30 dezembro 2021

"O Festival do Amor" - uma apologia ao cinema do genial Woody Allen

San Sebastian, na Espanha, é o palco desta produção que trata de arte, família, casamento, traições e ciúmes (Fotos: Victor Michels)

Mirtes Helena Scalioni


Primeiro, é preciso dizer que, talvez com mais veemência do que os demais, o filme "O Festival do Amor" (“Rifkin’s Festival”) é uma apologia ao cinema. Mais do que uma homenagem, uma apologia. E como são muitas as citações e referências a clássicos, principalmente europeus, cada um vai encontrar os seus preferidos. 

De “Um Homem, Uma Mulher” (1966) a “Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois” (1962), passando por “O Anjo Exterminador” (1962), está tudo lá para quem se dispuser a descobrir. O filme estreia dia 06 de janeiro nos cinemas, mas a partir desta quinta-feira (30/12) acontecem várias pré-estreias, inclusive em salas de Belo Horizonte.


Mas não se engane. Não é preciso ser cinéfilo de carteirinha para apreciar o sempre genial Woody Allen, que desta vez usa o protagonista Mort Rifkin, seu alter-ego, para viajar numa história que junta arte, família, casamento, traições e ciúmes. A mistura, balanceada com maestria, promete e insinua, desde o início, uma boa história que, claro, só podia sair da cabeça de Allen. 


Inseguro em relação à fidelidade de sua bela mulher, a publicitária Sue, o crítico e professor de cinema Mort Rifkin (Wallace Shawn), desconfia que ela, interpretada por Gina Gershon, está tendo um caso com o charmoso diretor Philippe (Louis Garrel). 

Afinal, eles estão num “San Sebastian Film Festival”, na encantadora cidade litorânea espanhola que faz fronteira com a França. O cenário paradisíaco, com suas praias, ilhas e construções históricas, é um convite constante à paixão.


Enquanto defende com unhas e dentes a supremacia artística do cinema europeu com seus Godard, Truffaut, Fellini, Bergman, Buñel e demais, Mort usa sua eloquência intelectual – às vezes carregada de prepotência – para humilhar os ignorantes ou os que pensam diferentemente dele. E enquanto lida com seus sonhos e pesadelos em preto e branco – como convém a um legítimo Woody Allen – visita e tenta prestar contas com o passado.


Não por acaso, acontece que Mort é levemente hipocondríaco e acaba se apaixonando pela médica Jo Rojas, vivida pela bela Elena Anaya, que ele procura por causa de uma dor no peito. Ela, por sua vez, vive um casamento confuso e sofrido com um artista plástico espanhol, do qual não consegue se desvencilhar. Está armada a rede de desencontros e confusões.

Quem não quiser se arriscar a buscar as referências e citações de “O Festival do Amor”, vai se deliciar da mesma forma com mais um típico e autêntico Woody Allen, com suas eternas questões existenciais e filosóficas sobre a vida e a morte e, principalmente, sobre a sempre questionável transitoriedade do  amor.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Woody Allen
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: Somente nos cinemas
Duração: 1h32
Classificação: 14 anos
Países: Espanha / EUA / França
Gêneros: drama, comédia romântica

29 dezembro 2021

Em um mundo cada vez mais burro, "Não Olhe Para Cima" é o óbvio que precisa ser dito

Com um elenco estelar, produção está sendo considerada uma das melhores de 2021 da plataforma de streaming (Fotos: Niko Tavernise/Netflix)


Jean Piter Miranda


Os astrônomos Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) descobrem um cometa no sistema solar. Eles calculam que esse corpo celeste vai atingir a Terra dentro de seis meses e acabar com a vida no planeta. Os dois então levam a notícia para a presidente dos Estados Unidos, Janie Orlean (Meryl Streep).

O assunto vai parar nos noticiários e nas redes sociais. E isso é só o início do caos. Essa é a história de “Não Olhe Para Cima” ("Don't Look Up"), produção da Netflix de US$ 75 milhões que está entre os mais acessadas e comentadas desde a sua estreia, no dia 24 de dezembro.


Para início de conversa, o filme é sim sobre os dias atuais. E para os brasileiros, dá até a impressão de que a estória é sobre o Brasil. A começar pelo negacionismo, pelas pessoas que não confiam na ciência. Mais do que isso, gente que cria milhares e milhares de teorias da conspiração sobre um tal “sistema” que controla o mundo. Em um tempo em que todos têm vez e voz nas redes sociais, a desinformação passa a ter até mais peso que as informações passadas por cientistas.


A partir daí, é tudo um show de absurdos. Espera-se que a presidente do EUA faça uma missão para dar um jeito de destruir o cometa antes que ele chegue à Terra. Mas ela diz que vai  esperar e avaliar. Ela pensa só nela e dá prioridade às eleições, como se o assunto do cometa não fosse uma urgência mundial. Os dois astrônomos são vistos com desconfiança e a descoberta deles só é validada depois que pesquisadores de universidades maiores e mais renomadas confirmam os dados.  


A imprensa não dá a devida importância ao assunto. Está mais preocupada com engajamento nas redes sociais e monetização do que com o dever de informar. Apresentadores de TV (interpretados por Cate Blanchett e Tyler Perry) se comportam como comediantes. Celebridades se expõem demais. 

A polícia age para atender aos interesses pessoais de um governante e não de acordo com a lei. Pessoas sem qualificação ocupam cargos de confiança. Tem também a idolatria de parte da população por militares e por armas. Gente que prega o fim do politicamente correto. E tem até cientista que se deixa seduzir pela fama.


Tem gente que diz que o cometa não é isso tudo. Outros que dizem que nem existe cometa. Ideias que são reproduzidas por autoridades, políticos, comunicadores e influencers. Todo mundo querendo aproveitar um pouco do assunto do momento para ganhar seus likes, curtidas, fãs, seguidores e, claro, aumentar sua monetização. É a regra do jogo, é como funciona a economia da atenção nos dias atuais. É muita coisa ao mesmo tempo pra processar. É como navegar pelos trends do Twitter.  


E por falar em dinheiro, tem bilionário na história, que vende a imagem de um bom e simples cidadão que só quer fazer do mundo um lugar melhor para todos. Que patrocina campanhas políticas e depois manda mais que os próprios governantes. Bilionário que é idolatrado e tem até fã clube. É um show de absurdos que a gente só se dá conta quando está na ficção. No dia a dia, o povo já se acostumou, já normalizou. Mas na ficção, incomoda muito.

Di Caprio e Jennifer Lawrence estão ótimos. Meryl Streep brilha como sempre. Cate Blanchett está sensacional como a apresentadora de TV Brie Evantee, com o rosto cheio de plásticas e botox. Mark Rylance manda muito bem no papel de Peter Isherwell, o bilionário da tecnologia com complexo de grandeza. 


Mas o destaque fica mesmo por conta de Jonah Hill, que faz Jason Orlean, o filho da presidente, mimado, arrogante, escroto e meio burro. Não é exagero dizer que é a melhor atuação da sua carreira, isso num elenco com muitas estrelas, onde Ron Perlman (o astronauta Benedict Drask), Ariana Grande (como a cantora Riley Bina) e Timothée Chalamet (o adolescente Yule) quase passam despercebidos, assim como Himesh Patel (Phillip). 


“Não Olhe Para Cima” é uma grande produção. É uma crítica ao sistema político, econômico, à imprensa, às redes sociais e ao negacionismo. É uma crítica à sociedade como um todo, que tem ficado cada vez mais alienada e até mesmo mais burra, misturando política, com religião, com patriotismo, com anticiência e outras coisas mais. 

É comédia, é entretenimento, e pode ser uma experiência bem incômoda para muitos. Mas é um filme necessário que vai deixar todo muito bem pensativo. É o obvio que precisa ser dito em forma de ficção pra tentar ser ouvido.  


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Adam McKay.
Produção e exibição: Netflix
Duração: 2h25
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Comédia / Ficção
Nota: 4 (de 0 a 5)

27 dezembro 2021

“Turma da Mônica: Lições" - Pequenos aprendizados para adultos e crianças

O quarteto mais carismático dos quadrinhos brasileiros está de volta aprontando todas e fazendo novos amigos (Fotos: SerendipityInc)


Marcos Tadeu 


Se no primeiro longa live-action - "Turma da Mônica - Laços" (2019) - o diretor Daniel Rezende se preocupou em explorar bastante a aventura, em "Turma da Mônica - Lições” a pegada é muito mais sentimental, contando a jornada de cada integrante do quarteto de forma individualizada. O filme estreia na próxima quinta-feira (30/12), em várias salas de cinema pelo país.

O plot dessa vez acontece quando Monica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) se esquecem de fazer a lição e decidem pular o muro do colégio, fazer o trabalho fora de casa e voltar no outro dia. 


Porém, o que era para ser um plano infalível acaba se tornando falível quando Cebolinha vai ajudar Mônica a subir no muro, ela fica instável e cai. Ao serem descobertos, os quatro sofrem as consequências pelos seus atos. É justamente ai que o roteiro cresce junto com os personagens. 

Magali é colocada numa aula de culinária para controlar a ansiedade por comida, Cascão teve que ir para aula de natação para tratar seu pavor por água, Cebolinha foi direcionado a uma fonoaudióloga para resolver seu problema de trocar o “R” pelo “L” e Mônica é transferida para uma nova escola. 

Cebolinha então resolve bolar outro plano mirabolante com Magali e Cascão para trazer a amiga de volta, mesmo que para isso precise recuperar a arma dela que eles mais temem: o coelhinho Sansão.


É muito rico ver na obra como cada personagem precisa desenvolver/lutar e sanar seus maiores medos. Magali se destaca bastante e consegue tirar boas gargalhadas do público. Cebolinha e Cascão, além de seus problemas individuais - o primeiro sofrendo bullying por falar como um bebê e outro pelo seu mau cheiro - precisam lidar com o risco de apanhar de Tonhão e sua turma.

Outro fator que engrandece a obra é a referência direta com o clássico "Romeu e Julieta". Por exemplo, os pais de Mônica são contra a ideia de ela se relacionar com Cebolinha. O mesmo acontece com a família do garoto. 

Essa história acaba se transformando na espinha dorsal do filme e ajuda a contar como as relações da turma estão diretamente ligadas ao tom shakespeariano. 


A sequência acerta ainda mais ao trazer personagens novos e vários easter eggs que os verdadeiros fãs vão identificar e que são essenciais para as reviravoltas. Principalmente porque ensinam lições aos nossos protagonistas. 

Tina (Isabelle Drummond), Tia Nena (Eliana Fonseca), Do Contra (Vinícius Higo), Marina (Lais Vilella), Milena (Emily Nayara) e até Humberto (Lucas Infante) se tornam mentores e amigos dos nossos amiguinhos, que vão aprender grandes lições.


Apesar da participação de atores mais experientes - Malu Mader (professora), Monica Iozzi (D. Luiza), Luiz Pacini (Seu Sousa), Paulo Vilhena (Seu Cebola), Fafá Rennó (D. Cebola), Augusto Madeira (professor de natação) e outros - em certos momentos algumas expressões soam meio forçadas, deixando a atuação a desejar. 

Mesmo assim, vale uma menção honrosa a todos os atores mirins, em especial aos quatro protagonistas, que têm atuações muito fofas e levam o público a embarcar com eles na estória. 


A expectativa dos produtores é grande com esta segunda produção, uma vez que o primeiro filme conquistou a estatueta de Melhor Longa-Metragem Infantil no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro em 2019 e levou mais de dois milhões de espectadores ao cinema. 

"Turma da Mônica- Lições" é mais um bom trabalho assinado por Daniel Rezende (“Bingo: O Rei das Manhãs” – 2016), capaz de ensinar adultos e crianças a lição mais importante: “Crescer é difícil, mas não precisa ser ruim”, um aprendizado que cativa as novas gerações e as passadas.


Ficha técnica:
Direção: Daniel Rezende
Produção: Biônica Filmes / Mauricio de Sousa Produções / Paris Entretenimento / Paramount Pictures / Globo Filmes
Distribuição: Paris Filmes e Downtown Filmes
Duração: 1h37
País: Brasil
Classificação: Livre
Gêneros: Aventura / Comédia / Família

24 dezembro 2021

"Lutar, Lutar, Lutar - O Filme do Galo" está disponível para aluguel on-line até 16 de fevereiro

 Clube Atlético Mineiro, um time de raça com uma torcida fiel que acredita (Fotos: Embaúba Filmes)


Maristela Bretas


Pura emoção, "com muita raça e orgulho pra vencer". Esse é o espírito de "Lutar, Lutar, Lutar - O Filme do Galo" que, após ser exibido em salas de cinemas de mais de 30 cidades, agora está disponível para aluguel on-line, até o dia 16 de fevereiro, por R$ 13,92. Basta clicar neste link.

Mesmo com todas as entrevistas de famosos - jogadores, ex-jogadores, técnicos, comentaristas esportivos - a torcida é o principal personagem da produção, capaz de fazer até quem não torce pelo Clube Atlético Mineiro, arrepiar com a força que ela transmite, mesmo nos momentos inglórios, quando não abandonou o time.


O "Galão da Massa" nasceu da vontade de unir o branco e o preto, o pobre e o rico, e resiste até hoje aos infortúnios e injustiças dentro e fora de campo. O documentário vai além do esporte e revela o DNA de uma das torcidas mais fiéis e singulares do futebol mundial. As imagens que compõem a produção foram cedidas por diversos órgãos de imprensa, entre eles o acervo do jornal Estado de Minas.


Dirigido por Sérgio Borges e Helvécio Marins, "Lutar, Lutar, Lutar - O Filme do Galo" conta a história centenária do Atlético Mineiro, desde sua fundação, em 1908. Foram grandes vitórias e também grandes injustiças, rebaixamento e conquistas espetaculares, como a Copa Libertadores de 2013 e o título da Copa do Brasil de 2014. O filme para neste campeonato.


E sempre é a torcida quem está lá, elogiada e exaltada pelos inúmeros entrevistados que participam da produção. São eles: Fred Melo Paiva, Juca Kfouri, Eduardo de Ávila, Regina Neves, João Baptista Ardizoni dos Reis, Alexandre Kalil, Laerte José Balbino, Célia Bonifácia Diniz, Tia Terezinha, Frederico Bolivar, Nelinho, Dario, Reinaldo, Christian Munaier, Philipe Van R. Lima, João Leite, Paulo Isidoro, Vavá, Luiz Carlos Alves, Eduardo Eustáquio, Procópio Cardoso, Toninho Cerezo, Éder Aleixo, Luizinho, Fael Lima, Leonardo Bertozzi, Cuca, São Victor do Horto, Willy Gonser e Djonga.


"Honrando o nome de Minas no cenário esportivo mundial", o Galo se tornou um dos maiores times do Brasil e tem a mais fiel e uma das maiores torcidas do país, que merece esta homenagem. E com as conquistas do Campeonato Brasileiro e da Copa Brasil em 2021, já é possível pensar numa sequência para alegria da massa atleticana. É esperar pra ver.


Ficha técnica
Diretores:
Sérgio Borges e Helvécio Marins
Produção: Canabrava Filmes / Fractais / Fred Melo Paiva / ESPN Brasil / Anacoluto Filmes / Olada
Distribuição: Embaúba Filmes
Duração: 1h10
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Aluguel on-line: R$ 13,92

21 dezembro 2021

"Matrix Resurrections" constrange uma das melhores trilogias da história

Keanu Reeves retoma o papel de Neo, um homem vivendo isolado do mundo, como se não pertencesse a ele (Fotos: Warner Bros Entertainment)


 

Wallace Graciano


Em qualquer lista de melhores filmes da história, certamente você encontrará "Matrix". Afinal, aquela obra revolucionária, lançada em 1999, bagunçou a cabeça de qualquer telespectador, com ideias sobre manipulação e realidade, fazendo com que o diálogo entre presente e futuro distópico fosse bem mais próximo do que se imaginava. Não à toa, ainda que com mais de 20 anos de lançamento, ainda tem um roteiro que envelheceu bem e traz impacto.


Sua sequência, "Matrix Reloaded”, trouxe um roteiro mais confuso, mas com diálogos mais intensos e lutas melhores coreografadas, o que aumentou o sentimento catártico dos fãs, que viam uma boa sequência para um filme inovador. 

Já em “Matrix Revolutions”, a trilogia teve um aparente fim digno, fechando respostas que ficaram nos roteiros anteriores. Eis, então, que vinha a dúvida: por que lançar um novo após tão grande hiato?


“Matriz Resurrections”, que estreia nesta quarta-feira, 22 de dezembro, é mais um filme que segue a onda sem criatividade de Hollywood, que lota salas de cinema com remakes e reboots, apostando na nostalgia e memória afetiva como chamariz para uma indústria em dúvidas de como se reconstruir.

A obra, que fique claro, é totalmente distinta da trilogia original já pela paleta de cores. Os tons escuros e esverdeados são deixados de lado, aliados à fotografia mais viva. Isso tudo contando a uma narrativa conduzida com humor descontraído e até mesmo com uma certa pitada de autoironia, como em uma das lutas que Neo (Keanu Reeves) terá de encarar durante a trama.


Ele, por sinal, está na Matrix como um desenvolvedor de jogos famoso, que perde sua vida social para trazer a sequência do que deu status de ícone da cultura pop. Ao mesmo tempo, sente-se isolado do mundo, como se não pertencesse a ele.  

Eis que, para acalmar seus anseios, Neo volta a seguir um coelho branco, fazendo referência aos seus antecessores e revivendo a memória afetiva da trilogia. Bom, o desenrolar, vocês já devem imaginar, certo?!


Após várias idas e vindas da Matrix, o filme se desenrola até em um ritmo constante, sem cansar muito o espectador. Porém, é sem o impacto de outrora, ainda que com uma atuação intensa e destacada de Carrie Anne-Moss (no papel de Trinity/Tiffany), que rouba o protagonismo da obra. Em suma, “Resurrections” é apenas mais um fan-service que vem para acalmar os anseios de uma galera envelhecida.


Por isso, vá ao cinema sem muitas expectativas, apenas buscando se divertir. Ou então sairá como os membros do grupo Gangrena Gasosa, que têm como um de seus sucessos a música “Eu não entendi Matrix”. Não por não compreender o roteiro, que é mais raso que os de outrora, mas, sim, entender o porquê de terem feito essa sequência. Um alerta: tem cena pós-créditos.


Ficha técnica:
Direção: Lana Wachowski
Produção: Warner Bros. Pictures / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: Somente nos cinemas
Duração: 2h28
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ficção / Ação

19 dezembro 2021

"Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa" é divertido, nostálgico e o melhor da trilogia com Tom Holland

Filme traz o personagem mais maduro, assumindo seu papel de herói e enfrentando o Multiverso do Doutor Estranho (Fotos: Marvel Studios)


Maristela Bretas e Jean Piter Miranda


O melhor filme da trilogia interpretada por Tom Holland, o super-herói mais jovem dos Vingadores. Esta é a minha opinião sobre "Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa" ("Spider-Man: No Way Home") em cartaz nos cinemas de todo o pais. "Tom Holland está incrível, entrega sua melhor atuação. Ator e personagem amadureceram juntos e ficou ótimo. Ele deixou de ser o garoto que tinha medo se ser herói para assumir seu destino", diz meu amigo e colaborador Jean Piter, que também participa dessa crítica..


É lindo também ver Tom Holland formando o par romântico com Zendaya e lutando juntos nas batalhas contra os vilões. A química entre os dois é muito maior e melhor do que a mostrada em "Duna" (pelo menos no primeiro filme), ao lado de Timothée Chalamet. Ela entrega uma MJ simpática e carismática, seja contracenando com o herói ou com Jacob Batalon, no papel de Ned Leeds, o fiel amigo chiclete que nunca desgruda do casal. Um trio verdadeiramente nerd que agrada.


O terceiro filme do Homem-Aranha está atraindo milhares de fãs. Nas sessões de pré-estreia não foram poucos aqueles que se fantasiaram de "Miranha", como é chamado por muitos fãs. Camisetas com as mais diversas estampas dominaram as salas. 

E essa ansiedade continua a mesma, dias depois com os fãs na entrada. E é bom mesmo porque ninguém sai decepcionado da sessão. A sensação que dá é de que valeu a pena esperar e o fillme atendeu muito ao que era esperado!

Além de Tom Holland e Zendaya, o elenco conta novamente com a participação de outros conhecidos da franquia, como Marisa Tomei (tia May) "que ganhou mais espaço neste filme e brilhou", afirma Jean Piter, fã de carteirinha da atriz. Cabe a ela ajudar o sobrinho "aranhudo" a avaliar sua postura diante da vida e das responsabilidades que precisa assumir.


Outro essencial a toda a trama é Benedict Cumberbatch, que também faz uma atuação impecável como Dr. Estranho. Consegue ser um tiozão disposto a puxar a orelha do jovem e impetuoso Homem-Aranha. Mas também tem seus momentos de afagos e de comentários sarcásticos. Ele dará o tom do que podemos esperar para seu próximo filme solo, "Doutor Estranho no Mutiverso da Loucura", previsto para estrear em maio de 2022. 


Difícil falar sobre este terceiro filme do "amigo da vizinhança" sem dar spoiler. A cada cena surge uma surpresa que leva os fãs ao delírio. O multiverso da Marvel, onde tudo é possível, brinca com a nostalgia e com a cabeça do público, que está ansioso desde que começaram a ser divulgados os primeiros trailers do filme apresentando vilões do passado, fora do universo da Marvel, com seus atores originais. 


O que esperar de um filme que reúne Duende Verde (Willem Dafoe), Doutor Octopus (Alfred Molina), Homem Areia (Thomas Haden Church), Lagarto (Rhys Ifans) e nada menos que Electro (Jamie Foxx)? Com isso, criou-se a expectativa de ver juntos os três aranhas que passaram pelos cinemas: Tobey Maguire, Andrew Garfield e Tom Holland. 


O diretor Jon Watts ("Homem-Aranha: de Volta ao Lar" - 2017 e "Homem-Aranha: Longe de Casa" - 2019) soube explorar bem a computação gráfica. Os efeitos especiais são ótimos, as cenas de ação, de luta corporal, explosões e destruição estão muito realistas, completa Jean Piter. 

A trilha sonora não fica para trás, entregue aos cuidados do premiado Michael Giacchino (compositor dos outros dois filmes do Homem-Aranha, das franquias "Jurassic World" - 2015 e 2018 - e "Planeta dos Macacos" 2013 e 2017; de animações como "Viva - A Vida é Uma Festa" - 2017, "Divertida Mente"- 2015, "Os Incríveis 2" - 2018 e dezenas de outros sucessos.


E mesmo com muita ação, um dos pontos fortes foi a emoção: Peter Parker terá de fazer escolhas que vão interferir em sua vida e na de todos ao seu redor. Especialmente após ter tido sua identidade revelada por Mysterio (Jake Gyllenhall) no segundo filme. A partir daí, ele passa a ser perseguido pela morte do alienígena e seu maior acusador é o jornal Clarim Diário, dando início a história deste filme. 


Tratado por alguns como herói e por outros como vilão, Peter pede ajuda ao Doutor Estranho para que use magia e faça com que todos esqueçam sua identidade. Mas o feitiço dá errado e vilões de outras versões são atraídos para a dimensão do atual Homem-Aranha.

 Agora, Peter não só terá de deter estes monstros como fazer com que voltem para seu universo original. E a todo o momento há sempre alguém que aparece para lembrá-lo de que "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades".


Crossover e continuações

Vale destacar também a animação de 2019 “Homem-Aranha no Aranhaverso” (2019), que trouxe seis versões do herói, todas juntas em um mesmo universo. Estória que também ganhou um série de quadrinhos. Isso reforçou a possibilidade de um crossover, os três universos se interligando. Algo jamais visto na história do cinema. 

Até agora, foram três filmes com Maguire “Homem-Aranha 1, 2 e 3” (2002, 2004 e 2007), dois com Garfield “O Espetacular Homem-Aranha 1 e 2” (2012 e 2014) e seis com Holland “Capitão América – Guerra Civil” (2016), “De Volta ao Lar” (2017), “Vingadores – Guerra Infinita” (2018), “Vingadores – Ultimato” (2019), “Longe de Casa” (2019) e agora em “Sem Volta pra Casa” (2021) vemos todas essas estórias se cruzando. 


O feito cinematográfico da nova produção já é por si enorme, gigante. Com ou sem a presença de Garfield e Maguire são cinco produções do Aranha se ligando a um universo de 29 filmes já produzidos, outros oito que estão em produção, fora as séries de TV e os curta-metragens.

"Sem Volta Para Casa" é acima de tudo um filme nostálgico de super-herói, cheio de grandes emoções, frases e situações que remetem a produções passadas e, claro, muita ação. Mas depois dele, o que podemos esperar para as próximas produções da MCU, especialmente com as distorções provocadas pelo Multiverso? Teremos um filme do Sexteto Sinistro, os principais inimigos do Homem-Aranha? Os heróis e vilões das séries vão para o cinema? 

É aguardar pra ver, com muito otimismo e ansiedade. Até agora, o que foi entregue aos fãs merece todos os aplausos. E pelas duas cenas pós-créditos, o mundo dos super-heróis vai virar de cabeça para baixo e nunca mais será o mesmo.


Ficha técnica:
Direção: Jon Watts
Exibição: Somente nos cinemas
Produção: Marvel Studios / Columbia Pictures / Sony Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 2h30
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ação /Aventura
Nota: 4,8 (de 0 a 5)

16 dezembro 2021

“Azor” é um retrato da elite argentina durante a ditadura

A estória é contada a partir da visão dos ricos, que levam suas vidas como se nada de errado estivesse ocorrendo no país (Fotos: Divulgação)


Jean Piter Miranda 


O ano é 1980. Argentina vive os últimos anos de sua última ditadura. O banqueiro suíço Yvan de Wiel (Fabrizio Rongione) e sua esposa Inês (Stéphanie Cléau) chegam ao país. Ele vai substituir o sócio que desapareceu sem deixar pistas. Além de tentar resolver esse mistério, Yvan tem que se aproximar da elite argentina para que eles continuem sendo clientes do seu banco. Essa é a estória de “Azor”, filme que acaba de estrear nos cinemas brasileiros.  

De forma geral, os filmes sobre ditaduras abordam a crueldade dos militares, o sofrimento do povo, e a coragem de pessoas que enfrentaram esses regimes. "Azor" inova bastante e passa bem longe disso. A estória é contada a partir da visão dos ricos argentinos, que levam suas vidas normalmente. Como se nada demais estivesse acontecendo no país. O mostra como a elite ficou intocada e, de certa forma, protegida nesse período.  


“Azor” não se passa nas ruas de Buenos Aires. Quase não se vê ruas na verdade. Praticamente, a cidade não aparece. Todas as cenas se passam em ambientes fechados, como clubes, restaurantes, hotéis luxuosos, salões de festa, etc. As imagens externas são de mansões, e piscinas. Os personagens, em nada são incomodados pela ditadura. Na verdade, a maior parte da elite apoia o regime, que, no filme, acaba se tornando só um pano de fundo.  


Yvan e Inês são dois personagens muito sem graça. Têm zero de carisma. Os demais são quase todos idosos, com semblantes tristes, tensos e tediosos. Praticamente não há risadas no filme, não há piadas nem diálogos inteligentes. O clima é quase sempre hostil. E o conflito fica nessa relação do casal tentando ganhar a confiança das famílias ricas, participando de festas, jantares e encontros. Entretanto, esses endinheirados vão se mostrando cada vez mais fechados.  


O sócio de Yvan que desapareceu é lembrado quase que o tempo todo nas conversas. Os clientes sempre o elogiam, na tentativa de deixar Yvan desconfortável. Fica nas entrelinhas o “você nunca será tão bom quanto ele, não está à altura para substituí-lo”. Mas não passa disso. E a estória não avança para lado nenhum. Nem aprofunda no banqueiro que sumiu, nem deixa claro quais negociações estão sendo feitas entre o Banco e os ricos argentinos.  


"Azor" pode ser resumido então em um retrato da elite argentina protegida durante a ditadura. Os desavisados podem criar expectativas de que se trata de uma trama de investigação, que haverá reviravoltas e revelações. Mas o filme começa e termina do mesmo jeito. Morno, sem sal, até mesmo para quem conhece um pouco da história argentina. Parece até uma obra inacabada. A fotografia e o figurino são bons. E não passa disso.  


Ficha técnica
Direção e roteiro: Andreas Fontana,
Distribuição: Vitrine Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
Gêneros: drama / suspense

09 dezembro 2021

“Esquadrão na Moral – Uma Aventura em Natal”, um filme para inspirar empatia em crianças e adolescentes

Produção independente infantojuvenil foi gravada em Jundiaí (SP) em 2020 para ser uma série, que acabou virando um longa-metragem (Fotos: Tiago Braga/Divulgação)

 

 Maristela Bretas 

Inspiração, solidariedade, empatia e superação. Estes são os valores que o longa infantojuvenil “Esquadrão na Moral – Uma Aventura em Natal” mostra a partir desta quinta-feira, nos cinemas. Voltado para a família, o filme conta a história de quatro crianças espertas e aventureiras – Enzo (Felipe Costa, dos musicais “Billy Elliot” e “A Fantástica Fábrica de Chocolate”), Caleb (Agyel Augusto), Ana Victoria (Bebel Aguiar) e Ravena (Lara Vazz) - que recebem uma tarefa diferente da professora Lis (Maressa Manfre) no Natal: fazer o bem e ajudar alguém. Nesse caminho, eles encontram Alice, mais conhecida como “Bolacha” (Yasmin Vertente), uma menina muito alegre e divertida. Um encontro que vai mudar a vida de todos eles.
Com roteiro e direção de Henrique Sattin, produzido pela Belluna Filmes e distribuído pela Cineart Filmes, o longa-metragem conta ainda em seu elenco com vários artistas conhecidos da dramaturgia e cinematografia brasileira: Glauce Graieb (participou de novelas como “Paraíso Tropical“) é a Vó Donis; Paola Rodriguez (Regina); Ernando Thiago (Rômulo); Carlos de Nigro (Sérgio); Ossamá Sato (Iuki); Pedro Pauley (Antônio); Carol Nourane (Martha); Anna Fontanela (Ayla); Victor Sattin (Kauã); Rogério Barbosa (diretor Afonso) e JPeron (o homem misterioso). 
 
 
Gravado no final do ano passado em Jundiaí, interior de São Paulo, o filme utilizou diversos moradores como figurantes, além da Escola La Fontaine, o Boulevard Beco Fino, a Vinícola Saccomani e vários pontos da cidade como cenário. Segundo Henrique Sattin, a ideia desta produção independente e colaborativa surgiu em julho de 2020, em parceria com Isiel Miranda e Maressa Manfre. Seria uma série, para ser exibida no Natal ou no máximo nas férias escolares de janeiro deste ano, em TV, streaming ou no cinema. Mas o roteiro acabou sendo transformado em um longa-metragem.
 
 
“Esquadrão na Moral – Uma Aventura em Natal” é uma estória de aventuras e desafios, com muita superação, coragem, aprendizado, diversão, reflexão e empatia. São valores que as crianças e adolescentes precisam aprender a lidar no seu dia a dia e que vão ajudá-los a enxergar o mundo de uma forma mais humana e social. E na pré-estreia especial para convidados com crianças, em BH, “Esquadrão na Moral” já mostrou que vai agradar bem ao público infantojuvenil. 

A linda Alice Maia, de seis anos, convidada do @cinemanoescurinho, assistiu ao filme junto com os pais Joubert Maia e Nathalia Martins e ainda fez foto com uma das atrizes. Ela deixou um recadinho para a turma. “Adorei o filme, ele me ensinou o que é empatia, que é se colocar no lugar dos outros. No filme, o Esquadrão na Moral pratica empatia ajudando uma menininha, a Bolacha. Eu recomendo o filme pras crianças e pros adultos também”.


E esta proposta foi aprovada pela mamãe da Alice, Nathalia Martins. “Adorei o filme. Eu e Joubert sempre procuramos inserir Alice no mundo cultural e buscamos referências positivas em toda forma de arte. E nesse quesito, “Esquadrão na Moral” me surpreendeu. É um filme leve, divertido e pra toda família. Nos leva a refletir sobre nosso real papel na sociedade e é isso que queremos passar pros nossos filhos. Todo mundo deve assistir! 
 
 
Ficha técnica
Direção e roteiro:
Henrique Sattin
Produção: Belluna Filmes
Distribuição: Cineart Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h10
Classificação: Livre
Gêneros: infantojuvenil / família / aventura