30 junho 2021

"Luca" emociona e faz a gente relembrar os prazeres da infância

Animação da Disney/Pixar tem aventura, amizade e a descoberta de um novo mundo (Fotos: Walt Disney Company/Divulgação)


Maristela Bretas


Seria apenas mais uma animação se não fosse feita pela Pixar, estúdio que gosta de mexer com nossas emoções. Várias lágrimas desceram desses olhos com "Luca", em exibição na plataforma Disney+ para assinantes (sem taxa extra), é uma história cheia de aventuras e descobertas, que está arrebatando crianças e adultos, com uma linguagem simples e envolvente.

Como sempre, a Pixar pega a gente pelo coração e "Luca" não poderia ser diferente. Vale lembrar de "Divertida Mente" (2015), "Soul" (2021) e a franquia "Toy Story", iniciada em 1995 e encerrada com "Toy Story 4" em 2019 com muitas lágrimas. Em todos, a abordagem trata de família, transições, incertezas, abandono, sentimentos e, principalmente, amizade.


A nova animação trata de tudo isso, distribuindo os sentimentos entre todos os personagens, especialmente o protagonista Luca Paguro, um garoto de 13 anos que começa a descobrir a adolescência, mas precisa esconder um grande segredo. Com voz de Jacob Tremblay (de "O Quarto de Jack" - 2016, "Extraordinário" - 2017 e "Doutor Sono" - 2019), o jovem que sempre morou com os pais, quer conhecer o mundo da superfície.

Para isso vai contar com a ajuda de um novo amigo, Alberto Scorfano (voz de Jack Dylan Grazer, de "It - A Coisa" - 2017 e "Shazam! "- 2019), um garoto que vive sozinho numa ilha, sempre cheio de histórias e que não tem medo de se aventurar.


Assim como Luca, Alberto também esconde um segredo - ambos são monstros marinhos que adquirem aparência humana quando saem da água. Maior que o medo de serem descobertos é ganhar o mundo na garupa de uma Vespa e a curiosidade de conhecer como vivem os humanos de verdade que habitam a pequena e colorida vila de Portorosso.

Para isso, Luca terá de abandonar a família no fundo do mar e ganhar o mundo ao lado do melhor amigo e conhecerão pessoas "normais" e especiais, como Giulia Marcovaldo (Emma Berman), uma jovem valente, criada pelo pai, um pescador local, que é excluída pelas pessoas da vila. Ela se unirá aos dois amigos, sem conhecer a verdadeira identidade deles. 


Mas a vila também tem seu lado cruel e graças às histórias de ataques de monstros marinhos nas redondezas, os dois amigos terão de fazer de tudo (especialmente fugirem da água) para esconderem seu segredo e não caírem nas redes dos pescadores. Isso sem contar a perseguição dos famosos “valentões”. 

Entre passeios de uma motoneta improvisada, mergulhos escondidos, fartos pratos de uma bela massa ou casquinhas de sorvetes e noites sob a luz do luar, a história de "Luca" traz de volta a infância. Para completar, a história é ambientada nos anos 1970 e teve locação inspirada numa colorida vila na costa da Riviera Italiana, uma das regiões mais atraentes do país.


Tudo isso embalado por uma nostálgica e bela trilha sonora, composta por Dam Romer. Destaque para "Your are my sunshine" (Antonio of Italy), "Mambo italiano" (Dean Martin), "II gatto e la volpe" (Edoardo Bennato), "Never gonna give you up" (Rick Astley), “Viva la pappa col pomodoro” (Rita Pavone), “Andavo a cento all’ora” (Gianni Morandi), entre outros.

O elenco de "Luca" conta ainda com as vozes de Maya Rudolph e Jim Gaffigan, como os pais de Luca, Peter Sohn (Ciccio), Sacha Baron Cohen (tio Ugo) e até mesmo a do diretor Enrico Casarosa, dublando dois personagens. No Brasil, as dublagens de Luca foram feitas por Rodrigo Cagiano (Luca), Pedro Miranda (Alberto) e Bia Singer (Giulia). Claudia Raia, que empresta a voz para a Signora Mastroianni, trabalha ao lado da filha, Sophia Raia, que dubla a personagem Chiara.


Assim como outra animação, "A Pequena Sereia" (1989, dos estúdios Disney) e o longa "Splash - Uma Sereia em Minha Vida" (de 1984, com Tom Hanks e Daryl Hannah), a nova produção Pixar mostra como a superfície pode ser atraente, mas também perigosa e cruel para quem é "diferente". Mesmo assim, vale ganhar pernas e descobrir o mundo e o amor. Encante-se com "Luca" e não esqueça o lencinho para o emocionante final.


Ficha técnica:
Direção: Enrico Casarosa
Produção: Pixar Animation Studios / Walt Disney Pictures
Exibição: Disney +
Duração: 1h36
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: Animação / Fantasia / Aventura
Nota: 4 (de 0 a 5)

24 junho 2021

Mostra Cinebitaca retorna com edição online de curtas mineiros em tempos de quarentena

 Edição reúne 26 curtas e homenageia bares saudosos da cidade (Fotos: Beth Freitas)

Da Redação


A Mostra Cinebitaca está de volta de hoje ao dia 27 de junho. O evento, idealizado pela fotógrafa Beth Freitas e pela produtora cultural Tamira Abreu, foi originalmente pensado como mostra de cinema independente no boteco, e agora  é retomado nessa segunda edição em versão online. 

Com programação gratuita e diversa de filmes mineiros, o público poderá conferir a mostra no canal do Youtube (https://www.youtube.com/c/CinebitacaMostradeCinema). São 26 curtas que abordam a pandemia de Covid-19 e a quarentena a partir de pontos de vista singulares, compondo um mosaico de experiências, angústias e imaginação do contexto pelo qual passamos.

Na impossibilidade de estar no boteco vendo filmes e conversando, a Mostra vai homenagear bares saudosos da cidade. Cada um dos quatro dias de programação leva o nome de um dos bares: Bar do Lulu, Pastel de Angu, Social Bar e Restaurante e Bar Aqui, Ó.

Curta "Eu Tô Morrendo" (Crédito: Milca Alves)

A primeira edição do Cinebitaca aconteceu em abril de 2019, no Bar Brasil 41 (Santa Efigênia). Inicialmente concebida para acontecer em bares da capital mineira e agora tornada online devido à pandemia, a mostra se estrutura em quatro sessões, que são abertas por um debate com diretores e seguidas pelos filmes, com uma duração média de 50 minutos. Os filmes selecionados para a Mostra Cinebitaca concorrerão à premiação por votação do júri popular, que será realizada também online.

Os filmes

Foram mais de 130 filmes vindos de todas as regiões do estado, de gêneros, abordagem, linguagens e duração variados. Desses, foram selecionados 26 curtas, com duração de 47 segundos a 15 minutos, numa amostra que manteve a marca da diversidade.

O processo de escolha dos filmes contou com a curadoria da cineasta, produtora e professora de cinema Cristiane Ventura e a pesquisadora, mestre em Estudos de Linguagens e cineclubista Renata Oliveira.

Curta "Morde & Assopra" (Crédito: Brota Cria)

As produções foram realizadas durante a pandemia, no período de confinamento e distanciamento social que configuram uma Mostra em que a pluralidade estética dos curtas se faz presente. 

Neles o público poderá perceber repertórios de gestos e imagens que já se cristalizaram na experiência e imaginário da quarentena: dançar em casa sozinho, se embriagar, fazer a própria festa, olhar pela janela e para dentro, trabalhar frente à tela, conversar pela tela, se reunir e produzir entre a tela e a câmera; cuidados com a casa de si, a busca pela luz solar, imagens do tédio e do trabalho doméstico que parece não ter fim. 

Curta "Telaraña" (Crédito: Carolina Correa)

Os curtas produzidos no contexto da pandemia revelam os dramas do isolamento social, a dificuldade de se adaptar, os transtornos causados pelo trabalho remoto ou a ausência dele. Mas também apresentam brechas nas quais se criam espaços para revisão da própria vida, outras formas de habitar o espaço, a relação com o corpo e tentativas de imaginar possíveis futuros.

Beth Freitas e Tamira Abreu (Crédito: Beth Freitas)

Beth Freitas é publicitária, fotógrafa e videomaker. Atua como fotógrafa de eventos culturais, festivais, músicos, bandas, teatro, projetos sociais, além do trabalho autoral e artístico. Tamira Abreu é produtora cultural em Belo Horizonte há mais de 15 anos, atua em produções nas áreas de audiovisual, música, teatro e literatura. 

Programação:

Bar do Lulu – dia 24/06 às 19h
- Morde & Assopra (10’18’’) - Stanley Albano
- Memórias de resistência (14’) - Felipe Nepomuceno
- Desabafo (3’48’’) - Karen Suzane
- Pulmões da Casa (1’47’’) - Sarah Queiroz
- Espectra 1 (3’19’’) - Carolina Correa e Thembi Rosa
- Silêncio (3’48’’) - Maria Leite
- Breath (3’20’’) - Julia Baumfeld, Paola Rodrigues, Randolpho Lamonier, Sara Não Tem Nome, Victor Galvão
- Todos, um (47’’) - Daniel Rabanea e Jackson Abacatu

Aqui-ó – dia 25/06 às 19h
- Eu tô Morrendo (8’50’’) - Milca Alves
- Sapatão: uma racha/dura no sistema (12’) - Dévora Mc
- Dois (10’) - Guilherme Jardim e Vinícius Fockiss
- Alô, quem fala? (9’15’’) - Luciano Correia
- Plano Geral 8 (1’44’’) - Luiz Malta
- Sisyphus (1’) - Bernardo Silvino

Crédito: David Martins

Pastel de Angú – 26/06 às 19h
- Vou ali no mercado e já volto (4’54”) - Fernanda Junqueira
- O Corpo que Habito (10’14’’) - Brisa Marques e Carolina Correa
- AM PM (8’43’’) - Jean de Jesus
- 999 (8’) - Carolina Correa
- Concentração (6’04’’) - Jhê
- Z: Crônicas de um cotidiano insólito (4’47’’) - David Martins

Bar Social – dia 27/06 às 17h
- Disneyloka 2093 (4’46’’) - Erick Ricco
- Não subestime (11’35’’) - Lipe Veloso
- Aqui nem eu (6’) - Gustavo Aguiar, Gustavo Koncht, Maria Flor de Maio, Raiana Viana
- Ator a granel (15’) - Fabiano Persi
- Telaraña (2’) - Carolina Correa
- Retratos de uma jovem em quarentena (2’12’) - Iago de Medeiros

Serviço:
Mostra Cinebitaca: filmes de quarentena
Data
: De 24 a 27 de junho, a partir das 19h
Onde assistir: As sessões acontecerão no canal do Youtube da Mostra Cinebitaca:  https://www.youtube.com/c/CinebitacaMostradeCinema

23 junho 2021

Irresistível e nostálgico, “Os Melhores Anos de Uma Vida” presta merecida homenagem ao icônico “Um Homem, Uma Mulher”

Jean-Louis Trintignant e Anouk Aimée retornam 50 anos depois para reviver sua grande história de amor (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Logo no início do longa, uma voz in off declara que “os melhores anos das nossas vidas são aqueles que ainda não vivemos”. A frase é atribuída a Victor Hugo, mas não é exatamente essa a ideia que Claude Lelouch quer passar. Diretor do eterno e icônico “Um Homem, Uma Mulher”, o primeiro filme da trilogia, agora, aos 82 anos, ele promete encerrar o ciclo com “Os Melhores Anos de Uma Vida” (“Les Plus Belles Années d’une Vie”). 

O filme entra em cartaz a partir de desta quinta-feira (24) em cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Salvador e Florianópolis. Ainda não há previsão de reabertura das salas de Belo Horizonte.


Somente quem nasceu a partir do final da década de 1940, e tinha, portanto, os necessários 18 anos impostos pela censura para assisti-lo em 1966, sabe o que significou “Um Homem, Uma Mulher”, representante típico da nouvelle vague. (Parênteses para lembrar que essa “nova onda” do cinema francês surgiu como uma espécie de oposição às superproduções de Hollywood, apostando em obras mais intimistas e pessoais).

O longa ganhou muitos prêmios na época e arrebatou plateias mundo afora com uma história relativamente simples: o piloto de corridas Jean-Louis Duroc vive um caso de amor intenso e tórrido com a roteirista de cinema Anne Gauthier, mas o romance não tem final feliz. Os protagonistas, belos e charmosos, eram Jean-Louis Trintignant e Anouk Aimée. 


Entre o primeiro filme e o atual, houve um segundo, em 1986, que pouca gente viu: “Um Homem, Uma Mulher 20 Anos Depois”. Passou quase despercebido. Já o terceiro tem tudo para matar as saudades dos mais nostálgicos e dos admiradores de Lelouch. 

Eis a sinopse: preocupado com seu velho pai (Trintignant, com 89 anos), que começa a perder a memória, Antoine (Antoine Sire) procura Anne (Aimée, com 88 anos), com quem Jean-Louis viveu um grande amor há 50 anos. Ele tem esperança de que esse encontro possa, de alguma forma, amenizar a solidão do pai, que vive numa confortável casa de repouso, mas não interage com os outros moradores.


As cenas que se passam, a partir do momento em que Anne se encontra e tenta dialogar com um confuso Jean-Louis, são puro deleite, com passeios de carro, paisagens lindas, recordações, diálogos estranhos, delírios e – por que não – alguma sensualidade. 

Até porque, “Os Melhores Anos de Uma Vida” acaba se transformando num filme dentro de outro filme, tamanho o número de lembranças e citações à obra de 1966 que, não por acaso, levou, entre outros, a Palma de Ouro e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Dificilmente o longa atual vai interessar a alguém que não viu o primeiro.


Pode ser que alguém enxergue, em “Os Melhores Anos de Uma Vida”, uma espécie de homenagem a “Um Homem, Uma Mulher”. Pode ser. E não há nada de negativo nisso. Rever o casal em longas cenas na Normandia tem o poder de levar o espectador a um outro lugar. 

Há canções lindas costurando as cenas e a música tema é quase um personagem da história. Impossível não viajar no tempo e ficar arrepiado ouvindo a inesquecível “sabadabadá” uma quase Bossa Nova composta por Francis Lai especialmente para o filme. Clique aqui para ouvir a trilha sonora completa de "Um Homem, Uma Mulher".


Além de Antoine Sire, o filme traz também Souad Amidou como a filha de Anne, Françoise, com atuações pequenas e discretas já que todos os holofotes estão concentrados na dupla de protagonistas em situações, poses e semblantes alternando hoje e ontem. As inevitáveis comparações, principalmente baseadas nos quesitos beleza e juventude, não fazem sentido nenhum diante do que se pretende contar.

Outro ponto alto, também reproduzido de um dos mais belos momentos de “Um Homem, Uma Mulher”, é o longo passeio de carro por Paris, às seis horas da manhã, a 100 km por hora, filmado para dar a sensação ao espectador de que ele está no volante. São esses detalhes que fazem de “Os Melhores Anos de Uma Vida” em um filme irresistível.


Ficha técnica:
Direção: Claude Lelouch

Roteiro: Claude Lelouch e Valérie Perrin
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas, sem previsão para exibição em plataformas de streaming
Gênero: Romance
Duração: 1h30
País: França
Classificação: 12 anos


19 junho 2021

No mês da diversidade, "Quem Vai Ficar Com Mário?" é uma comédia para refletir

Letícia Lima, Daniel Rocha e Felipe Abib formam o triângulo amoroso da produção que aborda questões LGBTQIA+ (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Robhson Abreu
Editor da Revista PQN e Jornal de Belô


Junho, mês da diversidade e de um olhar mais atencioso para as questões LGBTQIA+. O período não poderia ser mais propício para o lançamento nos cinemas da comédia "Quem Vai Ficar Com Mário?", do diretor Hsu Chien Hsin ("Ninguém Entra, Ninguém Sai" - 2017).

O longa é uma adaptação abrasileirada da comédia italiana "O Primeiro Que Disse" ("Mine Vaganti" - 2010), do cineasta Ferzan Özpetek. Feito para as telonas, o filme ainda não está sendo exibido em BH, já que os cinemas continuam fechados devido à pandemia de Covid-19. Também não há previsão de estreia nas plataformas de streaming.

Daniel Rocha, Rômulo Arantes Neto e o diretor Hsu Chien Hsin 

O roteiro escrito por Stella Miranda, Luis Salém e Rafael Campos Rocha é brilhante e flui naturalmente, nos aproximando de uma história, contada por meio do ponto de vista de uma década atrás, mas com uma pitada de temas atuais e muita representatividade para todas as cores da bandeira LGBTQIA+.

De forma leve, trilha sonora inspiradora e encorajadora, a história começa quando Mário, um jovem escritor interpretado por Daniel Rocha ("Recife Assombrado" - 2019) decide voltar para Nova Petrópolis, sua cidade natal, no interior do Rio Grande do Sul. Ele vai contar para o pai, Antônio (Zé Victor Castiel), e para a família, que é homossexual.


"Quem Vai Ficar Com Mário?" explora a insegurança do protagonista de se afirmar para a família, assim como acontece com milhares de gays que querem ser aceitos e respeitados. E isso vai gerar uma grande identificação com os espectadores.

Assim começa a confusão

Há quatro anos ele mora no Rio de Janeiro com o namorado, o diretor de teatro Nando, interpretado por Felipe Abib ("Faroeste Caboclo" - 2013). Mas a família acredita que ele está na Cidade Maravilhosa fazendo um MBA em Administração de Empresas. Ledo engano!


Durante um almoço em família, Mário decide contar sua condição, mas é surpreendido pelo irmão mais velho, Vicente, personagem de Rômulo Arantes Neto ("Depois a Louca Sou Eu" - 2021), que revela a todos que é gay. Com a notícia, o pai homofóbico põe o filho para fora de casa e tem um piripaque. No hospital, ele pede a Mário que tome conta da Brüderlich, a tradicional cervejaria artesanal da família.


Indeciso, Mário dá a notícia para Nando que acaba aparecendo de surpresa na mansão dos Brüderlich, provocando muitas piadas homofóbicas e trocadilhos machistas. Mas que, mesmo assim, não tiram o brilho das ótimas interpretações e entrosamento entre os atores.

Com a decisão de ficar, Mário conhece a coach contratada por Vicente para dar um novo rumo à empresa. Entra em cena a feminista Ana, vivida pela atriz carioca Letícia Lima ("Cabras da Peste" - 2021). E ela mexe com o coração e a cabeça de Mário, que acaba experimentando sensações que ele jurava improváveis de acontecer em sua vida.


Enquanto isso, no Rio, a glamourosa Lana (Nany People), Kiko (Victor Maia) e Xande (Nando Brandão), componentes da companhia teatral “Terceira Força”, da qual Nando é o diretor, estão afoitos para saber o que está acontecendo em Nova Petrópolis. As ótimas sequências protagonizadas por eles, quando se passam pela mãe e irmãos de Nando – diante da família Brüderlich – são as que mais fazem o público rir de verdade. Nany está ótima no papel.

Quem fica com quem?

As coisas vão ficando cada vez mais complicadas para Mário. Os ciúmes de Nando, as investidas de Ana, o medo que a família o rejeite por saber de sua opção sexual e que o pai o trate com indiferença, são as suas principais aflições.


"Quem Vai Ficar Com Mário?" mostra o leque de possibilidades de relacionamentos amorosos nos dias de hoje, de forma natural e sutil. Assim como Mário diz em uma das cenas: “Não importa o rótulo. O que importa é o conteúdo”. Meio chavão, mas cai bem no contexto cervejeiro da história para explicar que não importa a opção sexual e sim o respeito, o caráter e a dignidade de cada um. Uma das principais lutas da comunidade LGBTQIA+.

E como diz a letra da música tema composta por Hsu Chien Hsin e cantada pela Pabllo Vittar, “Tenha coragem de ser feliz”, o longa é isso: diversão, aceitação, amizade, família, redenção, respeito diversidade e amor. Mas afinal, quem ficou com Mário? Acho que todos nós, que aprendemos um pouco mais com a mensagem de amor dessa comédia tão atual e que nos faz rir.


Ficha técnica:
Direção: Hsu Chien Hsin
Produção: Sincrocine Produções / Warner Bros. Pictures /Tietê Produções
Distribuição: Paris Filmes / Downtown Filmes
Exibição: somente nos cinemas (sem previsão para estreia em plataformas de streaming)
Gênero: Comédia
Duração: 1h54
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Nota: 3,5 (0 a 5)

17 junho 2021

Comédia francesa "A Boa Esposa" tem ótimo elenco, mas roteiro perde o fio da meada no final

Interpretações de Juliette Binoche, Yolande Moreau e Noémie Lvovsky são a ponto alto da produção (Fotos: California Filmes)


Maristela Bretas


A proposta era ótima, uma comédia crítica, passada às vésperas dos protestos de maio de 1968 que transformam a sociedade francesa. Mas o que vemos em "A Boa Esposa" ("La Bonne Épouse") são 89 minutos abordando os costumes machistas da época, representados pelo ensino numa escola de formação de adolescentes. Os dez minutos restantes são de correria, muitos furos e uma canção final sobre liberdade feminina. Faltou equilíbrio na abordagem entre o que existia e o que precisava ser mudado.


"A Boa Esposa", com estreia nesta quinta-feira (17) nos cinemas, começa bem. Apresenta a escola Van Der Beck para jovens sem fortunas que são enviadas pelos pais para se tornarem boas esposas e mães. Assim elas poderão ser escolhidas (como gado) por futuros pretendentes - em geral homens muito mais velhos. Logo na primeira aula, a diretora apresenta para as adolescentes as sete regras básicas que devem ser seguidas “por quem não quer ser uma solteirona".

No entanto, o roteiro perde a ideia inicial, que seria explorar a revolução dos hábitos, a sexualidade e, especialmente, a descoberta da força e do poder das mulheres. A sinopse anuncia isso, mas não acontece desta forma. 


Do nada, “A Boa Esposa” vira um filme comum, com direito a romances adolescentes e secretos, perde a parte cômica e aborda superficialmente a tal mudança esperada. Ficou parecendo que sofreu uma tesourada para encerrar logo porque não sabiam como tratar a questão da emancipação das mulheres.

Da noite para o dia (exatamente isso!), tudo muda: as personagens descobrem que podem ser donas de suas vidas, os conceitos ensinados caem por terra, as regras mudam e todo mundo sai cantando numa estrada a caminho de Paris. Só faltou alguém gritar "Vivre La Révolution!". 


O ponto positivo foram as atuações. Juliette Binoche está bem como Paulette Van Der Beck, esposa do proprietário da escola que segue à risca e pratica o que ensina às alunas. Inclusive na hora de fazer sexo com o marido, por quem não tem qualquer desejo. 

O lado cômico fica por conta de Yolande Moreau, como Gilbertte, cunhada de Paulette, uma solteirona de meia idade retraída, louca para encontrar o amor, que dá aulas de gastronomia e bons modos à mesa. 

Já Noémie Lvovsky faz o papel da engraçada freira Marie-Thérèse, mesmo quando está tentando doutrinar as alunas com hábitos ultrapassados. Ao mesmo tempo em que prega moral e rigidez, ela fuma escondido e olha os outros pela fechadura.


No comando desta falsa casa de boas maneiras está Robert Van Der Beck (François Berléand), marido de Paulette, que cuida das contas e paga as despesas da casa. Um homem muito mais velho que a esposa, mas bem safado e com hobbies caros, que gosta de espiar as alunas por buracos nas paredes. 

A morte súbita de Robert expõe a verdadeira condição financeira da família e da escola. Paulette terá de aprender a gerenciar a instituição que está à beira da falência e descobrir que é capaz de várias coisas que lhe eram proibidas, como dirigir e amar. 


O elenco conta ainda com Edouard Baer, como o gerente de banco André Grunvald, que poderá ajudar com as finanças. Como pano de fundo da história, os noticiários anunciam os protestos pela revolução que já tomam as ruas de Paris.

Enquanto isso, na escola as alunas estão mais interessadas em quebrar regras e resolverem dilemas típicos das jovens da época - primeira menstruação, casamento arranjado sem amor e sexualidade reprimida. A proposta de "A Boa Esposa" é bem bacana, mas o roteiro foi mal conduzido para o final, penalizando o trabalho apresentado na maior parte do filme. 


Ficha técnica:
Direção: Martin Provost
Exibição: Nos cinemas e sem previsão nas plataformas digitais
Distribuição: California Filmes
Duração: 1h49
Classificação: 14 anos
País: França
Gênero: Comédia

16 junho 2021

Homenagem do diretor às artes cênicas, o filme “Veneza” é pura poesia

Produção conta com grande elenco e atores de renome internacional como a espanhola Carmem Maura, ao centro sentada (Fotos: Mariana Vianna/Imagem Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


Há pelo menos duas inspirações claras no filme “Veneza”, de Miguel Falabella, que entra em cartaz nos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira (17). A alusão a matriarcas sofridas vem nitidamente de Almodóvar, mas há cores, sombreados e cenas que remetem ao cinema italiano com suas divas de seios fartos e decotes generosos. Ou seja: o diretor acertou em cheio ao construir um filme poético que, ao final, não deixa de ser um elogio aos sonhos, à esperança e à arte de representar.


“Veneza” é, antes de tudo, um filme de mulheres. O roteiro foi adaptado por Falabella a partir da peça teatral "Venecia", do argentino Jorge Accame. Criativo e sensível, o ator e diretor usou o melhor da peça e ainda a enriqueceu com histórias paralelas, todas elas envolventes e emocionantes. Junte-se a isso um elenco estelar e eis uma pequena obra-prima que tem tudo para comover plateias país afora.


Gringa é dona de um bordel localizado em algum lugar desse imenso Brasil. Está velha, demente e cega, mas ainda alimenta o desejo de conhecer a cidade de Veneza onde, acredita, vai se encontrar com seu único e grande amor, a quem precisa pedir perdão por um erro do passado.

Acontece que Gringa é vivida por Carmem Maura, atriz espanhola preferida de Almodóvar e isso faz toda a diferença. A artista está inteira no papel e fisga o espectador desde suas primeiras aparições.


Na gerência do bordel está Rita, interpretada pela sempre talentosa Dira Paes, que comanda com afeto, carinho e sororidade as meninas Jerusa (Danielle Winits), Madalena (Carol Castro) e Janete (Maria Eduarda de Carvalho), entre outras, cada uma carregando sua história de abandono e solidão. Lindas em seus figurinos clássicos de profissionais do sexo, elas esbanjam sensualidade.

Como uma espécie de figura masculina que protege as prostitutas, está Tonho, feito por Eduardo Moscovis totalmente desprovido de vaidades e em bela atuação. Numa das histórias paralelas, aparece Júlio, feito pelo jovem ator Caio Manhente, que vive um romance nada convencional com a romântica Madalena.


Completam o elenco de "Veneza" a bela uruguaia Camila Vives, que faz a Gringa jovem, e Magno Bandarz, interpretando seu amado Giácomo, além de participações internacionais da argentina Georgina Barbarossa (Madame) e da colombiana Carolina Virgüez (Dora). A produção conta ainda com a música-tema "Pecado", clássico bolero de Andrés Carlos Bahr, Enrique Francini e Armando Francisco Punturero, interpretada em espanhol pela cantora Ludmilla, a convite de Miguel Falabella.

Para fazer com que Gringa chegue até Veneza, o pessoal do bordel se une à trupe de um circo que está passando pela cidade. O plano é tão bonito quanto mirabolante, tão improvável quanto poético. Surpreendente como sempre, Miguel Falabella brinda os amantes das artes cênicas com uma história inesquecível e comovente.


O longa-metragem foi filmado em Montevidéu, no Uruguai, e em Veneza, na Itália, sendo premiado com os Kikitos de melhor direção de arte (Tulé Peake) e melhor atriz coadjuvante (Carol Castro) no Festival de Gramado. Recebeu quatro troféus no Los Angeles Brazilian Film Festival – melhor direção de fotografia (Gustavo Hadba), melhor ator (Eduardo Moscovis), melhor ator coadjuvante (André Mattos) e melhor atriz coadjuvante (Carol Castro), além de melhor roteiro (Miguel Falabella) no Brazilian Film Festival of Miami.


Ficha técnica:
Direção: Miguel Falabella
Exibição: nos cinemas (sem previsão de exibição nas plataformas de streaming)
Produção: Ananã Produções / Globo Filmes / FM Produções
Distribuição: Imagem Filmes
Duração: 1h31
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gênero: Drama

13 junho 2021

"O Informante" garante muita ação, suspense e roteiro bem amarrado

Thriller de suspense conta com Joel Kinnaman, Rosamund Pike, Clive Owen, Ana de Armas e Common no elenco (Fotos: Road Thunder Pictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Com um elenco conhecido e entregando boas interpretações, "O Informante" ("The Informer") é uma das produções em exibição na Netflix que vale a pena conferir. A estrela é Joel Kinnaman, no papel de Pete Koslow, um ex-detento e informante da agente Wilcox, do FBI, interpretada por Rosamund Pike, que desta vez não faz o gênero psicopata cruel, como no excelente "Garota Exemplar" (2014), mas não deixa cair a qualidade.

Joel Kinnaman ("Noite Sem Fim" - 2015 e "Esquadrão Suicida" - 2016) está muito bem no papel, é mal quando precisa e um pai e marido amoroso quando não está fugindo da polícia. Desde o início seu personagem conquista o público, mesmo quando mata para sobreviver e defender sua família.


A parceria funciona bem com Rosamund Pike, até melhor do que com Ana de Armas ("Entre Facas e Segredos" - 2019), que faz o papel de Sofia Hoffman, mulher dele, mas que na trama ficou apagada. A trama, que começa mais lenta, ganha vigor na segunda metade, graças ao roteiro bem amarrado e ágil de Matt Cook ("O Dia do Atentado" - 2017) e Rowan Joffe. 

O elenco conta ainda com o premiado Clive Owen ("Projeto Gemini" - 2019) como o agente Montgomery, e Common (detetive Grens), que trabalhou com Joel Kinnaman em "Esquadrão Suicida".


Na esperança de fazer sua última missão como informante do FBI, Pete Koslow já faz planos para mudar para algum lugar com a família, longe do perigo. Mas tudo dá errado e ele é abandonado pelos agentes, tendo que se virar para não ser pego pelos bandidos. 

Com a família ameaçada e um policial da Delegacia de Homicídios na sua cola, Koslow é forçado a continuar trabalhando para o FBI para desbaratar uma quadrilha de traficantes, agora infiltrado na penitenciária onde passou os últimos anos.


As melhores cenas são as de luta, em especial as que acontecem na penitenciária. Uma dela, no entanto teve uma sequência tão rápida que chega a deixar o espectador perdido. Mas nada que comprometa o resultado final. 

Para quem gosta de um bom thriller de suspense, "O Informante" entrega o que propõe: tem boas atuações do elenco, muita ação, clichês em abundância que nunca faltam numa produção do gênero e o final esperado, mas que convence e prende a atenção.


Ficha Técnica:
Direção: Andrea Di Stefano
Produção: Thunder Road Pictures
Exibição: Netflix
Gêneros: Suspense / Policial
Duração: 1h53
Classificação: 16 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

08 junho 2021

Aos 40 anos, "Indiana Jones" retorna de cara nova

Os quatro filmes estão disponíveis para Apple TV e plataformas digitais (Crédito: Paramount Home Entertaiment/Divulgação)


Da Redação


Quarenta anos depois, os fãs de Indiana Jones vão poder curtir novas versões do herói de chapéu e chicote nos quatro filmes da franquia. Sucesso desde 12 de junho de 1981 quando "Os Caçadores da Arca Perdida" ("Raiders of the Lost Ark") estreou no cinema, Indiana Jones, interpretado por Harrison Ford, continua cativando e atraindo novos seguidores. 

Em homenagem à data, o clássico e suas sequências estão sendo relançados, a partir desta terça-feira (8), em 4K na Apple TV com Dolby Vision e HDR-10 para qualidade ultra-vivid picture. Já a versão remasterizada será disponível para as plataformas digitais Google Play, Net Now e Sky.


Cada filme foi meticulosamente remasterizado a partir dos negativos originais com um trabalho extenso de efeitos visuais para garantir uma imagem na mais alta qualidade. Todo o trabalho foi aprovado pelo diretor de todos os filmes, Steven Spielberg.

Os quatro filmes foram também remixados na Skywalker Sound sob a supervisão do designer de som Ben Burtt, para criar a trilha sonora. Os elementos de som originais foram usados para alcançar um completo e imersivo mix Dolby Atmos e ao mesmo tempo manter toda intenção criativa original do filme.


Os filmes na Apple TV terão sete horas de conteúdo extra:
No set com os Caçadores da Arca Perdida
- Da Floresta ao Deserto
- Da Aventura para Lenda

Criando os Filmes
- Criando os Caçadores da Arca Perdida (documentário de 1981)
- Criando os Caçadores da Arca Perdida
- Criando Indiana Jones e o Templo da Perdição
- Criando Indiana Jones e a Última Cruzada
- Criando Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (HD)
 

Bastidores
- Os dublês (stunts) de Indiana Jones
- O Som de Indiana Jones
- A Música de Indiana Jones
- A Luz e Magia de Indiana Jones
- Caçadores: A Cara Derretida!
- Indiana Jones e as criaturas rastejantes (com pop-ups opcionais)
- Viaje com Indiana Jones: Locações (com pop-ups opcionais)
- As mulheres de Indy: The American Film Institute Tribute
- Amigos e Inimigos de Indy
- Props icônicos (Reino da Caveira de Cristal) (HD)
- Os efeitos de Indy (Reino da Caveira de Cristal) (HD)
- Aventuras na pós-produção (Reino da Caveira de Cristal) (HD)

Uma verdadeira viagem de volta ao mundo do herói em alta qualidade, digna dos fãs da franquia, que agora está sendo disponibilizada pela Paramount Home Entertainment.


Ficha Técnica
Direção: Steven Spielberg
Produção: LucasFilm
Filmes: "Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida", "Indiana Jones e O Templo da Perdição" e "Indiana Jones e A Última Cruzada"
Classificação: 14 anos
"Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal"
Classificação: 12 anos

07 junho 2021

"Cruella" reúne uma dupla espetacular de Emma´s e a melhor trilha sonora do ano

Emma Stone está perfeita como uma das mais famosas vilãs da Disney no novo live-action (Fotos: Disney Enterprises/Divulgação)

 

Maristela Bretas


Sem dúvida, "Cruella", é o melhor live-action da Disney até o momento, com a dupla principal dando show de interpretação - Emma Stone ("La, La, Land" - 2016), no papel de Cruella DeVil, e Emma Thompson ("MIB: Homens de Preto: Internacional" - 2019) como a Baronesa foi uma escolha excelente para esta nova produção da Disney, em exibição nos cinemas e para aluguel na plataforma Disney+ para assinantes, com o valor salgado de R$ 69,90 pelo Premier Access.


E se o elenco da produção dirigida por Craig Gillespie não for motivo suficiente, a trilha sonora, que ficou a cargo de Nicholas Britell, convence qualquer um a assistir esse filme. A começar pela música-tema, "Call Me Cruella", interpretada por Florence + The Machine, que aparece nos créditos finais.


Mas são outros grandes sucessos usados com precisão em cada cena que fazem a gente arrepiar. A playlist traz "Stone Cold Crazy", do Queen; "Perhaps, Perhaps, Perhaps", com Doris Day; "Whisper Whisper", do Bee Gees; "Bloody Well Right", com Supertramp; "Felling Good", com Nina Simone; "Living Thing", com Electric Light Orchestra; "Five To One", The Doors; "Whole Lotta Love" e "Come Together", com Ike & Tina Turner,  e vários outros.


"Cruella" tem como pano de fundo o universo da moda e, claro, o figurino não poderia ser menos que exuberante e exótico, tanto da parte de Cruella quanto da Baronesa. A figurinista Jenny Beavan abusou na criatividade e nas cores usadas nos modelos apresentados, ultrapassando as passarelas e ganham vida nas batalhas entre as duas estilistas. O figurino e o design de produção são fortes candidatos a disputar um Oscar em 2022.


A nova produção da Disney está batendo recordes apesar da pandemia - quase US$ 50 milhões em todo mundo desde a sua estreia simultânea nos cinemas e na Disney+ em 28 de maio. Ambientada nos anos 1970, apresenta Estella (Emma Stone) em sua infância rebelde, a mudança do interior para Londres, a paixão desde pequena pela moda e o trauma pela morte da mãe num acidente. Excelente no traço e na criatividade, ela sonha em trabalhar na Casa da Baronesa, a mais famosa grife londrina.


É nessa relação com a cruel e assustadora Baronesa Von Hellman (Emma Thompson) que Estella descobre coisas do seu passado que vão levá-la a buscar vingança e se tornar a primeira e única, Cruella DeVil. A vilã, de estilo extravagante e extremamente criativo, vai criar o caos e ganhar as manchetes de jornais, abalando o império de sua inimiga com elegância e maldade.

O elenco conta ainda com nomes conhecidos como Mark Strong ("Kingsman: Serviço Secreto" - 2015), como Boris, assessor da Baronesa; Joel Fry ("Yesterday" - 2019) e Paul Walter Hauser ("O Caso Richard Jewell" - 2019), como Jasper e Horádio, parceiros de Cruella; Emily Beecham (a mãe de Estella) e John McCrea (Artie). A conexão com a história original "101 Dálmatas" será feita por Kirby Howell-Baptiste (Anita) e Kayvan Novak (Roger), mas isso fica para as cenas pós-créditos.


Além de Emma Stone, a produção executiva conta também com Glenn Close. A atriz interpretou a vilã, considerada uma das mais marcantes de sua carreira e uma das maiores da Disney, no remake "101 Dálmatas" (1996), e na sequência, "102 Dálmatas" (2000).

Se no live-action "A Dama e o Vagabundo" (2020) a computação gráfica foi o forte para dar vida aos cãezinhos do título, em "Cruella" ela deixa a desejar com os dálmatas, mas não compromete a qualidade da produção. E são exatamente os famosos cães com pintas pretas que vão abrir espaço para uma possível continuação. 

Mas o brilho deste live-action fica mesmo para a atuação impecável das duas Emma´s - a Stone e a Thompson, que disputam em vilania. Glenn Close ganhou uma concorrente à altura. “Cruella” é ótimo e merece muito ser conferido.


Ficha técnica:
Direção: Craig Gillespie
Exibição: nos cinemas e no Disney+ para assinantes pelo Premier Access
Produção: Walt Disney Company
Distribuição: Walt Disney Pictures
Duração: 2h14
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Drama / Família / Comédia
Nota: 4,8 (de 0 a 5)