23 novembro 2015

"Hipócrates" aborda temas como ética, corporativismo e mercantilismo


Mirtes Helena Scalioni

O diretor Thomas Lilti foi feliz na escolha do nome do filme. Afinal, Hipócrates é considerado o pai da medicina e é baseado no pensamento dele o juramento que os estudantes fazem ao receber o diploma de médico. Além disso, Lilti fala de algo que conhece, pois ele próprio é médico e sabe dos meandros e particularidades do cotidiano de um hospital. É disso que trata, com muita realidade, a produção francesa "Hipócrates", em cartaz na cidade.

Vincent Lacoste vive o recém-formado Benjamin, filho de um dos diretores do hospital onde ele vai estagiar. Inexperiente, o jovem acaba agindo com negligência, o que resulta na morte de um paciente. Mas o fato, claro, é acobertado pelo pai. A partir daí, é como se a realidade se descortinasse para o rapaz, até então medroso e romântico. 

Do outro lado, fazendo o contraponto, está Abdel, estagiário argelino que quer fazer carreira na França e procura atuar sempre dentro da ética.

Classificado como comédia dramática, "Hipócrates" não tem nada de engraçado ou de leve, embora, no início, possa parecer que sim. Pelo contrário, o filme trata de temas tão polêmicos quanto delicados como eutanásia, corporativismo, competições, mercantilismo e outros dramas éticos da medicina. Em certo momento, um dos personagens decreta: "Médico não é profissão. É maldição".

A história, muito bem contada, se passa num hospital de Paris, mas bem que poderia ser em uma cidade do Brasil ou de qualquer outro país cuja saúde pública é deficiente e a medicina privada um negócio como qualquer outro.

"Hipócrates", uma produção de 2014, com duração de 1h42, foi vencedor do prêmio César 2015 - Melhor ator coadjuvante para Reda Kateb. Está em exibição no Cine Belas Artes com sessão única legendada às 17h30. Classificação: 12 anos




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