada vez que aparece.
O mesmo não se pode dizer da terceira deusa, Anthea, papel de Rachel Zegler, que não passa de uma adolescente de 6.000 anos.
O comportamento da personagem é semelhante ao dos irmãos adotivos de Billy Batson (papel de Asher Angel), o Shazam jovem que é mais maduro que sua versão adulta de super-herói.
Elenco secundário
No elenco, novamente Jack Dylan Graze se destaca em "Shazam! Fúria dos Deuses” como Freddy Freeman, o irmão de Billy que necessita de uma muleta para andar.
Mesmo abordando superficialmente a deficiência, a dependência do equipamento terá importância no crescimento do personagem.
A pequena Darla (papel de Faithe Herman) continua a parte fofa do grupo de super-heróis e conquista pela simpatia. Os demais irmãos entregam o esperado como coadjuvantes.
As interpretações de alguns dos atores adolescentes ainda são melhores que suas versões adultas, que lembram muito os "Power Rangers."
Outro que ganhou mais espaço na franquia foi Djimon Hounsou, o mago que deu os poderes dos deuses a Billy Batson para que se tornasse Shazam. Terá papel importante na luta para salvação dos habitantes da Terra.
Família em primeiro lugar
Além das batalhas, com bons efeitos visuais e muita ação, o longa dirigido por David. F. Sandberg (que dirigiu também o primeiro filme) aposta na questão da família, tanto do lado dos mocinhos quanto das vilãs.
“Família em primeiro lugar” é a frase que o super-herói do raio no peito (descendente bonzinho de “Adão Negro” - 2022) usa, numa alusão a Dominic Toretto, da franquia “Velozes e Furiosos”, reforçada nos filmes "7" (2015) e "8" (2017).
De um lado temos os super-heróis adolescentes tentando provar que cresceram e querem ganhar o mundo, assumindo responsabilidades, inclusive com os pais adotivos
Do outro, três irmãs guerreiras de idades diferentes disputando o poder que era do pai Atlas e a melhor forma (correta ou não) de recuperarem o legado dele como um dos deuses.
As piadinhas infantis sem graça e associações a filmes da Marvel predominam no filme, o que o deixa ainda mais infantil. Shazam não convence nem quando tenta bancar um herói digno dos poder que lhe foi dado.
Mesmo com quase 18 anos, ainda faz brincadeiras de uma criança de 6 anos. Já deveria estar mais maduro, especialmente pelo histórico de vida que tem. Mas Shazam continua sendo o meninão bobo e perdido do primeiro filme.
Para quem busca uma diversão cinematográfica despretensiosa, sem novidades (especialmente para quem viu o primeiro longa), com muitos efeitos visuais, mas roteiro fraco, “Shazam! Fúria dos Deuses” pode ser uma opção para levar os filhos de até 12 anos.
Fica a dica: o filme tem duas cenas pré e pós-créditos. Nada relevante, mas a primeira indica que pode vir por aí uma terceira produção.
Acessibilidade
O blog Cinema no Escurinho vai inserir em suas críticas, sempre que o distribuidor do filme disponibilizar, o trailer com acessibilidade. Clique neste link para conferir.
Ficha Técnica Direção: David. F. Sandberg Produção: New Line Cinema / The Safran Company Distribuição: Warner Bros. Pictures Exibição: nos cinemas Duração: 2h11 Classificação: 12 anos País: EUA Gêneros: fantasia, aventura, ação
Filme mostra a amizade pouco comum entre uma criança e um animal e a luta pela preservação dele (Foto Netflix/Divulgação)
Silvana Monteiro
Se você ama animais e é ao menos simpatizante da luta em defesa e proteção deles, "Okja" vai te encantar. O filme é dirigido pelo premiado Bong Joon-Ho (de "Parasita" - 2019) e coescrito por Bong e Jon Ronso. O elenco conta com estrelas como por Jake Gyllenhaal, Tilda Swinton, Paul Dano, Giancarlo Esposito e a jovem e talentosa atriz sul-coreana Ahn Seo-hyun, que faz toda a diferença, A produção competiu pela Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, em 2017.
Mija (Ahn Seo-hyun) é uma camponesa órfã que vive com o avô em uma fazenda isolada. Eles criam uma porca gigante, tratada pela menina como um membro da família. É a única companhia fiel e ideal para o banho no lago, para a pesca, o soninho da tarde, ou simplesmente deitar e rolar sobre a grama. É no doce e penetrante olhar que Okja transmite ao público seus sentimentos mais profundos desde a amizade sincera ao medo por seu futuro.
Entretanto, mal sabe ela que por trás daquele animal fofo e molengo feito gelatina há uma realidade dura e cruel. Uma empresa norte-americana, comandada por Lucy Mirando/Nancy Mirando (Tilda Swinton interpreta dois papéis), explora, altera geneticamente e vende até a alma de cada animal. A gigantesca porca carrega no corpo um chip rastreador com todo o seu histórico de vida e saúde, e vai ser usada como o troféu desse projeto.
A fotografia do filme é muito impactante. As cenas em que Mija vira uma leoa para defender seu bichinho de estimação e viaja sozinha para a sede da empresa são as mais fortes do filme.
Outro ponto crucial do enredo é quando a menina e a porca sofrem um rapto do bem, comandado pelos ativistas da Animal Liberation Front (em tradução livre "Frente de Libertação Animal"). A partir desse ponto, tudo pode mudar. Mija ainda vai sofrer um duro golpe até entender que o que vale para os empresários é dinheiro. E pela vida de sua tão amada Okja ela está disposta a tudo, até mesmo trocar um valioso tesouro.
Jake Gyllenhaal tem uma atuação brilhante como o Dr. Johnny Wilcox, um falso amante dos animais e capacho de Lucy Mirando. A trama tem um desfecho surpreendente, daqueles que fazem qualquer um se emocionar. Se prepare para ver de cenas fofas, bem humoradas a momentos dolorosos, de fazer soluçar e inchar os olhos. Dê um start e veja até onde vai a força feminina de uma garotinha que parece, só parece, indefesa.
Ficha técnica: Direção e roteiro: Bong Joon- Ho Exibição: Netflix Duração: 1h58 Classificação: 14 anos Países: Coréia Do Sul / EUA Gêneros: Aventura / Ficção / Drama
“Eu não sei se há um lado obscuro da natureza. Há apenas maneiras inventivas de resistir… Contra todas as adversidades".
Há alguns filmes que deixam o Rotten Tomatoes, site que reúne avaliações de filmes, com uma evidente divisão entre crítica e público. Enquanto um “lado” desaprova, o outro compensa com ótimas avaliações. Esse foi o caso de Um lugar "Um Lugar Bem Longe Daqui" ("Where the Crawdads Sing"), obra dirigida por Olivia Newman e roteirizada por Lucy Alibar.
Inspirado no best-seller homônimo da escritora Delia Owens, com música original de Taylor Swift ("Carolina"), o longa chega aos cinemas na próxima quinta-feira (1º de setembro) e foi consideravelmente mais aprovado pelo público do que pela crítica.
Logo no início do filme, um corpo é encontrado. Um homem local, Chase Andrews (Harris Dickinson), é descoberto no deserto e imediatamente todos assumem que a reclusa Kya (Daisy Edgar-Jones), uma garota que já se relacionou com a vítima, deve ser a responsável. Ela é presa imediatamente.
Ao longo da produção são intercaladas cenas do tribunal com outras da história de Kya, que foi abandonada sistematicamente e cresceu sozinha num brejo da região da Carolina do Norte.
Em se tratando de adaptações de livro, ainda mais de um tão conhecido do público, é desafiador proporcionar a mesma imersão na mente da personagem. No longa de Newman, a narração em primeira pessoa e a visita à infância da personagem nos ajudam a estabelecer uma conexão com ela.
Apesar da investigação, o tom do filme não se assemelha ao de um suspense clássico e acaba sendo consideravelmente mais "doce". Quem assistiu à série "Staircase" (2022), possivelmente vai sentir uma certa falta daquela ambientação tensa do tribunal, das reviravoltas e de toda a carga emotiva do julgamento. Ou apenas da ótima presença da promotora interpretada por Parker Posey.
Em "Um Lugar Bem Longe Daqui", apesar das duas linhas temporais serem bem distribuídas, acabamos nos envolvendo mais com as aventuras de Kya do que com o julgamento em si (há muita expectativa, no entanto, a respeito da decisão final).
Em algumas cenas mais focadas no romance entre Kya e Tate (John Taylor Smith), o casal principal, o filme pode parecer até mesmo muito "água com açúcar" para aqueles um pouco mais céticos. Ainda assim, mesmo esses podem seguir interessados no longa por outras razões, como o desenrolar do mistério ou, simplesmente, por terem se afeiçoado à personagem principal. Além disso, há alguns temas tangenciais interessantes, como a pressão imobiliária e o mal que todo e qualquer estigma pode fazer.
O filme inegavelmente também apresenta imagens lindas, o que foi visto como um problema por alguns críticos, que fizeram a ressalva de que, se a história trata sobre a pobreza, o ambiente não deveria ser tão impecável. Uma das principais bases da trama é o fato de Kya ser uma outsider. No entanto, para muitos, a aparência da garota no filme, que "obedece" a uma série de convenções, não consegue de fato passar essa impressão.
Mesmo se tudo parece arranjado demais e as aparências não nos convencem completamente, a história continua tendo o poder de tocar o espectador. Nossa protagonista, afinal, sofreu diferentes tipos de abuso e precisou encontrar maneiras de sobreviver desde muito cedo. Na natureza, ela encontrou mais acolhimento e uma série de lições.
Em diferentes momentos, perguntam para Kya se ela não sente medo de morar num ambiente selvagem. Vemos, porém, que os principais perigos com os quais ela se depara advêm do mundo "humano". Não são animais desconhecidos que a ameaçam, e sim homens abusadores (bastante conhecidos na cidade, por sinal).
Numa outra cena, Tate, seu principal par romântico, questiona: "Não é melhor sair daqui (do brejo) e estudar, trabalhar, ser alguém?". A protagonista responde com um olhar que já diz tudo: ela já é alguém - e não precisa viver uma vida convencional para provar isso.
Independente da dissonância entre público e crítica, vale ir de coração aberto, se envolver com essa história responsável pela venda de tantos livros nos últimos anos e, claro, tirar as próprias conclusões.
Ficha técnica:
Direção: Olivia Newman Produção: Columbia Pictures / 3000 Pictures / Distribuição: Sony Pictures Exibição: nos cinemas Duração: 2h05 Classificação: 14 anos País: EUA Gêneros: drama, romance