31 janeiro 2023

Longa mineiro "As Linhas da Minha Mão" é escolhido o melhor filme da Mostra Aurora

Produções foram apresentadas durante a 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes (Fotos: Léo Lara/Universo Produção)


Da Redação


A 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes premiou "As Linhas da Minha Mão", um filme dirigido por João Dumans e realizado em Minas Gerais, como o melhor longa-metragem da Mostra Aurora. Este é o segundo ano consecutivo em que um filme mineiro recebe o prêmio. 

O Júri Oficial, formado por críticos, pesquisadores e profissionais do audiovisual, destacou o carisma da personagem. O filme é um mergulho na vida da atriz e performer Viviane de Cassia Ferreira. Destaque para a abordagem sensível do tema dos afetos e relações urbanas e a forma como a obra desafia a noção de categorias e conceitos. 

"As Linhas da Minha Mão" (Universo Produção)

"O Canto das Amapolas" (RJ), dirigido por Paula Gaitán, foi o vencedor na categoria de melhor longa da Mostra Olhos Livres e recebeu o Troféu Carlos Reichenbach. O Júri Jovem, formado por estudantes, defendeu o trabalho como uma entrega ao mistério das imagens.

"Cervejas no Escuro" (Universo Produção)

O Prêmio Helena Ignez 2023 ficou para Edna Maria, atriz protagonista do filme paraibano "Cervejas no Escuro", por sua interpretação precisa e radiante. Ele foi concedido pelo Júri Oficial como destaque feminino em qualquer função nos filmes das Mostras Aurora e Foco. 

O curta-metragem "Remendo" (ES), de Roger Hill, foi escolhido como o melhor da Mostra Foco pelo Júri Oficial, que destacou sua criatividade, arquitetura e senso de humor. O curta também ganhou o Prêmio Canal Brasil de Curtas, que tem júri formado pelo próprio canal. 


A Conexão Brasil CineMundi, iniciada em 2022 e que retornou este ano, contou com a categoria Work In Progress (WIP), a partir de projetos enviados previamente e analisados por um júri especial. 

"O Estranho" (SP), de Flora Dias e Juruna Mallon, venceu o Prêmio O2 Play por sua narrativa inovadora e fotografia de olhar simples que provoca reflexão no espectador. Já "As Muitas Mortes de Antônio Parreiras" (RJ), de Lucas Parente, levou o Prêmio DOT The End.


Oferecido pelo Festival de Málaga na Conexão Brasil CineMundi, "Idade da Pedra" (SP), de Renan Rovida, foi o vencedor na categoria WIP Exibição. 

"Nossa Mãe Era Atriz" (MG), de André Novais Oliveira e Renato Novais de Oliveira, foi o escolhido popular na categoria de curta-metragem. 

No Júri Popular, escolhido pelos espectadores, a produção cearense "A Filha do Palhaço", de Pedro Diógenes, foi o longa mais votado. Ele é distribuído pela Embaúba Filmes. Confira o trailer abaixo.


Mostra de Cinema de Tiradentes

A Mostra de Cinema de Tiradentes, realizada de 20 a 28 de janeiro de 2023, reafirmou sua posição de maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão. 

Depois de duas edições online, o retorno presencial foi celebrado pelos diversos atores da cadeia produtiva do audiovisual e também pelo público que compareceu em peso nas sessões de cinema e nos debates.

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O evento atraiu um fluxo de turistas cinco vezes maior que a população da cidade, movimentou a economia local, discutiu os caminhos do cinema brasileiro e lançou novos olhares e diretrizes para o futuro do setor.

Em nove dias de programação abrangente e gratuita, o  mais de 35 mil pessoas foram beneficiadas. Foram exibidos 134 filmes (38 longas, três médias e 93 curtas-metragens) de 19 estados – (AL, AM, BA, CE,DF, ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RR, RS, SC, SP) – em 57 sessões de pré-estreias e mostras temáticas em três cinemas instalados na cidade: Cine-Praça, Cine-Tenda e Cine-Teatro. 


E na plataforma do evento (mostratiradentes.com.br), o público pode assistir a 40 filmes da programação e acompanhar os debates que foram disponibilizados para acesso gratuito, de qualquer lugar do mundo.

30 janeiro 2023

"Gemini: O Planeta Sombrio" é o "Alien" fake de 2023

Longa russo recheado de clichês aborda a exploração de um planeta onde vive uma criatura desconhecida (Fotos: Condor Distribution)


Marcos Tadeu 
Blog Narrativa Cinematográfica


Um longa russo sem força nem para se tornar, em 2023, o novo "Alien: O 8º Passageiro" (1979). Este é "Gemini: O Planeta Sombrio", que chega aos cinemas, nesta quinta-feira (2), distribuído pela Paris Filmes, com direção de Serik Beyseu e roteiro de Dmitriy Zhigalov.


Na história somos apresentados a uma Terra completamente devastada de seus recursos. A última chance da humanidade exige mudança para um lar totalmente novo, no espaço sideral. 

Um grupo é enviado para explorar um novo planeta, mas acabam descobrindo que não estão sozinhos.


A frase do pôster "Não deixe que o medo se apodere de você" é a prova de que a obra não se leva a sério. Não passa nenhuma tensão ou medo ao público. 

O cenário, as atuações e até a tal criatura que povoa o planeta é jogada quase para escanteio, fazendo com que a experiência seja rasa como um pires. 


O drama que ele tenta colocar para provocar alguma simpatia pelo casal principal é extremamente vergonhoso e apelativo. O diretor usa recorrentes flashbacks para justificar suas escolhas, dando a impressão de que não sabe para onde deve ir.


Sem dúvida, a obra quis se inspirar e até homenagear "Alien: O Oitavo Passageiro", mas todos os elementos soam totalmente batidos e clichês. 

Um filme arroz com feijão, tão básico e tão ruim que nem faz com que o público se interesse pelo enredo. E que no fim, entrega apenas um "Alien versão barata" e completamente esquecível.


"Gemini: O Planeta Sombrio" sem dúvida, já pode ser aquele filme para entrar na lista dos "piores do ano" de 2023. Assim como "Moonfall: Ameaça Lunar" ganhou várias avaliações negativas em 2022, esse longa russo tem tudo para ganhar também uma posição no ranking. É um filme para ser assistido em casa, não vale o ingresso do cinema.


Ficha técnica:
Direção: Serik Beyseu
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h38
Classificação: 14 anos
País: Rússia
Gêneros: ficção, suspense

28 janeiro 2023

Cate Blanchett coloca “TÁR” na lista de indicados ao Oscar

Filme de Todd Field é bem editado, mas exige calma para lidar com as tensões da protagonista
(Fotos: Focus Features)


Eduardo Jr.


A chegada de “TÁR” aos cinemas brasileiros promete encantar e também incomodar. Durante as duas horas e 40 minutos do novo filme do diretor norte-americano Todd Field, o espectador experimenta o encanto, por meio da atuação de Cate Blanchett.

E também o incômodo, por conta da construção de uma personagem tão difícil - que carrega doses de genialidade, mas não se explica pelo clichê dos gênios excêntricos; que se masculiniza e ainda assim consegue expressar feminilidade; que poderia ser militante de uma causa, mas apresenta uma complexidade ainda maior. 


Tudo começa com a apresentação (‘beeem’ longa) da personagem central, Lydia Tár. Mas prepare-se para ser hipnotizado por Blanchett. É este o momento que nos permite conhecer a inteligência - e a agressividade - de uma mulher lésbica, que gosta de ser chamada de maestro, e que está à frente de uma das maiores orquestras do mundo. 


Quando Lydia fala, tudo é silêncio. E, se o que escuta não a convence, ela age, com força, e sem pestanejar. Mas além do silêncio, a edição do filme, que costura a música a momentos determinados para anunciar novas camadas (e, consequentemente, mexer com os sentimentos do público), só engrandece a produção.   


Lydia controla. É ela quem figura como organizadora da casa onde mora com a mulher e a filha. No mundo da música clássica, dominado por homens, ela é quem rege. Mas a mulher forte, no ápice da carreira, tem esqueletos no armário. E pra quem está no topo, só resta a queda. 


O diretor nos coloca dentro do ambiente para assistir como uma pessoa é capaz de certas atitudes em relação àqueles ao seu redor. O que nos deixa tensos e apreensivos sobre o que virá a seguir. Cada ameaça à projeção de Lydia vai dando mais força para o desfecho do filme.  


Ainda assim, vemos na protagonista não só um lado ‘monstro’, mas também um ser humano que erra. Imersa no universo da música clássica, Lydia tem dificuldades em aceitar a modernidade. 

Acostumada às obras requintadas, criadas por homens brancos forjados pelo machismo de décadas e décadas, autoridades oriundas do Youtube e julgamentos que viralizam nas redes sociais se tornam o inferno para a regente. 


Julgamentos morais parecem ser uma especialidade de Todd Field. É ele a mente por trás de “Pecados íntimos” (PlayArte, 2007). Mas agora, em “TÁR”, o diretor vai além e propõe um filme ‘de personagem’. 

A construção do roteiro associada à criação da personagem de Blanchett é impecável! Principalmente pelo final apresentado. 


Filme de arte! Um adjetivo que pode ser prejudicial na luta pela principal categoria do Oscar. Embora ainda concorra com outras indicações (melhor direção, melhor atriz, melhor roteiro original, melhor edição e melhor fotografia), “TÁR” e Cate Blanchett merecem passar à história como um exemplo do que é cinema de qualidade.  


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Todd Field
Produção: Focus Features / Standard Films
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h38
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: drama / musical

26 janeiro 2023

“A Lenda de Shahmaran”, um drama psicológico de amor, traição, mistério e uma deusa serpente

Burak Deniz e Serenay Sarıkaya protagonizam história baseada no folclore curdo (Fotos: Netflix Turquia)


Silvana Monteiro


Mitologia do Oriente Médio. Drama psicológico. Romance. Sonambulismo. Autoconhecimento e ancestralidade. Essas são as bases da produção da Netflix turca “A Lenda de Shahmaran” ("Sahmaran"), uma espécie de “Cidade Invisível”, contextualizada no folclore curdo do ser mítico, metade mulher, metade cobra. 

Entre as mais vistas da Netflix, a história diz respeito a seres ofídicos e humanos, envoltos por amor e traição e imortalizados nas culturas populares da Turquia, Curdistão e até da Índia. 


Para contar essa história sobre a traição de um homem a uma divindade serpente, o enredo explora a trajetória de uma solitária jovem órfã. A psicóloga e doutoranda Shahsu (Serenay Sarıkaya) viaja da cosmopolita Istambul à província de Adana para palestrar na universidade local. 

Ela aproveita a oportunidade para visitar, pela primeira vez, o desconhecido avô Davut (Mustafa Ugurlu), o homem que abandonara sua mãe ainda criança.


Após conhecer o vilarejo Mar, onde seu avô vive, a jovem deixa o hotel e passa a viver na casa dele de forma inesperada, sem relação socioafetiva e sem perspectivas. Mas quem é aquele homem calado, de olhar fixo e corpo frágil?

Além de não conhecer quem é seu avô e, nem mesmo, as histórias deixadas por sua mãe em cartas enviadas a ele, a jovem vai se esbarrar com outro estranho, Maran (Burak Deniz), que vai mexer com sua mente e seu corpo. 


Maran vive com o pai e três irmãs. Eles são os únicos vizinhos próximos do avô de Shahsu. O jovem é, também, um homem sério, monossilábico e arredio, integrante de uma família com comportamentos bastante insociáveis. Quem são eles? Quais segredos guardam? 

Aos poucos, Shahsu começa a se relacionar com Maran. Na medida em que se conecta ao lugar e ao povo, a jovem passa a desenvolver ainda mais seu sonambulismo e a sentir fenômenos psicológicos que acabam afetando seu corpo e sua mente. 


Na faculdade, o amigo Cihan (Mert Ramazan Demir), assistente de departamento e a professora titular, parecem ser as únicas pessoas com as quais ela pode contar. Mas será possível confiar neles? 

Shahsu se sente observada em todos os locais que frequenta, até mesmo em uma feira popular da província. Depois de adquirir um colar com uma feirante local, a acadêmica verá sua vida envolta em um incidente misterioso, sofrerá mudanças psíquicas e estará sempre se indagando em quem confiar. 


Às suas costas, os rumores são de que a presença da jovem e o envolvimento com Maran farão com que uma profecia mítica se cumpra. O que irá acabar ou piorar a relação entre homens e serpentes ao acordar, de vez, uma criatura aprisionada por séculos. 

Quem faz parte dos Basílicos e quem é apenas humano? Para responder a essas perguntas a série capricha na fotografia, explorando as florestas, as serras e as planícies de Adana. 


Entre picadas e perseguições, a obra provoca no telespectador muitos questionamentos sobre a exploração da natureza e o papel do ser humano frente à destruição. A todo o tempo, uma narração feminina rememora: “o mundo não é só dos humanos”. 

Destaque para os modestos, mas efetivos efeitos especiais e para a atuação dos protagonistas, já bastante conhecidos dos telespectadores da Turquia por suas atuações em novelas e séries locais. 


Por ser uma série turca, o diretor investiu de forma incomum na nudez dos personagens, sempre cercados por ambientes relacionados ao habitat das serpentes, tais como telhados, rios, lagos, pedras e florestas. 

Um importante aviso: se você tem ofidiofobia (pavor e fobia a cobras), não assista a série. Se não for o caso, aproveite. Você vai se prender ao poderoso veneno de Shahmaran.


Ficha técnica:
Direção:
Umur Turagay
Produção: Netflix Turquia
Exibição: Netflix
Duração: série com 8 episódios (média de 50 minutos cada)
Classificação: 16 anos
País: Turquia
Gêneros: aventura, drama, fantasia

25 janeiro 2023

"Até o Fim" é sobre lembranças, conflitos do passado e irmandade

Longa foi apresentado na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, na categoria Mostra Homenagem
(Fotos: Rosza Filmes)



Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Com uma direção muito afinada e um texto primoroso, a obra "Até o Fim" (2020) é um dos longas que compõem a 26º Mostra de Tiradentes na categoria Mostra Homenagem. 

Para saber mais sobre esta e outras produções do evento, basta entrar no link www.mostratiradentes.com.br. A programação, que segue até o dia 28 de janeiro, é online e presencial, totalmente gratuita.


Os diretores Ary Rosa e Glenda Nicácio são os homenageados da edição deste ano e levaram para o evento outras cinco obras - "Voltei" (2021), "Café com Canela" (2017), "Ilha" (2018), "Mugunzá" e "Na Rédea Curta", produções de 2022 que abriram a Mostra no dia 21.

"Até o Fim" é uma obra que se passa quase todo o tempo na mesa do quiosque à beira de uma praia, no Recôncavo Baiano. A dona é Geralda, uma mulher humilde, trabalhadora, que recebe um telefonema do hospital dizendo que seu pai pode morrer a qualquer momento. 


Ela convoca as três irmãs para aguardarem a morte e o quiosque se torna o ponto de encontro. A conversa é repleta de desabafos e lembranças. Geralda é a protagonista, mas divide bem o tempo de tela com as irmãs, expondo seus traumas, lembranças, culpa e arrependimentos.

Ao compartilhar tudo isso com Rose, Bel e Vilmar, a irmandade se torna o elo principal do filme. Cada irmã tem um diferencial, Rose é mais leve e para cima, lembra de histórias engraçadas do pai, apesar do passado complicado com Geralda.


Bel se tornou atriz e até separou, mas tem boas lembranças tanto da mãe, quanto do pai. E Vilmar, o caçula, que agora se chama Ana. Ela é a personagem com mais problemas por causa de sua transexualidade e ainda carrega muita mágoa do pai. Muitas vezes desejou que ele estivesse morto.

O encontro de Ana e Geralda é o ponto de maior conflito do filme. A caçula questiona a irmã sobre como o pensamento radical e atrasado fez com que ela perdesse muito de sua vida e da relação entre elas. E que agora tem a chance de fazer melhor e aceitar.  


Aninha agora é publicitária e se posiciona sobre os lugares que precisa e quer estar e deixa isso muito claro para sua irmã. Mesmo após 15 anos da morte da mãe, ela e Geralda não conseguem dizer as palavras "mãe" e "filha". 

No desabafo entre irmãs, ela fala das dores para se tornar uma pessoa transgênero e, principalmente, ao contar que quando foi violentado, em nenhum momento o pai decidiu defendê-la.


Talvez o maior defeito do filme sejam os cortes repetitivos, falas que voltam sem nenhuma necessidade, fazendo com que o ritmo fique um pouco truncado. 

Mesmo assim, ainda é agradável de se ver. "Até o Fim" é daquelas obras que você sai orgulhoso por ter a marca do cinema nacional, o tempero da Bahia e a força de quatro mulheres. 

Sobre os diretores

Mineiros de nascimento - Glenda Nicácio é de Poços de Caldas e Ary Rosa, de Pouso Alegre -, radicaram-se em Cachoeira (BA) em 2010, quando foram estudar cinema na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). 

Glenda Nicácio e Ary Rosa (Foto: Leo
Lara/Universo Produção)

A homenagem à dupla na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes é também estendida à produtora Rosza Filmes, fundada por eles e responsável por alguns dos títulos mais celebrados do cinema brasileiro contemporâneo. Construíram uma vasta comunidade local de realizadores, inclusive em projetos de educação audiovisual.

Glenda e Ary assinaram a direção conjunta de cinco longas-metragens em cinco anos: “Café com Canela” (2017), “Ilha” (2018), “Até o Fim” (2020), “Voltei!” (2021), “Mugunzá” (2022) e “Na Rédea Curta” (2022). Glenda ainda dirigiu um projeto solo, o média-metragem “Eu não Ando Só” (2021). 


Ficha técnica:
Direção: Ary Rosa e Glenda Nicácio
Produção: Rosza Filmes
Duração: 1h33
Classificação: 14 anos
País: Brasil (feito na Bahia)
Gênero: Ficção

24 janeiro 2023

Conheça as indicações ao Oscar 2023

(Fotomontagem: Marcos Tadeu)


Silvana Monteiro


No próximo dia 12 de março, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas apresenta os vencedores do Oscar 2023. A 95ª edição da cerimônia de entrega dos Academy Awards será no Teatro Dolby, em Los Angeles, na Califórnia. Nesta terça-feira foram anunciados os indicados aos prêmios em todas as categorias. Veja abaixo:

MELHOR FILME
- Elvis
- Entre Mulheres
- Nada de Novo no Front
- Os Fabelmans
- Os Banshees de Inisherin
- Tár
- Top Gun: Maverick
- Triângulo da Tristeza
- Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo

MELHOR DIREÇÃO
- Daniel Kwan & Daniel Scheinert, por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"
- Martin McDonagh, por "Os Banshees de Inisherin"
- Ruben Östlund, por "Triângulo da Tristeza"
- Steven Spielberg, por "Os Fabelmans"
- Todd Field, por "Tár"

"Os Fabelmans" (Universal Pictures)

MELHOR ATOR
- Austin Butler, por "Elvis"
- Brendan Fraser, por "A Baleia"
- Bill Nighy, por "Living"
- Colin Farrell, por "Os Banshees de Inisherin"
- Paul Mescal, por "Aftersun"

MELHOR ATRIZ
- Ana de Armas, por "Blonde"
- Andrea Riseborough, por "To Leslie"
- Cate Blanchett, por "Tár"
- Michelle Williams, por "Os Fabelmans"
- Michelle Yeoh, por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"


"Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo
Tempo" (Foto: A24)


MELHOR ATOR COADJUVANTE
- Berry Keoghan, por "Os Banshees de Inisherin"
- Brian Tyree Henry, em "Causeway"
- Brendan Gleeson, por "Os Banshees de Inisherin"
- Judd Hirsch, em "Os Fabelmans"
- Ke Huy Quan, por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
- Angela Bassett, por "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre"
- Hong Chau, por "A Baleia"
- Jamie Lee Curtis, por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"
- Kerry Condon, por "Os Banshees de Inisherin"
- Stephanie Hsu, por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"

"Os Banshees de Inisherin" (Foto: Film4 Productions)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
- Daniel Kwan & Daniel Scheinert, por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"
- Martin McDonagh, por "Os Banshees de Inisherin"
- Ruben Östlund, por "Triângulo da Tristeza"
- Steven Spielberg & Tony Kushner, por "Os Fabelmans"
- Todd Field, por "Tár"

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
- Edward Berger, Lesley Paterson & Ian Stokell, por "Nada de Novo no Front"
- Ehren Kruger, Eric Warren Singer & Christopher McQuarrie, por "Top Gun: Maverick"
- Kazuo Ishiguro, por "Living"
- Rian Johnson, por "Glass Onion: Um Mistério Knives Out"
- Sarah Polley, por "Entre Mulheres"


Top Gun:Maverick (Foto: Paramount Pictures)

MELHOR TRILHA SONORA
- Carter Burwell, por "Os Banshees de Inisherin"
- John Williams, por "Os Fabelmans"
- Justin Hurwitz, por "Babilônia"
- Son Lux, por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"
- Volker Bertelmann, por "Nada de Novo no Front"

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
- Lady Gaga - "Hold My Hand" (de "Top Gun: Maverick")
- M. M. Keeravani - "Naatu Naatu" (de 'RRR")
- David Byrne/Mitski/Son Lux - "This is a Life" (de "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo")
- Sofia Carson - "Applause" (de "Tell it Like a Woman")
- Rihanna - "Lift Me Up" (de "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre")


"Pantera Negra: Wakanda Para Sempre" (Foto: Marvel)

MELHOR FOTOGRAFIA
- Darius Khondji, por "Bardo: Falsa Crônica de Algumas Verdades"
- Florian Hoffmeister, por "Tár"
- James Friend, por "Nada de Novo no Front"
- Mandy Walker, por "Elvis"
- Roger Deakins, por "Império da Luz"

MELHOR EDIÇÃO
- Eddie Hamilton, por "Top Gun: Maverick"
- Mikkel E.G. Nielsen, por "Os Banshees de Inisherin"
- Matt Villa & Jonathan Redmond, por "Elvis"
- Monika Willi, por "Tár"
- Paul Rogers, por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"

"Elvis" (Foto: Warner Bros. Pictures)

MELHOR FIGURINO
- Catherine Martin, por "Elvis"
- Jenny Beavan, por "Sra. Harris Vai a Paris"
- Mary Zophres, por "Babilônia"
- Ruth E. Carter, por "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre"
- Shirley Kurata, por "Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo"

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
- Avatar: O Caminho da Água
- Babilônia
- Elvis
- Nada de Novo no Front
- Os Fabelmans

MELHOR CABELO & MAQUIAGEM
- A Baleia
- Batman
- Elvis
- Nada de Novo no Front
- Pantera Negra: Wakanda Para Sempre


Babilônia (Foto: Paramount Pictures)

MELHOR SOM
- Avatar: O Caminho da Água
- Batman
- Elvis
- Nada de Novo no Front
- Top Gun: Maverick

MELHORES EFEITOS VISUAIS
- Avatar: O Caminho da Água
- Batman
- Nada de Novo no Front
- Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
- Top Gun: Maverick

"Avatar: O Caminho da Água" (Foto: 20th
Century Studios)

MELHOR ANIMAÇÃO EM LONGA METRAGEM
- A Fera do Mar
- Gato de Botas 2: O Último Pedido
- Marcel the Shell with Shoes On
- Pinóquio, de Guillermo del Toro
- Red - Crescer é uma Fera

MELHOR ANIMAÇÃO EM CURTA METRAGEM
- An Ostrich Told Me the World is Fake and I Think I Believe It
- Ice Merchants
- My Year of Dicks
- The Boy, the Mole, the Fox and the Horse
- The Flying Sailor

MELHOR CURTA METRAGEM EM LIVE-ACTION
- An Irish Goodbye
- Ivalu
- Le Pupille
- Night Ride
- The Red Suitcase

"Pinóquio", de Guillermo del Toro (Foto: Netflix)

MELHOR FILME INTERNACIONAL
- Argentina, 1985 (Argentina)
- Close (Bélgica)
- EO (Polônia)
- Nada de Novo no Front (Alemanha)
- The Quiet Girl (Irlanda)

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM LONGA METRAGEM
- A House Made of Splinters
- All That Breathes
- All The Beauty and the Bloodshed
- Fire of Love
- Navalny

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA METRAGEM
- Haulout
- How do You Measure a Year?
- The Elephant Whisperers
- The Martha Mitchell Effect
- Stranger at the Gate

"Argentina, 1985" (Foto: Amazon Prime Vídeo)


23 janeiro 2023

“Entre a Colônia e as Estrelas” revela um universo distópico não muito longe de nós

Média-metragem está em exibição na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes (TV Coragem/Reprodução)


Larissa Figueiredo - Correspondente na Mostra


Sob a ótica poética e metafórica do diretor Lorran Dias, “Entre a Colônia e as Estrelas” (2022), em cartaz na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, narra a trajetória de Estelar (Timbuca Hai), uma técnica em enfermagem que trabalha em um hospital psiquiátrico e tem o dom de ver o passado. 


Durante uma crise hídrica no estado do Rio de Janeiro, ela recebe Kalil (Lorre Motta), seu irmão mais novo, para morar em sua casa. Em meio às divergências políticas e identitárias entre ambos, a protagonista irá enfrentar uma jornada de autoconhecimento rumo ao local onde moram todas as diferenças, literalmente. 


A obra se apoia em fatos históricos como o antigo “manicômio” Colônia Juliano Moreira e a crise hídrica do Rio de Janeiro em 2020 para construir um cenário distópico em que a protagonista se isenta de discutir as questões sociais que a cercam e, que com o tempo, passam a ser a causa para o desaparecimento das pessoas que conhece, incluindo Kalil. 


O roteiro intercala as visões de um passado que Estelar não viveu com o difícil presente. As antigas e reais imagens turvas do manicômio lotado se mesclam à ficção, quando os enfermeiros militam contra a volta do tratamento de choque nos pacientes do atual hospital. 

A presença de um tempo pretérito que se mistura à atualidade é um lembrete de que a luta precisa continuar, além de relevar uma montagem primorosa e sensível. 


A sonoplastia do média-metragem traz um toque especial às cenas de suspense, junto aos planos de filmagem mais longos e uma trilha sonora marcante que embala os mais diversos cenários da obra. 

Em 49 minutos, o filme fala com primor e afetuosidade sobre diferenças, resistência, família e divisões econômicas em um Rio de Janeiro ficcional, mas não muito distante do que conhecemos, ou deveríamos conhecer. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Lorran Dias
Disponível: até 24/01 às 18 horas em: www.mostratiradentes.com.br/filmes/mostra-cinema-mutirao/
Produção: TV Coragem
Distribuição: Fistaile
Duração: 49 minutos
Classificação: 10 anos
País: Brasil (produzido no Rio de Janeiro)
Gênero: Ficção
Avaliação: 4/5

Serviço:
26ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Período: até o dia 28 de janeiro de 2023
Exibição: em formato online e presencial
Programação: totalmente gratuita
Maiores informações: www.mostratiradentes.com.br