28 agosto 2024

Longa “Zé” retrata vida de militante na ditadura, sem apelar para sangue e violência

Filme do mineiro Rafael Conde aborda impactos pessoais na vida do biografado (Fotos: Luis Abramo)


Eduardo Jr.


Se você acha que o tema “ditadura” já teve suas abordagens esgotadas, pode se ver fisgado pelo novo filme do cineasta mineiro Rafael Conde. “Zé” chega às telonas nesta quinta-feira (29), distribuído pela Embaúba Filmes, e resgata a história verídica de José Carlos Novais da Mata Machado, uma das lideranças do movimento estudantil que foi perseguido e morto pelo regime militar.

O filme é baseado no livro de mesmo nome, escrito pelo cearense Samarone Lima, que investigou documentos da época e entrevistou familiares, amigos e outros militantes. Mas o longa se destaca dos demais por ser quase asséptico. Não espere encontrar soldados de farda, sangue ou cenas de tortura. O impacto na vida do protagonista e das pessoas ao redor é que estão em foco.  


Caio Horowicz dá vida a Zé e emoção às cartas que o militante enviava à família. Morto aos 27 anos, o jovem se dedicou a levar alfabetização e conscientização política a camponeses no Nordeste. Pagou com a própria vida.

No elenco principal estão também Eduarda Fernandes (Bete), Samantha Jones (Grauninha), Rafael Protzner (Gilberto), Yara de Novaes (Dona Yedda), Gustavo Werneck (Edgar) e Alexandre Cioletti (Hélio), além das crianças Richard Paes, Henrico Kneip, Miguel Dias e Ravi Oter.


Neste longa, o espectador em alguns momentos é colocado mais próximo das ações. As câmeras e sequências conseguem provocar suspense, e até antipatizar com algumas personagens. Mas vale a dica para manter os ouvidos atentos, pois o áudio pode deixar a desejar em algumas cenas. 

No geral, é uma obra diferente, que nos enriquece sobre o debate moral e político desse período da nossa história a ser lembrado e nunca mais repetido.  


Ficha técnica:
Direção:
Rafael Conde
Roteiro: Anna Flávia Dias e Rafael Conde
Produção: Filmegraph
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: sala 2 do Centro Cultural Unimed-BH Minas e sala 2 do Cine UNA Belas Artes
Duração: 2 horas
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: drama

27 agosto 2024

Cine Humberto Mauro exibe, de graça, mostra do cinema alemão atual

“Anima – Os Vestidos do Meu Pai” é um dos filmes que serão exibidos nesta semana (Foto: Uli Decker)


Da Redação


O Cine Humberto Mauro, em parceria com o Instituto Goethe, realiza a mostra “Novas Direções na Alemanha". A partir desta terça-feira (27) até 1º de setembro (domingo), sempre às 19 horas, o público belo-horizontino vai ter um panorama breve, porém poderoso, das produções alemãs atuais. Todas as sessões têm entrada gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes do início, na bilheteria do cinema.

Entre os filmes exibidos, estarão obras de cineastas como Sarah Blaßkiewitz, Leonie Krippendorff e Florian Dietrich, que têm conquistado reconhecimento internacional pela originalidade das abordagens sensíveis e pela profundidade temática dos enredos que desenvolvem.

A mostra apresenta uma seleção diversificada de filmes que refletem as complexidades da sociedade alemã atual, dando destaque ao trabalho de cineastas mulheres nos últimos anos. 

“Casulo” , dirigido por Leonie Krippendorff

“Casulo” (2020), dirigido por Leonie Krippendorff, narra a história de Nora, uma tímida menina de 14 anos em Berlim, que passa por transformações profundas durante um verão marcante. 

Já “Toubab” (2020), de Florian Dietrich, é uma comédia sobre dois amigos que se vêem obrigados a casar para evitar a deportação de um deles. O filme aborda questões como migração, racismo e sexismo.  

Outro destaque é “Le Prince” (2021), de Lisa Bierwirth, que explora um intenso caso de amor entre uma curadora artística e um empresário congolês no cenário pós-colonial de Frankfurt. 

“Le Prince”, de Lisa Bierwirth

“Preciosa Ivie” (2021), dirigido por Sarah Blaßkiewitz, segue a jornada de Ivie, uma afro-alemã que, ao conhecer sua meia-irmã, começa a questionar sua identidade e cultura. 

Já “Nico” (2021), de Eline Gehring, acompanha a trajetória de uma cuidadora de idosos que decide treinar caratê após um ataque racista. 

Por fim, “Anima – Os Vestidos do Meu Pai” (2022), de Uli Decker, apresenta uma comovente história real sobre segredos de família e questões de gênero, por meio de uma narrativa que mistura animação e documentário.

A mostra “Novas Direções na Alemanha” transcende as fronteiras geográficas e culturais, oferecendo ao público a oportunidade de explorar a faceta pouco conhecida e atual de um cinema que não apenas reflete as complexidades da sociedade alemã, mas que dialoga com questões universais. 

“Preciosa Ivie”, dirigido por Sarah Blaßkiewitz

Programação:
27/8 TER
“Casulo” (Kokon, Leonie Krippendorff, 2020) | 16 anos | 1h39

28/8 QUA
“Toubab” (Florian Dietrich, 2020) | 14 anos | 1h36

29/8 QUI
“Le Prince” (Lisa Bierwirth, 2021) | 16 anos | 2h05

30/8 SEX
“Preciosa Ivie” (Ivie wie Ivie, Sarah Blaßkiewitz, 2021) | 14 anos | 1h57

31/8 SÁB
“Nico” (Eline Gehring, 2021) | 14 anos | 1h20

1º/9 DOM
“Anima – Os Vestidos do Meu Pai” (Anima: Die Kleider Meines Vaters, Uli Decker, 2022) | 16 anos | 1h35

“Nico”, de Eline Gehring

Serviço:
Mostra “Novas Direções na Alemanha”
Data: 27 de agosto (terça-feira) a 1º de setembro (domingo)
Horários: Sempre às 19 horas
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes - Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte
Classificações indicativas: variadas
Entrada: gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema
Informações para o público: (31) 3236-7400

26 agosto 2024

"Alien: Romulus" - O retorno triunfante do terror espacial

Thriller de ficção científica retorna às raízes da franquia e mostra características de “Alien, o 8º Passageiro” e “Prometheus” (Fotos: 20th Century Studios)


Filipe Matheus
Blog Maravilha de Cinema


Após décadas de sucesso, “Alien: Romulus” , em cartaz nos cinemas, retorna às raízes da franquia de sucesso iniciada em 1979 com "Alien, o 8º Passageiro, e que teve diversas sequências. 

O longa da vez é ambientado entre o primeiro e a versão de 1986, "Alien, O Resgate", dirigido por James Cameron e que marcou a volta de Sigourney Weaver ao papel principal que a consagrou no longa original. 


Agora o longa acompanha um grupo de novos e jovens colonizadores que se aventuram em uma missão em busca de liberdade e paz e acabam nas profundezas de uma estação espacial abandonada. No local, eles se deparam com uma criatura aterrorizante que ameaça a sobrevivência da equipe.

A franquia “Alien” é uma das mais clássicas do cinema de terror de ficção científica. Todos os filmes juntos arrecadaram mais de US$ 1,6 bilhão em bilheteria, sendo “Prometheus” (2012) o mais rentável, com US$ 403,4 milhões.


A história do novo filme é bem explorada. Do início ao fim, o longa é envolvente. O ambiente claustrofóbico e o terror psicológico à espera de um novo ataque da criatura contribuem para manter o espectador tenso e ansioso por cada cena. Som e efeitos visuais são os destaques da produção.

O elenco jovem é formado por Cailee Spaeny (Rain), Isabela Merced (Kay), Aileen Wu (Navarro), David Johnsson (o andróide Andy) e Archie Renaux (Tyler), sob a direção do uruguaio Fede Alvarez, conhecido por filmes como "Millennium - A Garota da Teia de Aranha" (2018). 


Um dos produtores é Ridley Scott, que dirigiu o primeiro filme da franquia, protagonizado por Sigourney Weaver, e "Alien: Covenant" (2017), com Michael Fassbender no papel principal.

Cada filme não só manteve o terror e a tensão, mas também trouxe novos elementos para a história, contribuindo para a longevidade e êxito contínuo da icônica franquia “Alien”. Com a chegada de "Alien: Romulus", os fãs estão ansiosos por mais histórias da saga.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Fede Alvarez
Produção: Scott Free Productions, 20th Century Studios
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h59
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror, ficção, suspense

25 agosto 2024

"Longlegs - Vínculo Mortal" é um policial de terror com Nicolas Cage irreconhecível

Maika Monroe interpreta uma agente do FBI misteriosa e arredia que investiga um serial killer violento e aterrorizador (Fotos: Diamond Films)


Maristela Bretas


Confuso no início, "Longlegs - Vínculo Mortal", que estreia nesta quinta-feira (29) é um filme tenso e violento, que tem como destaque Nicolas Cage (que também é um dos produtores). 

Apesar das atuações impecáveis dele e de Maika Monroe, sai da sessão sem conseguir digerir o que tinha acabado de assistir. Não sei se considero como uma produção boa demais ou só mais um filme perturbador que fica dando voltas para explicar a ligação dos protagonistas.


Ao longo do filme, a confusão inicial, que se assemelha à da mente da personagem Lee Harker, vai se explicar e antes do meio já dá para saber o que houve, quais as conexões e como a história vai terminar. Dá a impressão de que o diretor usa muitas imagens aleatórias para "encher linguiça". No final, algumas são explicadas e outras vão continuar sem propósito e dispensáveis.


Além da atuação como um serial killer impiedoso, destaco a ótima maquiagem do personagem de Nicolas Cage, que dá nome ao filme. Ela o torna irreconhecível e assustador. Fez toda a diferença a escolha dele para o papel. 

Segundo o responsável pela maquiagem, Harlow MacFarlane, a fonte de inspiração para a concepção deste visual foi intencional, baseada numa memória da infância do ator, que se surpreendeu com a imagem de sua mãe fazendo skincare.


Maika Monroe também não fica atrás interpretando Lee Harker, a agente do FBI solitária e silenciosa, de passado nebuloso. É ela, com sua mente atormentada, quem direciona o filme ao investigar Longlegs, estudando a fundo seu perfil tenebroso. 

Somente Lee é capaz de decifrar as pistas com símbolos deixadas pelo assassino nas cenas do crime. Mas o que mais a perturba são as visões provocadas pela à medida que se aproxima dele. 

O diretor e roteirista Osgood Perkins (filho do ator Anthony Perkins, de "Psicose") manteve o visual de Longlegs em segredo até mesmo da atriz, para garantir que o público sentisse a mesma antecipação que a protagonista ao finalmente encontrá-lo. 

O elenco conta ainda com as participações de Alicia Witt, como Ruth Harker, mãe de Lee, e Blair Underwood, como o chefe de Lee no FBI, além de outros.


O longa tem três pontos positivos que podem agradar ao público: o design de som, que explora bem os momentos, tanto de ação quanto de silêncio, aliado à trilha sonora que foge um pouco às usadas normalmente em filmes de terror. 

O segundo ponto é a fotografia (dirigida por Andres Arochi), que dá a dimensão dos ataques de Longlegs, ao mesmo tempo em que preenche lagunas formadas na mente de Lee Harker.

"Longlegs - Vínculo Mortal" vai dividir opiniões, com certeza. Ele está entre um dos filmes do gênero mais comentados no momento, colocando-o como o terror do ano. Não sei se chega a tanto, mas vale ser conferido, especialmente pelas atuações dos protagonistas e da atmosfera de suspense que provoca, que lembra o excelente "O Silêncio dos Inocentes" (1991).


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Osgood Perkins
Produção: Black Bear Productions
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h41
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, policial

22 agosto 2024

Com estética vibrante, "Os Inseparáveis" discute mudança de rumo e o valor do companheirismo

Don, o palhaço marionete, e o cachorro DJ, Doggie Dog, vivem uma aventura com mensagem positiva e momentos de humor
(Fotos: nWave Pictures - Contracorriente Films)


Silvana Monteiro


Quando o público vai embora e a encenação termina é hora de os personagens viverem as próprias aventuras e terem ate mesmo uma crise de identidade. É neste mundo de fantasia que se passa "Os Inseparáveis" ("The Inseparables"), animação em cartaz nos cinemas que nos transporta para um local onde brinquedos e objetos de cena ganham uma nova vida após o fechamento das cortinas de um antigo teatro no Central Park, em Nova York. 


Produzido pelos mesmos roteiristas de "Toy Story" (1995), Joel Cohen e Alec Sokolow, o filme nos remete às mudanças de rumo, ao valor da amizade e à superação dos desafios e limites ao lado de quem confiamos. Don (voz de Éric Judor) é um palhaço, um tipo de bobo da corte. 

Embora sua função seja bem desempenhada, ele não quer se limitar a isso e decide sair para viver "sua própria vida". Fora do teatro, ele encontra outro grande sonhador, Doggie Dog (voz do DJ Jean-Pascal Zadi), o cachorro que quer ser rapper e DJ. 

O ponto alto são as cenas nas ruas e parques. Entre árvores, arranha-céus e personagens típicos de uma metrópole, a estética da obra se faz sublime e impactante e os personagens vivem a vida, tão perigosa e desafiadora como ela é.


A qualidade da animação é impressionante. Os detalhes visuais são meticulosamente trabalhados, criando um ambiente vibrante e envolvente que captura a atenção do público. O grande diferencial é quando a cena se torna a extensão da imaginação de Don, dando vida até mesmo ao mais simples cenário da cidade. 

O filme apresenta humor que agrada tanto crianças quanto adultos, equilibrando piadas sutis com momentos de leveza. A trilha sonora complementa a narrativa, proporcionando uma sonoplastia que intensifica as emoções das cenas.


Embora a história seja envolvente, alguns arcos narrativos são previsíveis e seguem fórmulas conhecidas, sobretudo, aquelas que focam na resignificação de brinquedos e objetos. Quanto aos personagens (a maioria muito boa por sinal), alguns não recebem o desenvolvimento necessário, fazendo com que pareçam unidimensionais e menos impactantes.

Em certos momentos, o ritmo da narrativa oscila, com cenas que se arrastam e outras que parecem apressadas, prejudicando a fluidez da história. "Os Inseparáveis" é uma animação visualmente deslumbrante, com uma mensagem positiva e momentos de humor eficazes. É um filme que, vale a pena assistir, especialmente para aqueles que já apreciam o estilo dos criadores. Indicado para um público dos 8 aos 80 anos.


Ficha técnica
Direção: Jerémie Degruson
Roteiro: Joel Cohen e Alec Sokolow 
Produção: nWave Pictures e Octopolis em associação com Contracorriente Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das rede Cineart e Cinemark
Duração: 1h30
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: aventura, animação, comédia, família

21 agosto 2024

Festival Bárbara de Cocais abre hoje com cinema, palestras, oficinas e creche parental pública

(Fotos: Divulgação)


Da Redação


De hoje a 24 de agosto, as cidades de Santa Bárbara e Barão de Cocais, a 98 Km de Belo Horizonte, recebem o 1º Festival Bárbara de Cocais - Cinema e Formação Humana, que combina palestras, mostra de cinema, oficinas e creche parental pública. A edição acontece em diferentes espaços situados nos arredores da Praça Monsenhor Gerardo Magela, em Barão de Cocais, e no Parque Recanto Verde, em Santa Bárbara. 

Com programação gratuita e atividades para públicos de todas as idades, o Festival Bárbara de Cocais promove a criação temporária de uma sala de cinema onde são exibidos filmes brasileiros e estrangeiros que abordam, de distintas maneiras, a questão da formação humana. A programação do festival pode ser conferida no site www.barbaradecocais.org

Dos 3 aos 3 (Pablo Lobato)

Com a curadoria de Pablo Lobato e Gustavo Jardim, a Mostra de Cinema será realizada no salão paroquial do Santuário de São João Batista, em Barão de Cocais. O evento combina diferentes recortes do cinema contemporâneo, desde o popular ao documentário experimental, com três sessões diárias, de quarta a sábado.

Entre os trabalhos que serão exibidos figuram títulos nacionais, como "República" (2020), de Grace Passô; "Fantasmas" (2010), de André Novais Oliveira; "Nada" (2017), de Gabriel Martins; "Dos 3 aos 3" (2023), de Pablo Lobato; "Que Horas Ela Volta?" (2015), de Anna Muylaert; "Últimas Conversas" (2014), de Eduardo Coutinho; e "Terra Deu, Terra Come" (2010), de Rodrigo Siqueira. 

Que Horas Ela Volta? (Anna Muylaert)

Além de obras estrangeiras, como o japonês "Meu Amigo Totoro" (1998), de Hayao Miyazaki; o francês "Tomboy" (2011), de Céline Sciamma; e o mexicano "Radical" (2023), de Christopher Zalla. 

No encerramento da mostra ocorre a pré-estreia do filme brasileiro "Oroboro" (2024), de Pablo Lobato, idealizador do evento. O documentário acompanha as descobertas, dores e alegrias vividas por duas turmas de estudantes ao adaptarem para o teatro as obras "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa, e "A Flauta Mágica", de Mozart. 

República (Grace Passô)

Atividades Formativas

A programação de palestras inclui grandes nomes do pensamento brasileiro: a filósofa, psicanalista e poeta Viviane Mosé, que apresenta "Educação, criação e vontade"; a poeta, dramaturga, ensaísta e professora Leda Maria Martins, com "Nos espirais da formação humana"; e a psicóloga, professora e pesquisadora Virgínia Kastrup, em "Encontros com o cinema: o cuidado e o cultivo do comum". As palestras serão realizadas de quarta a sexta, no Cine Rex, em Barão de Cocais, sempre às 18 horas.

Na grade de oficinas, o cineasta, curador e educador Gustavo Jardim ministra a atividade "O Cinema ao Redor", também no Cine Rex. Já a artista, escritora e professora Julia Panadés conduz a oficina "Desenho-Palavra em Movimento", na Cozinha Escola, também em Barão de Cocais. 

Oficina de cinema

O artista plástico e pesquisador, Gandhy Piorski, por sua vez, oferece duas edições da oficina "A criança, os cinco sentidos e o brincar", sendo uma no Cine Rex, em Barão de Cocais, e outra no Parque Recanto Verde, em Santa Bárbara.

Sob a condução da artista convidada Graziela Kunsch, a Creche Parental Pública será instalada na área externa do Santuário de São João Batista entre quarta e sábado, permanecendo aberta ao público entre 9 e 17 horas.

Creche parental

Serviço:
Festival Bárbara de Cocais - Cinema e Formação Humana
Data: de 21 a 24 de agosto de 2024 (quarta a sábado)
Locais: Barão de Cocais e Santa Bárbara (MG)
Programação: gratuita
Espaços que integram o festival:
- Santuário de São João Batista (salão paroquial e pátio lateral)
Praça Monsenhor Gerardo Magela, 12, centro - Barão de Cocais
- Cine Rex - Praça Monsenhor Gerardo Magela Pereira, 254, centro - Barão de Cocais
- Cozinha Escola - Rua São Manoel, 326, centro - Barão de Cocais
- Parque Recanto Verde (auditório) - Av. Raimundo Linhares, 430, São Vicente - Santa Bárbara
Informações:
Site: www.barbaradecocais.org ou no Instagram do evento: @barbaradecocais

20 agosto 2024

“O Último Pub”: preconceito, xenofobia e alguma esperança no ar

Longa se passa num vilarejo da Inglaterra preste a desaparecer, que recebe a chegada de imigrantes sírios com seus costumes
(Fotos: Why Not Productions)


Mirtes Helena Scalioni


Brilhante, atento e comprometido com as causas sociais, o diretor britânico Ken Loach entrega ao público mais uma obra que leva à reflexão. Em cartaz no Centro Cultural Unimed Minas-BH e no Cine UNA Belas Artes, “O Último Pub” toca em mais uma ferida atual e dolorida: a xenofobia. 


Depois de obras-primas como “Eu, Daniel Blake” (2016), sobre a perversidade da burocracia, e “Você Não Estava Aqui” (2018), sobre o que alguns chamam de uberização do trabalho, Loach continua certeiro e crítico. Com roteiro bem amarrado e sem firulas de Paul Laverty, a história se passa num vilarejo ao nordeste da Inglaterra, no Condado de Durham.

Praticamente falida e prestes a desaparecer desde que as minas da região deixaram de ser exploradas, a vila se vê diante de uma novidade: a chegada de imigrantes sírios com seus costumes, suas dores e disposição para recomeçar.


Enquanto a presença dos “cabeças de pano” acende preconceitos entre a maioria dos habitantes de Durham, o proprietário do único pub do lugar, T.J Ballantyne, decide atuar na contramão e, após fazer amizade com a jovem síria Yara, se junta a ela num trabalho de assistência aos refugiados. 

A dobradinha entre o velho e a jovem, interpretados na medida por Dave Turner e Ebla Mari, incomoda os moradores na mesma medida em que enternece o espectador.


O título original do filme em inglês é “The Old Oak” – "O Velho Carvalho", em tradução literal, exatamente o nome do pub de T.J Ballantyne. Suas janelas e portas são reabertas para a caridade pública após anos abrigando apenas antigas fotografias e memórias dos áureos tempos de exploração das minas com suas greves e conquistas.

Além da dupla Dave Turner e Elba Mari, destacam-se no elenco Claire Rodgerson, como Laura, que se junta aos dois, e Trevor Fox, como Charlie, o mais falante da turma de amigos que passa os dias tomando litros de cerveja no The Old Oak. 


Outro destaque é a beleza do lugar, com paisagens lindas e bucólicas, com direito a uma visita ao interior da catedral de Durham, em momento de muita emoção. Para quem gosta de animais, é preciso registrar que Ken Loach incluiu uma participação cheia de sensibilidade de Marra, a cachorrinha de Ballantyne.

Como o diretor chegou aos 87 anos, há quem diga que “O Último Pub” seja o derradeiro filme de Ken Loach. Tomara que não. Mas, se for, pode-se dizer, sem medo de errar, que ele encerra sua carreira deixando uma nesga de esperança. “O Último Pub” é, sem dúvida, sua produção mais otimista.


Ficha técnica:
Direção: Ken Loach
Roteiro: Paul Laverty
Produção: Why Not Productions, Sixteen Films, StudioCanal UK
Distribuição: Synapse Distribution
Exibição: sala 2 do Centro Cultural Unimed Minas-BH, sessão às 16h10; e sala 2 do Cine UNA Belas Artes, sessão às 20h30
Duração: 1h53
Classificação: 14 anos
Países: Bélgica, França, Reino Unido
Gênero: drama

19 agosto 2024

"Família", um filme sobre imigração, paternidade e a importância da fraternidade

Produção japonesa que retrata a luta do cidadão por sobrevivência é baseada em fatos reais e tem no elenco o premiado ator Koji Yakusho (Fotos: Sato Company)


Silvana Monteiro


Imigração, laços familiares, construção socioafetiva das relações, culturas brasileira e japonesa, são temas explorados em "Família" ("Famiria"). Dirigido por Izuru Narushima, o filme, lançado em 2023 no Japão, aborda a questão da imigração de brasileiros no Japão, os chamados dekasseguis, que já ultrapassam os 300 mil no país. 

A produção oferece ao público uma narrativa que entrelaça histórias de cidadãos comuns em busca de sobrevivência, seja no país de origem, seja em terras estranhas. O longa está em exibição no Cineart Ponteio, Centro Cultural Unimed Minas-BH e Cine Una Belas Artes.


O protagonista Seiji, vivido por Koji Yakusho, o mesmo de "Dias Perfeitos" (2024), é um solitário ceramista japonês que se vê, inesperadamente, diante de um dilema, quando seu filho, Manabu (Ryô Yoshizawa), retorna ao Japão acompanhado de sua esposa Nadia, uma sobrevivente de guerra. Manabu, que trabalha em uma das regiões mais conflituosas da África, expressa ao pai o desejo de recomeçar a vida em sua terra natal. Porém, Seiji o desencoraja, temendo que seu filho repita seu falido estilo de vida.

A trama ganha novos contornos com a introdução de Marcos, interpretado por Lucas Sagae, um jovem brasileiro que vive em um conjunto habitacional de imigrantes. A conexão entre a vida de Marcos e Seiji se dá de maneira repentina após um incidente. A partir desse encontro, a vida do ceramista começa a se entrelaçar com as de Marcos e sua companheira Erika, criando uma teia de relações que desafiam as barreiras da idade, da cultura e dos laços sanguíneos. 


O filme se aprofunda ainda mais quando Manabu, de volta ao seu trabalho na África, é surpreendido por uma grande tragédia ao tentar enviar ao pai uma importante notícia sobre Nádia, sua esposa. Enquanto isso, no Japão, Marcos enfrenta perseguição, xenofobia e violência que colocam à prova sua resiliência e os laços recém-formados com Seiji. 

O contraste entre as experiências de Manabu e Marcos reforça a ideia de que as adversidades, sejam elas no campo de batalha ou nas ruas de uma cidade estrangeira, são parte de uma mesma luta universal por pertencimento e segurança. O filme mostra que a solidariedade e a fraternidade entre as pessoas podem mudar as situações e dar um novo sentido à vida.


A dedicação de Seiji à sua arte, enquanto espera ansiosamente por notícias de seu filho, reflete a persistência dos laços afetivos, mesmo quando confrontados com a distância e o perigo. O moldar do barro, a fornalha para curar a cerâmica e o acolhimento ao outro, são trazidos no filme de uma forma muito sensível para falar das conexões socioafetivas construídas entre aqueles que não compartilham o mesmo sangue. 

O envolvimento de Seiji com os jovens brasileiros e sua decisão de tomar medidas arriscadas para ajudá-los e também para tentar salvar o filho e a nora, demonstra uma evolução em seu personagem, que passa de um homem fechado em seu próprio mundo para alguém disposto a abrir sua vida a novas atitudes e conexões. 

"Família" não é apenas um filme sobre imigração ou paternidade. É uma obra que nos lembra de que os laços humanos mais profundos são forjados não apenas pelo sangue, mas pelas experiências compartilhadas, pela empatia, pela coragem e pela união. 


Com um elenco estelar, que inclui Koji Yakusho, Ryo Yoshizawa e Miyavi, além de talentosos atores brasileiros como Lucas Sagae, Alan Shimada e Fadile Waked, o filme traz uma sensibilidade rara ao retratar a comunidade brasileira no Japão (os dekasseguis), enquanto faz ecoar a universalidade de seus temas. 

O ponto fraco são as intervenções de fatos ocorridos com outros personagens que são dispensáveis, impedindo assim que a história ganhasse mais liga na relação entre o protagonista e os principais coadjuvantes. 

Distribuído pela Sato Company, a produção é uma adaptação do roteiro original de Kiyotaka Inaga, baseado em fatos reais, e já conquistou o prestigiado Kinema Junpo Awards na categoria de melhor ator, destacando ainda mais o talento de Koji Yakusho. Destaque para a trilha sonora que vai do pop asiático ao pagode brasileiro.  A fotografia também tem contornos marcantes, principalmente nas cenas que remetem ao continente africano e aos detalhes na olaria.


Ficha técnica
Direção: Izuru Narushima
Roteiro: Kiyotaka Inagaki
Produção: Kino Films
Distribuição: Sato Company
Exibição: Cineart Ponteio, sessões às 16h30 e 21 horas; sala 2 do Centro Cultural Unimed Minas-BH, sessão 18h15; sala 1 do Cine Una Belas Artes, sessões às 16 e 20 horas
Duração: 2h01
Classificação: 16 anos
País: Japão
Gênero: drama

15 agosto 2024

"Meu Filho, Nosso Mundo" aborda com sensibilidade a experiência de criar um autista

Bobby Cannavale e o jovem William A. Fitzgerald interpretam pai e filho nesta comédia dramática bem atual (Fotos: Diamond Filmes)


Maristela Bretas


Um protagonista infantil autista e as experiências de alguns dos envolvidos na produção com os filhos portadores de autismo fazem de "Meu Filho, Nosso Mundo" ("Ezra") um longa sensível e envolvente, que merece ser assistido. 

O drama, que estreia nesta quinta-feira (15) nos cinemas, mostra o comportamento de Ezra (William A. Fitzgerald) e como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) interfere no casamento dos pais e na relação do menino com as pessoas. 


Na trama, o comediante Max Bernal (Bobby Cannavale) é um homem explosivo, mas um pai carinhoso de um garoto de 11 anos diagnosticado com autismo. Ele não aceita que o filho necessita de uma atenção especial e seu comportamento é um dos motivos do fim do casamento com Jenna (Rose Byrne), em ótima atuação como a mãe de Ezra.

Bobby Cannavale também está muito bem no papel de Max, um comediante sarcástico que usa o humor como uma ferramenta para lidar com as dificuldades da vida. Acumula fracassos profissionais e ainda precisa morar com o pai, Stan, papel de Robert De Niro, com quem tem um relacionamento muito difícil. A ausência paterna na infância o leva a cometer erros semelhantes com o filho.


Criando confusão por onde passa, Max se supera ao levar o filho, sem a permissão da mãe, para uma viagem de carro a dois. Atravessando o país, ele vai tentar criar uma conexão com o mundo da criança e, ao mesmo tempo, superar seus próprios traumas e fracassos. A jornada pode significar uma virada na vida de toda a família.

O diretor de "Meu Filho, Nosso Mundo" mexe com a sensibilidade do público ao abordar uma situação que somente quem convive diariamente com o portador de TEA conhece. É difícil, mas possível. O roteiro bem conduzido de Tony Spiridakis, a produção de William Horberg, e a atuação de De Niro, todos pais de jovens com autismo, provam isto. 


Sem contar que William A. Fitzgerald é uma criança autista na vida real. O ator mirim é a alma do filme e entrega uma ótima interpretação, dando autenticidade e profundidade ao tema do ponto de vista de uma pessoa com TEA.

 Ele sofre bullying nas escolas, tem dificuldade de convívio e usa, às vezes, gestos e expressões para se comunicar no lugar de palavras. Tem alergias, prazeres e tristezas.


Robert De Niro nem precisa falar, sempre excelente. E num papel que o deixa à vontade para colocar uma situação que ele vive há 26 anos com o filho Elliot. Seu personagem é complexo e cheio de nuances. Se com Max as brigas são frequentes, com o neto a situação muda por completo. Stan sabe que Ezra tem dificuldades, não aceita que o tratem como especial, mas consegue a conexão tão desejada pelo filho.

Além do quarteto principal, o filme também conta com os atores Rainn Wilson, Whoopi Goldberg, Vera Farmiga e Tony Goldwyn ("Ghost - Do Outro Lado da Vida" - 1990), que também é o diretor. 


"Meu Filho, Nosso Mundo" aborda a importância da aceitação e da inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista na sociedade e nas relações familiares. 

O roteirista soube dar o recado ao tratar um tema tão difícil, hora com acidez nas falas de Max, hora nos desabafos de Stan com o filho e até mesmo nas reações de Ezra ao mundo externo. Um filme que toca o coração pela sensibilidade. Vale a pena conferir.

Curiosidade

Em 1979, Gleen Jordan dirigiu o filme "Meu Filho, Meu Mundo" ("Son-Rise: A Miracle of Love"), que conta a história da primeira criança autista tratada com o programa Son-Rise. O método foi criado por leigos e pais de autistas e é aplicado até hoje. Clique aqui para assistir o longa.


Ficha técnica:
Direção: Tony Goldwyn
Roteiro: Tony Spiridakis
Produção: Wonderful Films
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, comédia

14 agosto 2024

Lapinha da Serra recebe 2º Cine Lapinhô com programação gratuita e diversidade cultural



Da Redação


Com 40 filmes e vasta programação artística gratuita, o município de Lapinha da Serra, na Serra do Cipó, recebe de hoje a domingo (18) a segunda edição do 2º Cine Lapinhô, que acontece na Praça da Igreja e na Casa Pirilampo. 

Com o tema "Quando os Mundos se Encontram", o Cine Lapinhô explora encontros entre diferentes culturas, tempos, realidades e ideias, abrindo espaço para novos mundos possíveis. A programação pode ser conferida no site https://cinelapinho.com.br/.

Chef Jack - O Cozinheiro Aventureiro (Guilherme Fiúza Zenha)

A abertura oficial será nesta quarta-feira (14), às 19 horas, na Praça da Igreja, com a exibição do longa-metragem de animação "Chef Jack - O Cozinheiro Aventureiro", dirigido por Guilherme Fiúza Zenha, um dos homenageados deste ano. Após a sessão haverá um bate-papo com o produtor Luiz Fernando de Alencar e Júlia Nogueira, que trabalhou em parceria com Zenha na elaboração de projetos audiovisuais.

Além de Guilherme Fiúza, o festival homenageia, no dia 16, o instrumentista, cantor, compositor e ator Maurício Tizumba com a exibição do filme "Pequenas Histórias", dirigido por Helvécio Ratton. Nele o multiartista dá vida ao personagem Tibúrcio, um pescador que se casa com Iara, a mãe d'água.

Amei Te Ver (Ricardo Garcia)

O ator Paulo César Pereio, assim como Guilherme Fiúza Zenha, também receberá homenagem póstuma (ambos morreram em 2024). No dia 17 será exibido o curta-metragem "Mi Buenos Aires Querido", gravado durante uma viagem do ator e sua filha, Lara Velho, à capital argentina. O ator será representado por seu filho, João Velho, que compartilhará memórias e histórias do pai.

Viagens para o interior Vila do Cocal - Josué Castilho dos Santos

O público poderá assistir a 38 curtas-metragens, sendo dois convidados e 36 selecionados por meio de um edital que recebeu 517 inscrições de todo o Brasil. E participar de oficinas, bate-papos com convidados e de diversas atrações artísticas para toda a família. Serão quatro apresentações musicais, entre elas DJ Thiagão, Samba de Senzala com Filipe do Mundo e Simone Lucy, e Trio Lapinhô com Coroné e o Batuque de Lapinha.

O evento terá também apresentações circenses, oficinas brincantes para crianças e o circuito gastronômico 2º Cine Gastrô. O evento irá premiar os filmes de melhor animação, melhor ficção, melhor documentário e melhor híbrido, que serão indicados por júri especialista convidado.


Serviço
2º Cine Lapinhô
Data: 14 a 18 de agosto:
Local: Praça da Igreja - Lapinha da Serra - Serra do Cipó/MG
Entrada: gratuita
Informações: https://cinelapinho.com.br/