"Nós" conta a história de uma família bem-sucedida norte-americana formanda por Adelaide (Lupita Nyong’o, incrível) e Gabe (Winston Duke), que têm sua rotina abalada quando passam a ser perseguidos por pessoas que se parecem exatamente como eles. Acompanhe a conversa leve e descontraída no Projeto 365 filmes em um Ano de Tullio Dias, Maristela Bretas (Cinema no Escurinho) e Marcelo Palermo. sobre o filme "Nós", dirigido pelo aclamado diretor e vencedor do Oscar de Melhor Roteiro original pelo filme "Corra!", Jordan Peele.
Inteligente, de bem com a vida, a protagonista se vê envolvida por um homem que transforma sua maneira de ser (Foros: Mars Films/Divulgação)
Maristela Bretas
Julianne Moore foi a escolha certa para ser a protagonista de "Gloria Bell", uma mulher que aos 50 anos se sente realizada, independente, de bem com a vida. A proposta do filme era reforçar esta imagem. Mas pouco depois do início já parte para o estilo "mulher solteira procura", como se estivesse indo a caça de uma companhia, jogando charme para os homens nos bares de solteiros adultos, se envolvendo com alguns deles e até se deixando levar por aquele que é mais romântico. Passa a ser então uma mulher carente, solitária, que se sente dispensável até pelos filhos, interpretados por Caren Pistorius e Michael Cera.
Graças a Julianne Moore, o filme não se transforma em mais uma produção que só quer mostrar que as mulheres de meia idade são carentes e precisam de um homem para se sustentar. A atriz é a força da personagem e entrega uma excelente interpretação, saltando de um perfil de mulher para outro e retornando mais forte ao final.
E é na busca pela noite que ela conhece Arnold, papel muito bem interpretado por John Turturro. A dupla é a força do o filme - duas pessoas solitárias em busca de um "chinelinho confortável para descansar os pés". Aos poucos, os personagens vão mostrando suas virtudes e fraquezas, dividindo momentos românticos, cômicos e dramáticos. Arnold é um homem também de meia idade e divorciado, mas controlado pela ex-mulher e filhas. O retrato da insegurança, do tipo "pouca conversa" que vê em Glória sua tábua de salvação para tentar ter uma vida independente e ser feliz com a mulher que ama.
Se para Gloria Bell, a vida já tem sentido e os problemas podem ser contornados, para Arnold a situação é totalmente diferente. Carente, submisso e cheio de mistérios, ele prefere as mentiras e segredos, que o público não terá dificuldade em descobrir já no início (só Gloria não percebe, ou não quer). Os momentos felizes e as decepções fazem com ela ganhe mais força pra seguir em frente.
Além das atuações, destaque também para a excelente trilha sonora dos anos 70/80, com sucessos como "Love Is in The Air" (com John Paul Young) e "Gloria" (na voz de Laura Branigan). Uma pena que a ótima atuação fique um pouco prejudicada pelo final fraco e óbvio, de muita Glória e pouca surpresa.
Ficha técnica: Direção: Sebastian Lelio Produção: Fabula Productions / FilmNation Entertainment Distribuição: Sony Pictures Duração: 1h41 Gêneros: Romance / Comédia / Drama País: EUA Classificação: 16 anos Nota: 3 (0 a 5)
Filme aborda a ascensão de uma cantora que sofreu um trauma na adolescência e se transforma numa superstar (Fotos: Neon/Divulgação)
Maristela Bretas
Com a dupla Natalie Portman e Jude Law que garante sempre
bom público para o cinema, a expectativa era de que "Vox Lux - O Preço da
Fama" ("Vox Lux") fosse um filme instigante, surpreendente. Só
que não. Nem a grande interpretação da bela e excelente atriz, que divide a
produção com Law e a cantora Sia, foi suficiente para torná-lo interessante.
Portman entrega um bom papel e ainda canta e dança - meio Madonna, meio Lady
Gaga, como comparou uma colega de cinema. Mas não chega aos pés do estupendo
"Cisne Negro", do diretor Darren Aronofsky, protagonizado por ela em
2011.
A história, dirigida e roteirizada por Brady Corbet, é
confusa, cheia de perguntas não respondidas, desperdiça talentos, como Jude Law
num papel que deveria ter mais peso pelo que supõe o enredo. Raffey Cassidy
("Aliados" - 2107) interpreta a cantora Celeste quando jovem e depois
volta como filha de Portman, que só entra da metade do filme pra frente. As
cenas em que estão juntas não passam empatia, talvez o objetivo do diretor
fosse esse mesmo - mostrar uma relação fria e distante entre mãe e filha,
afetada pela fama, as drogas e o alcoolismo da primeira.
O filme começa com um trauma vivido em 1999 por Celeste
quando era adolescente e que vai alavancar sua carreira artística, mas também marcará
a vida e os relacionamentos dela para sempre. Em parceria com Ellie, a irmã
compositora (papel de Stacy Martin) e Jude Law como o produtor, a cantora tem
uma ascensão meteórica, tornando-se uma superstar global. Nada novo, mas o que
desagrada são as cenas soltas, que só não são mais tediosas graças à narração
perfeita de Willem Dafoe. O diretor usa a estratégia de congelar a imagem para
que o narrador explique ao espectador o que aconteceu com Celeste com o passar
dos anos. num drama dividido em três atos, como no teatro.
Se o início do filme é marcado pela violência, a decepção é
clara com o final, que apontava para um desfecho forte (no mínimo clichê), mas
que desce algum sentido a tudo. Deixa aquela sensação: Mas acabou? Onde foi que
eu perdi o fio da meada?Além do desempenho
de Natalie Portman, destaque para a ótima trilha sonora de SIa e o figurino
exótico da protagonista. "Vox Lux - O Preço da Fama", que abriu o
Festival de Veneza de 2018, estreia nesta quinta-feira nos cinemas.
Ricardo Darin e Mercedes Morán fisgam o público com interpretações cheias de naturalidade, talento e charme (Fotos: Filmax/Divulgação)
Mirtes Helena Scalioni
Difícil entender o raciocínio dos que traduzem títulos de cinema. "Um Amor Inesperado" é um bom nome para um filme que trata das dúvidas e consequente separação de um casal que vive, depois de 25 anos de união, a síndrome do ninho vazio. Mas, diante das muitas conversas e reflexões entre Ana (Mercedes Morán) e Marcos (Ricardo Darin) até se decidirem pelo divórcio, talvez fosse mais adequado ao longa a simples e literal tradução do castelhano: "El Amor Menos Pensado". Afinal, o que fica no final é a pergunta: será que é preciso pensar tanto, raciocinar, dialogar, buscar?
Em Buenos Aires, Ana e Marcos - ele professor de Literatura e ela psicóloga que trabalha com grupos de pesquisa - parecem viver bem e normalmente como tantos e tantos casais, entre o trabalho e os muitos amigos, até a ida do filho Luciano (Andrés Giul) para a Espanha. Primeiro ela, depois ele, ambos começam a se questionar sobre o desafio de construir um novo cotidiano. Estabelece-se um mal-estar, são longas as conversas e muitas as perguntas que deságuam numa separação civilizada, moderna, madura. Ou seja: pensaram e falaram tanto de amor que optaram por ficar sem ele.
É com muita empatia e carisma que Mercedes Morán e Ricardo Darin envolvem o espectador nos muitos paradoxos do amor, nas boas conversas e dúvidas. Mérito, claro, de dois grandes atores que são o cerne do filme, fisgando o público com interpretações cheias de naturalidade, talento e charme. Mesmo algumas cenas que soam superficiais e repletas de caricaturas, como as dos primeiros encontros de ambos assim que ficam livres das amarras do casamento, mesmo essas, convencem e encantam. É como se todos torcessem para que eles encontrem algum caminho para fugir do medo da solidão.
"Um amor inesperado" é o filme de estreia do argentino Juan Vera, que também assina o roteiro. Os diálogos e as situações, embora bizarros em alguns momentos, são sempre instigantes, enriquecidos por outros atores experientes que todos já viram em alguma produção argentina como Cláudia Fontán, Andréa Pietra, Jean Pierre Noher e Juan Minujin, que interpretam alguns dos parceiros de Ana e Marcos na busca de ambos por novas paixões, vertigens, suspiros, prazer, emoções.
Classificado por alguns como comédia dramática, "Um Amor Inesperado", faz rir e pensar. É muito calcado no humor, mas mesmo que seja chamado pelo desgastado nome de "comédia romântica", pode ser considerado o primeiro filme inteligente do gênero. E, por que não dizer, cult. Afinal, não é todo dia que um filme argentino desse nível tem, na sua trilha uma canção do Wando. Acredite se quiser. O filme pode ser conferido na Sala 3 do Cineart Ponteio, sessões às 13h30, 16 horas e 18h40.
O indicado ao Oscar, Lucas Hedges, foi escolhido para interpretar o jovem problemático (Fotos:Tobis Film/Divulgação)
Mirtes Helena Scalioni
É véspera de Natal e uma família aparentemente feliz se prepara para a grande festa cristã. Fica claro, de início, que o grupo - pai, mãe e três filhos - leva a sério a religião. Tudo parece perfeito. Nada parece faltar. É a partir da chegada de um quarto filho, Ben, que surpreende todo mundo ao voltar inesperadamente da clínica onde faz tratamento para se livrar das drogas, que o espectador descobre que nem tudo vai tão bem.
É a partir daí também que a mãe Holly Burns, interpretada na medida por Julia Roberts, mostra que está disposta a apostar todas as suas fichas e correr todos os riscos para receber o filho desajustado em casa, mesmo sabendo de todos os perigos que ele representa.
"O Retorno de Ben" ("Ben Is Back") é escrito e dirigido por Peter Hedges que, a pedido de Julia Roberts, colocou o próprio filho, Lucas Hedges, no papel do problemático Ben. Segundo contam, a estrela teria gostado muito do jovem no filme "Manchester à Beira-mar" e, assim que o diretor a convidou para o papel, sugeriu o nome de Lucas e apostou no seu talento. Sábia Julia. Embora em interpretação comedida, o menino se sai bem, sem muitos arroubos, mas criando desde o início algum laço com o espectador, que sofre com ele e torce para que ele consiga vencer o vício e se integrar à família.
Completam o elenco, em interpretações corretas, Courtney B. Vance como Neal Burns, o marido de Holly, e Kathryn Newton como Ivy Burns, a filha adolescente que parece duvidar da recuperação do irmão. Mas quem brilha mesmo é Roberts, a mãe leoa que não mede esforços para salvar o filho viciado. Ícone de beleza, a atriz chega a ficar feia e sem charme em alguns momentos, quando o que importa é simplesmente salvar seu filho em perigo. Um papel de total entrega.
O longa de Hedges é sério, bem feito, segura o público na tensão durante os 102 minutos em que mãe e filho não se desgrudam e lutam como se fossem um só contra a tentação e a recaída. Mas pode perder brilho e força por ter sido lançado tão próximo de outro, "Querido Menino", obra-prima de Felix Van Groeningen que parece definitiva quando se trata do tema de drogas.
Duração: 1h42 Classificação: 14 anos Distribuição: Diamond Films
Lupita Nyong'o é o destaque do filme, entregando personagens antagônicos com perfeição (Fotos: Universal Pictures/Divulgação)
Maristela Bretas
Assustador, tendo, surpreendente do início e especialmente o fim, "Nós" ("Us"), dirigido, roteirizado e produzido pelo excelente Jordan Peele ("Corra!"), é de prender na cadeira e deixar o espectador incomodado. Uma verdadeira aula de psicologia sobre o outro lado do ser humano, mesclando mitologia, terror e suspense na medida certa, mesmo nas cenas mais violentas. Ou seja, o conjunto da obra é impecável, colocando a produção como uma das melhores do gênero dos últimos anos.
Peele acertou em todos os pontos, especialmente na escolha da premiada Lupita Nyong'o como Adelaide e sua versão Red, que deu o toque assustador à trama, unindo os pontos isolados que aparecem no início do longa. A pacata dona de casa Adelaide, que guarda um segredo de infância, é confrontada pela macabra Red, sua imagem e semelhança, de perfil doentio e assassino. E Lupita dá uma interpretação assustadoramente perfeita para ambas, merecedora de um Oscar em 2020.
O restante do elenco também entrega um excelente trabalho nas versões originais e duplas - Winston Duke, faz o papel de Gabe, marido de Adelaide e Abraham (a cópia), garantindo a parte cômica do filme com seus comentários sem propósito nas horas erradas, Também os jovens atores Shahadi Wright Joseph, como Zora e Umbrae, e Evan Alex, interpretando Jason e o vermelho Pluton, dão show de interpretação nos dois papéis. O elenco conta também com os veteranos Elisabeth Moss e Tim Heidecker, como o casal de amigos e vizinhos Kitty e Josh Tyler.
Ao jornal The Hollywood Reporter, Jordan Peele contou que sua intenção com o filme era criar uma mitologia de monstro e analisar um tipo diferente de terror. “Era muito importante pra mim ter uma família negra no centro de um filme de terror. Mas também é importante notar que, ao contrário de 'Corra!', 'Nós' não é sobre racismo. Ao invés disso, é sobre algo que eu acho que se tornou uma verdade inegável. E é o simples fato de que nós somos nossos próprios piores inimigos”, afirmou.
Fotografia e trilha sonora também são destaques em "Nós", com o diretor empregando raps em momentos tranquilos da família e música clássica nas horas de maior tensão, uma mudança do convencional que agrada. Além do roteiro que explora os medos, traumas e o lado sombrio de cada um. Chega a dar um nó na cabeça de quem está no cinema sobre até onde tudo o que está acontecendo é verdade ou uma grande alucinação? Até que ponto escondemos uma versão violenta que pode se manifestar quando a nossa sobrevivência está em jogo?
Na trama, Adelaide e Gabe decidem levar o casal de filhos para passar um fim de semana em uma casa de veraneio na praia. Aproveitam o dia com o amigos Kitty e Josh Tyler e as gêmeas do casal. Adelaide não se sente bem ao voltar á cidade onde na infância sofreu um grande trauma. Mas será à noite que todos os seus medos virão à tona, quando passam a ser perseguidos por um grupo macabro, exatamente igual a ela e sua família, mas com deformidades nos rostos. Usando macacões vermelhos e tesouras douradas, a única intenção dos duplos é acabar com as versões originais bonitinhas e perfeitas.
A partir daí, cada peça de um imenso quebra-cabeça que começou a ser formado no início do filme vai se encaixando, permitindo ao público criar sua própria opinião sobre o que está ocorrendo e o que esperar do final. Surpreendente, imperdível e perturbador, "Nós" é uma reflexão sobre o eu de cada. Dificilmente terá neste ano um concorrente á altura neste gênero.
Ficha técnica: Direção: Jordan Peerle Produção: Universal Pictures / Blumhouse Pictures Distribuição: Universal Pictures Duração: 1h56 Gêneros: Terror / Suspense País: EUA Classificação: 18 anos Nota: 5 (0 a 5)
Humorista tenta mudar de carreira e passa a se dedicar ao drama para provar seu valor (Fotos: Divulgação)
Maristela Bretas
Sem graça nenhuma, roteiro confuso, atuações forçadas (dava a impressão de que alguns atores estavam ali só para compor o cenário), humoristas que são bons em seus programas, mas que ficaram bobos e repetitivos em seus papéis, não acrescentando muito à história. Esse é "Chorar de Rir", a última investida do ator Leandro Hassum, que esteve ótimo em "O Candidato Honesto" (2014), mas errou feio nesta produção que estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas. Chorar de rir, nem pensar, no máximo um risinho de canto de boca por alguma piada ou situação engraçada.
Na história, Hassum interpreta o comediante Nilo Perequê, que tem um programa de sucesso na TV, o "Chorar de Rir". Inconformado em ser conhecido somente como um cara engraçado, que só sabe fazer rir com suas piadas, ele resolve mudar sua carreira e investe no teatro para provar que também pode ser um ator dramático. E escolhe para interpretar "Hamlet", de Shakespeare. A mudança radical, no entanto, apavora seus pais e empresário, que temem perder tudo o que conquistaram.
Como em "O Candidato Honesto", temos também feitiço em "Chorar de Rir", mas que não funcionou tão bem como na produção passada. Foi só mais um retalho de uma colcha sem fim de tentativas para fazer uma abordagem séria de um roteiro que tinha tudo para ser uma excelente comédia, especialmente pelo elenco de humoristas como Rafael Portugal ("Porta dos Fundos") e Caito Mainier ("Choque de Cultura").
Além deles, estão presentes os atores Monique Alfradique, Natália Lage, Otávio Müller (muito bom), Fúlvio Stefanini e as participações especiais de Sidney Magal, que deixa sua marca, e Carol Portes, do programa "Tá no Ar". Até Sérgio Mallandro, Ingrid Guimarães e Fábio Porchat dão as caras no filme. Todo o elenco até tenta, mas não salva a produção.
Mantendo as mesmas caras e bocas que são sua característica no humor, Leandro Hassum só consegue fazer o público rir quando fala que "todo gordinho é feliz e engraçado". Fora isso, a comédia é ruim, esquecível e definitivamente, não vale o ingresso e nem tempo perdido.
Ficha técnica: Direção: Toniko Melo Produção: Coração da Selva / Warner Bros. Pictures Distribuição: Warner Bros. Pictures Duração: 1h43 Gênero: Comédia País: Brasil Classificação: 12 anos Nota: 1,5 (0 a 5)
Casal com problemas pulmonares terminais se apaixona sem nunca poder se tocar (Fotos: Divulgação)
Maristela Bretas
“A Cinco Passos de Você” ("Five Feet Apart") tem 90% de inspiração em outro drama romântico que fez sucesso do cinema há quase cinco anos, "A Culpa é das Estrelas", que contou em seu elenco principal com dois rostos jovens já em ascensão - Shailene Woodley e Ansel Elgort, ambos dos filmes "Divergente" (2013), "Insurgente" (2015) e "Convergente "(2016). No filme de 2014, a dupla sofria de câncer. Já a nova produção conta a história de dois adolescentes com doenças pulmonares graves - a bela Stella Grant (Haley Lu Richardson) e o rebelde Will Newman (Cole Sprouse).
Na verdade, o mérito maior do filme é de Haley Lu Richardson, uma atriz de 24 anos que interpreta bem uma jovem de 16 com fibrose cística. Ela segura a produção com simpatia e carisma, enquanto Newman capenga em algumas cenas. Haley Lu mostrou seu potencial em "Fragmentado" (2017), enquanto Newman vem de séries de TV, em especial "Riverdale" (2018). Destaque para a atuação de Moises Arias ("Ben Hur" - 2016) como o amigo de infância Poe, também interno do hospital.
O filme é água com açúcar, mas serve para divulgar para o público em geral essa doença grave que atinge milhares de pessoas pelo mundo de todas as idades e muitas vezes leva à morte. Na história, Stella é uma garota focada, segue todas as regras do tratamento e aguarda a possibilidade de um transplante de pulmões. Mesmo tendo muitos amigos, a doença obriga que passe a maior parte de sua vida dentro de um hospital e ligada a um aparelho de oxigênio.
É lá que conhece Will, o charmoso do quarto ao lado que se recusa a fazer o tratamento por estar descrente da vida. Além de se encantar de cara pelo novo gatinho do pedaço, Stella vai tentar ajudá-lo a se tratar. Daria um grande romance, mas a doença que possuem impede que se toquem de qualquer forma. À medida que a paixão entre eles aumenta, cresce também a tentação de jogar as regras pela janela e abraçar esse amor que sentem um pelo outro.
(Foto Maria Inez Aranha)
Para quem procura um filme com um casal fofo, um tema que faz chorar, um final não tão dramático, "A Cinco Passos de Você", com estreia nesta quinta-feira em todos os cinemas, é a escolha certa. E ainda pode abraçar uma bela campanha beneficente de conscientização do que é a fibrose cística criada do Instituto Unidos Pela Vida, maior organização brasileira focada no desenvolvimento de projetos relacionados à conscientização da doença no país.
A Paris Filmes, distribuidora da produção no Brasil, abraçou a campanha, juntamente com um grupo de atores, artistas e a estilista Malena Russo que produziu uma estampa personalizada relacionada com o tema central do filme. As camisetas custam R$ 40 e estão disponíveis para compra no site do Instituto: https://unidospelavida.lojaintegrada.com.br/camiseta-filme. Toda a renda obtida com a venda será destinada a instituição. Para saber mais sobre a doença acesse: www.unidospelavida.org.br.
Ficha técnica: Direção: Justin Baldoni Produção: CBS Films / Wayfare Entertaiment Distribuição: Paris Filmes Duração: 1h56 Gêneros: Romance / Drama País: EUA Classificação: 12 anos Nota: 2,8 (0 a 5)
Produção aposta no terror envolvendo um garoto dominado por uma entidade sobrenatural e a luta da mãe para salvá-lo (Fotos Orion Releasing/Divulgação)
Maristela Bretas
Terror, suspense, relação familiar e uma alta dose de psicopatia estão reunidos na produção "Maligno" ("The Prodigy"), em cartaz nos cinemas. Há quem aposte que se trata de um dos melhores filmes do gênero deste ano. Realmente, trata-se de uma boa produção e interpretação de Taylor Schilling como Sarah, a mãe do garoto Miles (Jackson Robert Scott), que está possuído por uma alma perdida. Ela na verdade é o suporte da trama, uma vez que Jackson, apesar de sua experiência com "It - A Coisa" (2017), não ter conseguido provocar o impacto esperado para seu personagem, que é o principal.
"Maligno" é bem conduzido, mas o diretor Nicholas McCarthy segue uma linha bem previsível, o que reduz muito as cenas de susto e suspense. Poderia ter prendido mais o expectador na cadeira do cinema. Cheguei a ouvir alguns gritinhos na sessão. Como um bom filme de terror, as cenas na escuridão são obrigatórias e clichês - por que ninguém acende uma luz para andar dentro de uma casa onde estão ocorrendo fatos estranhos e barulhos vindos de um dos cômodos?
Além do suspense provocado por cada manifestação de Miles, a produção explora muito a relação entre ele e Sarah que, como toda mãe zelosa está sempre procurando participar e entender o dia a dia do filho prodígio. Mesmo após identificar um comportamento anormal no jovem e procurar ajuda de um especialista, papel vivido por Colm Feore, ela se recusa a acreditar que Miles está sob o domínio de uma entidade (ou alma, como colocam) sobrenatural. Até sua família começar a ser vítima dos ataques.
A atriz Taylor Schilling contou em uma entrevista que, em um filme de terror, é preciso gritar e enfrentar situações verdadeiramente tensas. Mas o mais desafiador em "Maligno" foram os momentos de silêncio entre seu personagem e o filho. "Existe uma linha tênue entre o amor e o terror absoluto. Ainda que essa seja a história de uma mãe que precisou ir a lugares que nunca imaginou para proteger o seu filho, sendo forçada a descobrir uma parte muito mais resiliente de si mesma, a qual ela nunca havia tido acesso antes.".
Com roteiro que provoca tensão em alguns momentos, "Maligno" perde para outras produções anteriores do gênero que mesclam suspense e família, como "Annabelle 2" (2017), "Invocação do Mal 2" (2016), "Mama" (2013), "A Visita" (2015) ou "Hereditário"(2018). E ainda conta com uma boa trilha sonora de trilha sonora de Joseph Bishara ("Invocação do Mal" - 2013, "Annabelle" - 2014 e "Sobrenatural" - 2010). Mas é um filme que vale a pena ser conferido por suas reviravoltas e um final não tão previsível e que deve agradar ao público.
Ficha técnica: Direção: Nicholas McCarthy Produção: Orion Pictures Corporation Distribuição: Imagem Filmes Duração: 1h32 Gêneros: Terror / Suspense País: EUA Classificação: 16 anos Nota: 3 (0 a 5)
Relembrando produções passadas da franquia, a Marvel Studios divulgou o novo trailer de "Vingadores: Ultimato", com estreia marcada para 25 de abril. Tão arrepiante quanto o primeiro. Os Vingadores precisam lidar com a dor da perda de amigos e seus entes queridos. No trailer, os heróis pronunciam em vários momentos a frase "custe o que custar". Com Tony Stark (Robert Downey Jr.) vagando perdido no espaço sem água nem comida, Steve Rogers (Chris Evans) e Natasha Romanov (Scarlett Johansson) precisam liderar a resistência contra Thanos (Josh Brolin) que eliminou metade das criaturas vivas em "Vingadores: Guerra Infinita".
Felicity Jones interpreta a jurista Ruth Bader Ginsburg, primeira mulher a ocupar um cargo na Suprema Corte dos EUA (Fotos: eOne/Divulgação)
Maristela Bretas
Com boa interpretação, Felicity Jones salva o filme "Suprema" ("On The Basis of Sex") sobre a trajetória da juíza da Suprema Corte dos EUA, Ruth Bader Ginsburg. A personagem, primeira mulher a conquistar um dos cargos mais importantes daquele país entre as décadas de 50 e 60, enfrentou o machismo por ser uma das poucas a se graduar em Direito nas universidades de Harvard e Columbia (dominada pelos homens) e de tentar mostrar todo o seu potencial como profissional.
Para piorar, RBG era baixinha, mas superava tudo com uma forte personalidade. Desprezada pelos escritórios de advocacia, ela se especializou em direito relacionado ao gênero, decidindo atacar o Estado norte-americano para derrubar centenas de leis que permitiam a discriminação às mulheres.
Em tempos de produções sobre o poder e a força das mulheres, o filme fica muito restrito e dá a impressão e ser apenas para americano ver. Há momentos tá arrastados que chegam a ser chatos, graças à preocupação da diretora Mimi Leder em ser fiel demais à história da juíza, que exagerou na duração - duas horas é muito para uma biografia sem grandes reviravoltas.
Sem desmerecer as conquistas e a garra de RBG para chegar onde chegou. Especialmente na luta contra a discriminação feminina, seu maior empecilho para crescer e se destacar num mundo feito por homens e para homens. E que insiste em afirmar que "lugar de mulher é em casa, cuidando dos filhos e da cozinha".
Martin Ginsburg, marido de Ruth, interpretado por Armie Hammer, é típico coadjuvante que só recebe algum destaque por ser um dos poucos homens que a apoia em sua luta a favor das mulheres. Mesmo assim, diante dos amigos e do chefe de advocacia onde trabalha, deixa escapar posições machistas também.
Justin Theroux e Sam Waterson (ótimo) têm mais destaque e entregam melhores interpretações que Hammer, que não perde a cara de cachorro que caiu da mudança. Já Kathy Bates, que interpreta a advogada militante dos direitos humanos Dorothy Kenyon, tem participação pequena e foi mal aproveitada pelo roteiro.
Uma boa ambientação de época, com abordagem correta do que foi o trabalho da jurista (ainda viva e que é apresentada no final) e a importância do seu legado de ativismo. Como biografia atende bem, não chega a emocionar, força algumas situações, mas serve de inspiração para muitas mulheres de brigarem por espaço e igualdade.
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Ficha técnica: Direção: Mimi Leder Produção: Participant Media Distribuição: Diamond Films Duração: 2h01 Gêneros: Drama / Biografia País: EUA Classificação: 12 anos Nota: 2,8 (0 a 5)
Pacato e exemplar limpador de neve muda de comportamento e sai caçando os responsáveis pela morte do único filho (Fotos Doane Gregory/Studiocanal)
Wallace Graciano
Era fevereiro e Liam Neeson vivia a expectativa pela estreia de “Vingança a Sangue-Frio” ("Cold Pursuit"), seu mais recente longa, que ele promete ser seu último no gênero de ação, e é um remake do norueguês “Cidadão do Ano” (“Kraftidioten”), de 2014, também dirigido por Hans Petter Moland. Porém, bastou uma declaração polêmica, na qual ele tentou fazer uma associação ao filme ao qual é protagonista, para sua carreira ser colocada em xeque e a obra ser adiada por quase um mês, chegando às telonas somente nesta quinta-feira (14).
Em entrevista ao jornal inglês The Independent, Neeson disse que há cerca de 40 anos uma amiga lhe contou ter sido estuprada por um negro. Sedento por vingança, assim como o personagem ao qual dá vida no longa, ele vagou por dez dias com uma barra de ferro por bairros onde negros moravam, procurando arrumar confusão com qualquer um, tudo por conta de sua “necessidade primária de atacar”. Acusado de racismo, Neeson viu o longa ser colocado em xeque. Não à toa, a première em Nova York foi cancelada após o episódio e a Paris Filme, distribuidora da película no Brasil, optou por “esperar a poeira baixar”.
Deixando de lado as controvérsias, “a necessidade primária de atacar” dita em sua resposta remete bem à história de Nels Coxman, personagem a quem dá vida na película. Pai de uma família em um subúrbio pacato, ele vê sua vida tomar outro rumo após seu filho ser morto por um poderoso chefão das drogas da região. Tomado pelo ódio, ele passa eliminar um a um os intermediários, buscando chegar no cabeça da gangue, um dos narcotraficantes mais preocupado do país que chama a atenção por sua dieta macrobiótica.
Porém, nesse ínterim, Nels vira um personagem impulsivo, com ações exageradas e frenéticas em meio a uma tentativa de que um roteiro de suspense fosse criado. Dessa forma, o longa se transforma em uma comédia trash, carregada de humor negro, com final previsível, que tem como ponto central um protagonista sem carisma que consegue fisgar o público. Paralelamente, personagens secundários são desenvolvidos exaustivamente, sem a mínima necessidade, o que torna a narrativa cansativa.
Apesar disso, a trama entrega ao fã amante do gênero um bom filme, com toques “tarantinianos”, abusando da hiper-violência marcada por piadas, músicas cômicas e uma fotografia impactante. No fim das contas, Neeson ficará mais marcado pela polêmica do que pelo remake. Porém, a película não é das piores e entretêm os amantes do gênero que buscam um “quê” de ação com doses de humor negro.
Duração: 1h59 Distribuição: Paris Filmes Classificação: 16 anos
Brie Larson é a poderosa versão feminina da Marvel que passará a integrar o grupo dos Vingadores (Fotos: Marvel Studios/Divulgação)
Maristela Bretas
Com o filme solo "Capitã Marvel ("Captain Marvel"), a ganhadora do Oscar, Brie Larson ("O Quarto de Jack" - 2015), entra para o Universo Cinematográfico Marvel para fazer a ligação entre "Vingadores - Guerra Infinita" e o esperado "Vingadores - Ultimato", com estreia marcada para 25 de abril. Mesmo sem o carisma de Gal Gadot em "Mulher Maravilha", da DC Comics, Larson entrega uma super-heroína forte, reforçando a postura da Marvel na questão da valorização da mulher, iniciada em "Pantera Negra".
Claro que, como nos demais filmes da franquia, os excelentes efeitos visuais são o destaque, além de um ótimo roteiro e direção de Anna Boden e Ryan Fleck, com a participação de Geneva Robertson-Dworet. Muita ação no início, uma diminuída no ritmo no meio e mais ação a partir do momento que Carol Danvers/Capitã Marvel (Brie Larson) descobre que é mais poderosa do que imaginava. Nas batalhas, ela dá a impressão de que está se divertindo ao descobrir cada novo poder, de fogo ou voando. O espectador terá muitos tiros, raios, perseguições de carro, batalhas aéreas e o surgimento daquela que vai mudar a história dos Vingadores.
O filme é confuso no início por causa dos flashbacks sobre a origem de Vers. Ela é uma guerreira desmemoriada treinada por Jude Law, que interpreta Yon-Rogg, comandante da Starforce. Vers, que somente após conhecer sua história verdadeira se transforma em Capitã Marvel, passa por várias etapas de descoberta até atingir seu poder máximo, como guerreira e mulher. "Capitã Marvel" não chega a abordar tão fortemente a questão da força feminina como em "Pantera Negra" e "Mulher Maravilha", mas mostra que o sexo nada frágil é que faz tudo acontecer.
Um exemplo é a atuação da atriz britânica Lashana Lynch, no papel da piloto de caça Maria Rambeau, melhor amiga de Carol Danvers. Ela é a mega foda no comando de um caça e de uma nave espacial. Quem disse que mulher não pode pilotar um caça? Ou brigar muito e ser uma superpoderosa Vingadora? Natasha Romanoff, a Viúva Negra interpretada por Scarlett Johansson, prova isso há cinco filmes da franquia, desde "Vingadores" (2012) e vai reforçar sua importância como super-heroína em "Ultimato".
No elenco masculino de "Capitã Marvel", além de Jude Law, a presença de Samuel L. Jackson, como Nick Fury, é sempre um diferencial. E é dele a maioria das frases e situações engraçadas do filme, especialmente as cenas com a "fofíssima gatinha" Goose, personagem que terá grande importância na história. Jackson quebra a seriedade de Larson com diálogos divertidos, deixando a produção mais leve. No filme também é revelada a forma como Fury perdeu o olho esquerdo. É hilária!
A produção também o agente Phil Coulson (Clark Gregg,), parceiro de Fury e que também irá comandar a S.H.I.E.L.D. no futuro (série de TV "Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D."). Ben Mendelsohn, que trabalhou com a dupla de diretores em "Parceiros de Jogo" (2015) também entrega uma boa atuação do líder Skrull, Talos. Já Lee Pace retoma o personagem Ronan, interpretado em "Guardiões da Galáxia" (2014). Outra estrela que já não brilha tanto como antes, mas tem papel importante na aventura é Annette Bening, como uma cientista que quer salvar a terra dos alienígenas.
"Capitã Marvel" conta a história de Carol Danvers, ex-piloto da Força Aérea norte-americana, que, sem se lembrar de sua vida na Terra, é recrutada pelos Kree para fazer parte do exército de elite do planeta deles. Inimiga dos metamorfos Skrull, ela acaba voltando ao seu planeta de origem para impedir uma invasão e acaba descobrindo sua verdadeira história com a ajuda do agente Nick Fury, antes de se tornar o chefe da S.H.I.E.L.D.
O filme tem de tudo - ação, diversão, ótimos efeitos visuais e apresenta bem a personagem dos quadrinhos. Além de uma linda homenagem, logo na abertura, ao eterno criador da Marvel, Stan Lee. A trilha sonora, com sucessos dos anos 90, ajuda a completar bem o clima. A ação se passa em 1995, com direito a internet discada hiper-lenta, PCs dinossáuricos, locadora de vídeo Blockbuster, o buscador era o Alta Vista, e por ai vai. Vai agradar ao público em geral, merece ser conferido.
ATENÇÃO: "Capitã Marvel" tem duas cenas extras, uma antes dos créditos muito importante e outra bem bobinha que serve como distração.
Ficha técnica: Direção e roteiro: Anna Boden / Ryan Fleck Produção: Marvel Studios Distribuição: Buena Vista Duração: 2h04 Gêneros: Ação / Fantasia / Ficção País: EUA Classificação: 12 anos Nota: 4 (0 a 5)