30 setembro 2017

"Lego Ninjago", ação e aventura para divertir a galerinha acima de 6 anos

Animação com bloquinhos de montar e personagens reais valoriza família, união, amizade e disciplina (Fotos; Warner Bros Entertainment/Divulgação)

Maristela Bretas


Muita ação com super-heróis ninja bem infantis e até um vilão engraçado que comanda um exército de soldados-tubarões. Tudo isso está em "LegoNinjado: O Filme" ("The Lego Ninjago Movie"), terceira animação da Warner com personagens de uma das maiores fabricantes de blocos de montar do mundo. Ao contrário de "Lego Batman: O Filme" (2017), um sucesso deliciosamente divertido e mais indicado para adultos por suas piadas sarcásticas e bem colocadas, "Lego Ninjago" é o mais fraco da trilogia e, assim como "Uma Aventura Lego" (2014), é voltado para um público infantil acima de seis anos.

As crianças vão curtir as minifiguras e ficarem na cola dos pais para comprarem os brinquedos, já à venda nas lojas. Afinal, não é coincidência o lançamento deste tipo de animação anteceder datas comemorativas, como o Dia das Crianças (12 de outubro) e, em breve, o Natal.

Os simpáticos super-heróis ninja - Nya, Cole, Jay, Zane e Kai - usam roupas nas cores de seus poderes, que estão ligados a elementos da natureza - água, terra, fogo, energia e gelo. Essas minifiguras poderiam ser comparadas a Power Rangers de montar. Até mesmo os robôs são semelhantes a megazords. O líder do grupo de estudantes é Lloyd, o ninja verde, e todos dividem seu tempo entre as tarefas escolares e a proteção da cidade de Ninjago contra o destruidor vilão Garmadon, que vive tentando invadir o local.

Para piorar, Lloyd é filho de Garmadon e tem uma profunda mágoa desde que foi abandonado por ele ainda bebê. É nesta parte que a animação deixa o lado infantil e caminha para uma discussão mais adulta, da relação entre pais e filhos. Lloyd foi criado pela mãe e Garmadon nunca teve contato com ele, tanto que não sabe que o adolescente que é seu maior inimigo é também seu único filho que cresceu.


O jovem sempre sentiu a falta de um pai que lhe ensinasse a andar de bicicleta, jogar e agarrar coisas ou dirigir. E a cada batalha contra o vilão, Lloyd espera ser reconhecido pelo pai e sempre vem uma nova decepção. Pais e adultos vão entender essa parte, as crianças, dependendo da idade, podem se identificar com o personagem ou apenas curtir o bonequinho do cabelo louro e o vilão de fantasia preta.

"Lego Ninjago" mescla momentos infantis e adultos. Na sessão de pré-estreia num sábado de manhã em BH, diversos pais e mães participaram com seus filhos, alguns pequenos até demais. Mas as reações foram bem variadas e muitos dos espectadores mirins manifestavam a todo momento suas reações. Um deles, com no máximo três anos, queria saber da mãe porque Garmadon chorava fogo. A explicação aconteceu da maneira adequada à idade, mas teria de ser muito mais profunda para o contexto da história.

A animação foi baseada no desenho animado homônimo que está em sua oitava temporada, exibida no Brasil pelo canal Disney XD. Para o cinema, a história começa contada pelo ator Jackie Chan, que na animação é Mestre Wu, aquele que ensinou os garotos as artes marciais e a filosofia dos ninja. O filme foi feito em live action/animação, combinando os bloquinhos da LEGO animados com personagens reais, interagindo numa aventura cheia de ação e emoção, que reforça valores como amizade, confiança, família, disciplina e união.

Ainda como parte da estratégia de vendas, a Lego criou dez sets exclusivos dos cenários do filme que incluem os personagens para serem montados em família. "Lego Ninjago: O Filme" é divertido na maior parte do tempo e tem ótimas adaptações dos dubladores brasileiros - Felipe Drummond (Lloyd), Eduardo Borgerth Neto (Garmadon), Marcelo Garcia (Kai), Philippe Maia (Cole), Wagner Follare (Jay), Patricia Garcia (Nya), Charles Emmanuel (Zane). A trilha sonora também é muito bacana e a animação pode ser vista dublada, nas versões 2D e 3D.

Poderia ter uma duração menor por ser voltado para pequenos, uma vez que, a partir da metade, o filme perde um pouco da agilidade e fica mais arrastado. Coisa que criança, dependendo da idade, não tem muita paciência de acompanhar, como aconteceu na pré-estreia. Mas é divertido e boa opção para a família num fim de semana.



Ficha técnica:
Direção: Charlie Bean
Produção: Warner Animation / Lego Entertainment
Distribuição: Warner Bros. Pictures Brasil
Duração: 1h41
Gêneros: Ação / Animação / Família / Infantil
País: EUA
Classificação: 6 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #LegoNinjagoOFilme, #Lego, #Ninjago, @JackieChan, #bloquinhosdemontar, #animação, #ação, #infantil, #família,  #live-action, @WarnerBrosPicturesBrasil, @EspaçoZ, @cinemas.cineart, @CinemanoEscurinho


26 setembro 2017

"O Assassino - O Primeiro Alvo" - Um filme de ação muito bom quase estragado pelo título

Produção tem no elenco principal Dylan O’Brien, da franquia “Maze Runner”, e Michael Keaton, de "Birdman" (Fotos: Christian Black/StudioCanal)

Maristela Bretas


Gostaria de entender o que passa na cabeça de quem faz alguns títulos em português sem pé nem cabeça, quando bastava traduzir o original para que tivesse sentido e fosse mais chamativo. É o caso de "O Assassino: O Primeiro Alvo" ("American Assassin"), que poderia simplesmente ser "Assassino Americano" ou "O Assassino", como a Paris Filmes está usando em seus tweets. Mas não se deixe influenciar por esse "vacilo", "O Assassino" é um filme muito bom, com bastante ação, os atores estão bem em seus papéis, direção e roteiro entregam uma produção que vai agradar aos fãs do gênero. 

Dirigido por Michael Cuesta, responsável por algumas temporadas das séries de TV "Homeland", "Dexter", "Elementary" e "True Blood", ele foi inspirado no best-seller homônimo de Vince Flynn. Um vídeo do making off da produção mostra depoimentos da direção, elenco e colaboradores, cenas dos bastidores e o processo de escalação e treinamento de Dylan O’Brien para o papel de Mitch Rapp, além da construção de seu personagem na produção. Clique aqui para ver. 

Protagonizado por Dylan O’Brien (da franquia “Maze Runner”) e Michael Keaton (vencedor do Globo de Ouro por "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)”, "O Assassino" destaca ainda as participações de Taylor Kitsch ("De Battleship - A Batalha dos Mares"), Sanaa Lathan ("Truque de Mestre: O Segundo Ato") e Shiva Negar ("Minha Babá é Uma Vampira").

Dylan O’Brien é o ex-fuzileiro Mitch Rapp, que vê a noiva ser morta na sua frente durante um atentado terrorista. Sua vida se resume a vingar a morte da jovem caçando os autores, o que desperta a atenção de uma divisão especial da CIA, que resolve recrutá-lo. 

O jovem incontrolável, que não aceita ordens, é enviado para treinamento com o veterano militar Stan Hurley (Michael Keaton), que prepara assassinos secretos de atuação internacional e tem sérias ressalvas à avaliação psicológica de Mitch. Taylor Kitsch interpreta "Fantasma", um dos ex-alunos de Stan que agora trocou de lado.

"O Assassino" é ação do início ao fim e Dylan se mostra mais maduro e bem adequado ao papel. Keaton é um show à parte de interpretação. Uma boa surpresa é a jovem atriz Shiva Negar, que faz uma espiã parceira de Mitch. Muitos efeitos visuais usados sem exagero, tiros, explosões e perseguições por locações bem escolhidas, a começar por Roma. Vale a pena conferir.



Ficha técnica:
Direção: Michael Cuesta
Produção: Lionsgate / CBS Films / Di Bonaventura Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h51
Gêneros: Ação / Suspense
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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21 setembro 2017

"Esta é a Sua Morte - O Show" é um filme que choca e faz pensar

Produção mostra a hipocrisia do ser humano com relação ao próximo e a exploração da tragédia em nome da audiência (Fotos: Cineart Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Surreal, violento, provocativo e, principalmente, chocante. "Esta é a Sua Morte - O Show" ("The Show"), que estreia nesta quinta-feira, é tudo isso. Um filme capaz de fazer as pessoas ficarem incomodadas nas cadeiras de cinema, algumas até virarem o rosto para não assistirem cenas brutais. A produção é um tapa na cara, mostrando a que ponto o ser humano está chegando (e até pagando para ver) a desgraça do outro. E como isso tem sido explorado pela mídia, principalmente nos reality shows exibidos nas TVs.

Se a intenção do ótimo diretor (que também tem papel importante na história) Giancarlo Esposito era chocar, ele consegue já nos primeiros minutos de exibição. CLIQUE AQUI para ver a entrevista em que ele conta como surgiu a ideia de abordar este tema, que pode fazer pessoas amarem ou odiarem seu filme. 

A produção é muito boa, baseada na linha sensacionalista (e às vezes cruel) dos reality shows e, até mesmo de alguns programas de notícias. Mostra o lado sádico e desumano das pessoas, que estão cada vez mais ávidas por atrações que exploram o sofrimento e a degradação humana. Ao mesmo tempo em que elas se assustam com o suicídio no palco, se levantam e aplaudem, pedindo que o próximo episódio tenha mais sangue ou que a morte seja mais violenta.

Por outro lado estão as produtoras, que buscam o crescimento da audiência a qualquer custo. Se ainda não vemos na telinha cenas brutais como as deste filme, pelo andar da carruagem, este tipo de exibição não vai demorar a aparecer. E o que é pior, vai atrair público e grandes patrocinadores. "Esta é a Sua Morte - O Show" escancara a hipocrisia geral, tanto do público que assiste quanto da emissora que usa a exibição sem qualquer ética ou escrúpulo, visando apenas superar o lucro.

Ajudar as pessoas que desejam tirar a própria vida, garantindo o futuro de suas famílias. Este é o argumento inicial de Adam Rogers (Josh Duhamel), um apresentador de TV narcisista e implacável, que decide criar um programa após presenciar um crime. O reality show "This Is Your Death" mostra, ao vivo, o suicídio de pessoas que se inscrevem para morrer no palco, das mais variadas e assustadoras formas, o que desagrada alguns integrantes da equipe. Em troca, o público deve votar e doar dinheiro, que será entregue à família dos suicidas. A cada novo episódio, as mortes vão se tornando mais chocantes e Adam abandona seus princípios e as pessoas que ama, em busca do primeiro lugar no ranking das emissoras. 

No entanto, ele terá pela frente um duro crítico, Mason Washington (Esposito), um trabalhador norte-americano que se sujeita a mais de 20 horas de jornada e um salário miserável para sustentar a casa e a família e não concorda com a exploração do desespero das pessoas. Boas interpretações de Josh Duhamel ("Transformers - O Último Cavaleiro") e Giancarlo Esposito (conhecido pelo papel de "Gus" Fring, da série "Breaking Bad"). O elenco conta ainda com Famke Janssen ("X-Men"), Sarah Wayne Callies ("The Walking Dead") e Caitlin FitzGerald ("Gossip Girl"). James Franco faz uma ponta até dispensável.

Vale a pena assistir, lembrando que "Esta é a Sua Morte - O Show" é um filme com cenas fortes do início ao fim, que mostram a banalização da violência e o descaso com o ser humano. 




Ficha técnica:
Direção: Giancarlo Esposito
Produção: Great Point Media / Dobré Films / Quiet Hand Films / Octane Entertainment
Distribuição: Cineart Filmes
Duração: 1h44
Gênero: Drama
País: EUA
Classificação: 18 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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19 setembro 2017

Bom elenco e música sertaneja não evitam "Divórcio" ruim

Comédia brasileira conta com Camila Morgado e Murilo Benício nos papéis principais (Fotos: Warner Bros. Pictures Brasil/Divulgação)

Maristela Bretas

Nem um elenco famoso é capaz de salvar a tentativa de comédia nacional "Divórcio", do diretor Pedro Amorim, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. Apesar de ser estrelada por Camila Morgado e Murilo Benício, que estão muito bem entrosados, a produção é fraca, com roteiro sem graça e não passa de uma paródia aos hábitos excêntricos dos ricos do interior paulista, no caso, Ribeirão Preto, onde se passa a história.

O filme pode agradar àqueles que gostam de música sertaneja, mesmo que cantada em ritmo de rock, como é o caso de "Evidências", de Chitãozinho e Xororó, na voz de Paula Fernandes. Um desperdício de dois talentos, principalmente Morgado, que já fez comédias que foram sucesso de bilheteria, como "Até Que a Sorte nos Separe - Falência Final". E o próprio Benício, sempre com cara de bobo que fica engraçada em alguns momentos, quando não exagera. 

A história é simples, com humor que não chega a provocar risadas ou cenas marcantes. O apaixonado casal Noeli (Camila Morgado) e Júlio (Murilo Benício) leva uma vida humilde, até que os dois ficam ricos depois que ela cria um molho de tomate que virou sucesso nacional. Com o passar dos anos, os dois vão se distanciando e um incidente provoca a separação. O processo de divórcio envolvendo filhos e, principalmente, a grande fortuna do casal provoca uma disputa dos advogados de ambos que tentam garantir para seus clientes o domínio do patrimônio e das crianças.

Morgado e Benício já trabalharam juntos em outras produções, como América (2005) e Avenida Brasil (2012) e estarão juntos novamente no suspense "O Animal Cordial", em breve nos cinemas. Também no elenco estão Luciana Paes (faz Sofia, amiga de Noeli), Thelmo Fernandes (Milton, amigo de Julio), Gustavo Vaz (no papel do cantor sertanejo Catanduva), André Mattos e Ângela Dippe, interpretando os advogados do casal. Participações especiais de Sabrina Sato, como uma entrevistadora de celebridades e o engraçado Paulinho Serra, um técnico de computadores bem esquisitão (como sempre).

O casal principal exagera o sotaque carregado no "R" de algumas cidades do interior de Minas e São Paulo, explora em seus papéis costumes típicos de "novos ricos" que gostam de gastar muito com carros possantes, sapatos, joias, roupas em excesso e o sonho de levar os filhos à Disney nas férias. E quando resolvem se divorciar a disputa na justiça vira uma guerra armada pela divisão do patrimônio.

"Divórcio" tinha tudo para ser a comédia do ano: diretor experiente - Pedro Amorim (de "Mato Sem Cachorro", 2013, e "Superpai", 2014) - e um elenco afinado, mas não conseguiu. O chamariz para garantir boa bilheteria serão os atores principais que têm um público fiel especialmente por causa das novelas e que deverá ir ao cinema para conferir a produção. Além deles, o filme tem alguns pontos positivos, como as tomadas as cenas de perseguição nas plantações e os ataques de fúria de Noeli quando resolve partir para o armamento pesado. Confesso que esperava mais.



Ficha técnica:
Direção: Pedro Amorim
Produção: Filmland Internacional
Distribuição: Warner Bros. Pictures Brasil
Duração: 1h50
Gêneros: Comédia nacional / Romance
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

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17 setembro 2017

Ação e bom humor unem a "Dupla Explosiva" Samuel L. Jackson e Ryan Reynolds

Divertida produção une um segurança particular e um assassino de aluguel pelas ruas de Londres e Amsterdam (Fotos: Metropolitan FilmExport/Divulgação)

Maristela Bretas


O filme não chega a duas horas de duração, mas a ação é tanta, mesclada com bons momentos cômicos, que nem dá para sentir que passou. "Dupla Explosiva" ("The Hitman's Bodyguard") é comédia de ação, reunindo Samuel L. Jackson e Ryan Reynolds, dois ótimos atores que sabem dar o tom certo de comicidade sem perder o estilo "tiro, porrada e perseguição". Ambos estão muito à vontade em cena, há uma ótima sintonia entre eles, o que deixa a produção ainda mais divertida. Até cantam juntos.

Jackson se destaca (como sempre) repetindo expressões que marcaram vários de seus personagens como Barron, de "O Lar das Crianças Peculiares" (2016), Richmond Valentine, de "Kingsman - Serviço Secreto" (2015) ou Nick Fury, o chefe da S.H.I.E.L.D que comanda os "Vingadores". Ele deveria ser o bandido, mas como não gostar desse cara, ele arrasa na atuação. E para fazer inveja em muito barbado, no filme ele é Darius Kincaid, um assassino de aluguel casado com Sonia, ninguém menos que Salma Hayek, mais bela que nunca, mandona e desbocada em dois idiomas.


Ryan Reynolds tem se saído muito bem explorando seu lado cômico - o melhor exemplo ainda é "Deadpool". Ele é Michael Bryce, o cara quase bonzinho que precisa aprender a ser violento para conseguir cumprir o serviço para o qual foi contratado. Ele também tem seu ponto fraco, a agente do FBI Amelia Roussel, interpretada por Elodie Yung.


Outro que está muito bem no elenco é Gary Oldman, no papel de Vladislav Dukhovich, um ditador do Leste Europeu. Joaquim de Almeida pode ter sido um deslize do diretor, uma vez que todo mundo já sabe que ele sempre faz o papel do cara que não presta. Ou seja, mata parte do que poderia ser um pouco de suspense no filme. Mas a "Dupla Explosiva" não deixa a peteca cair e entrega uma divertida produção

Na história, Michael Bryce é um guarda-costas de elite, que só trabalha para os clientes mais seletos do mundo, mas que por um azar muito grande vê um desses clientes ser morto durante a sua proteção. "Na lona", ele aceita pequenos trabalhos até que é chamado por sua ex-namorada para proteger um novo e importante cliente, Darius Kincaid um assassino de aluguel de quem era inimigo e agora é a principal testemunha contra o ditador Vladislav Dukhovich. Eles terão 24 horas para viajar de Londres para a Holanda, enquanto são perseguidos pelos agentes do criminoso de guerra.


O diretor Patrick Hughes também acertou nas ótimas cenas de perseguição de carro, moto ou barco, pelas ruas de Londres e Amsterdam, assim como na escolha dos cenários onde as ações se passam. "Dupla Explosiva" é uma ótima diversão para uma sessão de cinema descompromissada, para relaxar, sem grandes pretensões.



Ficha técnica:
Direção: Patrick Hughes
Produção: Millenium Films
Distribuição: California Filmes
Duração: 1h58
Gêneros: Comédia / Ação
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #DuplaExplosiva #TheHitmansBodyguard #SamuelLJackson #RyanReynolds #SalmaHayek #GaryOldman #ação #comedia #Cineart #CaliforniaFilmes #CinemanoEscurinho

16 setembro 2017

"Feito na América" e embalado sob medida para o talento de Tom Cruise

Filme é uma biografia rica e movimentada do piloto Barry Seal, que enganou o Cartel de Medelin, a CIA e a Casa Branca (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Fazer um filme com Tom Cruise como o protagonista é, no mínimo, retorno certo de bilheteria. E o ator do sorriso mais lindo de Hollywood entra de cabeça em seus personagens, principalmente nas cenas de ação. Bom exemplo disso é a franquia "Missão Impossível". Não poderia ser diferente com "Feito na América ("American Made"), que em cartaz nos cinemas de BH.

Sobra ação durante quase todo o tempo - dá uma caidinha no meio do filme, mas nada que comprometa. Tom Cruise, no auge dos seus 55 anos, tem um fôlego invejável e ensina muito jovem ator como é fazer um bom filme. Neste caso, uma biografia bem rica e movimentada do piloto Barry Seal, que transportava droga para o Cartel de Medelin - Pablo Escobar e sua turma - e nas horas vagas fazia um bico de agente secreto para a CIA.


Cruise é carismático e mesmo que o filme fosse ruim (e este está longe disso), ele atrairia público, fiel pelas produções das quais participa. Como o terror "A Múmia", lançado em julho deste ano, ou o de espionagem "Jack Reacher: Sem Retorno", de 2016. Em "Feito na América", ele acerta novamente a parceria com o diretor Doug Liman, com quem trabalhou na ficção "No Limite do Amanhã" (2014).

Boas cenas de perseguição, com destaque para a que Barry Seal pousa um avião abarrotado de cocaína no meio de um bairro cheio de casas. É a melhor do filme. Veja no vídeo abaixo como ela foi feita:



Passado na década de 1980, o filme conta a história de Barry Seal, um "vida loka" como diriam alguns amigos, que tomava decisões sem pensar. Ele deixa um emprego estável (e chato) como copiloto da empresa aérea TWA e aceita trabalhar como piloto para a CIA, espionando traficantes de drogas só pela adrenalina (e o dinheiro, claro). Quando o dinheiro fala mais alto, ele acaba se unindo a seus espionados, entre eles Pablo Escobar, para quem começa a transportar drogas e armas da Colômbia e de países da América Central para os EUA.



Entre um aperto e outro e todas as agências norte-americanas de investigação no seu pé, a maior preocupação de Seal é onde guardar as montanhas de dinheiro vivo que recebe como pagamento por "seus serviços" (se fosse no Brasil, bastava pedir a um amigo o apartamento emprestado).

Ingênuo em achar que não seria apanhado pelos federais apesar de toda a sua monstruosa operação ilegal de tráfico, o maior erro de Seal foi, por gostar demais da esposa, aceitar o cunhado folgado Bubba (interpretado por Caleb Landry-Jones) morar na sua casa, o que poderia colocar o milionário negócio em risco.


Seal é um bandido com cara de mocinho - é bem casado, tem filhos e cachorro. Impossível não gostar dele (especialmente quando Cruise sorri!), mesmo o filme sendo uma versão romanceada da vida do piloto traficante. A história é entrecortada por gravações em vídeo feitas por ele, que contam seu envolvimento com os dois lados.

Ponto positivo também para a ótima participação de Domhnall Glesson, como Monty Schafer, o agente da CIA que contrata Barry Seal. O restante do elenco é pouco expressivo, deixando o brilho para Cruise. Sarah Wright interpreta Lucy, mulher de Seal, que faz o gênero "não gosto de coisas ilegais mas adoro ter muito dinheiro".


"Feito na América" é um filme de ação, suspense e que entrega boa comicidade para contar a trajetória do sujeito que enganou o Cartel de Medelin, a CIA, a Casa Branca e governos de diversos países por anos seguidos. E, de quebra, dá uma aula de política internacional, mostrando, mesmo que de forma superficial, como eram tratados o apoio militar dos EUA a movimentos rebeldes na América Central e do Sul, o combate às drogas e a "troca de favores" com os governantes aliados (até onde interessava).

O final é esperado, mas mesmo assim o filme agrada bem, principalmente pela atuação do protagonista. Vale a pena conferir, mais um ótimo trabalho de Tom Cruise.



Ficha técnica:
Direção: Doug Liman
Produção: Cross Creek Pictures / Imagine Entertainment / Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Duração: 1h55
Gêneros: Ação / Suspense / Biografia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #FeitonaAmerica #Tom Cruise #ação #traficodedrogas #BarrySeal #CarteldeMedellin #CrossCreekPictures #Universal Pictures #EspaçoZ #Cineart #CinemanoEscurinho

13 setembro 2017

"Amityville - O Despertar" é uma colcha de retalhos fraca e sem criatividade

Produção tenta explorar novamente a história da casa mal-assombrada que ainda existe no vilarejo norte-americano (Fotos: Dimension Films/Divulgação)

Maristela Bretas


Mais um filme de terror sobre a famosa casa mal-assombrada de Amityville, que já recebeu diversas versões. A melhor delas seria a de 1979 - "Horror de Amityville", com James Brolin e Margot Kidder. Mas a cada produção, parece que os roteiristas só vão piorando a qualidade e entregando material que nem deveria sair do papel. É o caso de "Amityville - O Despertar" ("Amityville: The Awakening"), que entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira e pode ser colocado na categoria daqueles que não valem gastar com o ingresso.

O filme pode até tentar aproveitar a temporada de terror que está nas salas de cinema, alguns ótimos, como "It - A Coisa" e "Annabelle 2 - A Criação do Mal", outros nem tanto. Mas está anos-luz de ser uma boa produção. Ele é fraco, sem impacto, cheio de clichês e ainda usa cenas da versão de 1979 e imagens do livro "Horror em Amityville - A Verdadeira História", de Jay Anson, para explicar o que aconteceu na casa mal-assombrada.


O diretor e roteirista Franck Khalfoun não teve criatividade. Chega a ser ridícula a história: todo mundo na cidade sabe a tragédia e os casos de moradores que foram mortos ou fugiram do local por causa de uma entidade do mal que lá habita. Mas os novos moradores se mudam sem conhecimento dos fatos. Mesmo depois de fatos estranhos começarem a acontecer, a atual dona, Joan, papel de Jennifer Jason Leigh, insiste em ficar esperando que a entidade do mal tire seu filho James (Cameron Monaghan) do estado vegetativo.

O roteiro é uma colcha de retalhos sem rumo - uma hora explora a relação conflituosa de Joan com a filha Belle (Bella Thorne), gêmea de James, ao mesmo tempo que coloca a jovem fazendo novos amigos na escola e caindo de boba por ser a moradora da casa do mal. Além de aparições e ataques durante a noite, como todo filme feito de clichês, há também uma filha pequena, Juliet (McKenna Grace) que ouve vozes e conversa com a entidade. E a tia Candice (Jennifer Morrison) que sabe de tudo o que ocorreu lá no passado e ainda deixa a irmã ficar com os filhos no local.

Os atores são fracos, não conseguem dar o clima exigido pelo gênero, a trilha sonora nem dá para lembrar qual era, e o final, apesar de previsível, poderia ter sido melhor e salvar a produção, joga uma pá de cal. "Amityville - O Despertar" poderia ser mais um sucesso da Blumhouse, produtora especialista em filmes de terror e suspense, que tem em seu catálogo, sucessos como "Corra!" e"Fragmentado", além das franquias "Atividade Paranormal" e "Uma Noite de Crime" ("The Purge"). Dispensável.

A maldição da casa

Durante a madrugada de 13 de novembro de 1974, na casa localizada na Ocean Avenue 112, na pequena Amityville, em Long Island (EUA), Ronald DeFeo Jr., de 24 anos, matou o pai, a mãe e quatro irmãos a tiros de escopeta enquanto dormiam. Na época, ele alegou que estava possuído e que vozes vindas da casa mandaram que ele cometesse a chacina. Ele foi condenado a 150 anos de prisão e ainda está vivo. A casa depois foi alugada por outro casal com filhos que saiu corrido de lá depois de 28 dias. E não foram poucas as histórias de fenômenos assustadores na casa ao longo dos anos seguintes, até hoje.



Ficha técnica:
Direção e roteiro: Franck Khalfoun
Produção: Blumhouse Productions / Dimension Films / Miramax Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h25
Gênero: Terror
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2 (0 a 5)

Tags: #AmityvilleODespertar #terror #FranckKhalfoun #BlumhouseProductions #ParisFilmes #EspaçoZ #Cineart #CinemanoEscurinho

10 setembro 2017

"IT - A Coisa", um excelente filme de terror com pitadas de "Os Goonies"

O palhaço Pennywise é tremendamente assustador graças à excelente interpretação de Bill Skarsgärd (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Um dos melhores filmes de terror deste ano, se não o melhor, "IT - A Coisa" acerta em tudo e é capaz de fazer muito marmanjo tremer na cadeira do cinema.Assim como "Annabelle 2 - A Criação do Mal", ele tem roteiro forte e envolvente, trilha sonora sem exagero, elenco entrosado, boa fotografia e a ótima direção de Andy Muschietti, responsável por outro bom filme do gênero - "Mama" (2013).

Claro, o sucesso completo fica por conta da grande estrela, o palhaço Pennywise, tremendamente assustador graças à excelente interpretação de Bill Skarsgärd (de "Atômica" - 2017). O mais novo da família mostra que não fica em nada a dever para os outros integrantes famosos - o irmão Alexander ("A Lenda de Tarzan" - 2016) e o pai Stellan ("Thor",  a franquia "Piratas do Caribe" - 2006 e 2007; "Os Vingadores", 2012 e "Os Vingadores - A Era de Ultron", 2015). Pennywise é perfeito, com um sorriso de palhaço que encanta a vítima para depois personificar a mais assustadora imagem de terror e maldade.

Pennywise é um personagem de múltiplas facetas, que se alimenta do medo de suas vítimas. Suas aparições são sempre esperadas e nem por isso menos assustadoras. Elas acontecem associadas a um trauma, humilhação ou abuso que suas vítimas carregam, o que as torna vulneráveis aos ataques do terrível palhaço do mal. Um vampiro do emocional, que explora o subconsciente das pessoas e chega a provocar dúvida no espectador se ele realmente ataca e devora suas vítimas ou apenas causa temor extremo. E essa maneira perversa de abordagem fica clara na sua frase mais marcante no filme: "Eu não sou real o suficiente para você?"

O restante do elenco que vai enfrentar o palhaço também atuou muito bem. Ótimas interpretações dos sete atores adolescentes que formam o chamado "Grupo dos Otários" ("Losers"), formado por aqueles que sofrem bullying na escola, são rejeitados, apanham dos grandões e acabam se unindo para conseguirem sobreviver ao High School dos anos 80 (que não mudou nada até hoje). 

As aventuras da idade lembram muito às vividas por outro grupo de "losers" que fez sucesso naquela década - "Os Goonies" (1985), com grande entrosamento de toda a turma. Porém, a abordagem é mais dramática quando exposto de onde vem o medo de cada um que desperta a sede de Pennywise.

Destaque para Jaeden Lieberher, no papel de Bill Denbrough, líder do grupo que tem uma gagueira crônica e nunca se conformou com o desaparecimento do irmão. Sophia Lillis, que faz Beverly, a única garota da turma dos Otários, também entrega boa interpretação e tem grande semelhança com a premiada atriz Amy Adams.

Apesar de ser um terrorzão dos brabo ,"IT - A Coisa" tem seu lado cômico, com piadas e tiradas sem noção que provocam gargalhadas no público. O responsável por esta parte é o jovem Finn Wolfhard (das séries de TV "Stranger Things" e "The 100"), que faz Richie Tozier. O garoto é muito bom e já tem cara engraçada, o que melhora sua atuação.

Inspirado no best-seller homônimo de 1.000 páginas escrito pelo gênio do terror, Stephen King, e publicado em 1986, a história de "IT - A Coisa" precisou ser dividida em dois capítulos para a versão cinematográfica. Este primeiro mostra os personagens adolescentes e a segundo, que começará a ser produzido, de acordo com os produtores, em março de 2018, vai apresentar o grupo já adulto, de volta a Derry, a cidade onde tudo aconteceu.

Quando crianças começam a desaparecer misteriosamente na pequena cidade de Derry, no Estado de Maine, um grupo de jovens é obrigado a enfrentar seus maiores medos ao desafiar o perverso palhaço Pennywise, que há a cada 40 anos volta para deixar um novo rastro de morte e violência. "IT - A Coisa" é uma adaptação muito bem produzida (ao contrário de algumas anteriores), o diretor soube explorar bem cada ponto abordado, usou comicidade na medida e foi tão fundo ao causar medo e pavor que assustou até alguns dos atores mais novos. Imperdível para quem curte um filme de terror bem feito e de qualidade.



Ficha técnica:
Direção: Andy Muschietti
Produção: New Line Cinema / Vertigo Entertainment / Lin Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h15
Gêneros: Terror / Suspense / Drama
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 5 (0 a 5)

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05 setembro 2017

"A Torre Negra" deixa a desejar como adaptação, mas vale como sessão da tarde

Os tiroteios no estilo faroeste do pistoleiro interpretado por Idris Elba são a melhor parte do filme (Fotos: Sony Pictures /Divulgação)

Maristela Bretas


A proposta do diretor foi fundir todos os oito livros que compõem a saga "A Torre Negra" ("The Dark Tower") , de Stephen King. Mas ficou a desejar e a bilheteria fraca está comprovando isso. O filme não é ruim, mas fica a dever como adaptação da obra do famoso escritor. Oferece uma boa distração para quem quer ver ficção e aventura com um elenco bem conhecido.

Destaque para Idris Elba com uma ótima interpretação do pistoleiro negro Roland Deschain que defende a torre. São dele as melhores cenas, como se estivesse no velho oeste. Ele divide as atenções do público com Walter, o Homem de Preto, papel de Matthew McConaughey, que faz um vilão mais ou menos convincente, com suas mágicas e poder de persuasão.


Os efeitos visuais garantem o trabalho de ambos, mas não salva a produção. Para completar o elenco principal, Tom Taylor no papel de Jake Chambers, um jovem atormentado por pesadelos de um mundo paralelo no qual estão Roland e Walter.


Existem falhas e a produção é monótona até a metade, ganhando agilidade até o final, com boas cenas de lutas e tiroteios, no estilo faroeste urbano. As locações foram bem escolhidas. O roteiro, no entanto, é fraco e não consegue causar o impacto esperado, principalmente por ser baseada nesta longa e difícil saga.

"A Torre Negra" conta a história do pistoleiro Roland Deschain que percorre o mundo tentando garantir que a Torre Negra, que mantém o equilíbrio dos mundos não seja destruída pelo Homem de Preto, o vilão com poderes mágicos. Os dois são inimigos há séculos e passam de um mundo para outro atravessando portais, algumas vezes trazendo monstros e figuras deformadas com eles. Entra em cena o adolescente Jake, que tem visões com os dois personagens, mas é considerado louco por sua família e se une a Roland para evitar a destruição da Torre.


Ao contrário de "It - A Coisa", esta sim, uma excelente adaptação de um livro de Stephen King, "A Torre Negra" foge totalmente dos estilos terror e suspense, desagradando os fãs do escritor. O palhaço Pennywise é lembrado em uma cena que mostra uma placa com o nome dele no antigo parque em que atuava e que pegou fogo. Confesso que esperava mais, mas o filme vale como diversão em uma sessão da tarde.



Ficha técnica:
Direção: Nikolaj Arcel
Produção: Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures do Brasil
Duração: 1h35
Gêneros: Fantasia / Aventura / Ficção
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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02 setembro 2017

"Como Nossos Pais", um filme para todos, direto e transparente

Produção dirigida por Laís Bodanzky ganhou seis kikitos no Festival de Gramado de 2017, incluindo Melhor Filme (Fotos: Imovision/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Crise matrimonial, conflito de gerações, infidelidade, papel da mulher no casamento, segredos familiares, doença terminal, rotina, sonhos adiados, frustrações... Vistos assim, juntos, temas tão complexos quanto assíduos e delicados poderiam resultar numa história árdua e pesada. Não é o caso de "Como Nossos Pais", filme de Laís Bodanzky que tem recebido elogios - dentro e fora do Brasil - exatamente por ser leve, simples, direto e transparente.

Sem inventar muito, a diretora - e co-roteirista junto com Luiz Bolognesi - faz um recorte na vida de Rosa, jornalista de 38 anos vivida por Maria Ribeiro quando ela vive um momento de crise. Cansada de ser supermãe e dona de casa perfeita, além de carregar a frustração de um trabalho que não a satisfaz, ela enfrenta uma turbulência no casamento, questiona a participação do marido Dado (Paulo Vilhena) nos afazeres domésticos e na educação das filhas, e, para completar, sua mãe Clarice, interpretada por Clarisse Abujamra, despeja-lhe uma bomba, um daqueles segredos familiares de arrasar quarteirões.

Nas muitas entrevistas que deram em jornais e TVs sobre o filme, diretora e protagonista enfatizaram que "Como Nossos Pais" não é um filme feminista - pelo menos na concepção mais original do termo. Houve quem dissesse se tratar de um filme feminino, até porque, os personagens que questionam, revolucionam, criam situações e conflitos, são mulheres. Os homens, embora tenham importância no desenvolvimento da trama, são apenas coadjuvantes.


Exibido em Berlim, vencedor do 19º Festival Brasileiro de Paris, o filme ganhou seis kikitos no Festival de Gramado de 2017: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Atriz para Maria Ribeiro, Melhor Ator para Paulo Vilhena, Melhor Atriz Coadjuvante para Clarisse Abujamra e Melhor Montagem. E ainda está entre os indicados na disputa do filme que irá representar o Brasil no Oscar.

Não é por acaso que o trabalho de Laís Bodanzky se destaca, principalmente, pela atuação criativa e impecável dos atores, a começar por Maria Ribeiro, que encontrou o tom certo da sua Rosa - cansada, irritada, mas guerreira - passando pela veterana Clarisse Abujamra, que emprestou sua experiência ao personagem Clarice, mãe de Rosa, mulher amarga, doente, sem papas na língua.


Destaque também para Paulo Vilhena, que é Dado, o marido que não sabe muito bem qual o seu lugar. Mas nada se compara ao papel de Jorge Mautner, que faz Homero, pai de Rosa, homem sonhador, meio artista, viajandão e com um pé fora do real.

Pequenos deslizes, como a nudez gratuita de Rosa, de costas, quando ela chega à janela de um hotel em Brasília, e a forma como Clarice enfrenta uma doença terminal - sem nenhuma dor ou mal-estar - não são suficientes para embaçar o brilho de "Como Nossos Pais", que tem um final reticente que respeita a inteligência do espectador. Classificação: 14 anos



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