Kingsley Ben-Adir é o destaque do elenco interpretando a lenda do reggae (Fotos: Paramount Pictures) |
Larissa Figueiredo
Músico brilhante, seguidor fiel de Jah, marido apaixonado, amante complicado, amigo dedicado e ativista político. Essas são as faces de Bob Marley, ou melhor, Skipper, no filme "Bob Marley - One Love", que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. Quem espera assistir a ascensão da estrela do reggae que conquistou o mundo com sua música, vai se decepcionar. E que bom!
O filme começa no ponto alto da guerra civil jamaicana. Não perde tempo com explicações desnecessárias, mas também não deixa pontas soltas quanto a isso, no decorrer da trama tudo se encaixa de forma não linear.
O longa retrata a luta de Marley pela paz em sua terra e seus dilemas existenciais em relação à fama, amor, vida e religião. Muitos momentos decisivos se passam no inconsciente do protagonista e trabalham o equilíbrio entre o simbólico e o real.
O elenco é muito fiel aos integrantes da história, obviamente, com destaque para Kingsley Ben-Adir, que interpreta o protagonista. O ator trouxe o personagem para além da caricatura, representou com primor as questões emocionais complexas do artista. Robert Nesta Marley é humano, chora, sente raiva, medo, se frustra e se reconstrói.
Rita Marley (Lashana Lynch) é uma peça fundamental no desenrolar da trama, que funciona como âncora e, ao mesmo tempo, o foguete que impulsiona Marley a lutar pelo que acredita. A atriz encara com perfeição o peso da solidão de uma mulher frustrada e mãe solo.
Em um silêncio ensurdecedor, os “gritos” de Rita são pontuais e aparecem em momentos importantes. Nos flashbacks, vemos uma menina mulher sensível, apaixonada e cheia de sonhos. É nessa diferença que o talento da atriz fica mais que evidente.
O time de produtores é um grande diferencial que garante fidelidade nos fatos narrados na obra, afinal, eles estavam lá quando ela foi escrita. Rita Marley, esposa de Bob, Ziggy e Cedella Marley, filhos do artista, Robert Teitel ("O Ódio que Você Semeia" - 2018) e Dede Gardner "(Blonde" - 2022, "Comer, Rezar e Amar" - 2010), assinam a produção da cinebiografia.
As músicas aparecem no momento correto do longa. Desde as mais aclamadas pelo público às menos conhecidas e mais antigas dos The Wailers. No entanto, para quem gosta, a obra não oferece grandes números musicais do artista e sua banda.
As canções do astro funcionam como uma forma sutil de dizer o que precisa ser dito ao espectador. Fotografia, montagem e cenários pontos positivos que agregam na experiência.
Fora da temporada de grandes premiações, "Bob Marley - One Love" definitivamente não é, e não será um dos favoritos da crítica especializada. Não há nada de excepcional. Simples, funciona bem por ser sobre quem é. Uma obra para se ver de olhos, ouvidos e corações abertos e se preparar para a emoção.
Ficha técnica:
Direção: Reinaldo Marcus GreenProdução: Paramount Pictures, State Street Pictures, Plan B Entertainment
Distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h47
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: biografia, drama
Nota: 3,5 (0 a 5)
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