Filme do diretor francês Yvan Attal aborda a relação entre professores e alunos (Fotos: David Koskas/Pandora Filmes/Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
Filmes que tratam da relação entre professores e alunos quase nunca passam impunemente pelo espectador. A educação, a transmissão do conhecimento, são temas que costumam suscitar interesse, às vezes até levantar polêmicas. Ou, simplesmente, enternecer. Para ficar nos mais famosos, basta citar "Ao Mestre Com Carinho", quando o diretor James Clavell usa o charme irresistível de Sidney Poitier para falar de racismo, e "Sociedade dos Poetas Mortos", em que Peter Weir trata, entre outros temas, de poder, da humanização das relações nas escolas e, claro, da força das artes e da literatura.No filme de Yvan Attal, diretor francês filho de argelinos, o professor universitário Pierre Mazard, interpretado na medida certa por Daniel Auteuil, é um francês tradicional típico, branco, de direita e racista. Ao abordar, de forma arrogante e preconceituosa, uma aluna que chega alguns minutos atrasada na sala de aula, ele se vê às voltas com uma ameaça de expulsão da universidade.
Seu atrito com a jovem, que mora num subúrbio de Paris e é descendente de árabes, é filmado e, como tem acontecido muito nestes nossos tempos, cai nas redes sociais. Resultado: para salvar a própria pele, Pierre é levado a ser orientador da tal aluna, Neila Salah, preparando-a para um concurso de retórica entre as faculdades de Direito.
Parênteses para dizer da atuação da atriz Camélia Jordana: filha de imigrantes árabes na vida real, ela é um dos grandes trunfos do filme. Bonita e um tanto desengonçada, faz com leveza a transformação pela qual a aluna passa na sua relação com o professor, enquanto aprende a argumentar em intermináveis aulas sobre Schopenhauer e Aristóteles, entre outros. Sua atuação lhe garantiu o Prêmio César de Melhor Atriz Revelação de 2017.
Enfim, o longa não chega a ser um "Sociedade dos Poetas Mortos". Mas vale pela atualidade dos temas e pela atuação do elenco. "O Orgulho" está em cartaz no Belas 2, com sessões às 14 horas e 21h20, e no Net Cineart Ponteio, salas 3 (18h40) e 4 (14h30).
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos
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