10 março 2015

Com grande elenco, “Terceira Pessoa” é quebra-cabeça cheio de dramas

Leam Neeson muda o estilo "Busca Implacável" e faz o papel de um escritor apaixonado por Olivia Wilde (Fotos: Playarte/Divulgação)

Jean Piter


Três histórias distintas se desenrolam simultaneamente em três diferentes cidades pelo mundo. Aparentemente não há nenhuma ligação entre os personagens. Mas eles acabam se cruzando de forma inesperada e surpreendente. Filme estreia dia 12 nos cinemas.

Em um quarto de hotel em Paris, o escritor Michael (Liam Neeson) busca reencontrar a criatividade para finalizar seu novo livro. Ele passa os dias recebendo telefonemas de Elaine (Kim Basinger), a ex-mulher de um fim de casamento recente. Ao mesmo tempo, ele vive uma nova paixão, quase secreta, com a jovem e ambiciosa jornalista Anna (Olivia Wilde).

Em Nova Iorque, a ex-atriz Julia (Mila Kunis) está nos piores dias de sua vida. Sem o glamour de antes, ela vai trabalhar como camareira de um luxuoso hotel que costumava frequentar. Sem dinheiro e abalada psicologicamente, ela tenta reaver a guarda do filho por meio de uma batalha judicial. Ela conta com a ajuda da advogada Theresa (Maria Bello). Do outro lado está o ex-marido Rick (James Franco), um renomado artista plástico.

Enquanto isso, em Roma, o pilantra americano Scott (Adrien Brody) tenta dar mais um de seus golpes. Ele vive escutando, como remorso, antigas mensagens de voz em seu telefone. Seus planos mudam completamente quando ele conhece a bela Monika (Moran Atias) em um bar. Logo ele se envolve em um estranho caso de chantagem, dinheiro e mentiras para ajudar a moça a recuperar a filha dela. 




Complexidade

“Terceira Pessoa” é um filme de personagens e histórias complexas. Seu grande mérito é não ter mocinhos nem bandidos. Todo mundo é pecador. Isso dá uma face mais realista à trama. O elenco é ótimo, com atuações muito boas. Mas, há também uma série de clichês.


Paris - Michael é um escritor em crise. Premiado. Mas não consegue repetir a grandeza de seu primeiro livro. Uma ex-mulher que ainda nutre por ele algum sentimento. Um fim de casamento trágico. Uma amante mais jovem. Há muitas histórias assim por ai, não?

Roma - Um cafajeste que começa a entrar na linha ou tem atitudes nobres por conta uma mulher. Uma moça bonita e exótica que muda um homem. Pessoas normais contra a máfia...

Nova Iorque - Na outra ponta, a mãe que quer a guarda do filho, contra a vontade do pai. Uma pessoa que já teve dinheiro e fama passando por dias difíceis.

Esses clichês, entretanto, não tiram a brilho da obra. Famílias partidas, pais, filhos, amantes, ex-maridos, ex-mulheres, tragédias, trabalho, fama, glamour, trapaça, entre outros, são ingredientes que engrandecem a trama e deixam os clichês bem menores. As ligações entre as histórias têm um toque de genialidade e magia.


Elas dão um show!

Mila Kunis chama a atenção pela carga dramática empregada a sua personagem. Ela coloca uma tensão bem medida em suas falas, no seu olhar e em seus gestos. Talvez seja a melhor atuação de sua carreira, até aqui, marcada por papéis cômicos.

Olívia Wilde brilha! Do choro às loucuras por amor. A inconsequência calculada de uma mulher que, por vezes, parece ter uma crise adolescente. Que ama do jeito dela, na hora que quer, sem se importar muito com o sentimento dos outros. Que atuação!

Moran Atias é uma bela surpresa. Embora em um papel meio caricato, ela atua com uma naturalidade imensa. Kim Basinger e Maria Bello têm participações menores, mas não passam despercebidas.

A vez de Adrien Brody

Liam Neeson tem um papel maior na trama. Não decepciona, mas está longe de ser brilhante. Com o mesmo rosto e caracterização de seus últimos filmes, a maioria de ação, há um quê de canastragem em sua atuação. Por outro lado, em uma participação bem menor, James Franco faz o suficiente pra se distanciar de suas atuações cômicas.

Adrien Brody consegue ser amável e detestável ao mesmo tempo. Há uma simpatia tão grande em seu personagem que, certamente, faz todo mundo torcer pra que ele se dê bem no fim da história. Um anti-herói clássico. A melhor interpretação masculina do filme.

A fórmula do sucesso

“Terceira Pessoa” é dirigido pelo canadense Paul Haggis. Ele é o diretor e também assina o roteiro de “Crash – No Limite” (2004), vencedor de três Oscar: de Melhor Filme, Roteiro Original e Edição. Por sinal, também uma obra de personagens complexos e histórias cruzadas. Haggis também é roteirista de outras grandes produções dramáticas como “Um Beijo a Mais” (2006) e “Menina de Ouro” (2006).

Ficha técnica:
Direção: Paul Haggis
Produção: Corsan Productions / Hwy 61 Films / Lionsgate
Distribuição: Playarte Pictures
Duração: 2h17
Gênero: Drama, Romance
País: Reino Unido, EUA, Bélgica, Alemanha
Classificação: 14 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

Tags: Terceira Pessoa; quebra-cabeças; Liam Neeson; Kim Basinger; Olivia Wilde; Mila Kunis; Mora Atis; Paul Haggis; drama; Playarte Pictures; Cinema no Escurinho

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