Obra revisita a história do líder seringueiro e traz uma reflexão urgente sobre a preservação da Amazônia (Fotos: Talita Oliveira) |
Silvana Monteiro
Mais do que um registro histórico, o documentário “Empate”, dirigido por Sérgio de Carvalho, é uma obra que revisita a história do líder seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988, e de seus companheiros de luta. Mas também traz uma reflexão urgente sobre a preservação da Amazônia em tempos de intensos desafios ambientais e políticos.
Infelizmente, “Empate” teve uma curta exibição em poucas salas de cinema no país – Belo Horizonte não foi contemplada com a obra. Em Minas Gerais, apenas Poços de Caldas, no Sul do Estado, recebeu o documentário. A expectativa é de que entre em breve o documentário seja lançado em algum canal de streaming.
O filme nos conduz por uma narrativa simples, porém muito humana, capaz de emocionar e nos fazer conhecer as pessoas retratadas como se fossem amigos nossos, sentados em nossa sala de estar.
Ao relembrar a luta de seringueiros nas décadas de 1970 e 1980, o enredo amplifica as vozes de Chico Mendes por meio das memórias e experiências destes trabalhadores.
O documentário se destaca por fugir da abordagem biográfica convencional. Em vez de reforçar a imagem de Chico Mendes como um herói inalcançável, a obra ilumina os relatos de seus companheiros de luta, como Gomercindo Rodrigues, Marlene Mendes, João Martin e Raimundão.
Esses depoimentos tecem um retrato autêntico e sensível, onde a resistência coletiva ganha protagonismo. A sensação é de estar numa roda de conversa, em que memórias e reflexões ecoam como um apelo à continuidade da luta.
A simplicidade narrativa é uma das grandes virtudes de “Empate”. Sem recorrer a artifícios grandiosos, o diretor encontra força na combinação entre imagens potentes da floresta — ora exuberante, ora castigada por queimadas — e os rostos marcados daqueles que resistiram à exploração predatória.
A direção de fotografia, assinada por Leonardo Val e Pablo Paniagua, captura a beleza e a dor da Amazônia com igual intensidade. Cada detalhe — do brilho nos olhos dos seringueiros à densidade das matas — reforça o caráter atemporal da história.
Um dos pontos fracos do filme é a falta de mais imagens de Chico Mendes. Apesar de iniciar com cenas históricas do ambientalista, esta cronista que vos escreve, esperou por mais registros que mostrassem o homem a quem homenageiam.
Uma coisa é fato, embora simples, o documentário cumpre a missão de nos lembrar que as vozes da floresta ainda clamam por justiça, enquanto nos impele a agir.
Ao final, fica uma mensagem clara: o legado de Chico Mendes não é uma história encerrada, mas um chamado constante para que assumamos nosso papel na defesa do planeta.
Ficha técnica:
Direção: Sérgio de CarvalhoProdução: Saci Filmes
Distribuição: Descoloniza Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h30
País: Brasil
Gênero: documentário
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