Filme é ambientado na Nova York de 1950 e aborda racismo e especulação imobiliária (Fotos: Warner Bros. Pictures/Divulgação) |
Maristela Bretas
Com ótima atuação de Edward Norton, um belo figurino, boa reconstituição de época e uma irrepreensível trilha sonora entra em cartaz nesta quinta-feira o filme "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" ("Motherless Brooklyn"). Além do papel principal, Norton dirigiu, roteirizou e produziu o filme, uma das boas estreias desta semana. O elenco conta ainda com Alec Baldwin, Willem Dafoe, Gugu Mbatha-Raw e uma rápida aparição de Bruce Willis que é importante para o enredo.
Ambientado em 1950, o filme é embalado pela sonoridade de trompetes e saxofones oferecendo uma atração à parte - um bom jazz, como era tocado nos bairros negros de Nova York naquela década. O compositor Daniel Pemberton foi o responsável pela excelente trilha sonora - talvez a melhor parte da produção. Ele faz um dueto com o trompetista Wynton Marsalis na bela "Woman in Blue". Thom Yorke (Radiohead) convidou Flea (Red Hot Chili Peppers) para interpretar com ele a música-tema "Daily Battles", que também ganhou uma versão instrumental com Marsalis.
Norton entrega um personagem solitário - Lionel Essrog, um dos integrantes da agência de detetives particulares chefiada por Frank Minna (Bruce Willis), que se envolve com pessoas erradas para faturar um dinheiro a mais e acaba morto. Lionel sofre de Síndrome de Tourette e passa o filme todo se explicando e pedindo desculpas pelos ataques e tiques nervosos incontroláveis que aparecem nos momentos mais inoportunos. No início os muitos "Se" e frases desconexas são até engraçadas, mas depois de um tempo se tornam cansativas, apesarem de fazer parte do personagem, o que não desmerece o trabalho do "faz tudo" Norton.
Solitário e obstinado, Lionel é considerado uma aberração pelos colegas. Apesar da doença, ele tem uma rara capacidade de guardar informações, nomes e rostos e sairá em busca dos assassinos de seu chefe e mentor. Só não esperava acabar envolvido numa sórdida trama política, que envolve troca de favores, racismo e especulação imobiliária, cujos principais alvos a serem exterminados ou expulsos de suas casas são os negros e imigrantes.
Alec Baldwin faz o papel do inescrupuloso Mose Randolph, um mafioso do colarinho branco que controla o prefeito e seus assessores e tudo o que acontece na cidade. É ele quem define o que será construído e o que será colocado abaixo para atender a seus interesses e a sua obsessão por poder. E para conseguir o quer, não se preocupa em eliminar quem atravessa seu caminho, sejam moradores, ativistas de direitos humanos, como a advogada Laura Rose (papel de Gugu Mbatha-Raw), ou de investigadores xeretas.
Baseado no romance homônimo escrito em 1999 por Jonathan Letherm, "Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe" tem um ponto ruim: o ritmo, muitas vezes, é lento demais e leva a uma dispensável duração de 2h24. Esticou muito para correr e resolver tudo nos 40 minutos finais. Falha de um roteiro muito longo que se perde em algumas partes.
Além da trilha sonora, destaque para a fotografia, que explora os ambientes escuros, assim como a iluminação. Uma cena chama a atenção pela beleza plástica - o mergulho de Norton induzido pela heroína que ele fumou. Os figurinos e a ambientação da Nova York daquela época também merecem aplausos e fecham bem o pacote da produção. Vale a pena conferir a produção em grande estilo, com o novo cardápio gastronômico da Sala 1 Premier do Net Cineart Ponteio.
Ficha técnica:
Direção, Roteiro e Produção: Edward Norton
Produção: Class 5 Films / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 2h24
Gêneros: Drama / Policial
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)
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