A ação se passa dentro de um abafado e quente estúdio onde a banda ensaia para a apresentação (Fotos David Lee/Netflix) |
Wallace Graciano
Era meado de 2020. Em meio às manifestações do Black Lives
Matter, o diretor George C. Wolfe queria lançar “A Voz Suprema do Blues”
("Ma Rainey's Black Bottom") para reforçar a importância do negro em
toda a história norte-americano. Ele foi voto vencido.
A película só foi ao ar
na Netflix em dezembro do mesmo ano. Porém, bem a tempo de consagrar as
atuações titânicas de Viola Davis (Ma Rainey) e Chadwick Boseman (Leeve), que,
não à toa, foram indicados ao Oscar de melhor atriz e melhor ator, respectivamente.
As quase duas horas de duração do longa, que é baseado na
obra teatral de August Wilson, se passam em um pequeno estúdio de Chicago, em
1927. Nele, a já consagrada “Mãe do Blues”, Ma Rainey, está prestes a soltar
sua voz em mais um potencial sucesso. Para tal, conta com sua talentosa banda,
onde o ambicioso (e talentoso) trompetista Leeve quer dar o salto para outro
patamar.
Porém, o abafado e quente estúdio, que sofre com a falta de
ventilação, acirra os ânimos de um conjunto que deseja se impor perante uma
gerência branca que quer controlá-los a todo custo. E é nesse momento que a
trama ganha seu ápice. A atmosfera sufocante e tensa eleva ainda mais a atuação
de Davis e Boseman, que roubam a atenção por completo do espectador, deixando o
cenário, o figurino e o roteiro em segundo plano.
Para destacar ainda mais esse clima, a direção acertou ao
apostar em cores fortes para o cenário que envolve os personagens, fazendo com
que a película ganhe um ambiente quente e claustrofóbico, onde a respiração fica
ofegante pelo clima e diálogos que a circundam. Somado a isso, essa escolha deu
brilho aos protagonistas, que se destacam no cenário vibrante.
Ainda que tenha um roteiro convincente, “A Voz Suprema do
Blues” se supera ao trazer ao espectador um filme onde seus protagonistas
elevam a dramaturgia ao ápice, fazendo com que as duas horas de duração tenham
suas respectivas assinaturas a cada quadro. Davis e Boseman, que infelizmente
nos deixou em agosto do ano passado, são gigantes e imponentes.
Direção: George C. Wolfe
Exibição: Netflix
Duração: 1h34
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Drama / Musical
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