Xolo Maridueña interpreta o super-herói que se torna hospedeiro de um escaravelho alienígena e ganha armadura e armas poderosas (Fotos: Warner Bros.) |
Maristela Bretas
Poderia ser o novo sucesso do Universo DC, como aconteceu com "Mulher Maravilha" (2017) e "Coringa" (2019). Mas "Besouro Azul" ("Blue Beetle"), que estreia nesta quinta-feira (17) nos cinemas, apesar da grande expectativa e dos efeitos visuais do Imax, não consegue passar de um filme bem mediano.
É só mais um super-herói (pouco conhecido) da turma do Batman que ganha a telona e que conta com a presença da atriz Bruna Marquezine no elenco principal para atrair o fã clube brasileiro.
Os diálogos são fracos e alguns personagens poderiam ser interpretados por atores melhores e com mais empatia. Mesmo assim fica a dúvida se conseguiriam salvar o roteiro superficial, feito em cima de clichês e sem nada de novo. Ele não explica como o tal escaravelho apareceu na Terra, como escolhe suas vítimas, que desliga como uma máquina, mas reage como um ser vivo e tem sentimentos (oi?).
Na história, Jaime Reyes (Xolo Maridueña, o lutador bonzinho da série da Netflix, Cobra Kai) volta para casa recém-formado na faculdade, mas descobre que a família passa por dificuldades. O destino o coloca em contato com Jenny Kord (a brasileira Bruna Marquezine), herdeira de um império de tecnologia que lhe entrega uma misteriosa relíquia alienígena - o Escaravelho, também chamado de Khaji-Da.
Como um parasita, o objeto escolhe Jaime como seu hospedeiro simbiótico (igual ao que aconteceu com o jornalista Eddie Brock em "Venom", da Marvel, em 2018). O jovem é transformando no Besouro Azul, com armadura e poderes extraordinários. Mas terá de enfrentar inimigos poderosos que querem usar o escaravelho como uma arma de destruição em massa.
Apesar de já terem "ficado" na vida real, Xolo e Marquezine não mostram uma química convincente no filme para formarem o par romântico. Como o restante do elenco, eles receberam falas curtas e genéricas, disfarçadas por muita ação, cores fortes e CGI de sobra que ajudam a contar uma história que vale uma sessão da tarde no cinema, sem grandes pretensões.
O elenco é formado por mexicanos e americanos descendentes de latinos, especialmente os parentes de Jaime - Elpidia Carrillo (mãe), Damián Alcázar (pai) George Lopez (tio), Adriana Barraza (avó) e Belissa Escobedo (irmã). Eles são caricatos, estão lá reforçando durante todo o longa a importância da união da família.
Tem também Raoul Max Trujillo, que interpreta Carapax, meio homem, meio máquina a serviço da Kord e não acrescentaria nada se não fosse o inimigo do Besouro Azul.
Se a intenção do diretor porto-riquenho Angel Manuel Soto era mostrar como são tratados os imigrantes que querem refazer suas vidas em outros países, especialmente os latinos nos EUA, a abordagem ficou bem superficial, quase dispensável.
Susan Sarandon, que interpreta a empresária Victoria Kord, também tem de “se virar nos 30” para compensar as falas de seu personagem e o roteiro deficiente. Deixa sua marca quando entra em cena, mas teve seu talento mal aproveitado. Poderia ter sido uma grande vilã.
Apesar dos pontos negativos, a produção tem algumas curiosidades interessantes que serão notadas por quem acompanha o Universo DC. O longa faz referências a seus super-heróis mais famosos como Batman e Superman; mostra o prédio da Lex Corp, do vilão Lex Luthor; o antigo Besouro Azul, que era mais velho que o atual, é citado como o herói de Palmera City, onde se passa a história. Além do Ted Kord, que é importante para trama e pai da Jenny, é citado também Dan Garrett, o primeiro Besouro Azul, como professor de Ted.
Numa das falas dos personagens, a cidade do Besouro Azul é comparada a Central City, do Flash, e Gotham City, do Batman. Gotham também é lembrada no moletom usado por Jaime na faculdade. Até personagens como "Chapolin Colorado" e "Maria do Bairro", conhecidos da TV latina são lembrados pelo elenco.
"Besouro Azul" não é um filme ruim como "Esquadrão Suicida" (2016), também da DC, mas o super-herói dos quadrinhos foi mal desenvolvido nesta versão, que deixa muitos furos. Pode ser que a continuação, indicada nas cenas pós-créditos (a última depois de tudo), consiga colocar ordem na casa. Vai depender do resultado da bilheteria. Bruna Marquezine caiu nas graças do diretor e entrega o que era esperado, podendo estar nessa continuação. É aguardar para ver.
Ficha técnica:
Direção: Angel Manuel SotoProdução: Safran Company
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h07
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: aventura, ação
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