Produção distribuída pela Netflix é para ver de coração aberto (Fotos: Netflix/Divulgação) |
Maristela Bretas
Emocionante, envolvente, humano (e também desumano), de uma enorme simplicidade para tratar o amor de pai e filha, "Milagre na Cela 7" ("7. Koğuştaki Mucize"), filme turco distribuído pela Netflix, é imperdível. Remake de uma produção sul-coreana de 2013, esta versão segue uma linha extremamente comovente, impossível não chorar rios de lágrimas com a história de um homem, portador de uma síndrome neurológica, que é separado da filha pequena após ser acusado de um crime que não cometeu.
Parece um tema simples, mas toda a trama é recheada de histórias paralelas, que se entrelaçam com a de Memo, muito bem interpretado por Aras Bulut Iynemli, e sua filha Ova (a linda e fofa Nisa Sofiya Aksongur, que na época das filmagens tinha 8 anos). A relação entre os dois é encantadora, como se fossem realmente pai e filha. O vídeo abaixo dos bastidores da produção mostra como todo o elenco se envolveu com a adorável garotinha.
O forte do filme são as pessoas, especialmente as mais simples,. Seus hábitos e cultura vão dar o sentido especial da trama. A vida simples e comum de interior não esconde o preconceito por quem é "especial". Das crianças da escola aos militares que o chamam de maluco, Memo é vítima de uma sociedade que não entende as limitações de um adulto com cabeça de criança. Mas para as duas pessoas mais importantes de sua vida - a filha e a avó Fatma (papel de Cecile Toyon Uysal, tarimbada atriz turca de 76 anos), "Lingo lingo", como é chamado por Ova, é o centro de tudo. Uma curiosidade: O nome de Memo é Mehmet, o mesmo do diretor do filme.
É com elas que ele vive uma vida feliz, cuidando das cabras da família, buscando a filha na escola, estudando com ela e ajudando a avó nos afazeres de casa. Mesmo sendo "diferente", o amor pela família é tudo para Memo, até que ele é acusado de ter matado uma menina, filha de um comandante do Exército. Sem um julgamento justo, Memo é condenado à morte e mandado para a prisão até a data de sua execução. Impedido de ver a filha e a avó, ele não entende o que aconteceu e só poderá contar com os companheiros da Cela 7 para tentar provar sua inocência.
A condenação retrata bem a questão dos direitos humanos desrespeitados no país na época. Torturado, desacreditado, Memo não perde a pureza de alguém de bom coração. Aos poucos vai conquistando, um a um, os companheiros de cela e também quem vive a rotina de uma prisão. Com uma ajuda especial, ele consegue fazer com que, até mesmo os mais durões, coloquem pra fora o que lhes causa maior aflição e se libertem de seus pecados. No elenco, outros atores turcos, apesar de desconhecidos do público brasileiro, também se destacam no drama: Illker Aksum (como Askorozlu, líder dos presos na cela 7), Deniz Baysal (professora Mine) e Sarp Akkaya (o diretor da penitenciária).
Ambientado no interior da Turquia e todo falado no idioma de origem, com legendas em português, "Milagre na Cela 7" tem também na fotografia outro ponto forte. O diretor Mehmet Ada Öztekin soube explorar bem o belo visual da região onde foram feitas as locações. E usou bem a luz e o jogo de câmera nas cenas de tortura e execução. Também o figurino é bem fiel aos costumes da época, no início dos anos 2000. A trilha sonora, composta por Hasan Özsut somente com canções turcas, completa essa bela produção que está encantando milhares de pessoas. Um conselho: assista de coração aberto e um pacote de lenços de papel na mão.
Direção: Mehmet Ada Öztekin
Produção: Lanistar Media / Motion Content Group /CJ Entertainment Turkey
Distribuição: Netflix
Duração: 2h12
Gênero: Drama
País: Turquia
Classificação: 16 anos
Nota: 5 (0 a 5)
Tags: #MilagreNaCela7, #7KogustakiMucize, #Netflix, #drama, #ArasBulutIynemli, #NisaSofiyaAksongur, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho
Contagiante filme. Mostra esta dupla super identificada. As dificuldades em que se encontram durante todo o filme. Afinal um homem que nutre muito amor a uma criança que vive sua inocência diante de fatos ocorridos sem ter sua contribuição e provoca a condenação do pai, um pobre demente mental que não encontra forma de se defender.
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