Jorge Paz e Danilo Grangheia protagonizam este longa baseado em fatos reais (Fotos: Star Distribution) |
Maristela Bretas
29 de setembro de 1988. Uma data que marcou a história do Brasil e que agora é contada no longa "O Sequestro do Voo 375", com estreia marcada para dia 7 de dezembro. Por mais que a produção pareça um dos filmes mirabolantes de ação de Hollywood, o diretor Marcus Baldini (de "Os Homens são de Marte... e é Prá Lá que eu Vou" - 2014) foi fiel aos fatos reais que chocaram o país.
Afundado numa crise financeira sem precedentes, com planos econômicos que não deram certo, o Brasil, recém-saído de uma ditadura militar, é comandado por José Sarney.
A fome da família e o desemprego levam o tratorista maranhense Raimundo Nonato Alves (Jorge Paz) a tomar uma decisão desesperada: sequestrar um avião da Vasp, com mais de 100 passageiros e tripulantes a bordo, e jogá-lo no Palácio do Planalto para matar o presidente.
Armado com um revólver, ele passa sem problema pela segurança do aeroporto de Confins e embarca no voo da Vasp com destino ao Rio de Janeiro. Pouco depois, anuncia o sequestro, ordenando ao comandante Fernando Murilo (Danilo Grangheia) que se dirija para Brasília.
O espectador é envolvido pela tensão que se cria a partir daí, com a trama explorando as negociações com o sequestrador que estava totalmente descontrolado, a preocupação do piloto e do pessoal de terra com a segurança de passageiros e tripulantes, enquanto as autoridades cogitavam até mesmo tomarem uma medida drástica.
A atuação de Danilo Grangheia está firme, segura, entregando a tensão que a trama exigia do protagonista. Assim como a interpretação de Jorge Paz, cujo personagem, apesar da loucura do atentado, pode despertar empatia no público.
Nonato escancara a realidade da maioria da população brasileira na década de 1980 que poderia provocar uma reação semelhante em qualquer pessoa mais desesperada ou confusa.
Destaque para Roberta Gualda, que vive Luzia, a controladora de voo que conversa com a tripulação e negocia com o sequestrador durante todo o voo.
Também entregam boas interpretações Juliana Alves, como a comissária Cláudia, Adriano Garib, o brigadeiro Bastos, adepto a medidas drásticas, e o simpático Cesar Mello, o copiloto Evangelista.
O filme é bem produzido, com poucas falhas no roteiro e algumas situações clichês que não incomodam tanto. Ponto positivo para a preocupação de entregar uma ótima reprodução de época nos figurinos (especialmente nos uniformes), nos detalhes dentro do avião, nos veículos e na aeronave da extinta Vasp. Mesmo sendo utilizado um Boeing 737-200 no lugar do verdadeiro 737-300 da companhia na época.
O destaque fica para as cenas da manobra radical do piloto com o avião para desestabilizar o sequestrador, chamada de voo invertido (“tunneau”). Ficou bem interessante, especialmente porque aconteceu de verdade. Outro filme que mostrou esta manobra foi "O Voo", de 2013, com Denzel Washington.
Mais do que um filme, "O Sequestro do Voo 375" é uma produção nacional que vale como história para que a nova geração e até mesmo muitas pessoas da época saibam o que aconteceu e a gravidade do fato. O atentado ao voo da Vasp serviu também como um alerta para que as autoridades melhorassem a segurança de alguns aeroportos brasileiros.
Uma informação sem provas concretas apresentada no filme pelos produtores: os planos do sequestro brasileiro teriam sido encontrados no esconderijo de Osama Bin Laden e usados como modelo no ataque às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, nos EUA. Fato ou fake?
O que vale é conferir esta produção no cinema. Depois ela deverá entrar no catálogo do Star+.
Ficha técnica:
Direção: Marcus BaldiniRoteiro: Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque
Produção: Estúdio Escarlate
Distribuição: Star Original Productions
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h47
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros: ação, drama, biografia
Nota: 4 (0 a 5)
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