Sérgio Chamy é o simpático idoso contratado para bisbilhotar uma casa de repouso na capital chilena (Fotos Globoplay/Divulgação) |
Mirtes Helena Scalioni
Único filme latino-americano indicado ao Oscar – concorre a
Melhor Documentário de Longa Metragem – “Agente Duplo” ("The Mole
Agent" / "El Agente Topo") é dessas produções que prendem o
espectador do início ao fim, mesmo que o público saiba que não se trata de
ficção. É tão carismática a atuação de Sérgio Chamy, um senhor de 83 anos
contratado para bisbilhotar uma casa de repouso, que, por vezes, pode-se
confundi-lo com um ator.
A direção é da
chilena Maite Alberti, mas como há outras pessoas de nacionalidades diferentes
envolvidas na produção, “Agente Duplo” acaba por se tornar um filme universal.
O tema – a velhice e suas questões – também ajuda a tornar o longa fácil de
assistir por pessoas de todas as idades.
A sinopse: o detetive chileno Rômulo coloca anúncio num
jornal para contratar um idoso para se infiltrar na Casa de Repouso San
Francisco, em Santiago do Chile. A ideia é que ele ateste – ou não – se uma tal
senhora moradora do asilo está recebendo maus-tratos. Entre os muitos
candidatos, o escolhido é Sergio Chamy, que mora meses na casa para espionar
com a única obrigação de fazer um relatório diário para o escritório.
A dedicação de Sergio, a seriedade com que ele leva adiante
sua missão e, principalmente, seu cavalheirismo e gentileza o tornam uma
espécie de galã, cortejado por quase todas as velhinhas. Se, no início, as
dificuldades do espião com o uso do celular, as filmagens e mensagens de
WhatsApp fazem rir, aos poucos o espectador vai se envolvendo com o que
verdadeiramente ele vai descobrindo: a solidão e o abandono de muitos daqueles
moradores. “A vida é cruel”, diz, a certa altura, um dos internos.
Segundo contou a diretora em entrevistas, os moradores da Casa
de Repouso San Francisco foram avisados de que alguém estaria, naqueles dias,
gravando um documentário sobre o asilo. Mas os idosos não pareciam se incomodar
com isso. Na verdade, nada parecia incomodá-los. Com raras exceções, o que
prevalece é a desesperança. Sem dúvida, “Agente Duplo” é um filme muito triste.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Maite Alberdi Exibição: Globoplay
Duração: 1h24
Classificação: 12 anos
País: Chile
Gênero: Documentário
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