Gabriel LaBelle entrega ótima interpretação do personagem Sam, quando começou a fazer filmes (Fotos: Universal Pictures) |
Maristela Bretas
Um gênio, tanto na criatividade para criar uma das maiores sagas de ficção do cinema, quanto na sensibilidade ao abordar dramas que nos fazem chorar. Esse é Steven Spielberg, que agora conta sua história na produção "Os Fabelmans", em cartaz a partir desta quinta-feira (12), nos cinemas.
Em cada detalhe do filme, que além de dirigir ele roteirizou em parceria com Tony Kushner, é possível ver a marca do diretor, sempre preocupado com os detalhes. Seja com a luz da locação, a poeira de uma explosão, o brilho de um tiro durante a filmagem de um western caseiro ou no olhar de uma criança ao assistir seu primeiro filme na tela de cinema.
Essa é a história de "Os Fabelmans", contada com pureza e encantamento, que leva o público a conhecer um pouco mais da vida de Spielberg. Um menino sensível, filho de judeus, que tem boa relação com os pais, irmãs, avós e amigos da família e da escola.
Foi com uma filmadora, muita criatividade e apoio dos pais (especialmente da mãe) que Spielberg começou a encantar as pessoas desde pequeno. Já adolescente quebrou a timidez usando seus projetos cinematográficos para se expressar e colocar para fora seu amor, frustrações, traumas e sonhos. O cinema se tornou sua vida, coração, mãos e olhos.
De forma simples, sem abusar de efeitos visuais, "Os Fabelmans" é um retrato pessoal da infância dele na década de 1950 até a adolescência, quando se entrega totalmente ao amor pela Sétima Arte.
Sam Fabelman (em ótima interpretação de Gabriel LaBelle, que seria Spielberg), é um jovem que descobre um segredo familiar devastador. Isso vai mudar sua forma de encarar o mundo e as pessoas ao seu redor, usando a magia e o poder do cinema.
A preocupação com cenários e personagens é muito grande por parte de toda a equipe. Um dos exemplos é a casa da família Fabelman, uma reprodução perfeita da residência da infância de Spielberg.
Mesmo com o excesso de detalhes, o filme não se torna monótono, especialmente porque os fãs vão reconhecer nas cenas situações que podem ter levado o diretor a criar algumas de suas grandes obras.
Novamente sob a batuta de John Williams, parceiro de Spielberg em grande parte de suas produções para o cinema, a trilha sonora, sem nenhuma novidade, é perfeita e envolvente. Além do roteiro, "Os Fabelmans" também brilha no figurino de época, iluminação e locações.
No elenco do filme estão também Michelle Williams ("Manchester à Beira-Mar" - 2017), que interpreta a mãe de Sam; Paul Dano ("Batman" - 2022), no papel do pai; Seth Rogen ("Jobs" - 2016), como o amigo da família; Julia Butters ("Era Uma Vez... em Hollywood" - 2019), irmã de Sam; Robin Bartlett (avó materna), Jeannie Berlin (avó paterna) e Judd Hirsch (tio Boris).
Sobre a escalação do elenco, Steven Spielberg comenta que quando começou a pensar em quem poderia interpretar sua mãe, “algumas pessoas surgiram na minha cabeça de imediato”.
Steven Spielberg
O olhar sempre atento aos detalhes explica como nasceu a saga "Star Wars", feita com poucos recursos, maquetes e muita imaginação e ser referência até hoje no mundo geek.
Com uma invejável lista de produções de sucesso, Spielberg soube explorar quase todos os gêneros, como a ficção com grandes produções como "E.T. - O Extraterrestre" (1982), "Poltergeist" (1982) e "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" (1977).
A aventura e o suspense não ficaram de fora - "Encurralado" (1971), "Tubarão" (1975), a trilogia "Indiana Jones" (de 1981 a 2022) e "Jurassic Park - Parque dos Dinossauros" (1993 e 1987) são bons exemplos da investida do diretor nestas categorias.
Mas um dos temas preferidos, ainda jovem, foi a guerra, por causa do pai que lutou na 2ª Guerra Mundial - "A Lista de Schindler" (1993), "Império do Sol" (1987) e "O Resgate do Soldado Ryan" (1998) comprovam isso.
Elogiado pelos principais sites de críticas internacionais, "Os Fabelmans" já conquistou dois prêmios importantes até o momento - Melhor Filme de Drama e Melhor Diretor, do 80º Globo de Ouro, e Melhor Filme do Ano pelo American Film Institute Awards (AFI) 2022. Sem contar que é um forte candidato ao Oscar 2023.
Uma produção para ser vista, revista e admirada por sua sensibilidade ao mostrar como o diretor capturou com sua câmera a vida e as pessoas ao seu redor. E transformou tudo em magia e arte, mesmo quando as imagens não mostravam o melhor da humanidade.
Ficha técnica:
Direção: Steven SpielbergRoteiro: Steven Spielberg e Tony Kushner
Produção e distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h31
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, biografia
Nota: 4,5 (em 5)
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