14 outubro 2024

Cine Humberto Mauro apresenta, de graça, mostra “Pequenos Grandes Protagonistas” de cinema infantil

Sessões acontecem sempre à tarde exibindo obras como “As Crônicas de Nárnia”, “Harry Potter” e
"O Menino Maluquinho" (Fotos: Divulgação)


Da Redação


Celebrando o Mês das Crianças, o Cine Humberto Mauro apresenta até o dia 22 de outubro a mostra “Pequenos Grandes Protagonistas”, com longas-metragens feitos entre os anos 1930 e 2010, que serão exibidos em sessões gratuitas. 

A programação traz uma seleção especial de filmes que abordam o mundo sob a perspectiva infantil, retratando a curiosidade, a fantasia e os desafios próprios da juventude. Grande parte dos longas será dublada em português e a retirada de ingressos deverá ser feita a partir de meia hora antes do evento.

"Harry Potter e a Pedra Filosofal" (Chris Columbus)

Os espectadores poderão conferir uma seleção diversificada de obras clássicas e nostálgicas voltados para o público infantil e familiar como “Os Goonies” (1985), "Conta Comigo" (1986), “O Jardim Secreto” (1993), "A Princesinha" (1996), além de “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (2001), que promete encantar as novas gerações. 

Outros sucessos como “Crooklyn – Uma Família de Pernas pro Ar” (1994), “Matilda” (1996), “As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” (2005) e "Indomável Sonhadora" (2012) complementam a lista.

Serão apresentados ainda filmes que já se tornaram parte do imaginário coletivo, com produções brasileiras como “O Menino no Espelho” (2014), em homenagem ao cineasta mineiro Guilherme Fiúza Zenha, e “O Menino Maluquinho” (1995), celebrando a obra de Ziraldo.

"As Crônicas de Nárnia" (Walt Disney Pictures)

Foco nas narrativas infantis

A mostra “Pequenos Grandes Protagonistas” busca valorizar as narrativas infantis. As sessões são uma oportunidade para as novas gerações conhecerem esses clássicos do cinema e, ao mesmo tempo, uma chance para os adultos reviverem momentos inesquecíveis da infância. “Essa seleção traz um conjunto de filmes que vai gerar muita identificação nos espectadores, tanto no público infantojuvenil, que vai se ver ali retratado nas telas, como também em nós adultos, que já vivemos aqueles momentos. A gente passou por aquelas questões que os personagens estão passando, e hoje podemos assisti-las com uma certa distância", explica Vitor Miranda, gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado e programador da mostra.

Ainda segundo Vitor Miranda, são filmes que têm uma abordagem de público muito ampla, especialmente através das sessões dubladas. "É uma seleção que traz um pouco da nostalgia da Sessão da Tarde, mas que também joga foco nos cinemas brasileiro e mineiro, com obras como 'O Menino Maluquinho' e 'O Menino no Espelho", afirmou.

"O Menino Maluquinho" (Helvécio Ratton)

PROGRAMAÇÃO

15/10 TER
16h - Harry Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter and the Sorcerer’s Stone, Chris Columbus, Reino Unido, EUA, 2001) | Livre | 2h32 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.
19h - CURTA CIRCUITO | Preparação-1 (Letícia Parente, Brasil, 1975) | Livre |3min.
Feminino Plural (Vera Figueiredo, Brasil, 1976) | 14 anos | 1h20

16/10 QUA
14h - O Jardim Secreto (The Secret Garden, Agnieszka Holland, EUA, 1993) | Livre | 1h41 | Filme exibido dublado em português.
16h - A Princesinha (A Little Princess, Alfonso Cuarón, EUA, 1995) | Livre | 1h37 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.
18h30 - As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe, Andrew Adamson, EUA - Reino Unido, 2005) | 10 anos | 2h30 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.

17/10 QUI
16h - Menino Maluquinho: O Filme (Helvécio Ratton, Brasil, 1995) | Livre | 1h23
18h - O Menino e o Mundo (Alê Abreu, Brasil, 2013) | Livre | 1h16
19h30 - O Menino no Espelho (Guilherme Fiúza Zenha, Brasil, 2014) | Livre | 1h18

18/10 SEX
13h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
15h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
17h30 - O Gigante de Ferro (The Iron Giant, Brad Bird, EUA, República Tcheca, Reino Unido, 1999) | Livre | 1h26 | Dublado em português.

"O Menino no Espelho" (Guilherme Fiúza)

19/10 SÁB
13h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
15h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
17h30 - Conta Comigo (Stand by Me, Rob Reiner, EUA, 1986) | Livre | 1h30 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.
19h15 - Os Goonies (The Goonies, Richard Donner, EUA, 1985) | Livre | 1h54 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.

20/10 DOM
14h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
15h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
18h - Matilda (Danny DeVito, EUA, 1996) | 10 anos | 1h38 | Filme exibido dublado em português.
20h - LANÇAMENTO: Travessia e Devoção (Lucas Lara, Brasil, 2024) | Livre | 1h

22/10 TER
16h30 - Crooklyn - Uma Família de Pernas pro Ar (Crooklyn, Spike Lee, EUA, 1994) | 14 anos | 1h55 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.
19h - Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild, Benh Zeitlin, EUA, 2012) | 10 anos | 1h33 | Filme exibido no idioma original com legendas em português

"Os Goonies" (Richard Donner)

Serviço:
Mostra “Pequenos Grandes Protagonistas”
Data: até 22/10
Horários: Diversos
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes - Avenida Afonso Pena, 1537, Centro
Classificação indicativa: Variada conforme a programação
Entrada: gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes do início das sessões

11 outubro 2024

"Tempestade Ácida" entrega abordagem superficial sobre crise climática

Uma família tenta se unir para escapar de uma chuva tóxica que está destruindo cidades na França e matando pessoas e animais (Fotos: Laurent Thurin)


Maristela Bretas


O longa francês "Tempestade Ácida" ("Acide"), de 2023, apresenta uma proposta promissora: explorar os impactos devastadores da crise climática em uma família comum. No entanto, a execução deixa a desejar. O enredo, fragmentado e repleto de incoerências, prejudica o envolvimento do espectador com a obra. 

A caracterização dos personagens é superficial, e suas reações diante da catástrofe soam infantis e pouco realistas. Além disso, a abordagem da crise climática é superficial, perdendo a oportunidade de promover uma reflexão mais profunda sobre o tema. 


Dirigido por Just Philippot, o filme começa de forma confusa e, entra, gradualmente na questão ambiental, a partir de uma forte onda de calor que atinge a França e outros países. A primeira a chamar a atenção para o problema é a mimada e rebelde Selma (Patience Muncehnbach), cujos pais estão divorciados. É ela quem tenta alertar a família para os riscos de uma chuva ácida que pode atingir sua cidade e o restante do país.

O pai Michal (Guillaume Canet, de “O Homem Que Elas Amavam Demais” - 2015) e a mãe da jovem, Elise (Laetitia Dosch) só se convencem de que as nuvens, mais escuras que o normal, estão trazendo uma chuva fatal quando esta começa a cair, provocando ferimentos e mortes de pessoas e animais. Inicia-se, então uma fuga da população para se proteger do líquido ácido.


Entre uma chuvarada e outra, "Tempestade Ácida" avança, com alguns efeitos especiais medianos e uma sucessão de decisões erradas da família que chegam a irritar o espectador. A filha dá chiliques e os pais passam a mão na cabeça dela, enquanto as opções de sobrevivência vão ficando cada vez mais escassas. 

Comparado a outros filmes do gênero catástrofe, como "Tempestade: Planeta em Fúria" (2017) ou "No Olho do Tornado" (2014), cujas histórias são clichês mas conseguem entreter, o longa de Just Philippot não apresenta elementos que aumentariam seu impacto e até desviariam a atenção do enredo fraco. 

Faltam grandes efeitos especiais e uma trilha sonora marcante. Até mesmo a questão da ética das pessoas nas tentativas de sobrevivência é mal explorada. Um bom exemplo de uma abordagem mais profunda do tema é o recente "Sobreviventes - Depois do Terremoto" (2024).


A ambientação ocorre principalmente no campo, com imagens mais escuras que reforçam o tempo fechado provocado pelas tempestades. Mais uma incoerência, uma vez que a chuva ácida (que ninguém explica porque se tornou assim) atravessa paredes. 

As pessoas também não podem consumir a água, especialmente a dos rios, que está contaminada, mas fogem para áreas alagadas. Semelhante ao que ocorre em alguns filmes de terror em que as pessoas entram numa casa mal-assombrada com as luzes todas apagadas.

Apesar dos pontos negativos, "Tempestade Ácida" foi produzido com práticas sustentáveis, o que rendeu reconhecimento com o Prix Ecoprod no Festival de Cannes. A equipe reduziu o uso de combustíveis fósseis e implementou soluções ecológicas para mobilidade e consumo de energia. 


Mas mesmo com propostas ecologicamente corretas e a boa intenção do diretor de abordar a destruição gradual do planeta, "Tempestade Ácida" deixa a desejar e entrega uma trama fraca do início ao fim. Nem o esforço do elenco, que conta com nomes de talento, consegue salvar. 

A produção é uma das 400 disponíveis do catálogo do streaming Adrenalina Pura, especializado nos gêneros ação, catástrofe, terror e suspense. Ela pode ser acessada pelos aplicativos Prime Vídeo, Apple TV e Claro TV+. ou no site www.adrenalinapura.com.


Ficha técnica
Direção: Just Philippot
Produção: Pathé Films, France 3 Cinéma, Bonne Pioche Cinéma
Exibição: Disponível no Prime Vídeo, Apple TV e Claro TV+ no site www.adrenalinapura.com
Duração: 1h40
Classificação: 16 anos
País: França
Gênero: drama

10 outubro 2024

“Inverno em Paris” aborda a busca adolescente por si em meio às dores da vida

Paul Kircher vive o jovem em busca de sua identidade (Fotos: Jean Louis Fernandez)


Eduardo Jr.


Juliette Binoche e Paul Kircher são os protagonistas de “Inverno em Paris” ("Le Lycéen"), longa que estreia nesta quinta-feira (10) nos cinemas, sob a direção de Christophe Honoré. Com distribuição da Pandora Filmes, a obra mostra o chacoalhar na vida de um jovem de 17 anos após a morte do pai.

Ao receber, no colégio interno, a notícia de que o pai sofreu um acidente, o jovem Lucas (Paul Kircher), de 17 anos, volta para casa, e antes que sua mãe Isabelle (Juliette Binoche) possa contar, ele descobre que o pai está morto.


Apesar de Lucas estar se envolvendo com um amigo da escola, a busca por identidade vai além durante o luto. É quando começa a viagem do jovem por seus sentimentos. Aquilo que antes era certeza, desmorona, e emergem dali revolta, doçura, posturas autodestrutivas e sentimentos caóticos.

As verdades duras que o adolescente lança e também recebe, a dúvida sobre viver no interior com a mãe viúva ou com o irmão mais velho que está conquistando a independência em Paris e as desilusões que precisam ser superadas se desenrolam na tela. E talvez justifiquem o comportamento do protagonista (que pode ser recebido com pena ou raiva, dependendo da percepção do espectador).


Seria uma leitura muito particular, mas a direção de Honoré é inteligente ao colocar mãe e irmão como apoio para Lucas, mas sem centralizem a trama. Nos deixa assim a ideia de que o autoconhecimento é uma tarefa solitária, que somos responsáveis por nossas escolhas.

Pode-se dizer que o resultado é coerência: tema e atuações demandam observação do espectador, convidam o público a analisar, sentir e interpretar. Tarefa que deixa de ser complexa se pensarmos que relações familiares, maturidade e entendimento dos próprios sentimentos são pautas comuns a todos nós.

Indicado a três categorias no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián (2022), o longa, nas palavras do diretor é, “antes de tudo, uma história de amor”.


Ficha Técnica
Direção e roteiro: Christophe Honoré
Produção: France 2 Cinéma, Les Films Pelléas
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: sala 1 do UNA Cine Belas Artes e sala 2 do Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 2h03
Classificação: 18 anos
País: França
Gênero: drama

09 outubro 2024

"Robô Selvagem", uma animação comovente e forte candidata ao Oscar

Roz é uma máquina que terá que se reprogramar para conseguir sobreviver ao novo mundo e seus habitantes (Fotos: DreamWorks Animation)


Maristela Bretas


Lindo, comovente, cheio de aventuras e capaz de derreter muitos corações. Este é "Robô Selvagem" ("The Wild Robot"), animação que estreia nesta quinta-feira (10), nos cinemas e promete encantar crianças e adultos ao abordar temas universais como família, aceitação das diferenças e a importância da amizade.

A história reúne natureza e tecnologia num mesmo espaço e gira em torno da robô Roz (voz de Lupita Nyong'o, de "Nós" - 2019 e dublagem de Elina de Souza em português). Ela cai em uma ilha isolada e ao abrir os olhos pela primeira vez não tem a menor ideia de como foi parar ali.


Para sobreviver à vida selvagem, Roz precisará se reprogramar para o novo ambiente e conquistar a confiança dos habitantes locais, alguns até bem ferozes. Uma tarefa que se torna ainda mais complexa quando um acidente a transforma em "mãe" adotiva de um filhote de ganso, batizado de Bico Vivo (vozes de Boone Storme quando bebê e do ator mirim Vicente Alvite; quando adulto, Kit Connor e Gabriel Leone, de "Eduardo e Mônica" - 2022).

"Robô Selvagem" é baseado no best-seller infantojuvenil homônimo de 2016, do escritor e ilustrador Peter Brown, que originou duas sequências literárias - "The Wild Robot Escapes" (2017) e "The Wild Robot Protects" (2023). Ainda sem tradução no Brasil, as duas obras também se tornaram sucesso e ganhadoras de prêmios literários.


A narrativa é rica em metáforas sobre o amadurecimento e a construção de laços. Rozzum 7134, chamada de Roz, é uma robô, inicialmente vista como uma estranha, reflete a jornada de qualquer indivíduo que busca ser aceito em um novo ambiente. A direção e o roteiro são de Chris Sanders, três vezes indicado ao Oscar e responsável pela franquia "Como Treinar Seu Dragão" (2010 a 2019), também da DreamWorks Animation.

A relação que se desenvolve entre ela, o pequeno Bico-Vivo e a raposa Astuto (dublagens de Pedro Pascal, das séries "The Last of Us" - 2023 - e "The Mandalorian" - 2019 a 2023; e Rodrigo Lombardi) traz à tona a beleza da diversidade. Mostrando que a união entre diferentes espécies – e, por extensão, diferentes indivíduos – pode resultar em uma verdadeira família.


Visualmente, "Robô Selvagem" é um deleite. A animação apresenta um estilo vibrante e cativante, com cores vivas que tornam a ilha um lugar mágico, onde cada canto parece pulsar com vida. A trilha sonora, cuidadosamente escolhida, complementa a experiência, realçando os momentos de tensão e alegria.

A obra traz lições sobre aceitação e amor familiar abordadas de maneira sensível, que nos fazem rir e chorar. Inicialmente, Roz age como um robô de serviços gerais, mas ao longo da trama, a emoção vai ocupando lugar na programação automatizada, quase como se ele tivesse um coração de verdade.

A química entre os protagonistas é um dos pontos altos do filme. A dinâmica entre Roz, Bico-Vivo e Astuto traz humor e emoção, tornando a jornada deles não apenas uma busca por aceitação, mas também uma celebração das diferenças que nos tornam únicos.


No elenco de dubladores estão também outros nomes conhecidos do cinema: Catherine O'Hara ("Os Fantasmas Ainda Se Divertem - Beatlejuice, Beatlejuice" - 2024), como a gambá Pinktail; Bill Nighy ("A Livraria" - 2018) no papel do ganso Longneck; Mark Hamill (franquia "Star Wars" - 1977 a 2019 e "O Menino e a Garça"), como Thorn; Stephanie Hsu ("Tudo em Todo o Lugar ao mesmo Tempo" - 2022, e "O Dublê" - 2024), dando voz à robô Vontra; Ving Rhames (franquia "Missão: Impossível" - 1996 a 2025), e Matt Berry ("O Que Fazemos nas Sombras" (2014) e a franquia Bob Esponja).

A DreamWorks acertou em tudo. "Robô Selvagem" é uma animação encantadora que consegue transmitir mensagens valiosas e deixar a sensação de quero mais. É uma experiência que vale a pena ser vivida no cinema, especialmente por famílias que buscam um filme que reúne diversão e reflexões profundas. E não se esqueça de levar o lencinho!


Ficha técnica
Direção e roteiro: Chris Sanders
Produção: DreamWorks Animation, Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, aventura, família, infantil

07 outubro 2024

"Até o Limite", com Mel Gibson, ganha segunda chance no Adrenalina Pura

Canal de streaming adicionou o filme de 2022 a seu catálogo de mais de 400 longas (Fotos: Divulgação)


Eduardo Jr.


O longa "Até o Limite" (2022) do diretor Romuald Boulanger, reaparece para o público brasileiro. Especializado em filmes de ação, suspense e terror, o canal de streaming Adrenalina Pura adiciona ao seu catálogo de mais de 400 filmes a obra protagonizada por Mel Gibson. 

Ele vive Elvis Cooney, um apresentador de rádio que recebe, ao vivo, a ligação de um desconhecido que ameaça matar sua família. Para salvar a esposa e a filha, será preciso entra no jogo do agressor e sobreviver. 


A princípio, a música tira o filme do lugar de suspense - e até demora a chegar nesse ponto. O texto e a interpretação trazem um quê teatral. Talvez pelo fato de muitos de nós estarmos acostumados a ver Mel Gibson dublado na franquia "Máquina Mortífera", e não modulando uma voz grave em uma rádio.

Exceto pela presença de Gibson, o restante do elenco é pouco conhecido: William Moseley, Kevin Dillon, John Robinson, Nadia Farès, entre outros.


Apesar dessas críticas, em meia hora de exibição, o espectador já quer saber quem é o agressor e a motivação dele. As cenas seguintes trazem jogos sádicos, bomba, a revelação da identidade do agressor e mais tensão. 

O longa guarda uma sequência de plot twist's. Mas definir o resultado como satisfatório, aí são outros quinhentos. Para conferir, basta acessar o streaming, que disponibiliza seu catálogo nos canais Prime Video, Apple TV e Claro TV+. 

O canal liberou também filmes que não são fáceis de serem encontrados por aí, como o policial "As Duas Faces da Lei" (2008) com Robert De Niro e Al Pacino, e o suspense norueguês "Mar em Chamas" (2021). A assinatura custa R$ 14,90, e pode ser feita pelo site https://www.adrenalinapura.com


Ficha Técnica:Direção e roteiro: Romuald Boulanger
Exibição: Canal Adrenalina Pura, Prime Video Channels, Apple TV e Claro TV+
Duração: 1h44
Classificação: 14 anos
País: EUA
Ano: 2022
Gênero: suspense

03 outubro 2024

"Coringa: Delírio a Dois" cria uma jornada tediosa e sem propósito

Joaquin Phoenix e Lady Gaga protagonizam novo filme que explora o gênero musical (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Marcos Tadeu
Jornalista de Cinema


Joaquin Phoenix volta a protagonizar o famoso vilão inimigo do Batman, desta vez ao lado de Lady Gaga em "Coringa: Delírio a Dois" ("Joker : Folie à Deux"), que estreia oficialmente nesta quinta-feira (3) nos cinemas. Com Todd Phillips novamente na direção, o filme foi aplaudido no Festival de Veneza deste ano por 11 minutos e tem sido ovacionado pela crítica mundial.

Nesta continuação, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) está preso no hospital psiquiátrico de Arkham após os eventos de "Coringa" (2016). Lá, ele conhece Harleen "Lee" Quinzel (Lady Gaga), e o que começa como curiosidade se transforma em uma paixão obsessiva. Juntos embarcam em uma jornada frenética e musical pelo submundo de Gotham City. 


O filme foca no julgamento dos assassinatos cometidos pelo Coringa no primeiro filme, que provoca ondas de impacto em toda a cidade, afetando ainda mais as mentes perturbadas da dupla. Mas a impressão que fica da produção é de que sai do nada para lugar nenhum.

Todd Phillips declarou que este filme é um musical, especialmente com a adição de Lady Gaga, que lançou seu mais novo álbum baseado na produção. Mas a música, que poderia ser um diferencial atraente, se torna uma tortura até para quem gosta deste gênero de filme. O diretor usa e abusa do recurso de forma desconexa. Pode até soar como uma escolha artística, mas o excesso é questionável.

Joaquin Phoenix, como esperado, está excelente no papel e talvez até ganhe mais um Oscar por repetir o personagem. Contudo, a questão social do alter ego de Coringa e de Arthur Fleck não é bem desenvolvida. O filme não define quem são realmente essas pessoas durante a exibição. Se a intenção do diretor era provocar esta dúvida no espectador, ele conseguiu.


Lady Gaga, vendida nos trailers como uma "maluca" que se junta ao Coringa para cometer novos crimes, é tratada de forma superficial. Sua personagem, Lee, não é bem construída e suas motivações não são claras. Vemos uma Lady Gaga em uma excelente atuação, mas a maior parte da obra foi feita com a cara limpa e cantando, tudo o que já sabe fazer.

Faltaram roteiro e propósito para que a produção ganhasse camadas e fizesse o público acreditar no nascimento de Arlequina. Neste ponto, a personagem interpretada por Margot Robbie em "Aves de Rapina" (2020) é mais consciente e tem presença mais marcante como atriz.


As músicas são, em sua maioria, bem compostas, dominadas pelo jazz. No entanto, o ritmo frenético de cantar quase o tempo acaba ficando entediante para quem assiste. Existem poucos momentos de diálogo para dar corpo ao roteiro, mas nem isso o diretor se permite. 

A musicista islandesa Hildur Guđnadóttir retorna com sua trilha sonora e design de som, utilizando violoncelos de maneira potente, contornando as músicas compostas por Gaga. A nostalgia de Bathroom Dance continua presente, servindo como apoio sonoro não só para Fleck, mas também para Lee.

Parece que Todd Phillips se escondeu atrás de Gaga e Phoenix, colocando-os para cantar sem justificar a quase incessante presença de músicas. Sabemos que, assim como no primeiro filme, muito do que acontece vem da imaginação louca e questionável de Arthur Fleck. Contudo, pautar tudo isso num musical constante parece uma saída covarde.


O filme não consegue apresentar uma visão externa mostrando as consequências de Coringa se tornar quase um mártir. A continuação também não expande o universo nem tenta explicar lacunas do primeiro filme. A questão da saúde mental e um Estado que não se importa com os marginalizados, assim como as opiniões a favor e contra a figura do Coringa, são rasas e superficiais. A violência policial com os detentos, por exemplo, é apresentada, mas apenas de forma superficial.

Até elementos usados no primeiro "Coringa", como a escada e o elevador, só estão ali para agora colocar do ponto de vista de Arlequina. Não quer dizer que exista um roteiro ali. O elenco conta ainda com nomes conhecidos no cinema como Catherine Keener ("Corra" - 2017), Brendan Gleeson ("Os Banshees de Inisherin" - 2023), Steve Coogan (voz de Silas de Ramsbottom, em "Meu Malvado Favorito 4" - 2024), Zazie Beetz ("Trem-Bala" - 2022), entre outros.


Se no primeiro filme somos guiados por um ritmo ágil e uma montagem envolvente, aqui a sensação é oposta. O ritmo é lento e tedioso, muitas questões repetem uma forma, sem trazer frescor. A fotografia, mais detalhista e polida que a do primeiro filme, ainda utiliza filtros laranja e verde, cores dominantes criadas por Lawrence Sher, o diretor de fotografia.

"Coringa: Delírio a Dois" se resume a uma sequência cansativa e tediosa, que nem Lady Gaga consegue salvar. É uma obra sem propósito que, sinceramente, precisava ter mais conteúdo para entregar ao espectador. Fica a impressão de ter sido feita apenas por razões comerciais. Questiono o que o público do Festival de Veneza viu de tão inovador para justificar os longos aplausos. Ao final, fomos enganados e levados pela empolgação e hype de uma sequência que nem sequer precisava de existir.


Ficha técnica:
Direção: Todd Phillips
Produção: Village Roadshow Pictures, Warner Bros. Pictures, Sikelia Productions, Dc Entertainment, Bron Studios Inc.
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h19
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, musical, romance, drama