31 julho 2020

“El Presidente”, a minissérie da Amazon que desnuda os bastidores do futebol que muitos fingem não ver

Usando a ficção, o diretor mostra o desrespeito dos dirigentes de times pelos torcedores (Fotos: Amazon Prime Video/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Gente que gosta muito de futebol talvez perdoe – e até releve as inacreditáveis falcatruas que vêm à tona na minissérie “El Presidente”, da Amazon Prime Video. Por mais que a verdade tenha se juntado à ficção para tentar dourar a pílula, não deixa de ser um espanto o relato de corrupção na FIFA, a maior instituição representativa do mais querido e popular esporte do mundo: o futebol.


É correta – mas poderia ser mais contundente – a produção que juntou Chile, Argentina e Estados Unidos para falar, mesmo que vestido de ficção, de um caso tão rumoroso que acabou com a prisão de figurões conhecidos. Interessante descobrir que, enquanto levavam alegria aos torcedores nos estádios e aos telespectadores mundo afora, esses senhores enchiam malas de dólares, manipulavam sorteios e se esbaldavam em noitadas de bebedeira e mulheres.


Sem dúvida, um atrativo da série é reconhecer personalidades e figuras carimbadas que o público se acostumou a ver nos noticiários. Estão lá João Havelange, Joseph Blatter, J. Hawilla, Ricardo Teixeira, José Maria Marins... O escândalo, que veio à tona em 2015, mostrou a roubalheira que envolveu mais de 150 milhões de dólares. Teve gente que foi para a cadeia, outros até já saíram e alguns morreram.

O caso, que ficou conhecido como Fifagate, assusta principalmente pelo requinte das narrativas das manobras, um claro desrespeito aos pobres inocentes que vestem camisas, gritam, suam, brigam e gastam o que não têm para defender seu time. Na verdade, os dirigentes zombam do torcedor.


O futebol é uma festa, parece enfatizar o diretor da série, Pablo Larrain, que encontrou um jeito quase imparcial e distante para contar sua história. Recorreu à visão de Julio Grondona (vivido pelo ator Luis Margani), grande líder do futebol argentino entre 1979 e 2014, que narra tudo o que sabe a partir da sua confortável posição de morto.

Outro recurso até certo ponto útil é acrescentar uma trajetória paralela, a de Sergio Jadue (interpretado pelo colombiano Andrés Parra), o inexpressivo presidente de um clube de segunda divisão chilena, alçado à conveniente condição de dirigente da Associação Nacional de Futebol do Chile - ANFP - e da Conmebol. Quase um inocente útil.


Como é narrada em idas e vindas, passado e presente, o início de “El Presidente” pode cansar e confundir. Principalmente os menos interessados no assunto podem até desistir antes de chegar ao final dos oito episódios. Mas é importante dizer que, embora confusa, a história do bizarro anti-herói Jadue é mais interessante do que parece e acaba prendendo a atenção.

Uma polêmica investigadora do FBI, Rosário (Karla Souza), e a onipresente e poderosa esposa de Jadue, Nené (Paulina Gaitán), são outros personagens que ajudam a dar cor a essa história rica, cheia de nuances e verdades.


Ficha técnica:
Direção:
Pablo Larrain

Exibição: Amazon Prime Video
Duração: Média de 55 minutos cada episódio
Classificação: 18 anos
Gêneros: Série de TV / Esportes / Ação / Drama
Países: Chile / EUA / Argentina

Tags: #ElPresidente, #AmazonPrimeVideo, #CorrupçãoNaFifa, #Fifagate,  #drama, #seriedetv, #futebol, #crime, #esporte, #cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

29 julho 2020

"Oferenda à Tempestade" chega à Netflix e completa a instigante "Trilogia do Baztán"

Terceiro filme e seus antecessores estão disponíveis somente na plataforma de streaming (Fotos: Netflix/Divulgação)

Maristela Bretas


Uma das postagens que mais despertou interesse dos seguidores do blog @cinemanoescurinho nos últimos dias ganha uma sequência. Já está em exibição na @Netflix, "Oferenda à Tempestade" ("Ofrenda a la Tormenta"), filme que encerra a ótima "Trilogia do Baztán", adaptada dos best-sellers homônimos da escritora espanhola de sucesso, Dolores Redondo.

Novamente, o diretor Fernando González Molina conduz de maneira envolvente este terceiro suspense policial, tão bom quanto seu antecessor, "Legado nos Ossos" (2019), apresentado na postagem do blog do dia 4 de junho, juntamente com o primeiro filme da trilogia, "O Guardião Invisível" (2017). As três produções estão disponíveis e merecem ser conferidas seguindo a sequência.


A estreia de "Oferenda à Tempestade" era aguardada desde meados de junho, mas somente no dia 24 de julho o filme foi colocado no catálogo da plataforma. Para surpresa de vários fãs, que esperavam ansiosamente o desfecho das investigações da inspetora Amaia Salazar (muito bem interpretada por Marta Etura) sobre os diversos assassinatos e suicídios ocorridos na província de Navarra, no norte da Espanha.

A história do terceiro filme se passa um mês após a policial ter solucionado os crimes de "Legado nos Ossos". Sem acreditar na morte da mãe Rosário (vivida por Susi Sánchez), cujo corpo nunca foi localizado, Amaia ainda está atrás dos integrantes de uma seita, da qual a mãe fazia parte, que sacrifica bebês em rituais macabros.


Enquanto tenta desvendar os casos, a inspetora precisa dividir as atenções dentro de casa com o filho bebê e o marido, e ainda evitar a aproximação, cada vez maior, do juiz Markina, papel de Leonardo Sharaglia. Repetindo a participação no elenco estão Carlos Librado (policial Jonan Etxaide), Patrícia Lopez Arnaiz (Rosaura Salazar), Elvira Minguez (Flora Salazar) e Paco Tous, como o médico forense Dr. San Martín.


"Oferenda à Tempestade" encerra muito bem a "Trilogia do Baztán", mantendo uma duração muito próxima de seus antecessores. Novamente as locações na cidade e redondezas de Elizondo são uma atração à parte, menos exploradas neste longa que em "O Guardião Invisível". O período chuvoso, mesclado com a neve do inverno e as matas fechadas rodeando as estradas completam o cenário ideal para a trama.



São poucos os momentos de menor suspense e mesmo dando dicas claras do desfecho, este thriller psicológico prende até o final e é tão bom quanto o segundo. Mas os três filmes merecem ser vistos. Para saber mais, confira a crítica e os trailers no post do blog. E tem mais: há informações de que "Oferenda à Tempestade" pode ter uma continuação. Mas só assistindo para saber o que ficou sem solução que merece mais investigações de Amaia Salazar.


Ficha técnica:
Direção: Fernando González Molina
Classificação: 16 anos
Duração: 2h19
País: Espanha
Gêneros: Policial / Suspense


Tags: #OferendaATempestade, #OGuardiãoInvisível, #LegadoNosOssos, #Netflix, #DoloresRedondo, #FernandoGonzálezMolina, #suspense, #policial, #TrilogiaDoBaztán, #cinemaescurinho, @cinemanoescurinho

26 julho 2020

"Desejo Sombrio" - A vingança é um prato que se come bem devagar

Alma Solares e Darío Guerra vivem um tórrido romance na nova série da Netflix (Fotos: Netflix/Divulgação)

Silvana Monteiro


"Desejo Sombrio" ("Oscuro Deseo") é uma série mexicana produzida pela Argos Comunicación que estreou, dia 15 de julho, a 1ª Temporada no catálogo da Netflix. O suspense dramático já está entre os títulos mais assistidos do momento. A fotografia da série é impecável. As locações são perfeitas e rendem quadros maravilhosos. Alma Solares (Maite Perroni, ex-integrante do grupo musical RBD) é uma mulher bem sucedida, professora universitária de Direito, mãe de Zoe (Regina Pavon), uma jovem irreverente e cheia de conflitos internos, e esposa fiel do famoso e incorruptível juiz Leonardo Solares (Jorge Poza).

O casamento, até então perfeito, começa a dar sinais de alerta. A professora aproveita uma viagem do marido como um vale night. Ela vai chorar as mágoas com  Brenda, sua melhor amiga há décadas. São cúmplices, confidentes e parceiras. Mas será que essa amizade é isso tudo mesmo? Nessa saída noturna, ambas conhecem Darío Guerra (Alejandro Speitzer), um jovem estudante de Direito. Alma passa a noite com ele, mas apesar de ter se deliciado do corpo viril e ardente do moço, ela quer que o fato seja esquecido.


Ah! Mas o destino é traiçoeiro. Na manhã seguinte, a Dra. Solares não vai ter que lidar só com a culpa da infidelidade. Ela terá também que conviver com o fato de que sua amiga está morta e que, de alguma forma, o rapaz nunca antes visto, pode estar ligado ao crime. A partir daí, uma trama cheia de suspense vai se desenrolar.

Brenda cometeu suicídio? Foi morta? Por quem e por quê? Quem é Darío Guerra? Um amante apaixonado ou um sociopata? Essas perguntas são parte do clímax da série. E mesmo atormentando a todos, a Dra. Solares estará loucamente apaixonada pelo misterioso e onipresente estudante. 


Traições, crimes, verdades, mentiras, muito sexo, amor e ódio. Histórias e mortos do passado serão desenterrados. Mais mortes podem acontecer e verdades ocultas virão à tona. Qual a ligação entre Darío Guerra e Brenda e casos investigados no passado pelo juiz Leonardo Solares e seu irmão Esteban?

O enredo é ultra envolvente e tem conexões perfeitas que fazem o telespectador não querer se desligar. É o tipo de história que faz querer ver tudo, sem parar nem mesmo para comer. Ah! Mas de água você vai precisar, pois fogo é o que não falta, tanto no sentido literal, quanto no sentido figurado. Abasteça o squeeze!


A outra parte do clímax da série é o envolvimento de Darío com a família Solares, sobretudo com a jovem Zoe. A dúvida que paira sobre a honestidade do Sr. Juiz e de seu irmão, membro da polícia judicial, faz o telespectador coçar a cabeça e roer as unhas. Se você gosta de tramas forenses, casos policiais, romances proibidos e passionais, provavelmente vai suar com "Desejo Sombrio". Beba muita água e respire fundo: nada é o que parece ser.



Ficha técnica:
Criação:
Leticia López Margalli
Exibição: Netflix
Duração: 35 minutos em média cada episódio
Classificação: 16 anos
País: México
Gêneros: Suspense / Erótico / Série de TV


Tags: #DesejoSombrio, #OscuroDeseo, #MaitePerroni, #suspense, #drama, #intimidade, #policial, #NetflixBrasil, #seriedetv, @cinemanoescurinho, @cinemaescurinho

21 julho 2020

"Greyhound - Na Mira do Inimigo": um ótimo filme de guerra digno de uma tela de cinema


Tom Hanks brilha como o comandante de um navio de guerra que enfrenta submarinos alemães (Fotos: AppleTv+/Divulgação)

Maristela Bretas


Com mais uma grande atuação de Tom Hanks, que também participa como roteirista, "Greyhound - Na Mira do Inimigo" é um dos lançamentos que chegam diretamente para o streaming e está em exibição na plataforma Apple TV+. Um ótimo filme de guerra, com combates do início ao fim, mas que, devido à pandemia do coronavírus, perdeu parte do impacto das batalhas com a exibição transferida para a tela de TV. Merecia estar no cinema, como aconteceu com outros do gênero, como "Pearl Harbor" (2001), "Midway - Batalha em Alto Mar" (2017), "Dunkirk" (2018) e o recente "1917" (2020).

A produção da Sony Pictures, em parceria com a FilmNation, Bron Studios e a Playtone Pictures (do próprio Tom Hanks) é tensa e prende o espectador com muita ação e boas batalhas no mar. São poucos os momentos de paz do capitão Ernest Krause, vivido por Hanks, e sua tripulação. 

Poderia ser somente mais um filme ambientado na 2ª Guerra Mundial - ele se passa em 1942, no Atlântico Norte. Mas a riqueza de detalhes e a atuação de todo o elenco, especialmente do protagonista, além de Stephen Graham (como o imediato Charlie Cole) e de Rob Morgan (o marinheiro Cleveland) fazem a diferença. Elizabeth Shue faz pequena participação, mas é sempre bem vinda. Também o filho caçula de Hanks, Chet Hanks, participa do elenco como Bushnell, o especialista em radar.


Um amigo colecionador de objetos da 2ª Guerra e estudioso do período gostou muito do filme e foi quem me indicou. Ele e outros colecionadores ficaram surpresos com a preocupação do diretor com os detalhes. As imagens internas e externas do navio foram feitas em um destróier classe Fletcher de verdade, que está em um museu nos EUA e foi todo reformado para o filme, inclusive os canhões. Eles também elogiaram o figurino, que seguiu fielmente os uniformes e armamentos da época.


Ele só alertou para o símbolo dos lobos nos submarinos alemães - os originais eram bem pequenos. Eles foram aumentados, possivelmente, para uma melhor visualização nas cenas travadas entre as embarcações no ambiente escuro do oceano.

Tom Hanks entrega um personagem sério, de poucos sorrisos,  mas sempre simpático, extremamente religioso e preocupado com a vida humana, até mesmo do inimigo, mesmo estando em combate. Em sua primeira missão comandando um comboio, o capitão Krause deverá, junto com outros três destróieres, escoltar 37 navios aliados com cargas de mantimentos e soldados pelo Atlântico Norte, sem apoio aéreo em um longo trecho.


Eles se tornam alvo fácil dos submarinos alemães, chamados Lobos Cinzas, que fazem uma verdadeira caçada. As cenas do cerco no mar agitado são semelhantes a uma matilha ao redor de sua presa. Por quase 48 horas, o comandante luta contra os inimigos, o sono, a fome e a dor de horas em pé sem abandonar o posto, sempre à espera de um novo ataque.


"Greyhound" tem alguns furos no roteiro, mas nada que comprometa o resultado final. Adaptado do romance "The Good Shepherd", de CS Forrester, o longa dirigido por Aaron Schneider soube aproveitar bem a computação gráfica nas cenas de batalhas, especialmente quando navios e submarinos ficam emparelhados. Vale a pena conferir.


Ficha técnica:
Direção: Aaron Schneider
Roteiro: Tom Hanks
Exibição: Apple TV+
Produção: Sony Pictures / FilmNation Entertainment / Playtone Pictures
Duração: 1h31
País: EUA
Classificação: 12 anos
Gêneros: Guerra / Ação / Drama

Tags: #GreyhoundNaMiraDoInimigo, #Greyhound, #TomHanks, #guerra, #ação, #cinema, #filme, #AppleTV+, #SonyPictures, @cinemanoescurinho, @cinemaescurinho

19 julho 2020

“O Tempo Com Você”: Animação de Makoto Shinkai tem tudo para agradar aos fãs


Romance anime sobre um jovem que foge de casa para tentar a sorte em Tóquio e conhece uma garota especial (Fotos: Divulgação)

Jean Piter Miranda

Quem gosta de animações e de mangás (histórias em quadrinhos japonesas) certamente já ouviu falar no nome de Makoto Shinkai, artista de mangá, diretor, produtor e roteirista de cinema. O japonês de 47 anos é conhecido mundialmente por suas belas animações, com destaque para “Your Name” (2016). A obra mais recente do autor é “O Tempo Com Você” ("Tenki No Ko" // "Weathering With You"), de 2019, mas que, pra desespero dos fãs, ainda não chegou ao Brasil.

“O Tempo Com Você” conta a história de Hodaka Morishima, um adolescente de 16 anos que morava uma pequena ilha até fugir de casa para tentar a vida sozinho em Tóquio. E se morar em uma das maiores metrópoles do mundo não fosse um grande desafio com essa idade, o rapaz ainda conta com pouco dinheiro. Pra piorar, a cidade é castigada por chuvas ininterruptas. Nesse caos, ele conhece a jovem Hina Amano. E é aí que tudo muda na vida dos dois.


É um romance sim. A história gira em torno do casal na maior parte do tempo. Mas, diferente das outras de Shinkai, nessa outros personagens ganham mais espaço e importância na trama. Hina é órfã e vive com o irmão mais novo, Nagisa. Hodaka vai trabalhar e morar com Reisuke Suga, um homem que ele conheceu no navio quando viajava para Tóquio. Na casa também mora a jovem Natsumi.

O tempo do título não é relativo à cronologia. Todo mundo que já conhece Shinkai vai logo fazer essa associação, uma vez que o tempo é matéria prima e personagem em suas obras. Mas aqui não. Aqui é sobre meteorologia. Uma ambiguidade que não é considerada em outros idiomas. Inclusive, o título internacional ficou como “Wheatering With You”. A mudança de tempo entre sol e chuva é o que dá alma ao filme.


Hina é uma “garota-sol”. Coisa da mitologia japonesa. Ela faz uma prece e o céu se abre onde ela está por um curto período de tempo. Um dom. Algo mágico. Ela e Hodaka se juntam e começam a vender esse serviço de levar o sol para onde as pessoas estão. Como está chovendo sem parar em Tóquio, claro, aparecem muitos interessados, mesmo incrédulos. E o negócio dá certo e a dupla vai juntando seu dinheirinho. Mas claro, usar esses poderes místicos tem um preço. E é aí que mora o problema.



O filme é bem bonito como todas as obras de Shinkai. As cores, os detalhes dos desenhos, tudo bem realista. O sol, a luz, as flores, o vento, a chuva, o barulho dos trens, os prédios, as nuvens, as vidraças... Os movimentos das câmeras. É tudo muito agradável, até quando os ambientes são sombrios.

“O Tempo Com Você” é também mais dinâmico, se comparado com outros filmes do autor. As cenas de silêncio, muito presentes em seus filmes, são mais raras. Nessa nova animação há muito mais diálogos e os acontecimentos são mais rápidos. Tem muito do mundo de hoje e das tradições e lendas japonesas. Passado e futuro. Nada é mais japonês que isso. 


Shinkai trata outra vez de temas comuns em suas obras. A relação do homem com o meio ambiente, as dificuldades dos jovens em relação ao mercado de trabalho, a transição para a vida adulta, a construção de relacionamentos, os medos, anseios e necessidades, o não saber lidar bem com sentimentos. Tudo muito bem explorado de forma sutil no desenrolar da história. Que passa rápido e prende bem a atenção. É um filme gostoso de ver e tem tudo para agradar aos fãs do gênero.

Música
Outro ponto que agrada muito é a trilha sonora de “O Tempo Com Você”, em especial a música tema - “Is There Still Anything That Love Can Do?”, da banda japonesa Radwimps.



Comparações
É inevitável que os fãs que já conhecem as animações de Shikai façam comparações de “O Tempo Com Você” com outras obras do autor, em especial, “Your Name”. Há muitos pontos em comum sim. Qual será o melhor? É uma pergunta que vai ser bem difícil de responder. 

Enquanto o novo filme de Shinkai não estreia no Brasil, vale a pena aproveitar o tempo pra conferir outras produções de Shikai. O curta “Vozes de Uma Estrela Distante” (2002) pode ser visto aqui: https://vimeo.com/156345760

Os outros filmes podem ser encontrados em plataformas de streaming na web:
2016 - Your Name - na Netflix
2013 - O Jardim das Palavras - no Youtube
2007 - Cinco Centímetros por Segundo - no Youtube
2004 - O Lugar Prometido em Nossa Juventude - na Netflix


Ficha técnica:
Direção, roteiro e montagem:
Makoto Shinkai
Duração: 1h52
Exibição: Youtube
Gêneros: Animação / Fantasia
País: Japão
Classificação: 12 anos


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15 julho 2020

"The Old Guard" faz sucesso na Netflix e pode virar franquia


Charlize Theron comanda um grupo de mercenários que passa a ser perseguido por causa de suas habilidades especiais (Fotos: Aimee Spinks/Netflix)

Jean Piter Miranda


Quatro guerreiros imortais que se passam por pessoas normais. Eles vivem fazendo missões militares, como mercenários. Até aí, tudo bem. O problema aparece quando o segredo deles é descoberto e passam a ser perseguidos. Essa é a história de "The Old Guard", filme de ação com Charlize Theron, baseado na HQ de Greg Rucka, que também é roteirista da produção, em exibição na Netflix.

Desde o seu lançamento no dia 10 de julho, "The Old Guard" vem fazendo grande sucesso nacional e internacional, tendo recebido 80% de aprovação no Rotten Tomatoes. A direção de Gina Prince-Bythewood ("A Vida Secreta das Abelhas" - 2008) e a atuação de Charlize vêm recebendo elogios de fãs dos quadrinhos e de pessoas do meio artístico, como a diretora de cinema Patty Jenkins ("Mulher Maravilha" - 2017) e a atriz Mindy Kaling ("Oito Mulheres e Um Segredo" - 2018).


Tudo começa quando o grupo pega um novo serviço. Do tipo que é só mais um pra eles. O contratante é Copley (Chiwetel Ejiofor), um agente secreto. E aí o que parece ser uma missão normal acaba colocando o grupo na mira da indústria, digamos, farmacêutica, comandada por Merrick (Harry Melling). O empresário quer amostras de DNA dos “heróis” para poder descobrir o que eles têm de especial, fazer disso um produto e vender pra todo mundo.


É um filme de ação e, como a maioria, não dá pra fugir muito dos clichês. Algumas coisas ficam previsíveis. Traição, gente que se arrepende e muda de lado. E muita porrada e tiro, é claro. Nisso o longa é bem bom. Tem várias cenas ação, muito bem feita, sem economizar no sangue e na violência, coisa que agrada muito, por ser mais realista, e por não se ver em produções como as dos estúdios  Marvel e DC, por exemplo.


Charlize Theron manda muito bem na interpretação de Andy, a líder do grupo. Seja nos diálogos ou nas cenas de ação. O filme é dela, mesmo que muito da história gire em torno da personagem Nile Freeman (Kiki Layne). Charlize já se destacou em outros filmes de ação/futurista como "Mad Max: Estrada da Fúria" - 2016, "Aeon Flux" -2005 e o recente "Atômica" - 2017 (o segundo estreia em breve). A atriz que já ganhou um Oscar por "Monster" (2003) segue muito bonita, jovem e extremamente talentosa, aos 44 anos. Dá gosto de ver.


Voltando a "The Old Guard", o filme deixa muitas questões em aberto, como a origem dos personagens e o que poderia ser o ponto fraco deles. Certo é que vai ter continuação. Tem cena pós-crédito, bem fácil de entender. Ao que parece, se der sucesso, pode até virar franquia, mesmo que um ou outro ator deixe o elenco nas sequências.


Pra quem é mais exigente, mais detalhista, e mais chato mesmo, os clichês podem incomodar. Você vê uma e outra situação e tem certeza de já ter visto cenas iguais. É a receita que dá certo para a indústria do cinema, então não dá para arriscar muito. Para quem vai assistir como mero entretenimento, o filme é bem bom. Está consideravelmente acima da média. E tem Charlize, o que já conta muito.


Ficha técnica:
Direção:
Gina Prince-Bythewood
Produção: Skydance Productions / Denver and Delilah Productions
Exibição: Netflix
Duração: 1h59
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Ação/ Fantasia

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11 julho 2020

Impossível não se comover com “Adú”, o menino refugiado que busca um lugar no mundo

O fio condutor é o drama dos refugiados, que fogem dos seus próprios países (Fotos: Manolo Pavón e Netflix)


Mirtes Helena Scalioni


História 1: dois irmãos, Adú e Alika, – ele com sete, ela com nove anos – vivem numa aldeia em Moçambique e um dia, voltando da escola de bicicleta, testemunham o assassinato de um elefante numa reserva ambiental. O objetivo dos caçadores é extrair o marfim.

História 2: Gonzalo, um próspero empresário espanhol, é um ativista ambiental e coordena uma ONG de preservação dos elefantes. Desiludido e em conflito com os aldeões, decide trazer para a África sua filha drogada Sandra, numa tentativa de recuperar a relação entre os dois.




História 3: um grupo de africanos tenta ultrapassar a fronteira entre Marrocos e Espanha na cidade de Melilla. Um conflito com os soldados acaba na morte de um refugiado, mudando a vida de um dos guardas, Mateo.

História 4: aos 15 anos, cansado de ser abusado em algum lugar da Somália onde vivia, o adolescente Massar, de 15 anos, foge de casa a pé. Atravessa o deserto do Saara, passa pela Líbia e chega ao Marrocos, onde tenta viver de pequenos furtos.


Foi apostando no entrelaçamento dessas histórias carregadas de dramas que o diretor espanhol Salvador Calvo criou “Adú”, o mais novo sucesso retumbante do Netflix, depois do comovente “O Milagre da Cela 7”. Em ambos, há uma criança como protagonista, o que já garante boa dosagem de emoção. Impossível não se comover.

O fio condutor de “Adú” é o drama dos refugiados, tão em voga no mundo atual. A saga e o sofrimento dessas pessoas que fogem dos seus próprios países em busca de uma vida digna foram a inspiração do diretor, ele próprio um ex-voluntário de um serviço de ajuda e acolhimento na Espanha. Segundo conta, são terríveis os relatos de adultos e crianças nessa trajetória de buscar asilo.



Não dá pra negar que o grande trunfo do longa é o estreante Moustapha Oumarou, o pequeno que faz Adú. De Benin, ele parece ter nascido para atuar. Seus olhos grandes e expressivos falam direto ao coração do espectador. Sem dúvida, um achado. Difícil não se enternecer com a saga do menino e sua irmã Alika (Zayiddiy Dissou) que, escapando da violência e da miséria da palafita onde moram, saem sozinhos mundo afora em busca de um lugar seguro para viver.



Na verdade, todo o elenco está irrepreensível. De Adam Nourou como o atormentado e generoso adolescente Massar, a Álvaro Cervantes como o soldado Mateo, passando por Anna Castillo como a drogada Sandra, ou Luis Tosar como o empresário benfeitor Gonzalo, assim como o restante do elenco, todos dão seu recado com maestria.



Pelo andamento do filme, enquanto as histórias ameaçam se tocar, espectadores mais experientes acabam por esperar um entrelaçamento óbvio, para o qual parece caminhar a trama. Surpreendentemente, o esperado não acontece. Mais um ponto a favor do diretor de “Adú”, que não se rendeu às obviedades.




Ficha técnica:
Direção:
Salvador Calvo
Exibição: Netflix
Duração: 1h59
Classificação: 12 anos
Nacionalidade: Espanha
Gênero: Drama


Tags: #Adú, #drama, @MoustaphaOumarou, @SalvadorCalvo, @Netflix, @cinemaescurinho, @cinemanoescurinho, #JuntosPeloCinema