20 agosto 2015

"O Pequeno Príncipe" - Para ver com o coração

Duas histórias correm paralelamente, ajudando a protagonista a descobrir a amizade e a liberdade do sonho, da imaginação e da aventura (Fotos: Paramount Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Pode até ser que um ou outro fique decepcionado: o filme "O Pequeno Príncipe" não é exatamente a reprodução do livro de Antoine de Saint-Exupéry  nas telas. O conto está presente, claro, mas entra quase que como coadjuvante na história da menininha que sofre com uma mãe obsessiva e superorganizada que, sob o pretexto de aprovar a filha numa escola rigorosa, traça para ela um plano de milhares de horas de estudos repletos de equações e horários rígidos.

É exatamente numa brecha dessa rigidez toda que a menina conhece seu vizinho, um velho aviador maluco que lhe fala sobre o principezinho sonhador que vivia num asteroide longínquo. A partir daí, as duas histórias - da menina e do príncipe - correm paralelamente, ajudando a protagonista a descobrir a amizade e a liberdade do sonho, da imaginação e da aventura.

Filmes e livros sobre a relação de velhos com crianças são fórmulas que quase sempre dão certo. Todo mundo fica enternecido e tocado com a reflexão sobre o encontro da sabedoria com a inocência, o alvorecer e o outono da vida. Em "O Pequeno Príncipe", o diretor Mark Osborne explora isso muito bem, o que acaba resultando em lágrimas, mas também em muito riso.

Entendidos em animação explicam que o filme utiliza duas técnicas distintas. Uma mais quadradrinha e em tons acinzentados, que o espectador vê nas cenas que mostram a vida da menininha - tudo muito certinho, limpo, simétrico e equilibrado. E outra, mais alegre, colorida, movimentada e lúdica, quando está em cena o mundo caótico do aviador e suas histórias e feitos mirabolantes. Uma ótima sacada, mesmo que isso não seja conscientemente visível ao espectador leigo. Certamente alguma coisa fica dessa diferença.

No Brasil, o tarimbado Marcos Caruso dá voz ao aviador, enquanto a garotinha é dublada pela atriz Larissa Manoela, que faz a personagem Maria Joaquina na novela "Carrossel". Algumas salas receberam a versão francesa legendada de "O Pequeno Príncipe", mas a versão em inglês que conta com a dublagem de estrelas como James Franco, Rachel McAdams, Marion Cotillard, Benicio Del Toro, Ricky Gervais e Jeff Bridges não será exibida nos cinemas brasileiros.

A trilha sonora, do premiado Hans Zimmer (Oscar por "O Rei Leão" em 1995), é praticamente um personagem do filme. Delicada e agradável, a música permeia o longa com nuances sonoras que não nos permitem esquecer nunca que estamos diante de uma deliciosa fantasia. É quase um convite a uma volta à infância.



A geração que cresceu sob a inspiração do belo conto de Saint-Exupéry pode até sentir falta de alguma coisa, como por exemplo das frases e verdades eternas que embalaram suas vidas adolescentes. Estão lá a rosa, o baobá, a raposa, o poço do deserto, mas parece que falta algo. Mas como o essencial é invisível aos olhos e só se vê bem com o coração, tudo se completa. Vale a pena. "O Pequeno Príncipe" tem duração de 1h46 e está em exibição em 23 salas de 18 shoppings de BH, Contagem e Betim, em versões dubladas e legendadas.. Classificação: Livre

Tags: "O Pequeno Príncipe"; clássico; Antoine_de_ Saint-Exupéry; animação; literatura; Mark_Osborne; Marcos_Caruso; Larissa_Manoela; Paris_Filmes; Cinema_no_Escurinho

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