Usando a ficção, o diretor mostra o desrespeito dos dirigentes de times pelos torcedores (Fotos: Amazon Prime Video/Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
Gente que gosta muito de futebol talvez perdoe – e até releve as inacreditáveis falcatruas que vêm à tona na minissérie “El Presidente”, da Amazon Prime Video. Por mais que a verdade tenha se juntado à ficção para tentar dourar a pílula, não deixa de ser um espanto o relato de corrupção na FIFA, a maior instituição representativa do mais querido e popular esporte do mundo: o futebol.
É correta – mas poderia ser mais contundente – a produção que juntou Chile, Argentina e Estados Unidos para falar, mesmo que vestido de ficção, de um caso tão rumoroso que acabou com a prisão de figurões conhecidos. Interessante descobrir que, enquanto levavam alegria aos torcedores nos estádios e aos telespectadores mundo afora, esses senhores enchiam malas de dólares, manipulavam sorteios e se esbaldavam em noitadas de bebedeira e mulheres.
Sem dúvida, um atrativo da série é reconhecer personalidades e figuras carimbadas que o público se acostumou a ver nos noticiários. Estão lá João Havelange, Joseph Blatter, J. Hawilla, Ricardo Teixeira, José Maria Marins... O escândalo, que veio à tona em 2015, mostrou a roubalheira que envolveu mais de 150 milhões de dólares. Teve gente que foi para a cadeia, outros até já saíram e alguns morreram.
O caso, que ficou conhecido como Fifagate, assusta principalmente pelo requinte das narrativas das manobras, um claro desrespeito aos pobres inocentes que vestem camisas, gritam, suam, brigam e gastam o que não têm para defender seu time. Na verdade, os dirigentes zombam do torcedor.
O futebol é uma festa, parece enfatizar o diretor da série, Pablo Larrain, que encontrou um jeito quase imparcial e distante para contar sua história. Recorreu à visão de Julio Grondona (vivido pelo ator Luis Margani), grande líder do futebol argentino entre 1979 e 2014, que narra tudo o que sabe a partir da sua confortável posição de morto.
Outro recurso até certo ponto útil é acrescentar uma trajetória paralela, a de Sergio Jadue (interpretado pelo colombiano Andrés Parra), o inexpressivo presidente de um clube de segunda divisão chilena, alçado à conveniente condição de dirigente da Associação Nacional de Futebol do Chile - ANFP - e da Conmebol. Quase um inocente útil.
Como é narrada em idas e vindas, passado e presente, o início de “El Presidente” pode cansar e confundir. Principalmente os menos interessados no assunto podem até desistir antes de chegar ao final dos oito episódios. Mas é importante dizer que, embora confusa, a história do bizarro anti-herói Jadue é mais interessante do que parece e acaba prendendo a atenção.
Uma polêmica investigadora do FBI, Rosário (Karla Souza), e a onipresente e poderosa esposa de Jadue, Nené (Paulina Gaitán), são outros personagens que ajudam a dar cor a essa história rica, cheia de nuances e verdades.
Ficha técnica:
Direção: Pablo Larrain
Exibição: Amazon Prime Video
Duração: Média de 55 minutos cada episódio
Classificação: 18 anos
Gêneros: Série de TV / Esportes / Ação / Drama
Países: Chile / EUA / Argentina
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