Kool Shen e Isabelle Huppert formam o casal principal (Foto: Tucuman Filmes/Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
Não se pode negar que o filme "Uma relação delicada" provoca desconforto no espectador que, ainda
assim, se mantém atento e perguntando: por que diabos esses dois permanecem juntos?
Maud, uma cineasta bem-sucedida, sofre um AVC e tem metade do seu corpo paralisado. Um dia, vê a entrevista de um vigarista ex-presidiário na TV, encanta-se com o seu olhar e passa a acreditar que aquele homem é o ideal para compor o elenco do seu filme.
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Nasce, a partir daí, "Uma relação delicada", que também poderia se chamar "uma relação complicada" ou "uma relação esquisita". Limitada pela doença e solitária, a mulher, vivida magistralmente pela atriz Isabelle Huppert, causa estranheza ao aceitar - e partilhar - sem explicações nem argumentos, aquele convívio de agressões, dores e exploração. É esse o trunfo do drama.
Atrevida, a diretora Catherine Breillat convidou para o papel do vigarista Vilko um cantor de rap, Kool Shen, que, se não mostra muita intimidade com o ofício, também não compromete.
Outro aspecto da direção: são incontáveis as cenas em que Maud interrompe seu sono entre muitos lençóis e travesseiros para atender seu celular. A repetição faz do telefone um personagem a mais.
O nome original do filme, produção conjunta da França, Alemanha e Bélgica, é "Abus de faiblesse" - "Abuso de fraqueza" em tradução literal.
Difícil entender o motivo da versão em português, já que o título primitivo, embora não seja o ideal, é infinitamente mais condizente e coerente com a história dos dois personagens que mantêm um
relacionamento de dependência, quase um vício.
Há quem enxergue um traço sadomasoquista na relação. Talvez Freud explique. Nota 8.
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