02 novembro 2015

"Os 33" é emoção na medida certa mas peca com narração em inglês

Drama de mineiros soterrados em mina no Chile durou 69 dias e foi acompanhado pelo mundo inteiro (Fotos: Fox Films / Divulgação)


Maristela Bretas


Sem ter como contar a história dos mineiros soterrados, a diretora mexicana Patrícia Riggen começa o filme "Os 33" com alguns poucos dramas que serão retomados ao longo da produção. Ela soube explorar bem a quase tragédia ocorrida em Capiapó, no Chile, em 5 de agosto de 2010, quando 33 mineiros foram soterrados após o desmoronamento da mina San Jose. Eles 
conseguiram sobreviver até o resgate que aconteceu após 69 dias de muitos problemas, falta de alimento, desespero das famílias e descrença das autoridades de que ainda poderia haver alguém lá embaixo com vida.

A emoção (com algumas pitadas de humor) domina o filme, chega a ser angustiante a espera por socorro. Mas um ponto importante incomoda desde o primeiro diálogo - a narração em inglês e a escolha de apenas atores estrangeiros para contar o drama chileno. Hollywood impõe seu ritmo do início ao fim para ganhar público em vários países fora da América Latina.

O elenco, sem dúvida, é muito bom, com destaque para Antonio Banderas, como Mario Sepulveda, que acaba se tornando o líder dos 33 mineiros soterrados e que consegue, mesmo nos momentos mais tensos, de falta de comida e calor escaldante, manter todos unidos a 700 metros de profundidade. Grande atuação, como sempre.

Mas faltou o idioma local, que daria uma carga maior de emoção às cenas e aproximaria mais das tradições latino-americanas. Uma das poucas vezes em que foi lembrado e também uma das cenas mais emocionantes do filme foi em "Gracias a la Vida", interpretada por Cote De Pablo, que faz o papel da mulher de um dos mineiros. De fazer o coração chorar.

Tomando a emoção como o ponto chave da história (e não era para menos), "Os 33" dá suas agulhadas no jogo de interesses políticos que o fato desencadeou, com a mineradora se esquivando de qualquer responsabilidade pelo desmoronamento e o presidente do Chile tentando ganhar votos com o resgate. Rodrigo Santoro (melhor a cada produção) ganha força como o ministro da Energia, Laurence Golborne, o lado menos podre da maçã do governo, que faz de tudo para que os 33 homens sejam resgatados.

Como se já não bastasse a exploração política, o fato ganha repercussão mundial com a mídia noticiando diariamente cada passo da operação de salvamento e as "estrelas" do jornalismo sensacionalista tirando proveito da audiência.

Não poderia ficar de fora a batalha dos familiares das vítimas em busca de informações e de solução para o problema. Nesta parte, a francesa Julliette Binoche demonstrou mais uma vez seu talento fazendo Maria Segovia, irmã de Dario, o mais problemático dos mineiros soterrados.

GALERIA DE FOTOS

Os efeitos especiais, principalmente o momento do desmoronamento da mina seguem bem o estilo filme catástrofe que Hollywood sabe fazer bem. No conjunto da obra, "Os 33" é um filme bom, que emociona bastante (há momentos que faz a gente chorar) e merece ser visto, principalmente porque conta com um grande elenco. Fazem parte também Gabriel Byrne, Lou Diamond Phillips, Juan Pablo Raba, Kate del Castillo, dentre outros. Ao final, uma bela homenagem aos verdadeiros sobreviventes.




"Os 33" pode ser visto nas salas 8 do Shopping Cidade, 5 do Boulevard Shopping , 1 e 3 do Ponteio Lar Shopping, 1 do Diamond Mall e 4 do Pátio Savassi.

Ficha técnica:
Direção: Patrícia Riggen
Distribuição: Fox Films
Duração: 2 horas
Gênero: Drama
Países: EUA / Chile
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

Tags: #Os33, #AntonioBanderas, #JulietteBinoche, #Rodrigo Santoro, #PatríciaRiggen, #desmoronamento, #minaSanJose, #Chile, #Capiapó, #drama, #FoxFilms, #CinemanoEscurinho, #TudoBH

Nenhum comentário:

Postar um comentário