27 junho 2019

"Annabelle 3 - De Volta Para Casa" - sustos só começam a partir da metade do filme

A famosa boneca do mal retorna para buscar a alma da filha do famoso casal de paranormais que a prendeu numa caixa de vidro (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


Com um título que não tem nada a ver com a história do filme, "Annabelle 3 - De Volta Para Casa" ("Annabelle Comes Home"), não é nenhum "Homem-Aranha" e entra para o grupo dos filmes fracos do universo "Invocação do Mal" (que tem sete filmes), ficando atrás de "Annabelle" (2014) e "A Freira" (2018). Quem não assistiu às produções anteriores pode ter dificuldade em entender, apesar da rápida explicação de como a horrenda boneca foi parar na vida e na coleção do famoso casal Ed e Lorraine Warren, interpretados novamente por Patrick Wilson e Vera Farmiga.


Os sustos são poucos e previsíveis, mas ainda pegam alguns poucos incautos no cinema. Ao contrário de "Annabelle 2" que "toca o terror" (como diz meu amigo @tulliodias, do @CinemadeButeco), o novo filme insere também algumas cenas cômicas e rola até um romance - sempre tem um jovem apaixonado e tímido que surge para "salvar" a bela mocinha.


A ordem cronológica está invertida, mas a produção que entra em cartaz nesta quinta-feira encerra a trilogia de Annabelle, o caso mais tenebroso e assustador tratado pelos Warren. A sequência correta seria "Annabelle 2 - A Criação do Mal" (de 2017, o melhor de todos, inclusive da franquia, juntamente com "Invocação do Mal 2", de 2016), que conta a origem da boneca. Em seguida, "Annabelle" (o mais fraco dos três), quando o casal tem seu primeiro contato com o "brinquedo", finalizando com "Annabelle 3".

A "Chuck de vestido", que já era assustadora, em 2014, na versão atual consegue ficar mais medonha. Talvez por ter passado muito tempo trancada num armário de vidro esperando para ser solta por algum curioso sem cérebro que não respeita o aviso na porta de "NÃO ABRIR DE FORMA ALGUMA". Annabelle, que um dia pertenceu a uma menina que morreu, comanda os ataques de personagens e objetos mal-assombrados ou amaldiçoados da Sala dos Artefatos dos Warren aos ocupantes da casa.

Boneca do filme X boneca original

Baseado em fatos reais, a versão para o cinema tratou de criar uma Annabelle extremamente assustadora, ao contrário da verdadeira que era uma boneca de pano até simpática. Ela permanece trancada juntamente com o restante do acervo, no Museu dos Warren, mesmo após a morte do casal.


Se Vera Farmiga e Patrick Wilson eram as estrelas dos outros filmes, desta vez ficou para a jovem Mckenna Grace, como Judy, a filha do casal, impedir que a boneca escape da casa e roube a alma de alguma pessoa. Com ela estão Madison Iseman (sua babá) e Katie Sarife (a amiga dela, Daniela). A jovem está muito bem, enfrentado a boneca do mal como foi ensinada pelos pais.


No novo filme, Ed e Lorraine Warren viajam num fim de semana e deixam a filha Judy aos cuidados de sua babá. Daniela, a amiga da babá vai visitá-las, curiosa com as histórias contadas sobre os pais de Judy. Mas as três passam a correr perigo quando a maligna boneca Annabelle é libertada e, aproveitando que os investigadores paranormais estão fora, tenta capturar a alma da menina.

Boa distração, mas sem muitos avanços na história da boneca. Confesso que esperava mais de "Annabelle 3". O diretor e também um dos roteiristas Gary Daubermane acerta novamente na escolha da trilha sonora, na maquiagem dos personagens do Museu e em alguns efeitos visuais. Mas em 1h46 de duração (que parece mais), deixa para provocar medo somente a partir do meio do filme, em algumas poucas e boas cenas de terror.   Agora é esperar pelo possível oitavo filme da franquia - "The Crocket Man", apresentado em "Invocação do Mal 2".


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Gary Dauberman
Produção: New Line Cinema / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h46
Gênero: Terror
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #Annabelle3, #VeraFarmiga, #PatrickWilson, #MckennaGrace, #CasalWarren, #terror, #WarnerBrosPictures, #EspacoZ, #cinemanoescurinho, #cineart_oficial

25 junho 2019

"Pets - A Vida Secreta dos Bichos 2" dá vontade de levar todos os bichinhos pra casa

O cãozinho Max e seus amigos voltam a viver novas aventuras enquanto seus donos não estão em casa (Fotos: Universal Studios/Divulgação)

Maristela Bretas

Pensa numa animação ótima. E se a continuação for ainda melhor? Pois foi o que aconteceu com "Pets - A Vida Secreta dos Bichos 2" ("The Secret Life of Pets 2"), que estreia dia 27 de junho nos cinemas. Engraçado, emocionante, cheio de aventuras - na cidade e no campo - e situações do cotidiano que vão fazer mamães e papais de pequeninos e donos de filhotes se identificarem e darem boas gargalhadas e até chorarem. Afinal, filhote é tudo igual, humano ou animal, só muda o endereço.


Mas será Max (dublado em português por Danton Mello) quem vai novamente puxar o fio da história e abrir espaço para surgirem outros heróis caninos e felinos (e até "coelhinhos"). Da vida rotineira na cidade, a aventura desta vez também vai para o campo para ensinar boas lições ao cãozinho estressado do primeiro filme que nunca saiu da cidade grande. Ele viaja para a fazenda junto com sua família, agora maior, já que Katie (voz de Sylvia Salustti), a dona dele e do desajeitado Duke (voz de Tiago Abravanel) se casa e tem um filho - Liam.


Para quem tem filho pequeno e animais em casa, "Pets 2" aborda com muito humor e sensibilidade a relação entre bicho e gente. O animal se torna um guarda-costas da criança, evitando que ela se machuque ou se afaste dele (como muitos pais). Ao mesmo tempo, começa a ficar estressado e a criar temores, especialmente do abandono, precisando procurar um veterinário especialista em comportamento animal. Max apresenta, na verdade, os medos de muitos pais e mães com os filhos pequenos (e pela vida toda). Assim como a hora de deixar o pequenino ganhar asas e ir para a escolinha.


Enquanto Max aprende numa fazenda a se tornar "um cara" mais confiante e menos possessivo com Liam, em Nova York seus amigos terão de se virar para salvar um filhote de tigre branco maltratado pelo dono de um circo itinerante. Nesta parte da história entra a abordagem dos maus-tratos e da questão de circos que ainda exploram animais, o empoderamento das fêmeas animais (como nos filmes de ação com as mulheres dominando as cenas). As estrelas desta parte da história serão as cadelinhas Gigi (voz de Angélica Borges), da raça Lulu da Pomerânia, a shitzu Daisy (dublagem de Dani Calabresa) e a gata Chloe (Mônica Rossi).


Não falta um super-herói e ele é Bola de Neve, o coelhinho branco fofinho, mas marrento e que se acha um super-herói. O personagem é dublado em português por Luis Miranda e na versão original novamente por Kevin Hart. Vários outros personagens animais do primeiro filme estão presentes na aventura para ajudarem na operação de salvamento do tigre - o salsichinha Buddy, o pug Mel, o hamster Norman (dublado pelo diretor Chris Renaud) e até Pops, o cão ranzinza de coração mole.



A sequência de "Pets - A Vida Secreta dos Bichos" anda alguns anos, com Katie casada e alguns de seus vizinhos, donos dos pets do primeiro filme com filhos eu seguindo suas vidas. E quando saem de casa, Max e seus amigos agora dividem as atenções com os novos integrantes da família. E cada um deles vai passar por diferentes experiências e aprender a ver a vida de outra forma com seus pequenos novos donos.


Chris Renaud, que dirigiu o primeiro filme (que faturou mundialmente mais de US$ 875 milhões) e também "Meu Malvado Favorito 1 e 2" (2010 e 2013) acertou em todos os pontos nesta continuação- uma animação gostosa de assistir, bem humorada, tratando de temas que divertem e emocionam, com personagens que são simpáticos ao público em geral. A classificação é livre, mas a diversão é garantida para todas as idades. Uma ótima opção para um programa em família e para aqueles que amam seus bichinhos de estimação.


Ficha técnica:
Direção: Chris Renaud
Produção: Illumination Entertainment / Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h27
Gêneros: Animação / Comédia / Família
País: EUA
Classificação: 6 anos
Nota: 4 (0 a 5)

Tags: #AVidaSecretaDosBichos2, #TheSecretLifeOfPets,2, #bichosdeestimação, #DantonMello, #DaniCalabresa, #TiagoAbravanel, #LuisMiranda, #animação, #IlluminationEntertainment, @UniversalPicsBr, @agencia_espacoz, @cinemaescurinho, @cinemas_cineart, @cinemarkoficial

22 junho 2019

“Democracia em Vertigem” mostra um Brasil dividido e com o futuro incerto

Documentário de Petra Costa narra os principais fatos políticos do Brasil nas últimas décadas (Fotos: Netflix/Divulgação)


Jean Piter


Sabe aquela sensação repentina de que tudo em volta está girando? A vista embaçada, o mal estar no corpo, os pés que parecem não estar no chão e a incapacidade de fazer algo para dar a fim a essa agonia? É o que podemos chamar de vertigem. E é exatamente essa a reação que o documentário “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, pode provocar. Um retrato melancólico e muito honesto da história recente do Brasil, que vai do processo de redemocratização à chegada da extrema direita ao poder, passando pelo golpe sofrido pela então presidente Dilma Rousseff.


O grande diferencial dessa obra é a crônica pessoal feita pela cineasta. Se Michael Moore faz documentários semelhantes a grandes reportagens, onde ele está ali para ouvir e questionar as pessoas, Petra inova ao ser ao mesmo tempo personagem e condutora da história. Ela narra os principais fatos políticos do Brasil nas últimas décadas. Paralelamente, conta as lembranças que tem da vida de sua família: de um lado, pais militantes de esquerda que lutavam contra a ditadura, e do outro, parentes que eram grandes empresários da construção civil. Um pé na elite e outro na clandestinidade.


Petra resume com perfeição a história recente do Brasil, em duas horas de documentário que mesclam memórias, registros jornalísticos e imagens de bastidores. A euforia da reabertura da democracia, os protestos e manifestações populares, as eleições presidenciais, o surgimento e a ascensão do Partido dos Trabalhadores (PT), o crescimento econômico e os escândalos de corrupção. Em uma narrativa que não protege ninguém e que não poupa críticas e questionamentos a nenhum dos lados. Passa pelo impeachment de Dilma, pela operação Lava Jato e a divisão do país entre coxinhas e mortadelas.


O ponto alto dessa história são as imagens do arquivo pessoal de Petra e as entrevistas exclusivas com alguns personagens. É um documentário capaz de arrancar lágrimas de tristeza, de indignação e de desesperança. Um retrato fidedigno de uma República de Famílias, de uma jovem democracia que morre um pouco mais a cada dia. Uma obra necessária e que deve ser vista por todos.


Ficha técnica:
Direção: Petra Costa
Produção: Netflix Brasil
Duração: 2h02
Gênero: Documentário
País: Brasil
Classificação: 12 anos

Tags: #DemocraciaEmVertigem, #PetraCosta, #documentário, #NetflixBrasil, #entretenimento, #futuroincerto, #democracia, #cinemaescurinho

17 junho 2019

"MIB: Homens de Preto - Internacional" muda elenco, capricha nos efeitos, mas morre na praia com roteiro

Chris Hemsworth e Tessa Thompson formam o divertido casal do quarto filme sobre a secreta agência que monitora alienígenas na Terra (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Maristela Bretas


A aposta em Chris Hemsworth e Tessa Thompson como as novas caras para "MIB: Homens de Preto - Internacional" ("Men in Black: International") tinha tudo para dar certo. Simpáticos, divertidos, entrosados e vindos de dois filmes com excelentes bilheterias - "Thor: Ragnarok" e "Vingadores: Ultimato" - a dupla ainda contou com excelentes efeitos visuais, muita ação, perseguições, boas locações e muita pancadaria. Só precisava de um bom roteiro para, 22 anos depois da primeira estreia, Chris e Tessa serem os sucessores ideais de Will Smith e Tommy Lee Jones, responsáveis pelos três filmes anteriores da franquia - "MIB - Homens de Preto" (1997), "MIB 2" (2002) e "MIB 3" (2013). E foi aí que o filme pecou e pode fazer dele o mais fraco dos quatro já feitos.


Disputar com o carisma da dupla anterior era um grande desafio e isso foi muito lembrado pelos fãs dos Homens de Preto. Will Smith era o brincalhão agente J, que no reboot dá lugar ao belo e displicente agente H (Hemsworth). Já o lado racional da antiga dupla, o agente K, interpretado por Tommy Lee Jones é substituído por Tessa Thompson, no papel da jovem e inteligente agente M. É nela e em Emma Thompson, que novamente faz a agente O, chefe da unidade de Nova York, que F. Gary Gray, substituto do diretor Barry Sonnenfeld (responsável pelos outros três filmes) centraliza as ações. Mas Gray erra ao criar situações e diálogos forçados que desmerecem mais do que valorizam os papéis femininos.


O elenco ainda conta com Liam Neeson, como ex-parceiro de H e agora chefe da unidade de Londres; Rafe Spall, o agente C, de certinho demais, e os desconhecidos irmãos Laurent e Larry Bourgeois como os dois alienígenas que servem apenas para brilhar graças aos efeitos especiais. A grande decepção fica para a participação de Rebecca Ferguson ("Missão Impossível - Efeito Fallout") no papel de uma alien bandida e sedutora, ex-amante do agente H, que aparece por pouco tempo, tem uma briga boa com a agente M e... só. Total desperdício de talento. 


Para as crianças, "MIB Internacional" inseriu na trama o pequenino alienígena Pawny, que empresta a voz de Kumail Nanjuani (da série "Silicon Valley") e se torna o "protetor" da agente M. Além de explorar (até demais) o lado cômico de Chris Hemsworth, diversos comediantes foram escolhidos para uma participação especial no filme na versão de seus países. No Brasil, Sérgio Mallandro, que também gravou um vídeo de divulgação do filme, teve seus segundos de glória numa cena relâmpago como uma dos Homens de Preto.


Na história, Tessa Thompson é Molly que presenciou, quando criança, dois agentes da MIB apagarem as memórias de seus pais após estes presenciarem a aparição de um extraterrestre. Vinte anos depois, ela consegue descobrir a sede da agência e se candidatar a uma vaga. Inteligente e muito esperta, ela é imediatamente aceita pela chefe (Emma Thompson) e se torna a agente M. Apesar da inexperiência, ela é enviada a Londres para investigar estranhas ocorrências envolvendo gêmeos alienígenas que querem se apossar de uma arma destruidora de planetas. M acaba conhecendo o herói, mas displicente, agente H (Chris Hemsworth). 


Os dois são designados pelo chefe T (Liam Neeson) para também investigarem um possível espião infiltrado na Organização que estaria ajudando os aliens do mal. Ao deixarem um aliado morrer sob sua proteção, a dupla acaba se tornando suspeita e passa a ser perseguida pela agência. Agora M e H terão de provar sua inocência e só poderão contar velhos amigos e o simpático Pawny.


Infelizmente, apesar de atores famosos, entrosados até mesmo na comicidade, muita adrenalina, uma ótima trilha sonora e ótimos efeitos especiais, "MIB: Homens de Preto - Internacional" é totalmente previsível, a começar pelo vilão facilmente identificável logo no início. A produção acaba se sustentando totalmente nos dois protagonistas, que fazem bem a sua parte e não deixam que seja um fracasso. Mesmo assim, ela corre o risco de ser apagada da memória de muitos fãs, sem precisar do desmemorizador. Vale como uma distração de sessão da tarde.



Ficha técnica:
Direção: F. Gary Gray
Produção: Columbia Pictures  / Amblin Entertainment / Parkes/MacDonald Productions
Distribuição: Sony Pictures Brasil
Duração: 1h55
Gêneros: Ação / Ficção
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #MIBHomensDePretoInternacional, #MIB4, #HomensDePreto, #ChrisHemsworth, #TessaThompson, #EmmaThompson, #LiamNesson, #RebeccaFergusson, #ação, #alien, #EspacoZ, #SonyPicturesBrasil, #cinemaescurinho

13 junho 2019

"Dor e Glória" - O filme mais intimista de Pedro Almodóvar

Durante o Festival de Cannes, Antonio Banderas disse que ‘teve que matar tudo o que era’ para fazer o filme (Fotos: Manolo Pavón/El Deseo/StudioCanal) 

Carolina Cassese 

Correspondente no Festival de Cannes


Foi dessa maneira que a crítica definiu "Dor e Glória", o mais novo longa do aclamado diretor espanhol, lançado internacionalmente em maio, no Festival de Cannes deste ano. Com história centrada na vida de Salvador Mallo, diretor de cinema em declínio que relembra sua infância na cidade de Valência, a produção chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (13). A narrativa autobiográfica encerra uma trilogia que inclui "A Lei do Desejo" (1987) e "Má Educação" (2004).


O elenco é composto por astros como Antonio Banderas, Penélope Cruz, Asier Etxeandia, Leonardo Sbaraglia e Cecilia Roth. Em Cannes, Banderas recebeu, merecidamente, o prêmio de melhor ator. Em uma coletiva de imprensa, declarou que ‘teve que matar tudo o que era’ para fazer o filme: “Cheguei com uma bagagem hollywoodiana que o personagem não precisava. O que ele precisava era de um Banderas que eu não imaginava ter ainda dentro de mim. Tive de recuperá-lo então. E foi lindo", disse. 


Em entrevista ao El País, Almodóvar não poupou elogios ao ator principal: “Antonio passou por três cirurgias de coração aberto, e essa experiência, embora ele não alardeie isso, fica marcada. Felizmente, é ator. E para um ator, assim como para um escritor, não existem as experiências ruins. Até a pior se transforma em outra coisa diante do computador ou em um palco”.

O protagonista, que passa por um prolongado bloqueio criativo, parece estar constantemente solitário e exausto. Quando uma cinemateca espanhola decide resgatar o seu principal longa, ele se vê obrigado a revisitar o filme e acaba retomando laços com o principal ator da produção, Alberto Crespo (Asier Etxeandia). Os dois mantêm uma relação repleta de altos e baixos. 


Na trama são abordados temas como o processo de imigração para a Espanha, os primeiros amores, problemas de saúde e a relação com o cinema."Dor e Glória" é um jogo de espelhos: não se sabe bem onde começam e quando se encerram as semelhanças entre Salvador Mallo e Almodóvar. A autoficção, garante o diretor, foi o ponto de partida. Os flashbacks, que se passam na Espanha pós-Guerra Civil, são inegavelmente autorreferentes, mostrando um garoto “diferente dos demais”, apaixonado pela literatura e por cinema. Impossível não destacar a (sempre) marcante presença de Penélope Cruz, que interpreta Jacinta, a intensa mãe de Salvador.


A temática do despertar da sexualidade, sempre presente nos filmes de Almodóvar, é emblemática em "Dor e Glória". Também são dignos de nota outros elementos característicos do diretor, como a presença de figuras femininas fortes e as paisagens vivas do interior da Espanha. O diretor de fotografia José Luis Alcane e o desenhista Antxón Gómez conferem à produção uma riqueza de cores digna de aplausos. 

O plano final apresenta um fechamento surpreendente para uma trama intensa, viva e passível de identificação pelo espectador. Depois de três anos de hiato, Almodóvar retorna, no seu melhor estilo, com uma história poderosa - e muito honesta. 
Duração: 1h52
Classificação: 16 anos
Distribuição: Universal Pictures



Tags: #DorEGloria, #AntonioBanderas, #PedroAlmodovar, #PenelopeCruz, #Cannes, #drama, #UniversalPictures, #cinemaescurinho

07 junho 2019

"Patrulha Canina: Super Filhotes" aposta na fórmula da TV para agradar aos pequenos fãs

Sucesso na TV a cabo, versão para o cinema da série exibida pela Nickelodeon é dividida em quatro histórias (Fotos: Nickelodeon/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Se depender da distribuidora Paris Filmes, que vai exibir a animação em 435 salas de 385 cinemas de todo o Brasil, "Patrulha Canina: Super Filhotes" ("Paw Patrol: Mighty Pups") vai ser um sucesso. Dirigido por Charles E. Bastien, a produção aposta na fidelidade dos milhares de fãs aos cachorrinhos atrevidos, que há anos divertem a criançada em episódios exibidos no canal a cabo Nickelodeon.

Para aumentar ainda mais a possibilidade de acerto, o filme foi devidamente editado no Brasil, para contar com a participação de uma dupla bastante conhecida do público infantil e pré-adolescente. A atriz Lorena Queiroz (de ‘Carinha de Anjo’) e o cantor Pedro Miranda (do "The Voice Kids") fazem intervenções interagindo com o espectador, comentando o que está rolando na história e até propondo alguns testes.


A não ser pelos superpoderes que os cachorrinhos ganham após terem contato com um meteoro que cai exatamente na Baía da Aventura, (de ‘Carinha de Anjo’) se parece muito com o que as crianças estão acostumadas a ver na TV a cabo. Entre outras habilidades, Chase pode correr super-rápido, Rocky cria ferramentas de energia, Skye pode voar, Rubble ganha super força, Everest pode congelar as coisas, Marshall consegue controlar o calor e Zuma a água. Juntos eles se tornam os Super Filhotes


Na produção infantil, o prefeito Humdinger e seu sobrinho Harold continuam sendo os vilões maldosos e ambiciosos de sempre, porém atrapalhados e pouco inteligentes. A novidade: o filme é praticamente dividido em quatro episódios. No fim de cada história, depois que o inevitável final feliz é celebrado pelos cães e seus amigos, Lorena e Pedro Miranda fazem uma pequena esquete e, imediatamente, começa uma nova trama, com outro tema.


Crianças menores vão ficar cansadas. São 85 minutos de filme e, embora sejam quatro histórias diferentes, a estrutura se repete: os vilões aprontam, alguém que se sente lesado ou em perigo chama a Patrulha Canina que, sempre atenta, sai correndo para socorrer. E tudo, absolutamente tudo que os cãezinhos fazem para salvar alguém, conta com o funcionamento ágil e preciso de máquinas poderosas.

A tecnologia é um item precioso nas tramas da Patrulha Canina, cujo trabalho maior é dar ordens: "esguichar cimento", "levantar mastro", "carregar barras", "interditar estradas" e por aí vai. Tudo é imediatamente obedecido por ferramentas mirabolantes que, automaticamente, se desdobram, se armam ou desarmam e lançam coisas, atiram fogo, obstruem estradas... Animação para os pequenos fãs apenas.

Ficha técnica:
Direção: Charles E. Bastien
Produção: Nickelodeon
Distribuição: Paris Filmes 
Duração: 1h25
Gêneros: Aventura /Animação
Classificação: A partir de 3 anos


Tags: #PatrulhaCaninaNosCinemas, #PatrulhaCanina, #Nickelodeon, #ParisFilmes, #aventura, #animação, #LorenaQueiroz, #PedroMiranda, #cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

06 junho 2019

"X-Men: Fênix Negra" tem ótimos efeitos especiais, mas roteiro é fraco e confuso

A mais poderosa do grupo de super-heróis mutantes agora está sem controle e ameaça todos a sua volta (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Dificilmente o expectador poderá falar que "X-Men: Fênix Negra" é um filme sem ação e com efeitos visuais fracos. Ele é exatamente o contrário, do início ao fim, o filme é uma explosão de cores, raios e batalhas. Até mesmo quando a personagem principal - Jean Grey (interpretada novamente pela bela Sophie Turner, de "Game og Thrones") está questionando sua vida e seus poderes, muito superiores aos de todos os demais X-Men, inclusive o Professor Xavier. 



Mas quando peca feio na transformação de alguns heróis, como Mística e Fera, e no roteiro. Se nos filmes anteriores, o resultado da mudança da aparência humana para mutante era um show visual, neste a maquiagem parece coisa de amador, desmerecendo tudo o que foi feito para estes personagens que sempre se destacaram por serem muito diferentes.


Já a história dos X-Men e a trajetória de Jean Grey (interpretada novamente pela bela Sophie Turner), para ser mais bem compreendida, exige daqueles que não são fãs de carteirinha dos super-heróis, uma passada pelos filmes anteriores: "X-Men: Primeira Classe" (2011), "X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido" (2014) e "X-Men: Apocalipse" (2016). A produção tem buracos que confundem mais que explicam e deixa várias lacunas. 

Se nestes filmes o Professor Xavier (James McAvoy), Magneto/Erik (Michael Fassbender) e Wolverine/Logan (papel inesquecível de Hugh Jackman) foram as grandes estrelas, agora a mutante mais poderosa do grupo tem sua história contada desde criança até se tornar a Fênix Negra. Sophie Turner está muito bem no papel, contando com os ótimos efeitos visuais usados nas batalhas na Terra e no espaço e nos ataques de fúria da mutante. Já em "Apocalipse" ela havia dado uma demonstração do que poderia fazer se despertasse sua raiva.



No novo filme, Jean se transforma numa força descontrolada após adquirir poderes quando uma missão de resgate no espaço, Jean é quase morta quando é atingida por uma misteriosa força cósmica. Ao retornar para casa, essa força não só a torna infinitamente mais poderosa, mas muito mais instável. Lutando com essa entidade dentro dela, Jean desencadeia seus poderes de uma maneira que não pode compreender nem controlar e transforma todos em inimigos, inclusive sua família mutante. 



Para piorar, Fênix Negra, como agora é chamada, passa a sofrer influência da alienígena Vuk (Jessica Chastain, limitada e desperdiçada no papel de uma vilã bem fraquinha) que quer destruir o planeta. Os mutantes precisarão se unir para impedir o ataque.

Este é o 11º e penúltimo filme da saga, que deverá ser encerrada em 2020 com "Os Novos Mutantes" (se não criarem nenhum novo spin-off depois). Mas mesmo com toda a campanha de divulgação para o lançamento, dificilmente "X-Men: Fênix Negra" alcançará o sucesso de "X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido" e do espetacular "Logan" (2017) - mais informações sobre o último filme de Hugh Jackman como Wolverine você pode consultar no blog parceiro Coisas de Mineira. No elenco temos o retorno também de Jennifer Lawrence (Mística/Raven), Nicholas Hoult (Fera/Hank McCoy), Tye Sheridan (Ciclope/Scott Summers),  Evan Peters (Mercúrio), Kodi Smit-McPhee (Kurt Wagner/Noturno) e Alexandra Shipp (Ororo Munroe/Tempestade - que entrou no lugar de Halle Berry em "X-Men: Apocalipse").


"X-Men: Fênix Negra" deixa uma sensação de que a história foi mal contada e não fechou o ciclo direito, de forma emocionante e inesquecível, como era esperado, diferente do que aconteceu com a franquia "Os Vingadores" em "Ultimato". Se isso tivesse ocorrido, as chances de sucesso seriam bem maiores. O diretor e um dos produtores, Simon Kinberg, se preocupou muito com a ação e os efeitos especiais, mas deixou de lado a emoção e a empatia com o público. Isso pode ser percebido até mesmo na atuação de alguns deles. O filme é bom, vale pela parte visual das batalhas e pela trilha sonora de Hans Zimmer, mas ficou a dever como despedida de muitos de seus personagens principais.


Ficha técnica:
Direção: Simon Kinberg
Produção: 20th Century Fox
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 1h54
Gêneros: Ação / Aventura / Ficção
País: EUA
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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