18 outubro 2024

"Marias" é um mergulho documental nas lutas de icônicas mulheres

Longa revisita e revaloriza a presença feminina na história política do Brasil (Fotos: Descoloniza Filmes)


Silvana Monteiro


A diretora Ludmila Curi oferece um panorama inédito sobre a luta das mulheres brasileiras no documentário "Marias", que estreou no Cine UNA Belas Artes. Costurando narrativas de figuras icônicas como Maria Prestes, Marielle Franco e Dilma Rousseff, o longa não é apenas uma homenagem, mas uma necessidade urgente de revisitar e revalorizar a presença feminina na história política do Brasil, frequentemente ofuscada por uma narrativa predominantemente masculina.

A obra se destaca pela sua capacidade de estabelecer conexões entre mulheres de diferentes épocas e contextos, revelando um legado de  luta e resistência que atravessa gerações de diferentes formas, seja no âmbito político, seja no âmbito social ou apenas na busca pela sobrevivência. 


Usando uma montagem cuidadosa, Curi constrói um mosaico que evidencia como essas mulheres, muitas vezes silenciadas, moldaram a sociedade brasileira. A escolha de não dar voz direta a Maria Prestes, optando por uma narração que faz ecoar suas ideias e ações, é uma decisão ousada que sublinha a força da imagem e do contexto. A ausência da voz da protagonista é compensada pela vivacidade das histórias contadas, que se entrelaçam e revelam uma luta contínua por direitos e igualdade.

Curi, ao longo de cinco anos de filmagens, mergulhou nas memórias e na trajetória de Prestes, revelando uma mulher não apenas como esposa de um político, mas como uma figura central na construção de um Brasil mais justo. 

O documentário se revela um exercício de memória coletiva, uma evocação à luta que ainda ressoa nos dias de hoje. As imagens de protestos, discursos e o cotidiano das mulheres são intercaladas com trechos de entrevistas, permitindo uma reflexão sobre as estruturas sociais que persistem.


Além disso, "Marias" faz um trabalho essencial de resgate de figuras que foram apagadas da história, como Olga Benário e Maria Bonita, ampliando a compreensão do papel das mulheres na luta por justiça social. 

As referências a eventos contemporâneos, como os movimentos contra o golpe de 2016 e as manifestações por justiça para Marielle Franco, ancoram a narrativa em um presente ainda tumultuado, ressaltando que a luta não é apenas histórica, mas profundamente atual.

A cinematografia do filme, ao capturar a essência das personagens e suas histórias, traz à tona a resiliência e a força das Marias que se levantam contra as adversidades. As cenas de arquivo são particularmente impactantes, evocando um senso de urgência e importância nas narrativas de mulheres que, embora esquecidas, desempenharam papéis cruciais na história do Brasil.


Produzido pela Plano 9 e Lumiá Filmes, com distribuição da Descoloniza Filmes, "Marias" chega também aos cinemas de cidades como Aracaju, Brasília, Palmas, Rio de Janeiro e Salvador, convidando um público amplo a se envolver com essas histórias. 

O longa, que estreia em um momento de intensos debates sobre a participação feminina na política, não se limita a um público específico; ele se destina a todos e todas que buscam entender a complexidade da luta das mulheres. 


"Marias" é um chamado à ação, uma lembrança de que a história é feita por aqueles que lutam por ela. Como Curi acerta ao afirmar, "este é um filme sobre todas nós, convidando o espectador a refletir sobre a luta contínua por igualdade e justiça". 

Com isso, o documentário se afirma como uma obra necessária, que ilumina as vozes das Marias e inspira a construção de um futuro mais inclusivo. Marias de todas nós. Marias de luta e resiliência. Um documentário para ser visto por homens e mulheres.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Ludmila Curi
Produção: Plano 9 e Lumiá Filmes
Distribuição: Descoloniza Filmes
Exibição: sala 2 do Cine Una Belas Artes, sessão das 16h30
Duração: 1h18
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: documentário

14 outubro 2024

Cine Humberto Mauro apresenta, de graça, mostra “Pequenos Grandes Protagonistas” de cinema infantil

Sessões acontecem sempre à tarde exibindo obras como “As Crônicas de Nárnia”, “Harry Potter” e
"O Menino Maluquinho" (Fotos: Divulgação)


Da Redação


Celebrando o Mês das Crianças, o Cine Humberto Mauro apresenta até o dia 22 de outubro a mostra “Pequenos Grandes Protagonistas”, com longas-metragens feitos entre os anos 1930 e 2010, que serão exibidos em sessões gratuitas. 

A programação traz uma seleção especial de filmes que abordam o mundo sob a perspectiva infantil, retratando a curiosidade, a fantasia e os desafios próprios da juventude. Grande parte dos longas será dublada em português e a retirada de ingressos deverá ser feita a partir de meia hora antes do evento.

"Harry Potter e a Pedra Filosofal" (Chris Columbus)

Os espectadores poderão conferir uma seleção diversificada de obras clássicas e nostálgicas voltados para o público infantil e familiar como “Os Goonies” (1985), "Conta Comigo" (1986), “O Jardim Secreto” (1993), "A Princesinha" (1996), além de “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (2001), que promete encantar as novas gerações. 

Outros sucessos como “Crooklyn – Uma Família de Pernas pro Ar” (1994), “Matilda” (1996), “As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa” (2005) e "Indomável Sonhadora" (2012) complementam a lista.

Serão apresentados ainda filmes que já se tornaram parte do imaginário coletivo, com produções brasileiras como “O Menino no Espelho” (2014), em homenagem ao cineasta mineiro Guilherme Fiúza Zenha, e “O Menino Maluquinho” (1995), celebrando a obra de Ziraldo.

"As Crônicas de Nárnia" (Walt Disney Pictures)

Foco nas narrativas infantis

A mostra “Pequenos Grandes Protagonistas” busca valorizar as narrativas infantis. As sessões são uma oportunidade para as novas gerações conhecerem esses clássicos do cinema e, ao mesmo tempo, uma chance para os adultos reviverem momentos inesquecíveis da infância. “Essa seleção traz um conjunto de filmes que vai gerar muita identificação nos espectadores, tanto no público infantojuvenil, que vai se ver ali retratado nas telas, como também em nós adultos, que já vivemos aqueles momentos. A gente passou por aquelas questões que os personagens estão passando, e hoje podemos assisti-las com uma certa distância", explica Vitor Miranda, gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado e programador da mostra.

Ainda segundo Vitor Miranda, são filmes que têm uma abordagem de público muito ampla, especialmente através das sessões dubladas. "É uma seleção que traz um pouco da nostalgia da Sessão da Tarde, mas que também joga foco nos cinemas brasileiro e mineiro, com obras como 'O Menino Maluquinho' e 'O Menino no Espelho", afirmou.

"O Menino Maluquinho" (Helvécio Ratton)

PROGRAMAÇÃO

15/10 TER
16h - Harry Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter and the Sorcerer’s Stone, Chris Columbus, Reino Unido, EUA, 2001) | Livre | 2h32 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.
19h - CURTA CIRCUITO | Preparação-1 (Letícia Parente, Brasil, 1975) | Livre |3min.
Feminino Plural (Vera Figueiredo, Brasil, 1976) | 14 anos | 1h20

16/10 QUA
14h - O Jardim Secreto (The Secret Garden, Agnieszka Holland, EUA, 1993) | Livre | 1h41 | Filme exibido dublado em português.
16h - A Princesinha (A Little Princess, Alfonso Cuarón, EUA, 1995) | Livre | 1h37 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.
18h30 - As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe, Andrew Adamson, EUA - Reino Unido, 2005) | 10 anos | 2h30 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.

17/10 QUI
16h - Menino Maluquinho: O Filme (Helvécio Ratton, Brasil, 1995) | Livre | 1h23
18h - O Menino e o Mundo (Alê Abreu, Brasil, 2013) | Livre | 1h16
19h30 - O Menino no Espelho (Guilherme Fiúza Zenha, Brasil, 2014) | Livre | 1h18

18/10 SEX
13h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
15h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
17h30 - O Gigante de Ferro (The Iron Giant, Brad Bird, EUA, República Tcheca, Reino Unido, 1999) | Livre | 1h26 | Dublado em português.

"O Menino no Espelho" (Guilherme Fiúza)

19/10 SÁB
13h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
15h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
17h30 - Conta Comigo (Stand by Me, Rob Reiner, EUA, 1986) | Livre | 1h30 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.
19h15 - Os Goonies (The Goonies, Richard Donner, EUA, 1985) | Livre | 1h54 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.

20/10 DOM
14h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
15h - 4ª Mostra de Cinema Infantil de Belo Horizonte
18h - Matilda (Danny DeVito, EUA, 1996) | 10 anos | 1h38 | Filme exibido dublado em português.
20h - LANÇAMENTO: Travessia e Devoção (Lucas Lara, Brasil, 2024) | Livre | 1h

22/10 TER
16h30 - Crooklyn - Uma Família de Pernas pro Ar (Crooklyn, Spike Lee, EUA, 1994) | 14 anos | 1h55 | Filme exibido no idioma original com legendas em português.
19h - Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild, Benh Zeitlin, EUA, 2012) | 10 anos | 1h33 | Filme exibido no idioma original com legendas em português

"Os Goonies" (Richard Donner)

Serviço:
Mostra “Pequenos Grandes Protagonistas”
Data: até 22/10
Horários: Diversos
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes - Avenida Afonso Pena, 1537, Centro
Classificação indicativa: Variada conforme a programação
Entrada: gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes do início das sessões

11 outubro 2024

"Tempestade Ácida" entrega abordagem superficial sobre crise climática

Uma família tenta se unir para escapar de uma chuva tóxica que está destruindo cidades na França e matando pessoas e animais (Fotos: Laurent Thurin)


Maristela Bretas


O longa francês "Tempestade Ácida" ("Acide"), de 2023, apresenta uma proposta promissora: explorar os impactos devastadores da crise climática em uma família comum. No entanto, a execução deixa a desejar. O enredo, fragmentado e repleto de incoerências, prejudica o envolvimento do espectador com a obra. 

A caracterização dos personagens é superficial, e suas reações diante da catástrofe soam infantis e pouco realistas. Além disso, a abordagem da crise climática é superficial, perdendo a oportunidade de promover uma reflexão mais profunda sobre o tema. 


Dirigido por Just Philippot, o filme começa de forma confusa e, entra, gradualmente na questão ambiental, a partir de uma forte onda de calor que atinge a França e outros países. A primeira a chamar a atenção para o problema é a mimada e rebelde Selma (Patience Muncehnbach), cujos pais estão divorciados. É ela quem tenta alertar a família para os riscos de uma chuva ácida que pode atingir sua cidade e o restante do país.

O pai Michal (Guillaume Canet, de “O Homem Que Elas Amavam Demais” - 2015) e a mãe da jovem, Elise (Laetitia Dosch) só se convencem de que as nuvens, mais escuras que o normal, estão trazendo uma chuva fatal quando esta começa a cair, provocando ferimentos e mortes de pessoas e animais. Inicia-se, então uma fuga da população para se proteger do líquido ácido.


Entre uma chuvarada e outra, "Tempestade Ácida" avança, com alguns efeitos especiais medianos e uma sucessão de decisões erradas da família que chegam a irritar o espectador. A filha dá chiliques e os pais passam a mão na cabeça dela, enquanto as opções de sobrevivência vão ficando cada vez mais escassas. 

Comparado a outros filmes do gênero catástrofe, como "Tempestade: Planeta em Fúria" (2017) ou "No Olho do Tornado" (2014), cujas histórias são clichês mas conseguem entreter, o longa de Just Philippot não apresenta elementos que aumentariam seu impacto e até desviariam a atenção do enredo fraco. 

Faltam grandes efeitos especiais e uma trilha sonora marcante. Até mesmo a questão da ética das pessoas nas tentativas de sobrevivência é mal explorada. Um bom exemplo de uma abordagem mais profunda do tema é o recente "Sobreviventes - Depois do Terremoto" (2024).


A ambientação ocorre principalmente no campo, com imagens mais escuras que reforçam o tempo fechado provocado pelas tempestades. Mais uma incoerência, uma vez que a chuva ácida (que ninguém explica porque se tornou assim) atravessa paredes. 

As pessoas também não podem consumir a água, especialmente a dos rios, que está contaminada, mas fogem para áreas alagadas. Semelhante ao que ocorre em alguns filmes de terror em que as pessoas entram numa casa mal-assombrada com as luzes todas apagadas.

Apesar dos pontos negativos, "Tempestade Ácida" foi produzido com práticas sustentáveis, o que rendeu reconhecimento com o Prix Ecoprod no Festival de Cannes. A equipe reduziu o uso de combustíveis fósseis e implementou soluções ecológicas para mobilidade e consumo de energia. 


Mas mesmo com propostas ecologicamente corretas e a boa intenção do diretor de abordar a destruição gradual do planeta, "Tempestade Ácida" deixa a desejar e entrega uma trama fraca do início ao fim. Nem o esforço do elenco, que conta com nomes de talento, consegue salvar. 

A produção é uma das 400 disponíveis do catálogo do streaming Adrenalina Pura, especializado nos gêneros ação, catástrofe, terror e suspense. Ela pode ser acessada pelos aplicativos Prime Vídeo, Apple TV e Claro TV+. ou no site www.adrenalinapura.com.


Ficha técnica
Direção: Just Philippot
Produção: Pathé Films, France 3 Cinéma, Bonne Pioche Cinéma
Exibição: Disponível no Prime Vídeo, Apple TV e Claro TV+ no site www.adrenalinapura.com
Duração: 1h40
Classificação: 16 anos
País: França
Gênero: drama

10 outubro 2024

“Inverno em Paris” aborda a busca adolescente por si em meio às dores da vida

Paul Kircher vive o jovem em busca de sua identidade (Fotos: Jean Louis Fernandez)


Eduardo Jr.


Juliette Binoche e Paul Kircher são os protagonistas de “Inverno em Paris” ("Le Lycéen"), longa que estreia nesta quinta-feira (10) nos cinemas, sob a direção de Christophe Honoré. Com distribuição da Pandora Filmes, a obra mostra o chacoalhar na vida de um jovem de 17 anos após a morte do pai.

Ao receber, no colégio interno, a notícia de que o pai sofreu um acidente, o jovem Lucas (Paul Kircher), de 17 anos, volta para casa, e antes que sua mãe Isabelle (Juliette Binoche) possa contar, ele descobre que o pai está morto.


Apesar de Lucas estar se envolvendo com um amigo da escola, a busca por identidade vai além durante o luto. É quando começa a viagem do jovem por seus sentimentos. Aquilo que antes era certeza, desmorona, e emergem dali revolta, doçura, posturas autodestrutivas e sentimentos caóticos.

As verdades duras que o adolescente lança e também recebe, a dúvida sobre viver no interior com a mãe viúva ou com o irmão mais velho que está conquistando a independência em Paris e as desilusões que precisam ser superadas se desenrolam na tela. E talvez justifiquem o comportamento do protagonista (que pode ser recebido com pena ou raiva, dependendo da percepção do espectador).


Seria uma leitura muito particular, mas a direção de Honoré é inteligente ao colocar mãe e irmão como apoio para Lucas, mas sem centralizem a trama. Nos deixa assim a ideia de que o autoconhecimento é uma tarefa solitária, que somos responsáveis por nossas escolhas.

Pode-se dizer que o resultado é coerência: tema e atuações demandam observação do espectador, convidam o público a analisar, sentir e interpretar. Tarefa que deixa de ser complexa se pensarmos que relações familiares, maturidade e entendimento dos próprios sentimentos são pautas comuns a todos nós.

Indicado a três categorias no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián (2022), o longa, nas palavras do diretor é, “antes de tudo, uma história de amor”.


Ficha Técnica
Direção e roteiro: Christophe Honoré
Produção: France 2 Cinéma, Les Films Pelléas
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: sala 1 do UNA Cine Belas Artes e sala 2 do Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 2h03
Classificação: 18 anos
País: França
Gênero: drama

09 outubro 2024

"Robô Selvagem", uma animação comovente e forte candidata ao Oscar

Roz é uma máquina que terá que se reprogramar para conseguir sobreviver ao novo mundo e seus habitantes (Fotos: DreamWorks Animation)


Maristela Bretas


Lindo, comovente, cheio de aventuras e capaz de derreter muitos corações. Este é "Robô Selvagem" ("The Wild Robot"), animação que estreia nesta quinta-feira (10), nos cinemas e promete encantar crianças e adultos ao abordar temas universais como família, aceitação das diferenças e a importância da amizade.

A história reúne natureza e tecnologia num mesmo espaço e gira em torno da robô Roz (voz de Lupita Nyong'o, de "Nós" - 2019 e dublagem de Elina de Souza em português). Ela cai em uma ilha isolada e ao abrir os olhos pela primeira vez não tem a menor ideia de como foi parar ali.


Para sobreviver à vida selvagem, Roz precisará se reprogramar para o novo ambiente e conquistar a confiança dos habitantes locais, alguns até bem ferozes. Uma tarefa que se torna ainda mais complexa quando um acidente a transforma em "mãe" adotiva de um filhote de ganso, batizado de Bico Vivo (vozes de Boone Storme quando bebê e do ator mirim Vicente Alvite; quando adulto, Kit Connor e Gabriel Leone, de "Eduardo e Mônica" - 2022).

"Robô Selvagem" é baseado no best-seller infantojuvenil homônimo de 2016, do escritor e ilustrador Peter Brown, que originou duas sequências literárias - "The Wild Robot Escapes" (2017) e "The Wild Robot Protects" (2023). Ainda sem tradução no Brasil, as duas obras também se tornaram sucesso e ganhadoras de prêmios literários.


A narrativa é rica em metáforas sobre o amadurecimento e a construção de laços. Rozzum 7134, chamada de Roz, é uma robô, inicialmente vista como uma estranha, reflete a jornada de qualquer indivíduo que busca ser aceito em um novo ambiente. A direção e o roteiro são de Chris Sanders, três vezes indicado ao Oscar e responsável pela franquia "Como Treinar Seu Dragão" (2010 a 2019), também da DreamWorks Animation.

A relação que se desenvolve entre ela, o pequeno Bico-Vivo e a raposa Astuto (dublagens de Pedro Pascal, das séries "The Last of Us" - 2023 - e "The Mandalorian" - 2019 a 2023; e Rodrigo Lombardi) traz à tona a beleza da diversidade. Mostrando que a união entre diferentes espécies – e, por extensão, diferentes indivíduos – pode resultar em uma verdadeira família.


Visualmente, "Robô Selvagem" é um deleite. A animação apresenta um estilo vibrante e cativante, com cores vivas que tornam a ilha um lugar mágico, onde cada canto parece pulsar com vida. A trilha sonora, cuidadosamente escolhida, complementa a experiência, realçando os momentos de tensão e alegria.

A obra traz lições sobre aceitação e amor familiar abordadas de maneira sensível, que nos fazem rir e chorar. Inicialmente, Roz age como um robô de serviços gerais, mas ao longo da trama, a emoção vai ocupando lugar na programação automatizada, quase como se ele tivesse um coração de verdade.

A química entre os protagonistas é um dos pontos altos do filme. A dinâmica entre Roz, Bico-Vivo e Astuto traz humor e emoção, tornando a jornada deles não apenas uma busca por aceitação, mas também uma celebração das diferenças que nos tornam únicos.


No elenco de dubladores estão também outros nomes conhecidos do cinema: Catherine O'Hara ("Os Fantasmas Ainda Se Divertem - Beatlejuice, Beatlejuice" - 2024), como a gambá Pinktail; Bill Nighy ("A Livraria" - 2018) no papel do ganso Longneck; Mark Hamill (franquia "Star Wars" - 1977 a 2019 e "O Menino e a Garça"), como Thorn; Stephanie Hsu ("Tudo em Todo o Lugar ao mesmo Tempo" - 2022, e "O Dublê" - 2024), dando voz à robô Vontra; Ving Rhames (franquia "Missão: Impossível" - 1996 a 2025), e Matt Berry ("O Que Fazemos nas Sombras" (2014) e a franquia Bob Esponja).

A DreamWorks acertou em tudo. "Robô Selvagem" é uma animação encantadora que consegue transmitir mensagens valiosas e deixar a sensação de quero mais. É uma experiência que vale a pena ser vivida no cinema, especialmente por famílias que buscam um filme que reúne diversão e reflexões profundas. E não se esqueça de levar o lencinho!


Ficha técnica
Direção e roteiro: Chris Sanders
Produção: DreamWorks Animation, Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, aventura, família, infantil

07 outubro 2024

"Até o Limite", com Mel Gibson, ganha segunda chance no Adrenalina Pura

Canal de streaming adicionou o filme de 2022 a seu catálogo de mais de 400 longas (Fotos: Divulgação)


Eduardo Jr.


O longa "Até o Limite" (2022) do diretor Romuald Boulanger, reaparece para o público brasileiro. Especializado em filmes de ação, suspense e terror, o canal de streaming Adrenalina Pura adiciona ao seu catálogo de mais de 400 filmes a obra protagonizada por Mel Gibson. 

Ele vive Elvis Cooney, um apresentador de rádio que recebe, ao vivo, a ligação de um desconhecido que ameaça matar sua família. Para salvar a esposa e a filha, será preciso entra no jogo do agressor e sobreviver. 


A princípio, a música tira o filme do lugar de suspense - e até demora a chegar nesse ponto. O texto e a interpretação trazem um quê teatral. Talvez pelo fato de muitos de nós estarmos acostumados a ver Mel Gibson dublado na franquia "Máquina Mortífera", e não modulando uma voz grave em uma rádio.

Exceto pela presença de Gibson, o restante do elenco é pouco conhecido: William Moseley, Kevin Dillon, John Robinson, Nadia Farès, entre outros.


Apesar dessas críticas, em meia hora de exibição, o espectador já quer saber quem é o agressor e a motivação dele. As cenas seguintes trazem jogos sádicos, bomba, a revelação da identidade do agressor e mais tensão. 

O longa guarda uma sequência de plot twist's. Mas definir o resultado como satisfatório, aí são outros quinhentos. Para conferir, basta acessar o streaming, que disponibiliza seu catálogo nos canais Prime Video, Apple TV e Claro TV+. 

O canal liberou também filmes que não são fáceis de serem encontrados por aí, como o policial "As Duas Faces da Lei" (2008) com Robert De Niro e Al Pacino, e o suspense norueguês "Mar em Chamas" (2021). A assinatura custa R$ 14,90, e pode ser feita pelo site https://www.adrenalinapura.com


Ficha Técnica:Direção e roteiro: Romuald Boulanger
Exibição: Canal Adrenalina Pura, Prime Video Channels, Apple TV e Claro TV+
Duração: 1h44
Classificação: 14 anos
País: EUA
Ano: 2022
Gênero: suspense

03 outubro 2024

"Coringa: Delírio a Dois" cria uma jornada tediosa e sem propósito

Joaquin Phoenix e Lady Gaga protagonizam novo filme que explora o gênero musical (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Marcos Tadeu
Jornalista de Cinema


Joaquin Phoenix volta a protagonizar o famoso vilão inimigo do Batman, desta vez ao lado de Lady Gaga em "Coringa: Delírio a Dois" ("Joker : Folie à Deux"), que estreia oficialmente nesta quinta-feira (3) nos cinemas. Com Todd Phillips novamente na direção, o filme foi aplaudido no Festival de Veneza deste ano por 11 minutos e tem sido ovacionado pela crítica mundial.

Nesta continuação, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) está preso no hospital psiquiátrico de Arkham após os eventos de "Coringa" (2016). Lá, ele conhece Harleen "Lee" Quinzel (Lady Gaga), e o que começa como curiosidade se transforma em uma paixão obsessiva. Juntos embarcam em uma jornada frenética e musical pelo submundo de Gotham City. 


O filme foca no julgamento dos assassinatos cometidos pelo Coringa no primeiro filme, que provoca ondas de impacto em toda a cidade, afetando ainda mais as mentes perturbadas da dupla. Mas a impressão que fica da produção é de que sai do nada para lugar nenhum.

Todd Phillips declarou que este filme é um musical, especialmente com a adição de Lady Gaga, que lançou seu mais novo álbum baseado na produção. Mas a música, que poderia ser um diferencial atraente, se torna uma tortura até para quem gosta deste gênero de filme. O diretor usa e abusa do recurso de forma desconexa. Pode até soar como uma escolha artística, mas o excesso é questionável.

Joaquin Phoenix, como esperado, está excelente no papel e talvez até ganhe mais um Oscar por repetir o personagem. Contudo, a questão social do alter ego de Coringa e de Arthur Fleck não é bem desenvolvida. O filme não define quem são realmente essas pessoas durante a exibição. Se a intenção do diretor era provocar esta dúvida no espectador, ele conseguiu.


Lady Gaga, vendida nos trailers como uma "maluca" que se junta ao Coringa para cometer novos crimes, é tratada de forma superficial. Sua personagem, Lee, não é bem construída e suas motivações não são claras. Vemos uma Lady Gaga em uma excelente atuação, mas a maior parte da obra foi feita com a cara limpa e cantando, tudo o que já sabe fazer.

Faltaram roteiro e propósito para que a produção ganhasse camadas e fizesse o público acreditar no nascimento de Arlequina. Neste ponto, a personagem interpretada por Margot Robbie em "Aves de Rapina" (2020) é mais consciente e tem presença mais marcante como atriz.


As músicas são, em sua maioria, bem compostas, dominadas pelo jazz. No entanto, o ritmo frenético de cantar quase o tempo acaba ficando entediante para quem assiste. Existem poucos momentos de diálogo para dar corpo ao roteiro, mas nem isso o diretor se permite. 

A musicista islandesa Hildur Guđnadóttir retorna com sua trilha sonora e design de som, utilizando violoncelos de maneira potente, contornando as músicas compostas por Gaga. A nostalgia de Bathroom Dance continua presente, servindo como apoio sonoro não só para Fleck, mas também para Lee.

Parece que Todd Phillips se escondeu atrás de Gaga e Phoenix, colocando-os para cantar sem justificar a quase incessante presença de músicas. Sabemos que, assim como no primeiro filme, muito do que acontece vem da imaginação louca e questionável de Arthur Fleck. Contudo, pautar tudo isso num musical constante parece uma saída covarde.


O filme não consegue apresentar uma visão externa mostrando as consequências de Coringa se tornar quase um mártir. A continuação também não expande o universo nem tenta explicar lacunas do primeiro filme. A questão da saúde mental e um Estado que não se importa com os marginalizados, assim como as opiniões a favor e contra a figura do Coringa, são rasas e superficiais. A violência policial com os detentos, por exemplo, é apresentada, mas apenas de forma superficial.

Até elementos usados no primeiro "Coringa", como a escada e o elevador, só estão ali para agora colocar do ponto de vista de Arlequina. Não quer dizer que exista um roteiro ali. O elenco conta ainda com nomes conhecidos no cinema como Catherine Keener ("Corra" - 2017), Brendan Gleeson ("Os Banshees de Inisherin" - 2023), Steve Coogan (voz de Silas de Ramsbottom, em "Meu Malvado Favorito 4" - 2024), Zazie Beetz ("Trem-Bala" - 2022), entre outros.


Se no primeiro filme somos guiados por um ritmo ágil e uma montagem envolvente, aqui a sensação é oposta. O ritmo é lento e tedioso, muitas questões repetem uma forma, sem trazer frescor. A fotografia, mais detalhista e polida que a do primeiro filme, ainda utiliza filtros laranja e verde, cores dominantes criadas por Lawrence Sher, o diretor de fotografia.

"Coringa: Delírio a Dois" se resume a uma sequência cansativa e tediosa, que nem Lady Gaga consegue salvar. É uma obra sem propósito que, sinceramente, precisava ter mais conteúdo para entregar ao espectador. Fica a impressão de ter sido feita apenas por razões comerciais. Questiono o que o público do Festival de Veneza viu de tão inovador para justificar os longos aplausos. Ao final, fomos enganados e levados pela empolgação e hype de uma sequência que nem sequer precisava de existir.


Ficha técnica:
Direção: Todd Phillips
Produção: Village Roadshow Pictures, Warner Bros. Pictures, Sikelia Productions, Dc Entertainment, Bron Studios Inc.
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h19
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, musical, romance, drama

27 setembro 2024

"Ainda Somos os Mesmos" dialoga com a nossa atualidade

Drama baseado em fatos reais da década de 1970 no Chile foi filmado na Cordilheira dos Andes, Santiago, Porto Alegre e Novo Hamburgo (Fotos: Edson Filho)


Eduardo Jr.


Baseado nos relatos de brasileiros que se abrigaram na Embaixada Argentina no Chile após o golpe de estado dos militares chilenos, o longa “Ainda Somos os Mesmos” já está em cartaz nos cinemas. O filme é dirigido por Paulo Nascimento (que já realizou “Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos”, de 2016) e distribuído pela Paris Filmes. 

Além da temática interessante e das imagens da época na abertura, outro atrativo reside em uma curiosidade sobre o longa: o filme é inspirado em outra obra do mesmo diretor (“Em Teu Nome”, de 2010). 

Um dos relatos que auxiliaram na construção do longa veio de João Carlos Bona Garcia, gaúcho e ex-guerrilheiro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) que ficou 42 dias abrigado na embaixada da Argentina em 1973 e sobreviveu. 


A história do revolucionário fez parte de “Em Teu Nome”, e Bona também participou das leituras do roteiro de “Ainda Somos os Mesmos”. Mas faleceu aos 74 anos, em março de 2021, vítima de Covid, poucos dias antes de poder se vacinar. 

No longa "Em Teu Nome", um estudante de engenharia entra para a luta armada, e teme por sua namorada e por sua família. Em “Ainda Somos os Mesmos”, o estudante de medicina Gabriel (Lucas Zaffari) vai para o Chile para fugir da ditadura no Brasil, mas é surpreendido pelo golpe de estado de Augusto Pinochet e se perde da namorada. 

Ao se abrigar na embaixada da Argentina, ele conhece Clara (Carol Castro) e também reencontra outros brasileiros, o que movimenta a trama em determinados momentos. 


O filme dialoga com a nossa atualidade. Fernando (personagem de Edson Celulari) é o pai de Gabriel, e vive um empresário apoiador do militarismo. Mas se arrepende quando fica diante do risco de perder o filho ao ouvir que aquilo é necessário, que os atos são feitos em nome de Deus. 

Cabe a ele a missão de tentar resgatar Gabriel e os outros brasileiros no Chile, que na época era considerado um dos países mais perigosos do mundo por conta da ditadura de Pinochet. A presença de crianças e gestantes naquele contexto de violência escancara a falta de escrúpulos dos regimes militares. 


Embora filmado na Cordilheira dos Andes e também em Santiago, Porto Alegre e Novo Hamburgo, que propiciam uma boa fotografia, o longa ganha ares de novela com as músicas guiando cenas e emoções. Além de algumas atuações que se mostram em outra frequência em relação ao restante do elenco. 

Outro ponto a se observar é que, em alguns momentos, o texto parece usar expressões modernas demais para os anos 1970. Ainda assim, a tensão marca presença e mantém o interesse do espectador no filme. 


O longa também chamou a atenção de julgadores. Ganhou o prêmio de Melhor Filme Independente no Montreal Independent Film Festival 2023, se tornando mais um na lista de premiados da Paris Filmes. A distribuidora tem em seu catálogo, entre outros títulos, “O Lado Bom da Vida” (2012), que rendeu um Globo de Ouro e um Oscar de Melhor Atriz para Jennifer Lawrence. 

E “Meia Noite em Paris” (2011), que ostenta o título de maior bilheteria de um filme de Woody Allen no Brasil. Além das franquias “John Wick” (de 2014 a 2023) e "Jogos Vorazes" (2012 a 2023), e de sucessos como “Minha Irmã e Eu” (2024) e "La La Land - Cantando Estações" (2017).


Ficha Técnica:
Direção, roteiro e produção: Paulo Nascimento
Produção: Accorde Filmes
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das redes Cineart Del Rey e Cinemark Diamond Mall e Pátio Savassi
Duração: 1h30
Classificação: 14 anos
Países: Brasil e Chile
Gêneros: drama, história, suspense

24 setembro 2024

"Meu Avô: Campeão do Gelo" é mais que um filme sobre futebol

Moreno, ex-jogador do Atlético Mineiro na década de 1950 e avô do Bernardo Franco (Fotos: Bernardo Silveira/Divulgação


Maristela Bretas


Um filme sobre lembranças, futebol, grandes momentos e família. Este é o curta-metragem "Meu Avô: Campeão do Gelo" que terá exibição especial nesta terça-feira (24) no Cine Santa Tereza, às 19 horas. Produzido, dirigido e roteirizado por Bernardo Silvino e Bernardo Franco, o filme apresenta um pouco da vida do Moreno, ex-jogador do Clube Atlético Mineiro na década de 1950 e avô do Bernardo Franco.

O documentário "Meu Avô: Campeão do Gelo", segundo seus produtores, é mais que um filme sobre futebol. "Nós procuramos falar de um homem, seus erros e acertos e pensando muito que todos nós somos luz e sombra. Foi um processo bem rico e cheio de medo e incertezas. Sem verba e só nós dois na linha de frente", explica Silvino.

O filme reconstrói a trajetória de Jacinto Franco do Amaral, o Moreno, ex-jogador do Clube Atlético Mineiro (CAM) e um dos craques a participar da mais afetuosa das conquistas do Galo, que, na década de 1950, sagrou-se o primeiro plantel brasileiro a lutar – e vencer – nos gélidos gramados europeus. Enquanto o neto Bernardo se (re)descobre, ao desvendar e abraçar o ídolo, o homem, o avô, atleticanos de todas as idades reconectam-se, frame a frame, às glórias alvinegras, ao ver e ouvir a grandiosa singeleza do relato de amores e amigos de Jacinto.


Conversei com os dois Bernardo sobre a produção do curta-metragem e a história do avô de Franco. E é o neto de Moreno quem fala sobre a ideia de contar esta história em forma de curta-metragem. "O cinema é uma paixão há muito tempo, esse laço se estreitou quando conheci o Bernardo Silvino que já atuava na área, e contava com alguns curtas na carreira, que eu muito admirava. A figura de meu avô sempre foi uma parte misteriosa da minha vida. Claro, que crescemos escutando que "éramos campeões do Gelo". Nossa família está no hino do Galo, dizia meu pai. Essa história floresceu e cresci apaixonado pelo Galo com um legado na cabeça." 

"Acontece que tive contato com meu avô somente até meus 4 para 5 anos, o homem que eu conheci usava uma cadeira de rodas, tinha uma perna só, depois nenhuma. Eu ficava tentando imaginar como essa figura outrora teria sido um jogador de futebol, que como diz a medalha guardada há anos na família dizia: honrou o Brasil nos campos da Europa. Ao me aproximar do cinema, quis me aprofundar nessa história, saber quem foi meu avô, como ser humano antes de qualquer coisa. E o filme me fez próximo dele de uma maneira que não fui em vida. Eu queria saber qual história ele escondia, e trabalhar a dualidade de toda uma existência. Meu avô foi vilão e herói de sua própria história, mas sempre protagonista, e acho que isso fica claro em nossa narrativa. Sinto como se o filme fosse algo que eu teria de fazer, cedo ou tarde", afirmou Bernardo Franco.


Ele conta que procurou Bernardo Silvino com a ideia em mãos em dezembro de 2023 e fomos amadurecendo a ideia e que rapidamente foi colocada em prática. Foram cerca de 8 a 9 meses para a produção. Sobre o levantamento de verba, eles tiveram sérias dificuldades e ainda continuam procurando patrocinadores. Por enquanto, a dupla está bancando todo o projeto, "com muito esforço, na "raça" mesmo".

Silvino explicou que a pré-produção e a produção foram etapas feitas a quatro mãos: dele e do amigo. Para a pós-produção eles contaram com parceiros de outros projetos que elevou o nível do filme. Matheus Fleming, mais uma vez, topou participar com as suas composições. Bernardo Silveira (o terceiro  da equipe) fez o projeto gráfico e o cartaz, enquanto a mixagem e a finalização de som ainda com o trabalho de Thácio Palanca.

Para a filmagem e fotografia, os equipamentos usados, também da dupla, foram uma antiga Blackmagic Production Camera. "Para as entrevistas usamos uma Rokinon Cine 35mm. Para a gravação na arena MRV usamos uma Canon 55-250mm que é uma lente super barata. Foi um desses "acidentes felizes" porque esta lente foi imprescindível para o material que conseguimos no estádio. O processo de color grading é um capítulo à parte. Ele foi feito da maneira mais incomum possível. Mas o resultado chegou e isso foi fascinante", explica Silvino com satisfação. 


Já as locações foram pensadas para que os entrevistados ficassem sempre à vontade e os produtores conseguissem maior naturalidade deles. "Todos gravaram em suas casas, com exceção do Vavá, ex-jogador do Atlético, que foi entrevistado na sede de Lourdes. E tivemos um grande desafio que era a gravação na Arena MRV que já sabíamos que seria o fechamento do filme. As fotografias são do arquivo da família do Bernardo Franco. Como já existe um filme oficial do clube sobre o Campeonato do Gelo e com imagens raríssimas de arquivos, nós tomamos a decisão de trabalhar somente com as fotos de família e deixar a história oficial e mais institucional para esse filme do centro de memória do clube", concluiu Silvino.

O próximo passo dos produtores agora será a participação no circuito de festivais do cinema brasileiro. Franco espera rodar com o curta-metragem por cidades do interior de Minas e do Brasil, e não esconde a ambição de exibir "Meu Avô: Campeão do Gelo" em Betim, na Região Metropolitana de BH, que é a cidade de seu avô e em alguma cidade da Europa onde ele tenha jogado.


SERVIÇO
"Meu Avô: Campeão do Gelo"
Direção, roteiro e produção:
Bernardo Silvino e Bernardo Franco
Distribuição: Coragem Filmes
Exibição: sessão no Cine Santa Tereza
Data: 24 de setembro (terça-feira)
Horário: 19 horas
Classificação: Livre