18 dezembro 2015

"O Clã" é história real com ares de ficção fantasiosa

Produção argentina é uma das indicações ao Oscar de Melhor Filme em Língua 
Estrangeira (Fotos: Fox Film/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Para um diretor como Pablo Trapero ("Abutres"), quando a realidade é mais absurda do que a mais fantasiosa ficção, já há meio caminho andado para um grande filme. É assim com "O Clã" ("El Clan"), longa argentino que se passa na década de 1980, exatamente quando o país fazia sua transição entre uma ditadura sangrenta e a democracia. Numa casa aparentemente comum no município de San Isidro, na Província de Buenos Aires, vive a família do militar Arquimedes Puccio que, entre o lanche e o jantar, se ocupa em sequestrar - e às vezes matar - pessoas.

O que mais choca em "O Clã", é saber que a história é baseada em fatos reais e que continua sendo estudada - e nunca compreendida - não apenas por argentinos, mas por todos que se interessam pelas esquisitices e fragilidades humanas. Como é que pode um pai afetuoso e preocupado com os filhos envolver toda a família em sequestros, a ponto de esconder as vítimas em sua própria casa? E o que intriga é que tanto a mulher como os filhos de Arquimedes continuam vivendo naturalmente suas vidas, cozinhando, estudando, fazendo refeições, jogando. Tudo na mais absoluta naturalidade.

Arquimedes é vivido por Guillermo Francella e faz isso magistralmente. Deve ser por isso que o espectador, a partir de certo ponto da trama, deixa de perguntar por que ele faz aquilo e que estranho poder tem sobre o grupo familiar. O público simplesmente o aceita. Outro destaque do filme é Peter Lanzani, que faz Alejandro, o mais atuante filho de Arquimedes. O jovem ator veio da moda, da música e das novelas e, com "O Clã", mostrou que pode alçar voos mais ousados.

Faz sentido - muito sentido - o filme estar entre os indicados ao Oscar como Melhor Filme em Língua Estrangeira. Muito bem recebido na Argentina, que até hoje não cicatrizou as feridas da ditadura, "O Clã" tem feito boas bilheterias por onde passa. Mesmo com um início meio confuso - ninguém mais faz filme com começo, meio e fim - o longa vale muito a pena.



"O Clã" pode (e merece) ser conferido nas salas 2 do Ponteio Lar Shopping (sessões de 14h20 e 21h10) e 2 do Pátio Savassi (sessão de 13h15), em versão legendada e duração de 1h48. Classificação: 16 anos

Tags: #OCla, #PabloTrapero, #GuillermoFrancella, #PeterLanzani, #suspense, #drama, #Argentina, #FoxFilm, #CinemanoEscurinho, #TudoBH

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