Carlos Cuevas e Miki Esparbé são os protagonistas desta divertida série espanhola (Fotos: Netflix) |
Eduardo Jr.
O mês de dezembro é marcado não só pelas festas, mas também pela temporada de filmes de Natal. Entre novidades e títulos já conhecidos, uma série ambientada na Espanha, perto do Réveillon, chega para trazer refresco a essa lista de produções de fim de ano.
Com o aval de ter chegado rapidamente ao top 10 da Netflix, “Smiley” promete figurar entre as mais divertidas da plataforma.
Nesta comédia romântica LGBTQIA+, vários casais lidam com os prazeres e dificuldades de um relacionamento. Ceia de Natal, amigo oculto da empresa, a vontade de começar o ano com um novo amor, tudo se torna ingrediente para balançar ou acertar a vida amorosa das personagens.
No centro da trama estão dois homens, Álex (Carlos Cuevas, já conhecido pela série Merlí) e Bruno (Miki Esparbé, que atuou em ‘O Inocente’). Ambos querem encontrar alguém especial, mas como sabemos, histórias de amor não são fáceis.
Depois de mais um namoro fracassado, Álex resolve telefonar e dizer poucas e boas para o ex. Mas o recado cai na secretária eletrônica de Bruno. Ao se conhecerem pessoalmente, apesar das muitas diferenças entre eles, uma conexão acontece.
Mas em uma troca de mensagens, um emoji de um sorriso (smiley), que poderia fazer a relação decolar, é interpretado de forma inesperada. Aí o romance não só estaciona, como parece dar marcha à ré.
A falta de comunicação entre os casais dá a tônica da série, seja realçando dramas, ou divertindo o espectador. A rotina que afasta marido e mulher um do outro - e também de atividades que gostam - ampliando o abismo da falta de diálogo, encontra remédio na conversa.
Os textos de apresentação nos sites de relacionamento, incapazes de explicar a complexidade humana, mostram com humor que precisamos nos expressar melhor e também dar essa chance aos outros. Comunicação clara (e não só por emojis).
A apresentação de relacionamentos LGBTQIA+ não deixa de lado a militância. Com sutileza e talento, pautas como a interiorização da liberação feminina por mulheres lésbicas, os medos da população gay e os preconceitos dentro da própria comunidade estão lá. E promovem a reflexão para que não se tornem muros, e sim pontes que nos aproximem.
O receio de assumir quem se é de verdade, de revelar sentimentos, e dar como certa a ideia de que envelhecer impede a construção de novos laços, nos tornando feios e incapazes de despertar desejo são questionados e respondidos com firmeza e também doçura.
Um leve suspense também marca presença. A mãe do protagonista recebe a visita de um velho conhecido. As conversas pouco reveladoras entre eles vão criando um clima que não permite saber o que aconteceu anos atrás e muito menos qual será o desfecho dessa história. Mas a resposta vem.
A série é eficiente também em mostrar que não é preciso dizer muito pra dar o recado. Os oito episódios são curtos e têm, em média, 35 minutos de duração. São cativantes e entretêm - principalmente por apresentarem telas divididas entre as personagens, mensagens de celulares ampliadas na cena e outros recursos que fazem o público se identificar, deixando o conteúdo ágil e convidativo.
Talvez o único contra esteja no idioma, já que os capítulos trazem, por muitas vezes, diálogos acelerados (a maioria das cenas foi gravada em catalão).
A série é uma aposta da Netflix que já começa a dar resultados mais vistosos do que “Uncoupled”, outra trama cômica sobre desventuras amorosas do mundo gay. “Smiley” atingiu a lista de melhores programas da plataforma com agilidade. Talvez por ter credenciais de respeito.
Baseada em uma peça de teatro, todos os episódios foram roteirizados pelo autor do texto, Guillem Clua. O jovem dramaturgo também roteirizou a série “O Inocente”, baseada no livro de Harlan Coben, autor que vem se firmando como um dos queridinhos da literatura de suspense e da Netflix.
Embora a série não fique devendo um final ao público, a expectativa é de que “Smiley” ganhe uma nova temporada. Em entrevistas, o diretor e roteirista já andou dizendo que existe uma segunda peça escrita, dando sequência à história dos personagens centrais.
Portanto, caso seja batido o martelo sobre uma continuação, ela se basearia neste material. Para quem encerrou o ano assistindo “Smiley”, certamente deu vontade de pedir ao Papai Noel “ano novo, temporada nova”.
Ficha técnica:
Direção: Guillem CluaProdução: Minoria Absoluta
Exibição: Netflix
Duração: 1ª Temporada = 8 episódios/média de 35 minutos cada
Classificação: 16 anos
País: Espanha
Gêneros: comédia / romance / série
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