30 abril 2021

Impossível sair incólume do perturbador “Bela Vingança”

Filme dirigido por Emerald Fennell e estrelado por Carey Mullingan venceu o Oscar 2021 de Melhor Roteiro Original (Fotos: Focus Features)

Mirtes Helena Scalioni


Ninguém precisa pensar muito para se lembrar de ter ouvido, alguma vez na vida, homens - e mulheres - justificando um estupro com frases do tipo: “corpo de bêbada não tem dono”, “só aconteceu porque ela bebeu muito” ou “ela se ofereceu e ele fez a parte dele”. É mais ou menos disso que trata o filme “Bela Vingança” ("Promissing Young Woman"), cuja diretora e roteirista, Emerald Fennell, acaba de receber o Oscar de Melhor Roteiro Original. A estreia nos cinemas brasileiros acontece dia 13 de maio.


A cena é clássica e, normalmente, faz parte das comédias: numa balada, a moça se empolga incentivada por amigos, passa da conta na bebida e, no final da noite, é socorrida por algum homem que, generosamente, cuida dela. De manhã, acorda num lugar desconhecido, com alguém de quem não se lembra, de ressaca e, às vezes, sem calcinha. O episódio resulta sempre em muitas gargalhadas.


Foi nesse vespeiro tão corriqueiro quanto revoltante que Emerald Fennell quis cutucar ao escrever seu roteiro. E colocou o longa nas telas de forma tão enigmática que, até metade do filme, o público se pergunta por que a personagem central, a jovem Cassandra Thomas - Cassie (Carey Mulligan) trabalha como atendente num café se cursou a faculdade de Medicina?


Ou: por que ela costuma sair sempre sozinha para diferentes baladas, firmemente disposta a provocar e fisgar machos dispostos a abusar de mulheres bêbadas e depois se vingar deles? Ou ainda: por que ela é tão misteriosamente triste e sozinha a ponto de nem se lembrar do dia do seu aniversário de 30 anos?


Que ninguém se engane: “Bela Vingança” é um filme pesado e ácido. Aos poucos, lembranças e traumas vão sendo colocados para o espectador, que chega a ficar confuso com a cara de anjo de Cassie. 

Nesse ponto, a bela Carey Mulligan dá show, confundindo e despertando mais e mais curiosidade no público. Mesmo depois que ela encontra e passa a se relacionar com um ex-colega de faculdade, Ryan (Bo Burnham), seus planos continuam nebulosos por um bom tempo.


“Bela Vingança” é um filme propositadamente perturbador, inclusive pela inserção de belas e melodiosas canções que, tocadas praticamente na íntegra, parecem, de relance, não combinar em nada com a tensão da trama. Tudo é absolutamente surpreendente no longa. 

É tão estranho e admiravelmente inesperado que pode até parecer inverossímil. Mas verdade seja dita: a história lava a alma de mulheres e homens que acreditam que corpos são sagrados e não podem – em hipótese nenhuma – ser abusados.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Emerald Fennell
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: 13 de maio nos cinemas
Duração: 1h48
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: Drama / Suspense

29 abril 2021

"O Auto da Boa Mentira" no estilo bem humorado do grande Ariano Suassuna

Longa é inspirado em frases famosas do escritor e conta com grande elenco (Fotos: Helena Barreto)

Maristela Bretas


Quatro histórias apenas. Mas o suficiente para apresentar àqueles que não conhecem (difícil de acreditar) a obra do grande escritor Ariano Suassuna. Um nordestino danado de porreta, nascido na Paraíba e radicado em Recife, cujos romances e poesias encantam milhares de pessoas até hoje. 

Estas breves histórias inspiradas nos contos do romancista estão no filme "O Auto da Boa Mentira", que estreia nesta quinta-feira (29) em cinemas brasileiros, que adotaram medidas de segurança sanitária. Dirigido por José Eduardo Belmonte ("Carcereiros - O Filme" - 2019 e "Entre Idas e Vindas" - 2016), o filme tem roteiro de João Falcão, Tatiana Maciel e Célio Porto e produção associada de Guel Arraes. 

(Divulgação)

O elenco é bem conhecido do público, de novelas e do cinema, o que é um atrativo a mais para quem deseja matar a saudade de uma poltrona em frente à telona. Leandro Hassum, Nanda Costa, Jackson Antunes, Renato Góes, Cássia Kis, dentre outros, entregam ótimas interpretações. Algumas chegam a parecer que os personagens foram feitos para eles, como nas histórias de Hassum e Antunes. Mais do que o elenco de peso é a presença de Ariano Suassuna, intercalando cada conto, o maior destaque ao filme, tornando mais simpático e agradável de ver.


As diferentes situações mostrada no longa foram criadas a partir de frases relacionadas à mentira. E ninguém melhor que Suassuna para explicar com bom humor, como ela está presente em nossas vidas. Com certeza muitas pessoas poderão se identificar com algumas delas. Afinal, quem nunca mentiu? E que nunca passou aperto depois de ter mentido?


A primeira história - Fama - mostra o subgerente de RH Helder (Leandro Hassum), um “Zé ninguém” que durante uma convenção é confundido com um comediante de sucesso e passa a gostar do mal-entendido. Mas um encontro inesperado com Caetana (Nanda Costa) pode fazê-lo mudar de opinião. 

O próprio Hassum contou, em entrevista à imprensa, que viveu (e ainda vive) esta situação de ser confundido com seu "eu gordo". Na produção, inclusive foram usadas imagens de shows antigos dele antes de emagrecer.


Na sequência, temos "Vidente".  Fabiano (Renato Góes), um jovem que não acredita em nada, filho de Luzia (Cássia Kis), que confessa abertamente que "mãe também mente". Certa noite, um desconhecido conta que o pai que ele julgava estar morto, trabalha como palhaço num circo que está na cidade e se chama Romeu (Jackson Antunes). 

Fabiano vai atrás da história e confronta a mãe, mas o que está por trás de sua história pode ser bem diferente. Antunes, também na coletiva, contou que uma de suas maiores paixões é o circo.


O terceiro conto foi batizado de "Furão" e se passa no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro com direito a gringo falando português e como uma mentira pode acabar com uma amizade. No papel de Pierce, o americano metido a carioca temos Chris Mason (da série "Pretty Little Liars") é um gringo metido a carioca. 

Depois de faltar ao aniversário do amigo Zeca (Sérjão Loroza), ele inventa que foi assaltado na favela. Só não contava que o caso fosse parar no ouvido do chefão do tráfico (Jesuíta Barbosa), que agora quer fazer justiça. 


A última história - Disney - fala do preconceito sofrido por quem nunca foi à Disney. Mas também é a cara da maioria das festas de fim de ano "da firma", com direito a gafes, discussões, demissões e até a famosa frase - "a culpa é do estagiário", no caso Lorena (Cacá Ottoni). 

Ela trabalha numa agência de publicidade e se sente invisível na empresa de Norberto (Luis Miranda). Para piorar, tem um amor platônico pelo “pseudointelectual” Felipe (Johnny Massaro).  Mas é na festa de Natal na casa do chefe que os podres vão aparecer. E Lorena também.


O elenco do filme conta também com Rocco Pitanga, Giselle Batista, Michelle Batista (“O Negócio”), Bruno Bebianno (“Minha Mãe é Uma Peça”), Leo Bahia (“Chacrinha: O Velho Guerreiro”), Letícia Novaes/Letrux (“Qualquer Gato Vira-Lata 2”), Letícia Isnard (“Carlinhos e Carlão”), Karina Ramil ("Porta dos Fundos"), entre outros. 

Um lembrete: Nesta quinta-feira, às 18 horas, o Instagram da Globo Filmes, uma das coprodutoras do longa, promove uma live com Nanda Costa, Cássia Kis, Renato Góes e Luís Miranda; Eles vão falar de suas participações no filme e contar histórias dos bastidores da gravação. Para quem quiser conferir a coletiva online ocorrida no dia 26 com o diretor José Eduardo Belmonte, a produtora Luciana Pires e outros artistas, basta acessar o link  https://www.youtube.com/watch?v=RmGcqCsCSHw.


Ficha técnica:
Direção: José Eduardo Belmonte
Exibição: nos cinemas
Produção: Cinegroup / Globo Filmes
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h40
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: Comédia

28 abril 2021

"Minhas Férias com Patrick" - uma comédia francesa de belas paisagens e humor leve

Filme narra a jornada inesquecível de Antoinette e o burro Patrick pelo sul da França (Fotos: California Filmes/Divulgação)


Maristela Bretas



Mesmo com muitos clichês e um tema explorado milhares de vezes em outras produções, a comédia francesa "Minhas Férias com Patrick" ("Antoinette Dans Les Cévennes"), que estreia nesta quinta-feira (29) nos cinemas, é uma distração leve sobre um casal totalmente diferente.

O filme, dirigido por Caroline Vignal, nos apresenta uma mulher solteira em busca do amor, que encontra em seu caminho um animal inteligente, apesar de ser chamado de burro, que vai lhe ensinar muito da vida. Ele é Patrick, a maior atração da produção, que divide as atenções com atriz Laure Calamy, interpretando Antoinette Lapouge, uma professora expansiva e engraçada, mas que não ainda não acertou na escolha de seus relacionamentos.


Mas é Patrick quem dá o diferencial para a produção, conseguindo fazer com que o roteiro que é uma repetição de histórias de mulheres sozinhas que correm atrás dos amantes ganhasse um fôlego. Na história, Antoinette está tendo um caso com o pai de uma aluna, Vladimir (Benjamin Lavernhe). 

Ao saber que não vão mais passar uma semana de férias românticas, planejada por meses, porque ele ficará com a esposa e a filha, ela resolve seguir a família até uma área montanhosa belíssima em Cevennes, na região centro-sul da França.


Ao chegar ao local antes de seu amado, a professora conta seu caso aos demais integrantes da excursão e se torna o centro das atenções e também motivo de comentários por onde passa. Mas o pior pesadelo de Antoinette está por vir. No pacote de viagem está Patrick, o burro mais teimoso da área e que vai fazer o percurso carregando a bagagem da tola professora.

Sabe aquele animal que empaca, não obedece, come o que não deve e reclama quando não gosta de alguém? Pois este é Patrick, que tornará a viagem da professora uma experiência inesquecível e formará o par perfeito com ela. Ele pode até ser um burro, mas irá ditar as regras da viagem e ensinar Antoinette o que é viver, ser feliz e encontrar o amor verdadeiro.


Outro destaque "Minhas Férias com Patrick" é a fotografia. A diretora soube explorar muito bem a região onde foi gravado o filme, no Parc National de Cévennes, uma das mais belas cadeias montanhosas da França. O roteiro feito no filme serviu de inspiração também para o escritor escocês Robert-Louis Stevenson, autor do livro "Viagem Com um Burro Pelas Cevenas" (1879), que foi adaptado para a produção.


Os bons momentos do filme são proporcionados pelos apertos que a dupla enfrenta e a relação forte que vai se criando entre os dois protagonistas - desde situações de saia justa àquelas de vergonha alheia. Não se trata de uma comédia que provoca gargalhadas, mas "Minhas Férias com Patrick" garante uma sessão da tarde sem muitas pretensões.


O filme foi muito elogiado pela imprensa francesa, sendo selecionado em 2020 para o Festival de Cannes, além de fazer sucesso no Festival Varilux de Cinema, render oito indicações e o troféu na categoria de Melhor Atriz a Laure Calamy no Prêmio César, o Oscar do cinema francês, também no ano passado.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Caroline Vignal
Distribuição: California Filmes
Exibição: Nos cinemas
País: França
Duração: 1h36
Gêneros: Comédia, Aventura

27 abril 2021

“Minari – Em Busca da Felicidade”: o sonho americano não é para todos

Uma família sul-coreana se muda da Califórnia para o interior do país na ilusão de iniciar um negócio (Fotos: Josh Ethan Johnson e Melissa Lukenbaugh / Prokino/ A24)


Mirtes Helena Scalioni


Alguém já disse que “Minari – Em Busca da Felicidade” é um filme sobre a imigração e suas consequências como a falta de adaptação e a sensação de não pertencimento a um grupo. Já foi dito que é sobre a sabedoria da maturidade, mas também definido como uma história familiar, com todas as nuances, afetos, diferenças e conflitos que isso costuma ter. Talvez seja melhor aceitar, então, que o longa dirigido pelo coreano americano Lee Isaac Chung é, na verdade, um pouco disso tudo, além de ser um filme de memórias de sua infância.


Autor também do roteiro, Chung se inspirou na trajetória do próprio pai, que se mudou da Coreia do Sul para os Estados Unidos em busca de alcançar o tão falado sonho americano. Na história, ambientada na década de 80, Jacob (Steven Yeun, um dos produtores executivos junto com Brad Pitt) arrasta sua mulher Mônica (Ye-Ri Han) mais dois filhos da Califórnia para a zona rural do Arkansas, com o firme propósito de cultivar ali vegetais utilizados na culinária coreana, de olho num mercado que ele acredita ser promissor.


Acontece que Jacob se esqueceu de combinar com a esposa, que detestou o lugar e só fala em retornar ao seu emprego de classificar o sexo de pintinhos na granja onde trabalhava na Califórnia. Além de não acreditar no sonho do marido, ela se preocupa também com o filho David (Alan S. Kim) que, aos sete anos, sofre de um problema cardíaco e pode precisar de socorro médico urgente naquele fim de mundo.

Nem mesmo a chegada de Soonja (Yuh-Jung Youn), mãe de Mônica, faz melhorar as relações da família. Embora cooperativa e disposta a ajudar, a avó de David e de Anne (Noel Cho) não consegue harmonizar o ambiente, apesar de a presença sábia ter desencadeado mudanças importantes na trama.


A atuação da sul-coreana Yuh-Jung Youn, de 73 anos, é um capítulo à parte e fez por merecer o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante do Oscar deste ano. Dizem que se trata da Fernanda Montenegro de seu país e não parece exagero. Ela está realmente fantástica no papel de uma velha discreta e equilibrada, que sabe até onde pode chegar para ajudar. Cabe ao seu personagem, a certa altura, esclarecer ao público que minari é um vegetal comestível tipicamente coreano que nasce em lugares úmidos.


Outro destaque é o menino Alan S. Kim. Seu David brilha e convence como uma criança contida e tímida, consciente de suas limitações por causa da doença, mas sempre atento ao que está acontecendo a sua volta. E é utilizando mais olhares e gestos do que palavras que ele e Soonja estabelecem, depois de muitos conflitos, uma relação de cumplicidade entre neto e avó. Anne faz um contraponto ao personagem.

E, correndo por fora, tem Will Patton fazendo Paul, uma espécie de empregado da fazenda que, pateticamente, nas horas vagas, vira um fanático religioso tão bizarro quanto triste de se ver.


“Minari...” não é definitivamente um filme de ação. O longa se arrasta lento, simples, mas prende, graças também à envolvente trilha sonora de Emile Mosseri. Em alguns momentos, o espectador pode até pensar que a trama vai cair no óbvio caso do marido sonhador versus mulher ranzinza pé no chão. Só impressão. 

A história toma outros rumos, surpreende, emociona. E o público fica com a nítida sensação de que não é preciso muito malabarismo para contar a saga de uma família, falar de imigração, xenofobia, sonhos, lembranças, raízes, maturidade, sabedoria...


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Lee Isaac Chung
Produção: A24 e Plan B
Distribuição: Diamond Films
Exibição: Nos cinemas
Duração: 1h55
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gênero: Drama

26 abril 2021

Oscar 2021 consagra "Nomadland" como Melhor Filme e Anthony Hopkins é eleito Melhor Ator


 

Maristela Bretas


Com muitas mudanças neste ano, a 93ª edição do Oscar, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood elegeu "Nomadland" como o Melhor Filme, prêmio entregue por Rita Moreno, de 89 anos, ganhadora de Oscar por "Amor, Sublime Amor", de 1961. O filme ainda conquistou outras duas estatuetas - Melhor Direção e Melhor Atriz.

Frances McDormand - Nomadland (Fox Searchlight/Divulgação)

A escolha de Anthony Hopkins, 83 anos, como Melhor Ator por sua espetacular atuação em "Meu Pai" foi a grande surpresa da noite, desbancando Chadwick Boseman, forte candidato a um prêmio póstumo. Este é o segundo Oscar da carreira de Hopkins - o primeiro foi por "O Silêncio dos Inocentes" (1992). O ator está no País de Gales em quarentena e não quis ir a Londres para participar da transmissão da cerimônia.

Anthony Hopkins -"Meu Pai" (California Filmes/Divulgação)

Frances McDormand confirmando todas as apostas e levou a estatueta, a terceira de sua carreira como Melhor Atriz, desta vez por seu papel em "Nomadland", o grande vencedor da noite. Ela também é uma das produtoras.

A cerimônia do Oscar deste ano, adiada de fevereiro para este domingo, 25 de abril, teve formato diferente das anteriores, não só por causa da pandemia de Covid-19. O número de categorias foi reduzido de 24 para 23, uma vez que a Academia uniu mixagem e edição em Melhor Som.

"Mank" (Netflix/Divulgação)

Também foi a vez de do streaming ganhar mais espaço para mostrar suas produções, uma vez que os cinemas permaneceram fechados em 2020 e grandes produções precisaram ser adiadas ou transferidas para estas plataformas.

Respeitando os protocolos de segurança e evitando a aglomeração, a transmissão da premiação ocorreu em dois locais diferentes: Los Angeles - a estação de trem Union Station e o Dolby Theater -, além de videoconferências feitas com os candidatos e vencedores em seus países. Em cada local, apenas os apresentadores, os indicados e seus acompanhantes e a produção do evento.

"Bela Vingança" (Universal Pictures)

A diretora e atriz Regina King, com estrada triunfal pela Union Station, abriu a premiação. Segundo ela, todos os presentes estavam sem máscaras porque foram testados, vacinados e colocados em mesas com distanciamento. King foi a responsável por entregar o primeiro prêmio da noite, de Melhor Roteiro Original a Emerald Fennell, por "Bela Vingança". Na sequência, anunciou "Meu Pai" como o vencedor de Melhor Roteiro Adaptado.

"Druk - Mais Uma Rodada" (Foto: Henrik Ohsten)

Laura Dern contou sua experiência com o cinema e entregou a estatueta de Melhor Filme Internacional ao já esperado - "Druk - Mais Uma Rodada", representante da Dinamarca. O diretor Thomas Vinterberg fez um discurso emocionante sobre a perda da filha num acidente de carro quatro dias após iniciar as filmagens.

Foi também a atriz que anunciou o Melhor Ator Coadjuvante. O prêmio ficou para Daniel Kaluuya, por sua ótima atuação como Fred Hamptom, o líder dos Panteras Negras, em "Judas e o Messias Negro". O filme também conquistou a estatueta de Melhor Canção Original.

Daniel Kaluuya - "Judas e o Messias Negro" (Warner Bros.Pictures/Divulgação)

"A Voz Suprema do Blues" também saiu da cerimônia com duas premiações já esperadas: Melhor Maquiagem e Penteado e Melhor Figurino, este último dado à figurinista Ann Roth, de 89 anos. Apesar da disputa acirrada, não deu para Viola Davis como Melhor Atriz.

Dois prêmios humanitários foram entregues nesta noite: o primeiro no Dolby Theater, totalmente vazio, entregue pelo ator Bryan Cranston à Motion Picture Television Fund (MPTF), uma organização que oferece assistência e atendimento aos que atuam nos setores de cinema e televisão. Na Union Station, Tyler Perry recebeu das mãos de Viola Davis a segunda premiação, o Jean Hersholt, dado a personalidades por contribuições a causas humanitárias.

"A Voz Suprema do Blues" (Netflix/Divulgação)

Um diretor sul-coreano entregou a estatueta de Melhor Diretor a uma diretora chinesa. Bong Jooh Ho, ganhador do Oscar 2020 por "Parasita", anunciou a vitória já esperada à também roteirista Chloé Zhao como Melhor Diretora, por "Nomadland".

Brad Pitt contou a história de cada uma das candidatas e entregou à sul-coreana Yuh-Jung Youn, de 73 anos, o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por sua interpretação em "Minari - Em Busca daFelicidade". Ela agradeceu por conhecer o ator pessoalmente e disse que todas as candidatas eram vencedoras, mas que ela teve um pouco mais de sorte.

Yuh-Jung Youn - "Minari" (A24/Divulgação)

Angela Basset apresentou o prêmio In Memoriam citando as milhares de vidas perdidas em 2020 pela covid-19, mas também pelo ódio, racismo e pobreza. E apresentou as lendas perdidas no mundo do cinema, nas áreas técnicas e executiva, além de nomes como Sean Connery e Chadwick Boseman.

Veja abaixo os vencedores do Oscar 2021:

MELHOR FILME: "Nomadland"
MELHOR DIREÇÃO: Chloé Zhao - "Nomadland"
MELHOR ATRIZ: Frances McDormand - "Nomadland"

Chloé Zhao - "Nomadland" (Fox Searchlight/Divulgação)

MELHOR ATOR: Anthony Hopkins - "Meu Pai"
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Yuh-Jung Youn - "Minari - Em Busca da Felicidade"
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Daniel Kaluuya - "Judas e o Messias Negro"

A Voz Suprema do Blues (Netflix/Divulgação)

MELHOR FIGURINO: "A Voz Suprema do Blues"
MELHOR FILME INTERNACIONAL: "Druk - Mais Uma Rodada" (Dinamarca)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: "Bela Vingança"
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: "Meu Pai"

"Soul" (Walt Disney Studios/Divulgação)

MELHOR TRILHA SONORA: "Soul"
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL: "Fight For You" - H.E.R - "Judas e o Messias Negro"
MELHOR ANIMAÇÃO: "Soul"
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO: " Se Algo Acontecer, Eu te Amo" ("If Anything Happens I Love You")

"O Som do Silêncio" (Amazon Prime Video/Divulgação)

MELHOR SOM: "O Som do Silêncio"
MELHOR CURTA-METRAGEM EM LIVE ACTION: "Dois Estranhos" ("Two Distant Strangers")
MELHOR DOCUMENTÁRIO: "Professor Polvo" ("My Octopus Teacher")
MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM: "Collete" (Romênia)


"Tenet" (Melinda Sue Gordon/Warner Bros. Pictures)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO: "A Voz Suprema do Blues"
MELHORES EFEITOS VISUAIS: "Tenet"
MELHOR FOTOGRAFIA: "Mank"
MELHOR EDIÇÃO: "O Som do Silêncio"
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO:"Mank"
 
Saiba mais sobre outras produções que disputaram o Oscar e onde estão sendo exibidas nas críticas do blog Cinema no Escurinho.

"Uma Noite em Miami" (Amazon Prime Video/Divulgação)

- Uma Noite em Miami
- Agente Duplo (documentário)
- Era Uma Vez um Sonho
- O Tigre Branco
- Mulan
- Rosa e Momo
- Greyhound: Na Mira do Inimigo
- Relatos do Mundo
- O Céu da Meia-Noite

"Os 7 de Chicago" (Netflix/Divulgação)

Destacamento Blood - Netflix
- Os 7 de Chicago - Netflix
- Judas e o Messias Negro - No cinema
- O Som do Silêncio - Amazon Prime Video




23 abril 2021

“A Voz Suprema do Blues” é movido pela força de Viola Davis e Chadwick Boseman

A ação se passa dentro de um abafado e quente estúdio onde a banda ensaia para a apresentação (Fotos David Lee/Netflix)


Wallace Graciano

Era meado de 2020. Em meio às manifestações do Black Lives Matter, o diretor George C. Wolfe queria lançar “A Voz Suprema do Blues” ("Ma Rainey's Black Bottom") para reforçar a importância do negro em toda a história norte-americano. Ele foi voto vencido. 

A película só foi ao ar na Netflix em dezembro do mesmo ano. Porém, bem a tempo de consagrar as atuações titânicas de Viola Davis (Ma Rainey) e Chadwick Boseman (Leeve), que, não à toa, foram indicados ao Oscar de melhor atriz e melhor ator, respectivamente.


As quase duas horas de duração do longa, que é baseado na obra teatral de August Wilson, se passam em um pequeno estúdio de Chicago, em 1927. Nele, a já consagrada “Mãe do Blues”, Ma Rainey, está prestes a soltar sua voz em mais um potencial sucesso. Para tal, conta com sua talentosa banda, onde o ambicioso (e talentoso) trompetista Leeve quer dar o salto para outro patamar.


Porém, o abafado e quente estúdio, que sofre com a falta de ventilação, acirra os ânimos de um conjunto que deseja se impor perante uma gerência branca que quer controlá-los a todo custo. E é nesse momento que a trama ganha seu ápice. A atmosfera sufocante e tensa eleva ainda mais a atuação de Davis e Boseman, que roubam a atenção por completo do espectador, deixando o cenário, o figurino e o roteiro em segundo plano.


Para destacar ainda mais esse clima, a direção acertou ao apostar em cores fortes para o cenário que envolve os personagens, fazendo com que a película ganhe um ambiente quente e claustrofóbico, onde a respiração fica ofegante pelo clima e diálogos que a circundam. Somado a isso, essa escolha deu brilho aos protagonistas, que se destacam no cenário vibrante.


Ainda que tenha um roteiro convincente, “A Voz Suprema do Blues” se supera ao trazer ao espectador um filme onde seus protagonistas elevam a dramaturgia ao ápice, fazendo com que as duas horas de duração tenham suas respectivas assinaturas a cada quadro. Davis e Boseman, que infelizmente nos deixou em agosto do ano passado, são gigantes e imponentes.


Ficha técnica:
Direção:
George C. Wolfe
Exibição: Netflix
Duração: 1h34
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Drama / Musical

21 abril 2021

Façam suas apostas - Sete curiosidades sobre o Oscar 2021 que valem uma graninha extra


Da Redação


Os indicados ao Oscar 2021 já são conhecidos e alguns praticamente estão com a estatueta na mão. Agora é sua vez de faturar uma graninha apostando nos candidatos à 93ª edição da maior premiação do cinema mundial, que acontece no próximo domingo (25). 

Neste ano, o formato será diferente dos anteriores, não só por causa da pandemia de Covid-19. Há mudanças no número de categorias, na data, no protocolo da cerimônia e até em critérios para os filmes indicados. E é aí que os cinéfilos ainda podem faturar uma graninha.

Nomadland (Walt Disney Pictures)

Confira abaixo sete curiosidades sobre o Oscar 2021:

1. Apostar no Oscar 2021
Quem sabe tudo de cinema e conhece os critérios e predileções da academia pode lucrar com o Oscar 2021 fazendo APOSTAS ONLINE. Isso porque a Casa de Apostas KTO tem odds para quase todas as categorias da premiação. No momento em que esse texto foi escrito, por exemplo, a odd para Viola Davis na categoria de Melhor Atriz era de 3.0. Isso significa que se você apostar R$ 10,00 nesta opção e acertar, o valor total que você vai ganhar é R$ 30,00.


2. Novidades nas categorias de som do Oscar
Até o ano passado, o Oscar premiava os filmes em 24 categorias diferentes. Neste ano, o número caiu para 23. Isso porque a academia decidiu unir os conceitos de mixagem e edição para definir o filme com melhor som. 

3. Novo critério na categoria de trilha original
A partir de agora, os filmes precisam ter pelo menos 60% de trilha original para concorrer nesta categoria. E nos casos em que a história seja sequência de uma película anterior é necessário que ao menos 80% da trilha seja original. 

Meu Pai (California Filmes)

4. Data da cerimônia do Oscar
O Oscar normalmente ocorre entre a última semana de fevereiro e a primeira semana de março. Contudo, neste ano, foi necessário adiar o evento. Ele será realizado apenas no final de abril. Diferentemente das duas primeiras mudanças, essa alteração foi por causa da pandemia. Vale comentar que a lista dos indicados também demorou mais para sair, sendo divulgada apenas no dia 15 de março.

Mank (Netflix)

5. Como será a cerimônia do Oscar 2021
Para conseguir adotar todos os protocolos de segurança sem abrir mão da cerimônia presencial, o evento vai acontecer em dois locais diferentes de Los Angeles. Além do Dolby Theater, a festa será realizada também na Union Station - estação de trem que fica a 15 minutos de carro da tradicional casa da academia. Somente os apresentadores, os indicados e seus acompanhantes e, é claro, a produção do evento estarão presentes nos dois locais. Não haverá convidados como na edições anteriores.

A Voz Suprema do Blues (Netflix)

6. Streaming é cinema
Uma das maiores polêmicas do Oscar 2021 nem diz respeito às alterações na data e formato. O que está deixando muita gente intrigada é a indicação de filmes da Netflix, Amazon Prime e Disney Plus, que não foram produzidos pensando nas telonas. "A Voz Suprema do Blues" e "Mank", que estão disponíveis no catálogo da Netflix, concorrem em diversas categorias, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Direção.

7. Diversidade no Oscar
Em quase 93 anos de premiação, apenas uma mulher venceu o Oscar de Melhor Direção e cinco foram indicadas até 2020. Neste ano, mais duas estão concorrendo na categoria, sendo que Chloé Zhao é a franca favorita pelo seu trabalho em "Nomadland". Emerald Fennel também se destaca pela forma que conduziu o filme "Bela Vingança". Outro destaque entre as mulheres é Yuh-Jung Youn ("Minari"), sul-coreana que concorre entre as melhores atrizes coadjuvantes.

Minari (Foto: A24)

E além da diversidade de gênero, o Oscar 2021 também conta com três negros indicados na categoria de Melhor Ator Coadjuvante: Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield ("Judas e o Messias Negro") e Leslie Odom Jr. ("Uma Noite em Miami"). Na categoria de Melhor Ator temos a indicação do muçulmano Riz Ahmed ("O Som do Silêncio"), e o ásio-americano Steven Yeun ("Minari"), além do negro Chadwick Boseman, que concorre postumamente à premiação por seu papel em "A Voz Suprema do Blues".

Agora é apostar e torcer para que sua escolha seja a vencedora. Boa sorte.