Reda Kateb e Vincent Cassel são responsáveis por duas organizações sem fins lucrativos que cuidam de jovens autistas (Fotos: Carole Bethuel/California Filmes) |
Jean Piter Miranda
É bem possível que hoje em dia todo mundo conheça ao menos
uma pessoa autista. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada
160 crianças tem transtorno do espectro autista (TEA). Mas, talvez, poucas
pessoas saibam que os autistas não são todos iguais. Eles podem apresentar
dificuldades de comunicação e de socialização, em maior ou menor grau, entre
outras características. Muitos filmes já abordaram esse tema. E o mais novo que
chega nesta quinta-feira (25) aos cinemas é o francês “Mais que Especiais”
("Hors Normes").
O filme conta a história de Bruno (Vincent Cassel) e Malik
(Reda Kateb). Eles são responsáveis por duas organizações sem fins lucrativos
que cuidam de jovens autistas que foram recusados por outras instituições, por
terem comportamento extremamente agressivo. A obra é baseada em uma história
real, passada na França, que mostra o belo trabalho social desenvolvido pela
dupla e todas as dificuldades que eles enfrentam.
Bruno e Malik lidam diretamente com os jovens autistas de
forma afetiva, mostrando que entendem o que estão fazendo. Ao mesmo tempo, eles
têm que fazer de tudo um pouco: cuidar da parte administrativa, pagar
funcionários, correr atrás de dinheiro, treinar cuidadores, lidar com a
burocracia do governo, entre outras coisas. Sem contar que, pra agravar ainda
mais a situação, os autistas que eles cuidam são de famílias carentes. É drama
em cima de drama.
Ao longo do filme, vemos a luta de Bruno e Malik para dar
qualidade de vida aos autistas que eles cuidam. Eles tentam de tudo para
socializar os jovens, com tratamento bem humanizado. O que contrasta com a
terapia oferecida pelas instituições tradicionais, baseada em isolamento e
medicamentos sedativos. E nisso vemos também a principal preocupação dos pais:
“O que vai ser do meu filho quando eu morrer? Quem vai cuidar dele?”.
"Mais que Especiais" é bem dramático. Tem cenas
fortes, que mostram os jovens tendo crises, de Bruno e Malik rodando a cidade,
correndo a procura de autistas que ficaram perdidos pelas ruas. Além da fiscalização
dos órgãos do governo, que cobram muito e praticamente não oferecem ajuda. É um
filme que traz um olhar bem diferente sobre o autismo, como talvez nunca tenha
sido mostrado.
Vincent Cassel está maravilhoso, como sempre. E isso conta
muito. O filme é dos diretores Olivier Nakache e Éric Toledano, os mesmo que
fizeram “Intocáveis” (2011). "Mais que Especiais" propõe muitas
reflexões. Apresenta uma realidade da França, mas que certamente tem muitas
semelhanças com o que é vivido em várias partes do mundo. Não é uma história de
superação, nem bonitinha. É uma história de dores, de renúncia e,
principalmente, de amor a uma causa. É uma obra necessária que merece ser
vista.
Ficha técnica:
Direção: Olivier Nakache e Éric Toledano
Distribuição: Califórnia Filmes
Exibição: Nos cinemas
Duração: 1h54
País: França
Gênero: Comédia
Nota: 3,5 (de 0 a 5)
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