Documentário é uma redescoberta da vida em um momento marcado por mortes diárias (Fotos: Allan Ribeiro) |
Eduardo Jr.
O slogan "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça" faz muito sentido se associado ao documentário "O Dia da Posse", que estreou nos cinemas brasileiros, com distribuição da Embaúba Filmes. Brendo Washington e Allan Ribeiro realizaram o longa no apartamento onde vivem, em Copacabana, durante o confinamento da pandemia de Covid-19.
Redescobrir a vida em um momento marcado por mortes diárias. O confinamento como oportunidade de se expor para o mundo. São antíteses que podem ser notadas na obra. Brendo estuda Direito e ali se descobre protagonista, mas parece já ter ensaiado bastante para este momento.
Como está em casa, sem figurinos elaborados, ele desfila diante da câmera, com muita naturalidade, suas visões de mundo, seu sonho de participar do Big Brother Brasil até os textos relacionados à sua posse como presidente do Brasil. Allan Ribeiro dirige o longa, faz as perguntas que dão andamento ao filme e conduz a câmera pelo apartamento - e pelas janelas dos vizinhos, que tentavam se ocupar durante o isolamento social.
O universo dos dois jovens se amplia por meio do celular. As conversas por chamada de vídeo com os familiares colocam em cena alguns assuntos do período mais preocupante da nossa história recente.
Memórias de infância, comportamentos da geração anterior e afazeres domésticos vão se entrelaçando e trazendo leveza para o documentário. Eventualmente, o espectador pode se ver esboçando sorrisos com o carismático protagonista.
De acordo com Allan, já havia a vontade de fazer um filme com Brendo, que sempre brincou de ensaiar discursos (de campeão do BBB a presidente da República tomando posse). Na quarentena, se tornou viável filmar a convivência dos dois e tornar isso um material cinematográfico.
O longa traz um pouco de cada coisa que todos experimentamos durante a pandemia: momentos de diversão, a espera pela comida, irritação, diálogos sobre memórias... Tornaram-se normais para a sociedade os pequenos ruídos nas produções audiovisuais, as lives com qualidade de som abaixo do esperado e imagens com alguma poluição visual.
O filme também naturaliza composições de quadros improvisadas, reflexos nas janelas e outros detalhes que não costumam passar batidos em produções hollywoodianas. E tá tudo bem.
Allan Ribeiro se formou em Cinema na UFF em 2006, e já realizou quatro longas: "Esse Amor que nos Consome" (2012), "Mais do que eu Possa me Reconhecer" (2015), "O Dia da Posse" (2021) e "Mais Um Dia, Zona Norte" (2023), que receberam prêmios em festivais como o de Brasília, Olhar de Cinema e o de Tiradentes. Dirigiu ainda alguns curtas, e agora vive a expectativa da estreia, em 2025, de seu novo longa sobre o show de Madonna no Rio.
"O Dia da Posse", com seus 70 minutos de duração, é sensível, nos deixa relaxados, sem a ansiedade de que termine logo. É mais um título disponibilizado pela Embaúba, distribuidora especializada em produções cinematográficas brasileiras.
Ficha técnica
Direção: Allan RibeiroProdução: Acalante Filmes
Roteiro: Brendo Washington e Allan Ribeiro
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: sala 1 do Cine UNA Belas Artes
Duração: 1h10
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário