Andreia Horta e Gustavo Vaz são os protagonistas do longa-metragem filmado em Brumadinho e no Museu de Inhotim (Fotos: Mariana Vianna/Palavra Assessoria) |
Mirtes Helena Scalioni
Depois de “O Homem da Capa Preta” (1986), “Guerra de
Canudos” (1997), "Zuzu Angel" (2006), "Em Nome da Lei"
(2015) e “O Paciente O Caso Tancredo Neves” (2017) - só para citar alguns
sucessos -, fica difícil reconhecer Sergio Rezende como diretor de “O Jardim
Secreto de Mariana”, um filme sutil, intimista e – por que não? – romântico.
As
idas e vindas de um casal em busca de reconciliação, acerto de contas e
consolidação de um amor que teima em não acabar, fazem da produção um momento
de leveza e reflexão, embora haja, desde o início, uma violência suspensa no
ar.
A partir do momento em que João (Gustavo Vaz) pega sua bicicleta e decide pedalar uma longa distância para procurar Mariana (Andréia Horta) com o objetivo de reconquistá-la, o espectador começa a entender, aos poucos, que eles formavam um casal perfeito até cinco anos antes, quando romperam abruptamente após ressentimentos e a impossibilidade de terem um filho.
Antes da separação, viviam numa espécie de paraíso próximo a
Brumadinho, em Minas, entre verduras orgânicas e flores que eles próprios
cultivavam quando não estavam se amando por todos os recantos da casa,
perdidamente apaixonados.
A história de amor entre a botânica Mariana e o economista
João vai sendo lentamente revelada ao público em flashbacks, como convém aos
filmes modernos. Por algum mérito da equipe, as idas e vindas na trama não são
tão vertiginosas como às vezes acontece, dando algum fôlego para que o
espectador curta – de certa forma – as lindas cenas de flores coloridas, os
trechos de aulas sobre a sexualidade e reprodução das plantas e as muitas DRs
do casal.
Alguns mistérios só são desvendados quase no final do filme.
Embora possa ser considerado um romance, “O Jardim Secreto de Mariana” não tem
nada de água com açúcar. As atuações corretas e precisas de Andréia Horta e Gustavo
Vaz dão o tom do naturalismo que permeia todo o filme.
Participações luxuosas dos experientes Denise Wenberg como
Linda, mãe da protagonista, e de Paulo Gorgulho como Zé Cristiano, pai de João,
colaboram para que a dramaticidade seja mantida em alto nível. Merecem destaque
o papel e a interpretação de Gorgulho, veterano ator que valoriza, na trama, a
mineiridade dos lugares onde tudo acontece.
Como não poderia deixar de ser em se tratando de botânica e
flores, a fotografia é quase um personagem do filme. As cenas filmadas no Museu
de Inhotim, em Brumadinho (MG) e em Nova Friburgo (RJ) chamam atenção pela
profusão de cores e o requinte dos detalhes.
Diferentemente das plantas, os
humanos continuam se perguntando por que os relacionamentos acabam, quem é o
culpado pelo fim, se feridas podem ser cicatrizadas e se o perdão é possível
para a reconstrução de um amor. As questões, claro, permanecem abertas, já que, segundo
insinua o diretor, todos temos, dentro de nós, um certo jardim - secreto e
imprevisível – sobre o qual não temos qualquer comando.
Ficha técnica:
Direção: Sérgio Rezende Produção: Morena Filmes / Arpoador Audiovisual / Globo Filmes
Distribuição: H20 Films
Exibição: Una Cine Belas Artes - Sala 2 - sessão 18h30
Duração: 1h25
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros: Drama / Romance
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