Filme reúne ação, aventura e esperança num cenário grandioso e com elenco de peso (Fotos Walt Disney Studios/Divulgação)
Maristela Bretas
Poderia ser mais um filme dos estúdios Disney, com uma historinha comum, de pessoas comuns e uma grande aventura envolvendo jovens, como aconteceu com "Fuga Para A Montanha Enfeitiçada". Mas "Tomorrowland - Um Lugar Onde Nada é Impossível" ("Tomorrowland"), que estreia nesta quinta-feira (4), aposta não só na criação de uma história sobre um mundo no futuro com propostas melhores, mas na forma de tratar um projeto que começou na década de 50 pelas mãos de um visionário chamado Walt Disney.
O filme é uma grande homenagem ao criador de Mickey e centenas de outros personagens que marcaram gerações, na animação e no cinema. Para Disney, "o futuro não era estático, mas um projeto que nunca acaba”.
Um detalhe interessante logo na abertura do filme foi a troca do tradicional Castelo da Cinderela pela imagem da futurística Tomorrowland. A partir daí, o diretor ganhador de Oscar Brad Bird, o roteirista Damon Lindelof e o produtor executivo Jeff Jensen se envolvem por completo no mundo projetado por Walt Disney. E vão além, com uma produção de qualidade, bem conduzida, com muita ação, e mensagens de amizade, respeito e otimismo, no estilo dos estúdios.
Isso sem contar os efeitos especiais que são excelentes (a Disney não ia deixar por menos), além de uma forte campanha mundial para divulgação do filme, que traz nomes de peso no elenco. Estrelado pelo também premiado duas vezes com o Oscar, George Clooney, o filme conta a aventura de Casey Newton (Britt Robertson), uma adolescente otimista e vibrante que é transportada para outra dimensão após encontrar um misterioso boton com a letra "T".
Sua curiosidade acaba por colocá-la no caminho de Athena (Raffey Cassidy), uma menina vinda do futuro, e de um grupo de homens estranhos que não querem que elas descubram o segredo do boton.
No filme estão ainda Hugh Laurie como o brilhante cientista David Nix que controla Tomorrowland; Kathryn Hahn e Keegan-Michael Key, como o casal Ursula e Hugo Gernsback, donos de uma loja de gibis e artigos de ficção científica e que garantem ótimas cenas de luta e tiros com armas de laser; Thomas Robinson, que interpreta Frank com 11 anos, um inventor idealista e sonhador; e Tim McGraw, no papel de Ed Newton, pai de Casey e engenheiro da Nasa ameaçado de demissão com o fim do programa espacial.
George Clooney, que não é pai, mas tem se mostrado muito "família" em produções recentes, tira de letra o papel do cientista decadente e paranoico com segurança, enquanto Hugh Laurie não perde a pose e sua principal característica - o sarcasmo, principalmente quando se refere à humanidade ameaçada. Parece o "Dr. House" falando.
Britt Robertson (que está em cartaz nos cinemas com o romântico "Uma Longa Jornada", ao lado de Scott Eastwood), cumpriu bem a função e não ficou para trás quando divide cenas com o top megacharmoso George Clooney (que não fica feio nem quando está desarrumado e com barba por fazer).
Já Raffey Cassidy é de uma presença que encanta, com um olhar doce e ao mesmo tempo frio quando enfrenta o inimigo - ela já é conhecida do público por "Branca de Neve e o Caçador" e "Sombras da Noite". Ponto também para o garoto Thomas Robinson, que tem na bagagem duas produções - "Coincidências do Amor" e "O Protetor".
Num momento onde a indústria cinematográfica investe em produções que exploram a violência, o medo e um fim do mundo catastrófico, com pessoas sem esperança e cada vez mais isoladas em suas conexões, "Tomorrowland" vem com uma mensagem totalmente oposta, propondo que se as pessoas acreditarem não será impossível fazer um mundo melhor. Utopia? Pode ser. Mas não custa tentar. O filme tem uma história comum, mas que ganha destaque por sua criação baseada no sonho de um homem de visão e pela atuação do elenco.
Curiosidades
- A história de "Tomorrowland" começou com uma caixa com uma etiqueta “1952”, supostamente descoberta por acaso nos arquivos dos Estúdios Disney. A caixa misteriosa continha todo tipo de modelos e plantas, fotografias e cartas fascinantes que pareciam ter relação com a origem de Tomorrowland e da Feira Mundial de 1964-1965, em Nova York, que apresentou tecnologias radicais.
- O sucesso da Feira Mundial permitiu que Disney arrecadasse fundos para seu próximo grande projeto, o Experimental Prototype Community of Tomorrow, ou Epcot. A visão de Disney era de uma cidade modelo que seria um contínuo experimento de desenvolvimento urbano e organização; era para ser a verdadeira Tomorrowland onde a tecnologia se unia ao planejamento urbano para criar um ambiente otimizado para se viver.
- Walt Disney morreu antes de o Epcot poder ser construído, e a Disney Company decidiu que não queria administrar uma cidade sem as ideias dele. O conceito da comunidade modelo foi modificado para se tornar uma grande e “permanente Feira Mundial”, com dois pequenos distritos residenciais para funcionários e suas famílias. O parque é um dos quatro que compõem o complexo Walt Disney World, em Orlando, na Flórida.
- Já Tomorrowland foi criada por Walt Disney como uma área da Disneylandia em 1955, numa época em que os americanos imaginavam um futuro otimista. E é um dos parques mais visitados do complexo.
- Para a Feira Mundial de 1964, a Walt Disney Company criou três atrações, sendo a mais conhecida "It’s a Small World", instalada na Disneylândia (em Anaheim, na Califórnia), cuja entrada é lembrada no início do filme "Tomorrowland" quando o pequeno Frank segue Athena e um grupo de cientistas numa atração de barco.
- As outras duas atrações, embora meio ultrapassadas para os padrões atuais, "Carousel of Progress", instalada no Parque Magic Kingdom, em Orlando, e "Great Moments with Mr. Lincoln", na Disneylandia, foram revolucionárias no modo como usaram robôs e tecnologia para criar uma atração rica e temática. Ambas ainda estão em atividade.
- A Cidade das Artes e Ciências em Valência, na Espanha, desenhada por Santiago Calatrava, serviu de inspiração para a criação do cenário de Tomorrowland.
- As plantações de milho e trigo mostradas nas imagens foram cultivadas especialmente para o filme em duas fazendas - uma no Canadá e outra nos EUA.
- O figurinista Jeffrey Kurland teve que vestir quase 400 figurantes no período de 1964 para as cenas do Hall das Invenções da Feira Mundial.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Brad Bird e Damon Lindelof
Produção: Walt Disney Pictures
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 2h10
Gêneros: Ficção científica/ Aventura/Ação
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)
Tags: Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada É Impossível; Walt Disney; George Clooney; Hugh Laurie; Britt Robertson; Disneylandia; Epcot; futurista; Feira Mundial de 64; ação; aventura; ficção científica; Estúdios Disney; Cinema no Escurinho
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