28 janeiro 2018

"Me Chame Pelo Seu Nome" é essencialmente belo


O Norte da Itália foi o cenário escolhido para o romance arrebatador entre Timothée Chalamet e Armie Hammer (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Se fosse possível reduzir "Me Chame Pelo Seu Nome" em uma única palavra, bem que essa palavra poderia ser naturalidade. Muito já se falou que não se trata aqui de "mais um filme de trama gay" e essa é a mais pura verdade. E talvez o que o diferencie de outros longas, nos quais personagens vivem romances homoafetivos, seja exatamente a forma absolutamente espontânea e natural como as coisas acontecem. Um menino de 17 anos vive uma paixão por um jovem, de seus 24, 25 anos, mas poderia vivê-la por uma mulher de sua idade ou mais velha. Não há questionamentos. Não é isso que está em pauta.

Outra palavra que também poderia definir o filme dirigido por Luca Guadagnino é beleza. Como a história se passa no Norte da Itália, as paisagens insistentemente exploradas são deslumbrantes. Muito verde, muitos lagos. Tudo, aliás, é esteticamente perfeito. A casa de verão onde passam temporada o adolescente Elio (Timothée Chalamet) e seus pais - vividos por Michael Stuhlbarg e Amira Casar -, as meninas com as quais ele passeia, as comidas, as visitas constantes que o casal recebe, os temas das conversas sempre voltados para a arte e a literatura, tudo remete à perfeição, ao encaixe, ao equilíbrio.

Enquanto curte passeios e uma certa preguiça num daqueles verões da década de 1980, Elio se sente fortemente atraído por Oliver, mais um acadêmico que vem passar uma temporada com a família para ajudar o pai na sua pesquisa sobre a cultura greco-romana. Interpretado por Armie Hammer, Oliver chama a atenção exatamente pela beleza. Seu rosto apolíneo e seu porte elegante chegam para complementar e aguçar a beleza do filme. Armie está tão deslumbrantemente belo no longa que alguns chegaram a falar que sua interpretação esbarrou na canastrice. Um exagero.

Sutil e delicado, "Me Chame Pelo Seu Nome" torna-se levemente arrastado do meio para o final, como se não estivessem sabendo como terminá-lo. Mas nada que comprometesse o filme, que permanece sendo uma apologia à beleza e ao amor - seja ele em qualquer forma. O ator franco-americano Timothée Chalamet está presente também em um dos fortes candidatos ao Oscar de Melhor Filme - "Lady Bird - A Hora de Voar".
Classificação: 14 anos // Duração: 2h13


Tags: #MeChamePeloSeuNome, #CallMeByYourName, @LucaGuadagnino, @TimotheeChalamet, @MichaelStuhlbarg, @ArmieHammer, @AmiraCasar, #romance #drama, @cinemas.cineart, @SonyPictures, @cinemanoescurinho

26 janeiro 2018

"Maze Runner - A Cura Mortal" é o encerramento da trilogia que os fãs aguardavam

 
Dylan O´Brien e sua turma de fugitivos Clareanos se unem para acabar de vez com a organização criminosa C.R.U.E.L. (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


"Maze Runner - A Cura Mortal" ("Maze Runner: The Death Cure") completa bem a trilogia com muita ação, os atores jovens entregando interpretações bem melhores em seus papéis, especialmente Dylan O´Brien, e um cenário futurista catastrófico muito bem elaborado. Como era esperado, a saga retorna às origens para concluir e explicar o ciclo que começou no labirinto em ""Maze Runner - Correr ou Morrer" (2014).

E não adianta achar que assistindo o terceiro vai entender totalmente a história. Para quem não conhece a saga será uma boa opção de entretenimento nos gêneros ação e ficção científica. Mas o risco é grande de sair "boiando" no cinema e perguntando depois como tudo começou até chegar naquele ponto. Vi isso acontecer na pré-estreia em BH. O ideal é ter acompanhado desde o primeiro, seja no cinema ou pela coleção literária escrita por James Dashner, para poder entender a trilogia, o papel de cada personagem, suas ligações e o destino reservado para cada um deles na trama.

As cenas de ação e os efeitos visuais dominam o filme e compensam o ingresso. São tão bons quanto os anteriores da saga. Desde as primeiras cenas tudo acontece em ritmo bem acelerado, com resgates, perseguições e batalhas surpreendentes, a começar pela inquietante cena de abertura. Claro que há muitos diálogos clichês, que são tão previsíveis que poderiam ser eliminados de tão conhecidos. Mas nada que comprometa o bom andamento do filme.

Além de Dylan O´Brien (no papel de Thomas), também se destacam Kaya Scodelario, que interpreta Teresa, ex-integrante que traiu o grupo de fugitivos, Thomas Brodie-Sangster (Newt), Will Poulter (Gally), Rosa Salazar (Brenda) e Giancarlo Esposito (Jorge). Aidan Gillen, como o vilão Janson, continua mais convincente que Patrícia Clarkson, no papel da cientista Ava Paige, comandante da poderosa agência C.R.U.E.L.

O terceiro filme retoma a história de onde parou o segundo episódio da franquia, "Maze Runner - Prova de Fogo" (2015). Os atores originais são mantidos, com alguns retornos surpreendentes e necessários para a conclusão. 
Thomas vai tentar resgatar seu amigo Minho (Ki Hong Lee), levado pela C.R.U.E.L. para servir de cobaia na busca da cura para uma praga que está dizimando a humanidade. Em sua missão, ele vai reencontrar velhos amigos e inimigos e terá de contar com a ajuda de todos para impedir que a organização criminosa elimine todos que vivem fora dos muros de sua fortaleza, a lendária e mortal Ultima Cidade.

Com 2h22 de duração, "Maze Runner - A Cura Mortal" é longo demais e mesmo assim ainda deixa alguns buracos sem explicação. Acredito que os fãs dos livros (e da própria versão cinematográfica) vão gostar bastante da forma como o filme foi conduzido pelo diretor Wes Ball, que soube explorar e valorizar bem o perfil dos personagens de cada um dos jovens. Vale a pena conferir no cinema.



Ficha técnica:
Direção: Wes Ball
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h22
Gêneros: Ficção científica / Ação /Aventura
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

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24 janeiro 2018

"O Destino de uma Nação", uma biografia que consagra a atuação de Gary Oldman

Winston Churchill é o grande primeiro-ministro britânico que deixou sua marca na história mundial (Fotos: Universal Pictures)

Maristela Bretas


Um Winston Churchill que mescla indecisão e prepotência, que recebeu uma grande interpretação de Gary Oldman. É o que apresenta "O Destino de uma Nação" ("Darkest Hour") um dos concorrentes ao Oscar deste ano. É o ator que dá vida e força ao filme, arrastado em alguns momentos, uma vez que foca nas negociações do então primeiro- ministro britânico indesejável Winston Churchill para um possível acordo de paz com a Alemanha nazista.

Gary Oldman está irreconhecível com a excelente maquiagem feita para o personagem (que pode levar uma estatueta) e assumiu tão bem o papel que chegou a ter problemas de saúde por causa dos inúmeros charutos que precisou fumar, como fazia Churchill. Ele é o centro de tudo, seu personagem é forte, prepotente, às vezes irônico e apaixonado pela mulher e filhos, quase um ser humano normal. Não sei se o original era assim, mas convenceu.

Muito diferente do apresentado por Brian Cox, que também viveu o estadista em "Churchill", filme britânico-americano dirigido por Jonathan Teplitzky, lançado em 2017, que eu recomendo assistir. Assim como "Dunkirk", de Christopher Nolan, do mesmo ano, que vai explicar o outro lado do conflito. Uma das melhores produções de guerra dos últimos anos e que também disputa o Oscar de Melhor Filme.

Como produção, "O Destino de uma Nação" brilha no roteiro, atuações e direção, com ótima reconstituição de época e locações, aprofundando mais nas negociações do conflito e nas estratégias do que na própria guerra. A preocupação em quem colocar no lugar do primeiro-ministro incompetente destituído e a escolha daquele que deveria descascar a batata quente do acordo é o tema principal.

Além de Oldman, Kristin Scott Thomas está muito bem no papel de Clementine, esposa do primeiro-ministro, apaixonada, companheira, mãe dos filhos e... só. Já Miranda Richardson, a mesma personagem em "Churchill" fez um papel mais intenso, não abaixava a cabeça para o poder do marido e o enfrentava quando era preciso, tanto nas questões do casamento quanto nas de estado. O restante do elenco de "O Destino de uma Nação" entrega ótimas interpretações e garantem um dos melhores filmes biográficos do ano.

A trama gira em torno de Winston Churchill (Gary Oldman) colocado no cargo de primeiro-ministro de uma Grã-Bretanha ameaçada de ser invadida pela Alemanha nazista. Com as tropas encurraladas em Dunquerque (França) e os aliados França e Bélgica dominados, ele deve definir se aceita ou não o acordo de paz com Hitler. Mas o grande estrategista é contra a rendição e provoca a ira dos inimigos políticos pela forma como pretende conduzir suas tropas e conquistar o apoio do povo britânico e dos demais aliados.



Ficha técnica:
Direção: Joe Wright
Produção: Focus Features / Perfect World Pictures / Working Title
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 2h05
Gêneros: Drama / Biografia / Histórico
País: Reino Unido
Classificação: 12 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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20 janeiro 2018

"Viva - A Vida é uma Festa" faz bem pra alma e pro coração

Miguel e Héctor, amigos de mundos diferentes que dividem o mesmo sonho (Fotos: Walt Disney Studios/Divulgação)

Maristela Bretas


A Pixar volta a brilhar em mais uma de suas animações, talvez a melhor dos últimos tempos que o estúdio produziu. "Viva - A Vida é uma Festa" diverte, encanta, emociona e, como sempre, tem uma linda mensagem para toda a família. As crianças vão adorar o colorido e os personagens simpáticos e trapalhões, mas são os adultos que saem surpresos e chorando com uma história que faz sacudir emoções.

"Viva" é pura lembrança, uma animação com cara de casa de vó, com direito a família grande, barulhenta, todo mundo dando palpite na criação dos filhos dos outros. E tendo como pano de fundo um dos feriados mais importantes do México - "El Dia de los Muertos" ("O Dia dos Mortos"), que acontece também em 2 de novembro, como no Brasil. Só que a data lá tem um significado diferente, ela é de celebração àqueles que partiram para o Mundo dos Mortos - amigos, parentes e até mesmo figuras ilustres. Tudo com muita cor, música, e dança.

Uma verdadeira festa, como cita o título brasileiro - único lugar que a Disney mudou o nome original, que é "Coco" - que não é explicado em momento algum na nossa versão dublada. Fica aqui, então, a explicação para quem não sabe: Coco é o apelido da bisavó do jovem Miguel e ela é a ligação do bisneto com todo o contexto da história. No Brasil, a "bisa" quase centenária recebeu o nome de Mamá Inês (????), ou seja, liga nada com coisa alguma e o expectador sai do cinema sem entender porque a mudança.

Mas voltando à história, o lencinho é essencial, não porque o filme seja triste. Ele provoca boas reações, sentimentos guardados na memória de brincadeiras da infância, saudade do colo da vó, o abraço apertado só pai ou da mãe sabem dar, histórias e experiências contadas pelos mais velhos mesmo quando já não têm mais a consciência do presente. "Viva" faz chorar com certeza, mas também é bem divertido, conta uma grande aventura familiar e deixa o coração da gente mais leve quando sai do cinema.

E estes sentimentos os diretores Lee Unkrich e Adrian Molina sabem provocar e demonstraram muito bem em sucessos como de "Toy Story 3", "Monstros S.A." e "Procurando Nemo". Em "Vida", duas gerações são unem todo o enredo - Miguel, um menino de 12 anos, que ama a família, especialmente Mamá Inês (Coco). Seu sonho é tocar como seu maior ídolo, o grande Ernesto de la Cruz (voz de Benjamin Bratt e dublagem nacional de Nando Pradho).


Mas sua família, principalmente a avó, guarda uma grande mágoa e a música é proibida em todos os sentidos na casa. Miguel, no entanto, não desiste e o encontro com Héctor (dublado por Gael Garcia Bernal e no Brasil por Leandro Luna) no Dia dos Mortos vai mudar sua vida. Héctor é um dos mais divertidos personagens da animação, sem falar no cão de Miguel e na versão "do outro mundo" da família dele. Personagens famosos da cultura mexicana também foram lembrados na animação, como a pintora Frida Kahlo.

Na versão original, a maioria da vozes foi emprestada por atores mexicanos, mas a dublagem brasileira ficou ótima (como sempre) e é feita também nas músicas, traduzidas por Mariana Elizabeth. Destaque para "Lembre de Mim" ("Remember Me"), cantada no filme em três situações, sendo a terceira a mais emocionante a terceira, com Miguel (voz original de Anthony Gonzalez e no Brasil do jovem Arthur Salerno) e a Mamá Inês (voz de Ana Ofelia Murguía e dublagem brasileira da atriz Maria do Carmo Soares).

A animação é linda e merece cada prêmio que ganhou até agora e as indicações para os próximos, ficando como a mais provável de levar o Oscar 2018 em sua categoria. Uma produção imperdível e emocionante. A classificação é livre, mas a idade ideal para as crianças curtirem e os pais também é acima de 5 anos.



Ficha técnica:
Direção: Lee Unkrich e Adrian Molina
Produção: Pixar Animation Studios
Distribuição: Disney/Buena Vista
Duração: 1h45
Gêneros: Animação / Família / Fantasia / Aventura
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 5 (0 a 5)

Tags: #VivaAVidaeumaFesta, #Coco, @DisneyPixar, #DiadosMortos, #animação, #familia, #fantasia, #aventura, @cinemas.cineart, @cinemanoescurinho

16 janeiro 2018

Jackie Chan deixa o lado cômico para viver um pai em busca de justiça em "O Estrangeiro"

Intrigas, suspense e muita ação nesta produção chino-britânica ambientada em Londres e na Irlanda do Norte (Fotos: Universum Film GmbH/Divulgação)

Maristela Bretas


Um Jackie Chan de poucas palavras e muita ação, sem o lado cômico que marcou boa parte de sua carreira em Hollywood, inclusive nas dublagens de animações. Nem por isso perdeu o pique e ainda protagoniza as cenas de luta, não tão brutais e cheias de malabarismos como de alguns de seus antigos filmes. Até pela idade do ator, 63 anos. 

Em "O Estrangeiro" ("The Foreigner"), que também ajudou a produzir, Chan não dispensa uma boa quebradeira por onde passa, usando o que tiver na frente contra o inimigo - mesas, cadeiras, abajures e pedaços de pau. Desta vez, talvez para cansar menos, contou até com a "ajuda" de uma metralhadora e nitroglicerina para dar um clima diferente, mais explosivo.


Ele divide a atenção do público com o sempre charmoso ex-James Bond, Pierce Brosnan ("Horas de Desespero" - 2015), este sim, falando muito mais que a estrela principal e sem perder a pose de espião britânico. "O Estrangeiro", não foge dos clichês, reforça velhas diferenças entre o Exército Republicano Irlandês (IRA) e o governo britânico e tem poucas mas boas locações, principalmente em Londres e Belfast. No elenco se destacam também Orla Brady Charlie Murphy e Katie Leung.

Dirigido por Martin Campbell (o mesmo de "Cassino Royale"), o longa-metragem fica no meio termo - é um filme de ação, mas se perde no suspense, uma vez que muitas cenas são bem previsíveis. Jackie Chan faz um personagem sem expressão facial, até mesmo quando conversa com a filha no carro. E este lado sombrio (e justificável pela própria história) é mantido durante todo o filme, variando momentos de ódio, violência e dor. Nem parece o ator simpático de comédias como "A Hora do Rush", Mostrou que também é capaz de interpretar papéis sérios e entregar um trabalho bom.

"O Estrangeiro" é baseado no livro "The Chinaman", de Stephen Leather, com roteiro escrito por David Marconi, o mesmo de "Duro de Matar 4.0". Conta a história de Quan (Chan), dono de um restaurante chinês em Londres que cria sozinho a única filha. Um atentado a bomba tira a vida da jovem e o pai vai atrás das autoridades para cobrar que prendam os responsáveis. 

Como as investigações dependem de negociações políticas por ser um atentado terrorista, Quan resolve fazer sua própria caçada, indo atrás inclusive do vice-primeiro-ministro irlandês Liam Hennessy (Brosnan) para obter informações. E mostra a seus inimigos que ele é mais que um simples comerciante.

Como sessão da tarde passa e mostra que Jackie Chan ainda tem muito fôlego, mesmo lutando menos. Ele e Brosnan fazem uma boa dupla em lados opostos, o que ajuda a manter o ritmo do filme. Vale conferir para quem gosta de ação.



Ficha técnica:
Direção: Martin Campbell
Produção:  STX Films / H. Brothers /Wanda Pictures
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h54
Gêneros: Ação / Suspense
Países: Reino Unido / China
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #OEstrangeiro, #TheForeigner, @JackieChan, @PierceBrosnan, @MartinCampbell, #acao, #suspense, @DiamondFilms, @cinemas.cineart, @cinemanoescurinho

14 janeiro 2018

Um simpático touro chamado Ferdinando que conquista corações

Ferdinando ama flores, a sombra de uma árvore e sua melhor amiga Nina (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)


Maristela Bretas


Crianças e adultos vão curtir demais "O Touro Ferdinando", a nova animação do diretor brasileiro Carlos Saldanha, responsável pelos grandes sucessos "A Era do Gelo" e "Rio". Com muita inspiração e simpatia, ele nos apresenta um enorme animal, que daria medo em qualquer um de sua espécie e seria a glória para qualquer toureiro vencê-lo numa arena. Mas ao contrário disso, Ferdinando é doce, cuidadoso, gentil e detesta briga.

Desde pequeno Ferdinando gostava de flores e da calma do campo e sonhava deixar a fazenda onde era preparado para as touradas. Ao contrário dos outros animais de sua espécie e de seu pai, um campeão respeitado. E foi o temperamento calmo e tranquilo que levou Ferdinando (dublado em português por Duda Ribeiro e na voz original pelo ex-lutador de WWE, John Cena) a fugir para um local onde tivesse paz e amigos, além de uma árvore onde pudesse ficar embaixo admirando a paisagem. 

Os anos se passaram e o pequeno bezerro se transformou num touro gigantesco que não tinha noção de seu tamanho. Ele era feliz ao lado de Nina, sua dona (dublada pela apresentadora do SBT, Maísa Silva), do pai dela e do rabugento cão Dos. Mas um incidente que o deixou descontrolado fez com que ele fosse capturado e levado de seu lar. Determinado a voltar para sua família, Ferdinando se une a uma equipe desajustada e muito divertida na maior de suas aventuras pela Espanha. 

Mais que uma simples animação, "O Touro Ferdinando" ensina que é possível ser diferente e que não se deve julgar ninguém pela aparência. A animação apresenta personagens belos, vistosos e cheios de si, como o cavalo Hans (na voz de Otaviano Costa), que não se preocupa com ninguém, apenas com sua aparência. E outros não tão belos, mas que são fiéis e incapazes de deixar um amigo para trás, fosse ele uma velha cabra desmiolada, como Lupe (dublada pela ótima Thalita Carauta) ou um touro que tem medo de tudo. 

Ferdinando é a força do grupo, porque acredita em cada um e quer que todos sejam livres e felizes como ele, longe das arenas e dos abatedouros. E será uma inspiração para todos que passarem por sua vida. O filme é uma linda lição para todas as idades, muito bem adaptado do livro infantil "A História de Ferdinando", escrito por Munro Leaf e ilustrado por Robert Lawson. A mesma história, que garantiu aos Estudios Disney um Oscar como Melhor Curta em 1938. A nova versão não ficou atrás e foi indicada em várias premiações na categoria, inclusive ao Oscar de Melhor Filme de Animação de 2018. 

"O Touro Ferdinando" diverte, emociona e faz as crianças chorarem e também torcerem por ele, como assisti na sessão. Elas se tornam suas aliadas e de seus amigos, com direito a aplauso e gritinhos de felicidade. Duas cenas são muito divertidas e já valem o filme: a da loja de louças e cristais (chega a dar aflição) e a disputa de dança entre os animais da fazenda. Vale a pena levar a meninada a partir de cinco anos.



Ficha técnica:
Direção: Carlos Saldanha
Produção: Blue Sky Studios / 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h49min
Gêneros: Animação / Comédia / Aventura
País: EUA
Classificação: Livre
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #OTouroFerdinando, #Ferdinand, @carlossaldanha, @MaandradeSBT, @thalitacarauta, #diversão, #comedia, #animação, @blueskystudios,  @FoXFIlmdoBrasil, @espacoz, @cinemas.cineart, @cinemanoescurinho

11 janeiro 2018

"Lou" tem um roteiro aquém da personagem que ele retrata

Katharina Lorenz interpreta Lou Andreas-Salomé no período de 21 a 50 anos de sua vida (Fotos: Wild Bunch Germany /Divulgação)

Wallace Graciano


Filmes biográficos quase sempre conseguiram grande apelo junto ao público por levar uma faceta outrora não conhecida de um personagem. E esse era o mínimo que se esperava de “Lou”, película que retrata a vida da indomável Lou Andreas-Salomé, uma mulher à frente de seu tempo, que quebrou paradigmas ao buscar educação formal e galgar espaço entre os grandes intelectuais de seu tempo, como Paul Rée, Friedrich Nietzsche e Sigmund Freud. Porém, o que se vê durante boa parte das 1h53min de duração é a tentativa de embasar a obra em uma visão conservadora e convencional, que se distanciam da mente brilhante que encantou a todos nos séculos XIX e XX.

Releituras à parte, “Lou” traz a história de uma mulher russa, nascida em São Petersburgo, irmã de seis homens, e que cresceu em uma família tradicional da época. Já no final de sua vida, e vivendo no sombrio período em que a Alemanha Nazista se caminhava para a “Solução Final”, ela opta por contar suas memórias a um homem mais novo, que buscava seus ensinamentos para fugir de suas chagas. A partir desse momento, ela detalha toda sua construção intelectual, desde quando era uma adolescente ávida por aprendizado, que conseguiu, na marra, aprender filosofia, teologia e literatura alemã, até sua passagem para a universidade de Zurique, a única a aceitar mulheres no período.

A partir desse momento, cria-se uma narrativa em que foca no seu distanciamento sexual, mesmo convivendo com homens apaixonados por ela, como Rée e Nietzsche. Apesar de no espaço de tempo ela conseguir quebrar diversos tabus, como o de uma mulher não poder ser dona de seu próprio pensamento, entende-se de forma demasiada pelas paixões e amizades da personagem, mostrando suas mudanças de ideologia e conceitos, quase sempre com o apelo sentimental como pano de fundo.

Num espectro que a personagem merecia uma abordagem mais ampla e menos arraigada ao conservadorismo, “Lou” é um filme mal construído, que tinha tudo para ser uma belíssima película. A personagem é fascinante. Sua obra e biografia, mais ainda. A estética do filme, maravilhosa – incluindo belíssimas transições quando a personagem busca suas memórias em cartões postais e fotos. Porém, isso tudo se esvai pelo roteiro mal elaborado. Um pecado.



Ficha técnica:
Direção, produção e roteiro: Cordula Kablitz- Post
Produção: Avanti Media Fiction / KGP Kranzelbinder / Gabriele Production / Tempest Film
Distribuição: Cineart Filmes
Duração: 1h53
Gêneros: Drama / Biografia / Histórico
País: Alemanha
Classificação: 16 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: #Lou, #LouAndreas-Salomé, #FriedrichNietzsche #SigmundFreud, #PailRee, #drama #historia, @cinemas.cineart, @cinemanoescurinho

08 janeiro 2018

“Três Anúncios Para Um Crime” e a série "Big Little Lies" foram os grandes vencedores do 75º Globo de Ouro

Maristela Bretas


Com apresentação de Seth Meyers, elogiando a liberação da maconha, criticando o assédio sexual e ironizando o presidente Donald Trump, a noite da 75ª edição do Globo de Ouro, em Los Angeles, teve como destaque no cinema o filme “Três Anúncios Para Um Crime”, que conquistou os prêmios de Melhor Filme Drama, Melhor Atriz em Drama, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro. Na televisão, "Big Little Lies" foi a vencedora, levando os prêmios de Melhor Minissérie ou Filme para TV, Melhor Atriz, Melhores Ator e Atriz coadjuvantes. 

O filme “A Forma da Água”, de Guillermo Del Toro, que liderava com sete indicações, levou apenas dois prêmios, o de Melhor Diretor e o de Melhor Trilha Sonora. Empatou com a produção “Lady Bird: É Hora de Voar”, que ganhou com Melhor Filme Comédia ou Musical e Melhor Atriz de Comédia ou Musical. 

“A Forma da Água”, de Guillermo Del Toro
Concedida pela Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood (HFPA, em inglês), a premiação escolheu os melhores profissionais de cinema e televisão, filmes e programas televisivos de 2017. Neste ano, o evento foi marcado por protestos contra o assédio sexual e o preconceito racial no mundo. Diversos atores, atrizes, escritoras, diretoras e produtoras desfilaram em trajes na cor preta com o broche em apoio ao movimento "Time´s Up" contra o assédio sexual. 

Big Little Lies
Gal Gadot e Dwayne Johnson apresentaram o primeiro prêmio da noite, o de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme para TV entregue a Nicole Kidman, pela série “Big Little Lies”, que trata de uma mulher que era abusada pelo marido. Ela disputou o mesmo prêmio com Reese Witherspoon, a quem agradeceu no discurso, assim como outras mulheres importantes na sua vida.

Viola Davis e Helen Mirren, ambas indicadas ao Globo de Ouro deste ano, anunciaram Sam Rockwell, de “Três Anúncios Para Um Crime”, como Melhor Ator Coadjuvante em Cinema. Jennifer Aniston e a grande comediante Carol Burnett entregaram o prêmio de Melhor Atriz de Série de Comédia ou Musical a Rachel Brosnahan, de “The Marvelous Mrs. Maisel”. Elas também anunciaram Elizabeth Moss, de “The Handmaid’s Tale” como Melhor Atriz de Série de Drama.

O Rei do Show
O prêmio de Melhor Ator de Série de Drama ficou para Sterling K. Brown, de “This Is Us”, que agradeceu aos filhos e ao elenco. Na sequência foi anunciada a Melhor Série de Drama - “The Handmaid’s Tale”. Vários participantes da produção subiram ao palco para receber a estatueta.

Alexander Skarsgärd foi escolhido Melhor Ator Coadjuvante de TV por “Big Little Lies”. Ele agradeceu ao elenco e, em especial, a Nicole Kidman, com quem contracena na série. Mariah Carey anunciou Alexander Desplat, pela Melhor Trilha Sonora de Filme, por “A Forma da Água”. Em seguida, o prêmio de Melhor Canção Original foi para “This is Me”, de “O Rei do Show”.

Viva - A Vida é uma Festa
Emma Stone e Shirley McLaine apresentaram o Melhor Ator de Filme de Comédia ou Musical. A estatueta foi para James Franco, que dirigiu, produziu e estrelou “Artista do Desastre”. Para Melhor Atriz Coadjuvante de TV, Laura Dern, “Big Little Lies” levou sua quarta estatueta da carreira.

"Coco", traduzido no Brasil para “Viva: A Vida é Uma Festa”, da Disney/Pixar, foi escolhido o Melhor Filme de Animação. Dwayne Johnson voltou ao palco para apresentar a filha, Simone Garcia Johnson como a primeira Embaixadora do Globo de Ouro. Novamente no palco, agora como premiada, Allison Janney agradece ter sido escolhida como Melhor Atriz Coadjuvante, em “Eu, Tonya”. E lembrou de todo o elenco e produtores. 

Uma homenagem especial a Kirk Douglas, que completou 101 anos. Foram exibidos alguns filmes do ator, como "Spartacus". Em cadeira de rodas e acompanhado da nora Catherine Zeta-Jones, ele foi aplaudido de pé pelo público e agradeceu. Os dois anunciaram o prêmio de Melhor Roteiro para “Três Anúncios Para um Crime”, de Martin MacDonagh, que estreia no Brasil em 15 de fevereiro.

O prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira ficou para o franco-alemão "Em Pedaços" (“In the Fade”), que conta a história de vingança de uma mulher que perdeu o marido e o filho num ataque de nazistas. Ewan McGregor foi escolhido o Melhor Ator em Minissérie ou Filme para TV por “Fargo”, interpretando dois personagens na terceira temporada da série. 

“The Marvelous Mrs. Maisel”, uma série ainda pouco conhecida no Brasil, ficou com a estatueta de Melhor Série de Comédia ou Musical. E Aziz Ansari, “Master of None” conquista pela primeira vez o prêmio como Melhor Ator de Série de Comédia ou Musical.

Reese Witherspoon fez um discurso de muitos elogios e agradecimentos à pessoa e à profissional Oprah Winfrey, a homenageada da noite com o prêmio Cecil B. DeMille. Foram mostrados vários vídeos do talk show e dos filmes e séries da também atriz e produtora por reconhecimento de seu trabalho. 

Oprah lembrou sua infância humilde, quando assistiu a entrega do Oscar a Sidney Poitier, que foi uma inspiração para ela. Ela afirmou ser uma honra e um privilégio compartilhar o prêmio com homens e mulheres negros e reforçou a necessidade de mostrar a verdade e o trabalho da imprensa e das mulheres que tiveram coragem de compartilhar suas histórias de abusos. Num discurso emocionante afirmou: "O tempo dessas pessoas brutais acabou - The Time´s Up". 

Lady Bird: É Hora de Voar
Numa noite em que as mulheres foram o tema principal, a categoria de Melhor Diretor foi disputada por cinco homens. E o prêmio do 75º Globo de Ouro foi para Guillermo Del Toro, por “A Forma da Água”. Ele pediu um minuto a mais para agradecer a todos por receber seu primeiro prêmio.

Reese Witherspoon, Nicole Kidman, diretores e parte do elenco de “Big Little Lies” subiram ao palco para receberem o prêmio de Melhor Minissérie ou Filme para TV. Dando continuidade ao 75º Globo de Ouro, Jessica Chastain e Chris Hemsworth anunciaram a vencedora do prêmio de Melhor Atriz em Comédia ou Musical - Saoirse Ronan, por “Lady Bird: É Hora de Voar”. O filme também recebeu a estatueta de Melhor Filme Comédia ou Musical, entregue por Michael Keaton e Alicia Vikander.


Três Anúncios Para um Crime
Geena Davis e Susan Sarandon, intérpretes do sucesso "Telma e Louise", entregaram a estatueta para Gary Oldman, de “O Destino de uma Nação”, como Melhor Ator em Drama. Frances McDormand, de “Três Anúncios Para um Crime” recebeu o prêmio de Melhor Atriz em Drama das mãos das atrizes Angelina Jolie e Elizabeth Huppert. 

Encerrando a premiação, a atriz Barbra Streisand, aplaudida de pé pela plateia e única mulher a receber o prêmio de Melhor Diretor, em 1984, anunciou o ganhador da estatueta de Melhor Filme Drama, entregue a “Três Anúncios Para um Crime”, a quarta da noite.

Confira os vencedores do 75º Globo de Ouro:

CINEMA:
Melhor filme drama: “Três Anúncios Para um Crime”
Melhor filme comédia ou musical: “Lady Bird: É Hora de Voar”
Melhor diretor: Guillermo Del Toro, “A Forma da Água”
Melhor ator em drama: Gary Oldman, “O Destino de uma Nação”
Melhor atriz em drama: Frances McDormand, “Três Anúncios Para um Crime”
Melhor atriz em comédia ou musical: Saoirse Ronan, “Lady Bird: É Hora de Voar”
Melhor ator em comédia ou musical: James Franco, “Artista do Desastre”
Melhor atriz coadjuvante: Allison Janney, “Eu, Tonya”
Melhor ator coadjuvante: Sam Rockwell, “Três Anúncios Para um Crime”
Melhor filme de animação: “Viva: a vida é uma festa”
Melhor roteiro: Martin McDonagh por “Três Anúncios Para um Crime”
Melhor canção original: “This is Me”, de “O Rei do Show”
Melhor trilha sonora de filme: Alexander Desplat, “A Forma da Água”
Melhor filme de língua estrangeira: "Em Pedaços" (“In the Fade”)

TELEVISÃO
Melhor série de drama: “The Handmaid’s Tale”
Melhor série de comédia ou musical: “The Marvelous Mrs. Maisel”
Melhor minissérie ou filme para TV: “Big Little Lies”
Melhor atriz de série de drama: Elizabeth Moss, “The Handmaid’ s Tale”
Melhor ator de série de drama: Sterling K. Brown, “This Is Us”
Melhor ator de série de comédia ou musical: Aziz Ansari, “Master of None”
Melhor atriz de série de comédia ou musical: Rachel Brosnahan, “The Marvelous Mrs. Maisel”
Melhor atriz em minissérie ou filme para TV: Nicole Kidman, “Big Little Lies”
Melhor ator em minissérie ou filme para TV: Ewan McGregor, “Fargo”
Melhor ator coadjuvante de TV: Alexander Skarsgärd, “Big Little Lies”
Melhor atriz coadjuvante de TV: Laura Dern, “Big Little Lies”

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06 janeiro 2018

"Jumanji: Bem-Vindo à Selva", uma nova aventura no estilo dos bons videogames

Jack Black, Nick Jonas, Karen Gillan, Dwayne Johnson e Kevin Hart são transportados para o misterioso game e assumem novas e divertidas identidades (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Dwayne Johnson (que agora não gosta de ser chamado de "The Rock") acertou mesmo a mão nos filmes de comédia com grandes lances de ação e aventura. A nova aposta do grandalhão mais bem pago de Hollywood é o remake "Jumanji: Bem-Vindo à Selva", uma versão no estilo videogame, que tem muito pouco a ver com o ótimo filme original de 1995 com Robin Williams e Kristen Dunst, mas que vale como diversão. Não vá com a expectativa de uma continuação, ele está mais para um upgrade de game e o roteiro explorou bem isso.

No primeiro filme, a ação se passa no presente e está toda ligada a um jogo de tabuleiro que faz as coisas acontecer a cada jogada. Neste, o tabuleiro dá lugar ao videogame, mesmo que de um modelo ultrapassado, e tudo é jogado no passado, mas usando e abusando dos recursos da moderna tecnologia. Os personagens são clichês de High School - nerd, garota tímida, patricinha e jogador de futebol americano. Eles vão dar lugar aos famosos heróis e estrelas do cinema, numa transformação bem divertida. Quase uma comédia pastelão.

Os quatro jovens não só são transportados para o jogo, como fazem a ação acontecer, cada um no corpo de um avatar escolhido a partir de características que eles gostariam de ter, além de seus poderes. Esta escolha, inclusive é um dos pontos divertidos da história. A partir daí está formada a confusão. O longa tem muita ação, vários efeitos visuais e segue as regras de todo game, com vidas, missões, armas, vilões e muito perigo.

Além de Johnson, outro que garante bons e divertidos momentos como sempre é Jack Black, interpretando Dr. Shelly Oberon, um professor baixinho, barrigudo, de meia idade, especialista em cartografia. Kevin Hart, apesar de continuar estridente e cansativo, dá conta do recado como Moose Finbar, o zoólogo auxiliar do Dr.Smolder Bravestone, papel de Dwayne Johnson.


Ruby Roundhouse, que luta demais e é chamada de "a matadora de homens", é interpretada por Karen Gillan, uma cópia mais modesta de Lara Croft. Como num videogame, Nigel, papel de Rhys Darby, é o guia que recebe o grupo e dá as orientações sobre a missão que terão que cumprir. E para completar o time de aventureiros, Nick Jonas, do trio musical Jonas Brothers (2005-2013). Ele interpreta Alex/Jefferson "Seaplane" McDonough, o piloto, também sugado para o jogo.

"Jumanji: Bem-Vindo à Selva" erra na caracterização do vilão Van Pelt. Não pelo ator, Bobby Cannavale mas pela forma fraca como o personagem foi criado. Ele não convence, principalmente pelos tipos que hoje dominam os jogos. Mas não compromete muito o roteiro. Se não fosse parte da missão, seria descartável.

Na história, durante um castigo imposto pelo diretor da escola, quatro estudantes resolvem jogar o game "Jumanji - Bem Vindo à Selva" e acabam sugados para dentro dele. Fridge (papel de Ser´Darius Blain) é o jogador de futebol americano que mais parece um armário aberto e que se transforma no tagarela e baixinho Kevin Hart. Seu melhor amigo, o tímido e franzino Spencer (Alex Wolff) vai ceder o corpo ao musculoso Dwayne Johnson. 


Martha (Morgan Turner) a jovem nerd sem graça ganha agilidade e bela forma física no avatar de Karen Gillan. Mas a melhor e mais divertida transformação é a de Bethany, a bela adolescente patricinha interpretada por Madison Iseman, que surge como Jack Black, sem perder a pose e os trejeitos.

Os quatro personagens terão de cumprir a missão de devolver uma pedra poderosa que comanda toda a floresta a seu local de origem e só assim conquistarem o direito de sair do jogo. Mas vão encontrar pelo caminho animais perigosos como cobras, hipopótamos, rinocerontes e jaguares e precisarão se unir e utilizarem os poderes de seus avatares o que acontece sempre de uma maneira bem engraçada. Recomendo "Jumanji - Bem Vindo à Selva", uma boa e descontraída opção, principalmente nas férias.



Ficha técnica:
Direção: Jake Kasdan
Produção: Sony Pictures / Columbia Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Fantasia / Ação / Aventura
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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04 janeiro 2018

"Roda Gigante" - Mais um típico (e imperdível) Woody Allen

Kate Winslet rouba a cena em grande parte do longa, que conta com uma boa atuação do restante do elenco (Fotos: Imagem Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Por mais incrível que possa parecer, "Roda Gigante" ("Wonder Wheel"), de Woody Allen, é um filme cheio de cores, resultado da dobradinha do diretor com o fotógrafo Vittorio Storaro. E - acreditem - são tonalidades fortes e vibrantes em constante contraste com os dramas e conflitos vividos pelos personagens da história, a maioria mergulhada em suas vidas opacas e cinzentas. Outro detalhe: a ironia e o humor fino, que caracterizam a obra de Allen, são praticamente ausentes nas falas, intenções e gestos dos que fazem parte da história.

Importante dizer que o filme se passa à beira-mar, na decadente Coney Island e nos anos de 1950, época de mudanças de comportamento em todo o mundo. Humpty (Jim Belushi) é operador de carrossel num parque de diversões e é atrás desse carrossel, num ambiente barulhento, pequeno e apertado, que ele vive com Ginny (Kate Winslet) e o menino Ritchie (Jack Gore), o filho do primeiro casamento dela. Logo nas primeiras cenas, fica evidente o tipo de relação enfastiada e morna que o casal vive. Ele, alcoólatra tentando parar de beber; ela, frustrada, irritada e com uma eterna enxaqueca. Para completar a fauna, entra em cena Carolina (Juno Temple), jovem filha de Humpty que retorna à casa do pai fugindo do ex-marido mafioso que ela entregou à polícia.

Muitos estão atribuindo a Kate Winslet todo o mérito do filme. Faz sentido, mas não totalmente, porque todo o elenco está muito bem, embora ela roube a cena em grande parte do longa. Vivendo uma mulher angustiada e quase histérica em alguns pontos, ela criou uma Ginny instável, que muda o ritmo e o tom de voz de acordo com o momento. Ex-atriz fracassada, trabalha como garçonete, vive com Humpty por pura comodidade e ainda tem que administrar os constantes problemas causados pelo filho, um incendiário compulsivo. (Parênteses para dizer que a criança e sua mania são, de certa forma, o único traço cômico da história). É tão intensa e perfeita a atuação de Winslet, que acaba deixando na sombra Carolina, a outra personagem feminina do longa, em atuação corretíssima.

Ginny e a trama do filme mudam completamente quando ela conhece Mickey, por quem se apaixona irremediavelmente. (Outro parênteses para dizer que ele, interpretado por Justin Timberlake, é um salva-vidas canastrão que deseja ser escritor, dramaturgo e poeta, e costuma intelectualizar sentimentos e acasos. Reside aí outro traço frequente de Woody Allen: a ironia). Quando está com ele, Ginny se transforma em fogo e esperança. Em casa, com o marido, o filho e a enteada, sobe o tom de voz, entristece, briga, torna-se intolerante e ciumenta quando descobre que o amante arrasta asas também para Carolina. Está armado o melodrama.

Junte-se a esses ingredientes um belo e perfeito figurino de época, uma trilha sonora repleta de canções típicas da década - que ajudam a enredar e capturar o espectador - e, claro, reviravoltas, surpresas, acasos, escolhas, instabilidade. Apesar das pequenas diferenças, e ainda que não seja um "Match point", estamos diante de mais um típico e imperdível Woody Allen.
Classificação: 12 anos // Duração: 1h41



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