Kristen Stewart, Ella Balinska e Naomi Scott, sob o comando de Elizabeth Banks, entregam uma homenagem à série original (Fotos: Sony Pictures/Divulgação) |
Maristela Bretas
Uma versão mais engajada na luta pela valorização da mulher, unindo força, inteligência e beleza. Assim é o terceiro filme de "As Panteras", dirigido, roteirizado, produzido e estrelado por Elizabeth Banks (de "Brightburn: Filho das Trevas" - 2019). Com boas cenas de lutas e de perseguições, a produção que entra em cartaz nesta quinta-feira nos cinemas é uma homenagem à série original de TV, trazendo boas lembranças e surpresas, mas abandonando o lado machista das Charlie's Angels.
A produção tem humor, muita ação, bons efeitos especiais e interpretações que não chegam a ser marcantes, mas surpreendem em alguns casos. Kristen Stewart está muito no papel da pantera Sabina Wilson, uma agente forte, decidida e segura. Ela também é ela a responsável pelos diálogos e situações cômicas. A estrela da franquia "Crepúsculo" perdeu a carinha da inocente Bela e vem se impondo a cada filme que protagoniza. Até os vilões de "As Panteras" reconhecem que ela é uma mulher independente e resolvida.
O mesmo acontece com Jane Kano, personagem da estreante Ella Balinska, parceira de Sabina como uma das agentes do misterioso Charlie. Com pose e estatura de modelo, a jovem se sai muito bem no papel, esbanjando sedução quando dança e mostrando ser a mais experiente agente, tanto como atiradora quanto em lutas. Melhor que muito homem. A mais fraquinha e sem sal do trio é Naomi Scott (a Jasmine, de "Aladdin" - 2018 e também intérprete de Kimberly, a ranger rosa de "Power Rangers" - 2017). No filme ela é Elena Houghlin, uma cientista especializada em tecnologia que precisa ser protegida pelas Panteras, integrantes da Agência Townsend de espionagem.
Da história nascida para a TV - três Panteras, o chefe Bosley e o chefão Charlie (daí o nome "Charlie's Angels") - sobraram a ideia original e, especialmente, a inesquecível e marcante música tema orquestrada. Dezesseis anos depois de "As Panteras Detonando" (2003), a agência cresceu, agora tem atuação internacional e reúne as mais bem treinadas agentes do mundo, que atuam onde são mandadas. Não existe mais um só Bosley, mas várias partes do planeta cada um com sua equipe.
Elizabeth Banks, que tem boa atuação como uma Bosley (ou Boz, numa associação a boss) não perde a cara de vilã e passa sempre a impressão de que vai puxar o tapete de alguém. Como diretora fez um bom trabalho, reforçando do início ao fim a importância das mulheres na trama e na vida real. O roteiro, também dela, tem alguns furos, mas parece ter sido feito por uma fã da antiga série, que resolveu recontar a história das "Anjos de Charlie" numa versão atualizada e "femininamente" correta.
A trilha sonora é um dos destaques do filme. Puxada pela música tema orquestrada - "Charlie's Angel" -, criada para a série de TV, ela marcou a geração entre os anos de 1976 e 1981. Para o filme atual foi chamado um trio da pesada para interpretar a canção "Don't Call Me Angel", - Ariana Grande, Miley Cyrus e Lana Del Rey
Os personagens masculinos são colocados em segundo plano, alguns em papéis dispensáveis e outros fragilizados (como Alexander Brok, papel de Sam Claflin) ou apenas para compor cenário, como o cientista Lasgston (papel de Noah Centineo). Djimon Hounsou ("Capitã Marvel" - 2019) tem participação rápida, mas importante na trama como um dos chefes da agência. Já Patrick Stewart, o Bosley principal, não perdeu o jeito de Professor Charles Xavier, da franquia "X-Men", só que sem a cadeira de rodas.
À esquerda, elenco da série de TV; à direita,as atrizes dos primeiros filmes para o cinema (Foto/Montagem) |
Três gerações de Panteras
Para quem está conhecendo agora as poderosas espiãs, vale um pouco de recordação. As primeiras panteras, da clássica série de TV, foram as atrizes Jaclyn Smith, Kate Jackson e a inesquecível loura Farrat Fawcett-Majors. Ao longo das temporadas da série, elas foram sendo substituídas por Cheryl Ladd, Shelley Hack e Tanya Roberts, mas sem o mesmo carisma e glamour das primeiras..
No ano de 2000 o trio de espiãs ganhou a versão cinematográfica com um elenco atraente e de peso - Cameron Diaz, Drew Barrymore (uma das produtoras) e Lucy Liu, na divertida e explosiva produção "As Panteras". Já o segundo filme com elas e Demi Moore - "As Panteras Detonando" (2003) - foi bem fraquinho. No reboot deste ano, a proposta é uma volta ao passado, com um trio que não é tão carismático como os anteriores, mas dá conta do recado. O blog @cinemanoescurinho recomenda para os saudosistas e quem gosta de um filme de ação com pitadas cômicas.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Elizabeth Banks
Produção: Brownstone Productions / Sony Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 1h59
Gêneros: Ação / Comédia /Espionagem
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 3 (0 a 5)
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