Moreno, ex-jogador do Atlético Mineiro na década de 1950 e avô do Bernardo Franco (Fotos: Bernardo Silveira/Divulgação |
Maristela Bretas
Um filme sobre lembranças, futebol, grandes momentos e família. Este é o curta-metragem "Meu Avô: Campeão do Gelo" que terá exibição especial nesta terça-feira (24) no Cine Santa Tereza, às 19 horas. Produzido, dirigido e roteirizado por Bernardo Silvino e Bernardo Franco, o filme apresenta um pouco da vida do Moreno, ex-jogador do Clube Atlético Mineiro na década de 1950 e avô do Bernardo Franco.
O documentário "Meu Avô: Campeão do Gelo", segundo seus produtores, é mais que um filme sobre futebol. "Nós procuramos falar de um homem, seus erros e acertos e pensando muito que todos nós somos luz e sombra. Foi um processo bem rico e cheio de medo e incertezas. Sem verba e só nós dois na linha de frente", explica Silvino.
O filme reconstrói a trajetória de Jacinto Franco do Amaral,
o Moreno, ex-jogador do Clube Atlético Mineiro (CAM) e um dos craques a
participar da mais afetuosa das conquistas do Galo, que, na década de 1950,
sagrou-se o primeiro plantel brasileiro a lutar – e vencer – nos gélidos
gramados europeus. Enquanto o neto Bernardo se (re)descobre, ao desvendar e
abraçar o ídolo, o homem, o avô, atleticanos de todas as idades reconectam-se,
frame a frame, às glórias alvinegras, ao ver e ouvir a grandiosa singeleza do
relato de amores e amigos de Jacinto.
Conversei com os dois Bernardo sobre a produção do curta-metragem e a história do avô de Franco. E é o neto de Moreno quem fala sobre a ideia de contar esta história em forma de curta-metragem. "O cinema é uma paixão há muito tempo, esse laço se estreitou quando conheci o Bernardo Silvino que já atuava na área, e contava com alguns curtas na carreira, que eu muito admirava. A figura de meu avô sempre foi uma parte misteriosa da minha vida. Claro, que crescemos escutando que "éramos campeões do Gelo". Nossa família está no hino do Galo, dizia meu pai. Essa história floresceu e cresci apaixonado pelo Galo com um legado na cabeça."
"Acontece que tive contato com meu avô somente até meus 4 para 5 anos, o homem que eu conheci usava uma cadeira de rodas, tinha uma perna só, depois nenhuma. Eu ficava tentando imaginar como essa figura outrora teria sido um jogador de futebol, que como diz a medalha guardada há anos na família dizia: honrou o Brasil nos campos da Europa. Ao me aproximar do cinema, quis me aprofundar nessa história, saber quem foi meu avô, como ser humano antes de qualquer coisa. E o filme me fez próximo dele de uma maneira que não fui em vida. Eu queria saber qual história ele escondia, e trabalhar a dualidade de toda uma existência. Meu avô foi vilão e herói de sua própria história, mas sempre protagonista, e acho que isso fica claro em nossa narrativa. Sinto como se o filme fosse algo que eu teria de fazer, cedo ou tarde", afirmou Bernardo Franco.
Ele conta que procurou Bernardo Silvino com a ideia em mãos em dezembro de 2023 e fomos amadurecendo a ideia e que rapidamente foi colocada em prática. Foram cerca de 8 a 9 meses para a produção. Sobre o levantamento de verba, eles tiveram sérias dificuldades e ainda continuam procurando patrocinadores. Por enquanto, a dupla está bancando todo o projeto, "com muito esforço, na "raça" mesmo".
Silvino explicou que a pré-produção e a produção foram etapas feitas a quatro mãos: dele e do amigo. Para a pós-produção eles contaram com parceiros de outros projetos que elevou o nível do filme. Matheus Fleming, mais uma vez, topou participar com as suas composições. Bernardo Silveira (o terceiro da equipe) fez o projeto gráfico e o cartaz, enquanto a mixagem e a finalização de som ainda com o trabalho de Thácio Palanca.
Para a filmagem e fotografia, os equipamentos usados, também da dupla, foram uma antiga Blackmagic Production Camera. "Para as entrevistas usamos uma Rokinon Cine 35mm. Para a gravação na arena MRV usamos uma Canon 55-250mm que é uma lente super barata. Foi um desses "acidentes felizes" porque esta lente foi imprescindível para o material que conseguimos no estádio. O processo de color grading é um capítulo à parte. Ele foi feito da maneira mais incomum possível. Mas o resultado chegou e isso foi fascinante", explica Silvino com satisfação.
Já as locações foram pensadas para que os entrevistados ficassem sempre à vontade e os produtores conseguissem maior naturalidade deles. "Todos gravaram em suas casas, com exceção do Vavá, ex-jogador do Atlético, que foi entrevistado na sede de Lourdes. E tivemos um grande desafio que era a gravação na Arena MRV que já sabíamos que seria o fechamento do filme. As fotografias são do arquivo da família do Bernardo Franco. Como já existe um filme oficial do clube sobre o Campeonato do Gelo e com imagens raríssimas de arquivos, nós tomamos a decisão de trabalhar somente com as fotos de família e deixar a história oficial e mais institucional para esse filme do centro de memória do clube", concluiu Silvino.
O próximo passo dos produtores agora será a participação no circuito de festivais do cinema brasileiro. Franco espera rodar com o curta-metragem por cidades do interior de Minas e do Brasil, e não esconde a ambição de exibir "Meu Avô: Campeão do Gelo" em Betim, na Região Metropolitana de BH, que é a cidade de seu avô e em alguma cidade da Europa onde ele tenha jogado.
"Meu Avô: Campeão do Gelo"
Direção, roteiro e produção: Bernardo Silvino e Bernardo Franco
Distribuição: Coragem Filmes
Exibição: sessão no Cine Santa Tereza
Data: 24 de setembro (terça-feira)
Horário: 19 horas
Classificação: Livre
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