30 janeiro 2025

"Covil de Ladrões 2" - para quem gosta de muita ação e perseguições frenéticas

Gerard Butler e O'Shea Jackson Jr. demonstram uma boa química como os protagonistas desse longa sobre roubo de diamantes (Fotos: Diamond Films)


Maristela Bretas


Oito anos se passaram desde o primeiro "Covil de Ladrões" e a sequência, dirigida e roteirizada novamente por Christian Gudegast, chega às telas nesta quinta-feira (30) prometendo mais adrenalina e reviravoltas. 

E "Covil de Ladrões 2" ("Den of Thieves 2: Pantera") entrega o que promete: cenas de ação frenéticas, perseguições eletrizantes e um planejamento de roubo meticulosamente detalhado que prende a atenção do espectador.

Big Nick (Gerard Butler) está à procura de Donnie (O'Shea Jackson Jr.), que escapou dele em Londres e está planejando um grande roubo ao Centro de Diamantes, na França, que tem um acervo de mais de 800 milhões de euros em pedras preciosas e é considerado o prédio mais seguro da Europa Continental. 


Desta vez, porém, o ex-policial e xerife Big Nick troca de lado e quer fazer parte do assalto organizado por Donnie e seu grupo, Os Panteras. O que eles não esperavam era que nos cofres da famosa instituição estava guardada uma peça valiosa pertencente à máfia italiana.

Gerard Butler e O'Shea Jackson Jr. demonstram uma boa química e parecem mais à vontade em seus personagens, entregando performances mais sólidas e complexas do que no primeiro filme. Butler ficou com a parte divertida, apesar de se revelar um ótimo estrategista no roubo.


O bem detalhado planejamento do assalto é um dos destaques do longa. Os elementos de engenharia, como a entrada no Centro de Diamantes e a interação com o complexo sistema de segurança, adicionam uma camada de realismo que pode agradar o público. 

Por outro lado, os vilões deixam a desejar. Seus personagens são pouco desenvolvidos e suas atuações, em sua maioria, bastante fracas. Essa falta de profundidade nos antagonistas acaba enfraquecendo a narrativa e torna as reviravoltas previsíveis.


Além disso, o roteiro, apesar de ter um grande potencial, acaba desperdiçado, mesmo apresentando um plano de roubo intrigante e detalhado. Ele não explora a fundo as motivações dos personagens e as consequências de suas ações. A trama, por vezes, se perde em subplots desnecessários e deixa a desejar no desenvolvimento dos personagens secundários.

"Covil de Ladrões 2" tem uma boa direção de Christian Gudegast e as sequências de ação são bem coreografadas. É divertido e com muitas reviravoltas, mas deixa a desejar em alguns aspectos. Para quem busca um filme para passar o tempo, com cenas de perseguição, pode ser um bom entretenimento.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Christian Gudegast
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h10
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ação, policial, suspense

29 janeiro 2025

"Trilha Sonora Para Um Golpe de Estado" mistura jazz, colonialismo e muita criatividade

Documentário chega aos cinemas brasileiros após conquistar vários prêmios em festivais internacionais
e é forte candidato ao Oscar 2025 (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


Sem os mesmos holofotes de obras como “Ainda Estou Aqui”, “Emília Perez” ou “Wicked”, o longa “Trilha Sonora Para um Golpe de Estado” ("Soundtrack To a Coup D’Etat"), indicado ao Oscar 2025 para o prêmio de Melhor Documentário, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (30) e promete agradar bastante ao público. 

Dirigido pelo cineasta belga Johan Grimonprez, o longa costura de forma genial o colonialismo da Bélgica sobre o Congo, o interesse internacional no país que buscava ser independente e a produção musical do jazz norte-americano entre as décadas de 1950 e 1960. A distribuição fica a cargo da Pandora Filmes. 


O documentário chama a atenção não só por reunir nomes como Malcolm X, Nina Simone e Thelonious Monk, mas porque, desde a estreia no Festival de Sundance em 2024, vem conquistando prêmios como o Especial do Júri por Inovação Cinematográfica, Prêmio de Melhor Roteiro e de Melhor Montagem pela Associação Internacional de Documentários. 

Tudo começa com a apresentação dos artistas Abbey Lincoln e Max Roach, que entraram em uma assembleia da ONU para denunciar o assassinato do líder congolês Patrice Lumumba. 

Este, que pode parecer um spoiler, é apenas o primeiro passo para uma trilha investigativa sobre tudo o que foi arquitetado para que Bélgica e Estados Unidos mantivessem seus planos imperialistas sobre o país africano. 


E como o jazz se funde a essa trama? A frase de Max Roach pode ser vista como resposta: “Nós usamos a música como uma arma contra a desumanidade do homem contra o homem”. A linguagem universal da música foi o suporte para contar partes dessa história. 

No desenrolar do documentário o espectador vai descobrindo como os Estados Unidos tentaram se aproveitar do talento de artistas como Dizzy Gillespie e Louis Armstrong, como a Bélgica se comportava no papel de colonizadora e como a ONU foi usada nesta trama. Tudo isso costurado com maestria na edição de Rik Chaubet e no design de som de Ranko Paukovic. 


A excelente produção de arquivo de Sara Skrodzka entrega entrevistas, discursos políticos da época e apresentações musicais que aderem perfeitamente à obra, construindo uma narrativa que impressiona. 

Grimonprez, além de dirigir, roteiriza uma obra que tem força para se manter na memória, tamanha inventividade colocada na tela. Trata-se de uma visão anti-imperialista, criativa e educativa, posto que tal capítulo da história mundial não se ensina nas escolas (eu, pelo menos, não tive uma aula tão esclarecedora sobre esse golpe). E certamente, as aulas que tive foram mais exaustivas, enquanto as duas horas e meia do documentário desfilaram hipnotizando meu olhar. 

E parece jazz. Dá a impressão de certa desordem em alguns instantes, provoca tensão, mas no final tudo se harmoniza e você se pega até sorrindo com a genialidade da obra. 

Tal qual um show de blues, pode ser um documentário apresentado em um palco à meia luz, mas no final, aposto que você aplaudir. Confira e me conte. 


Ficha Técnica:
Direção: Johan Grimonprez
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h30
Classificação: 14 anos
Países: Bélgica, França, Holanda
Gênero: documentário

27 janeiro 2025

"Anora": uma história de amor, desilusão e realidade

Vencedor da Palma de Ouro, em Cannes, filme é um dos indicados ao Oscar 2025 (Fotos: Universal Pictures)


Filipe Matheus
Parceiro Maravilha de Cinema


Linda, sexy e poderosa, Ani (Mikey Madison) é uma jovem trabalhadora do sexo na região do Brooklyn, nos EUA. Com seu olhar sedutor, ela encanta por onde passa. No entanto, seu mundo vira de cabeça para baixo quando o amor por Ivan (Mark Eydelshteyn), filho de um oligarca russo, a envolve em uma trama de romance e conflitos familiares. 

Esse é o ponto de partida de “Anora”, dirigido por Sean Baker, que explora até que ponto o preconceito e a desigualdade social podem atrapalhar uma relação. 

Na trama, a jovem casa impulsivamente, acreditando estar vivendo um conto de fadas. No entanto, seu sonho é ameaçado quando a família dele decide viajar para os EUA para anular o casamento.


Em cartaz nos cinemas, o longa é um dos indicados a Melhor Filme do Oscar 2025, foi vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2024 e liderou as indicações do The Gotham Awards do cinema independente.

A narrativa é envolvente, mostrando como a ilusão da protagonista a impulsiona a acreditar nesse amor. É uma situação que reflete a sociedade atual, em que muitas mulheres são taxadas pelo que podem oferecer, e não por quem são de verdade.

A interpretação de Anora feita por Mikey Madison é completa, apresentando ao público uma jovem com múltiplas facetas, que consegue ser encantadora, ingênua, impetuosa, debochada e autêntica de acordo com a situação.


No elenco estão ainda Yura Borisov (Igor), Karren Karagulian (Toros), Vache Tovmasyan (Garnik), Luna Sofia Miranda (Lulu) entre outros artistas soviéticos que contribuem para a narrativa da história.

A trilha sonora é uma fusão envolvente de músicas eletrônicas, dance e hip-hop, que complementam a atmosfera urbana do filme. Entre os destaques estão a envolvente “Greatest Day”, da banda Take That, tema de abertura; “Dreaming” (da banda Blondie); e “All the Things She Said” (t.A.T.u.), cada uma escolhida para refletir momentos-chave da personagem.


A cada momento, o público mergulha na história da garota, sendo confrontado com a dura realidade vivida. O filme escancara como a falta de respeito e de dignidade impede as “Anoras” da vida real de alcançarem a felicidade.

O diretor e roteirista Sean Baker entrega um roteiro criativo, mas erra ao não explorar melhor a vida da protagonista. Anora passa boa parte da trama buscando respostas, sem encontrar o que realmente importa: o amor-próprio.

“Anora” é uma obra que mistura romance, drama e crítica social, convidando o público a refletir sobre questões de desigualdade e preconceito. Um filme emocionante, que merece ser conferido nos cinemas.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Sean Baker
Produção: FilmNation Entertainment, Focus Features
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h19
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, drama

25 janeiro 2025

Tiradentes recebe a 28ª Mostra de Cinema em formatos presencial e online



Da Redação


Maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país, a Mostra de Cinema chega a sua 28ª edição com programação até o dia 1º de fevereiro de 2025 nos formatos presencial e online, que pode ser conferida no site www.mostratiradentes.com.br

A mostra, realizada anualmente, traz exibições, debates, shows, teatro e bate-papos sobre o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais. 

(Fotos: Leo Lara/Universo Produção)

A cerimônia de abertura, ocorrida na sexta-feira (24) no Cine-Tenda, que estava lotado, não poderia ser menos especial. Apresentações artísticas exaltaram os povos originários brasileiros e a defesa do meio ambiente por meio da importância da Serra de São José, que circunda a região da cidade histórica mineira.

A coordenadora geral do evento, Raquel Hallak, destacou o papel transformador do cinema brasileiro e da realização do evento de Tiradentes. "Aqui é ponto de convergência entre sonhos e realidade, um retrato do cinema como imagem do nosso país. A Mostra é uma incubadora de talentos que renova o cenário audiovisual nacional com iniciativas voltadas à formação, exibição e difusão".


Dois atos simbólicos marcaram a abertura oficial da Mostra: a assinatura de um termo de cooperação para a realização do programa Cinema sem Fronteiras - Programa Internacional de Audiovisual. 

O termo prevê a realização de quatro importantes programas e eventos do setor audiovisual: Mostra de Cinema de Tiradentes, Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte (CineBH) e o Brasil CineMundi – Encontro Internacional de Coprodução.


O segundo destaque da abertura foi a homenagem à atriz Bruna Linzmeyer, que recebeu o Troféu Barroco das mãos de seus pais. O encerramento do primeiro dia da Mostra contou com a exibição do longa-metragem "Girassol Vermelho", dirigido por Éder Santos e codireção de Thiago Villas Boas, tem em seu elenco Daniel de Oliveira, Chico Diaz e Luiza Lemmertz.

140 produções nacionais

A Mostra de Cinema de Tiradentes exibirá 140 filmes de todas as regiões do Brasil, sendo 43 longas, 1 média e 96 curtas-metragens vindos de 21 estados: São Paulo (35), Rio de Janeiro (32), Minas Gerais (24), Ceará (10), Pernambuco (7), Rio Grande do Sul (7), Espírito Santo (6), Distrito Federal (5), Rio Grande do Norte (5), Alagoas (4), Paraná (4), Bahia (3), Santa Catarina (2), Acre (2), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1), Mato Grosso (1), Amazonas (1), Paraíba (1), Pará (1), Sergipe (1). 

Exibição do longa-metragem "Girassol Vermelho"

As produções foram divididas em 62 sessões que acontecem, com horários variados, em três espaços de cinema instalados na cidade: Cine-Tenda, Cine-Teatro e Cine Petrobras na Praça, onde haverá também apresentações circenses e teatro de rua. 

O Cine-Teatro recebe ainda debates, fóruns, seminários, oficinas, lançamentos de livros, encontro de gestores audiovisuais e rodas de conversas com atores e diretores. 

Os eventos foram distribuídos também para a Unidade Sesc Tiradentes, Sobrado da Prefeitura Municipal e Cine-Lounge, no Largo da Rodoviária. Este último será palco de apresentações de DJs e bandas.

Filme mineiro "Dance Aqui", de Cleo
Magalhães (Foto: Divulgação)

Para quem não puder conferir de perto a 28ª edição da Mostra de Cinema Tiradentes, a programação online inclui uma seleção gratuita de 31 filmes, disponíveis até o dia 1º de fevereiro no site www.mostratiradentes.com.br.


23 janeiro 2025

Indicações de Fernanda Torres e "Ainda Estou Aqui" ao Oscar 2025 levam redes sociais ao delírio



Maristela Bretas


Com três indicações ao Oscar 2025, o filme brasileiro "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles, entra na maior disputa do cinema mundial concorrendo às estatuetas de Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e a grande consagração, Melhor Atriz, para Fernanda Torres. 

O anúncio dos indicados à 97ª edição do Oscar aconteceu na manhã dessa quinta-feira (23) e provocou uma explosão de euforia nas redes sociais pelo Brasil, que recebe a primeira indicação na categoria Melhor Filme.

"Ainda Estou Aqui"A (Foto: Alile Dara Onawale)

As redes sociais foram à loucura com o anúncio do filme brasileiro entre os concorrentes e a Fernanda Torres agradeceu em vídeo pelo apoio de todos aqueles que assistiram o longa e torceram por ela e pela produção. 

No início deste mês, Fernandinha, como passou a ser chamada carinhosamente por muitos brasileiros, conquistou o Globo de Ouro na mesma categoria com sua interpretação de Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva, morto pela ditadura militar no Brasil.

Fernanda Torres, em cena de "Ainda Estou Aqui"
(Foto: Alile Dara Onawale)


A última vez que o país teve um representante entre os indicados foi em 1999, com Fernanda Montenegro e “Central do Brasil”, também dirigido por Walter Salles. Agora é esperar até o dia 2 de março quando acontece a cerimônia de entrega dos Oscar 2025 em Los Angeles, com apresentação de Conan O´Brien.

Os demais candidatos à premiação são os longas "Emilia Perez", com 13 indicações, seguido por "Wicked" e "O Brutalista", cada um com dez. "Conclave" e "Um Completo Desconhecido" receberam oito indicações cada. 

"Conclave" (Foto: Diamond Films)

Confira abaixo a lista completa:

Melhor filme
"Anora"
"O Brutalista"
"Um Completo Desconhecido"
"Conclave"
"Duna: Parte 2"
"Emilia Pérez"
"Ainda Estou Aqui"
"Nickel Boys"
"A Substância"
"Wicked"

Melhor Direção
Sean Baker - "Anora"
Brady Corbet - "O Brutalista"
James Mangold - "Um Completo Desconhecido"
Jacques Audiard - "Emilia Pérez"
Coralie Fargeat - "A Substância"

"A Substância (Foto: Universal Pictures)

Melhor Ator
Adrien Brody - "O Brutalista"
Timothée Chalamet - "Um Completo Desconhecido"
Colman Domingo - "Sing Sing"
Ralph Fiennes - "Conclave"
Sebastian Stan - "O Aprendiz"

Melhor Atriz
Cynthia Erivo - "Wicked"
Karla Sofía Gascón - "Emilia Pérez"
Mikey Madison - "Anora"
Demi Moore - "A Substância"
Fernanda Torres - "Ainda Estou Aqui"

"Wicked" (Foto: Universal Pictures)

Melhor Ator Coadjuvante
Yura Borisov - "Anora"
Kieran Culkin - "A Verdadeira Dor"
Edward Norton - "Um Completo Desconhecido"
Guy Pierce - "O Brutalista"
Jeremy Strong - "O Aprendiz"

Melhor Atriz Coadjuvante
Monica Barbaro - "Um Completo Desconhecido"
Ariana Grande - "Wicked"
Felicity Jones - "O Brutalista"
Isabella Rossellini - "Conclave"
Zoe Saldaña - "Emilia Pérez"

"A Semente do Fruto Sagrado" (Foto: Mares Filmes)

Melhor Filme Internacional
"Ainda Estou Aqui" - Brasil
"A Garota da Agulha" - Dinamarca
"Emilia Pérez" - França
"A Semente do Fruto Sagrado" - Alemanha
"Flow" - Letônia

Melhor Roteiro Adaptado
"Um Completo Desconhecido"
"Conclave"
"Emilia Pérez"
"Nickel Boys"
"Sing Sing"

Melhor Roteiro Original
"Anora"
"O Brutalista"
"A Verdadeira Dor"
"Setembro 5"
"A Substância"

"Gladiador 2" (Foto: Paramount Pictures)

Melhor Figurino
"Um Completo Desconhecido"
"Conclave"
"Gladiador 2"
"Nosferatu"
"Wicked"

Melhor Maquiagem e Cabelo
'Um homem diferente'
"Emilia Pérez"
"Nosferatu"
"A Substância"
"Wicked"

Melhor Trilha sonora
"O Brutalista"
"Conclave"
"Emilia Pérez"
"Wicked"
"O Robô Selvagem"

"Nosferatu" (Foto: Universal Pictures)

Melhor Canção Original
"El Mal" - "Emilia Pérez"
"The journey" - do filme "The Six Triple "Eight"
"Like a Bird" - "Sing Sing"
"Mi camino" - "Emilia Pérez"
"Never Too Late" - documentário "Elton John: Never Too Late"

Melhor Curta-metragem Com Atores
''A Lien"
"Anuja"
"I'm Not a Robot"
"The Last Ranger"
'"The Man Who Could Not Remain Silent"

Melhor Curta-metragem Animado
"Beautiful Men"
"In the Shadow of Cypress"
"Magic Candies"
"Wander to Wonder"
"Yuck!"

"O Robô Selvagem" (Foto: DreamWorks Animation)

Melhor Documentário
"Black Box Diaries"
"No Other Land"
"Porcelain War"
"Soundtrack to a Coup D'etat"
"Sugarcane"

Melhor Documentário de Curta-metragem
'Death by Numbers"
"I am ready, warden"
"Incident"
"Instruments of a Beating Heart"
"The Only Girl in the Orchestra"

Melhor Animação
"Flow"
"Divertida Mente 2"
"Memórias de um Caracol"
"Wallace & Gromit: Avengança"
"O Robô Selvagem"


"Duna - Parte 2" (Foto: Warner Bros. Pictures)

Melhor Direção de Arte
"O Brutalista"
"Conclave"
"Duna: Parte 2"
"Nosferatu"
"Wicked"

Melhor Montagem
"Anora"
"O Brutalista"
"Conclave"
"Emilia Pérez"
"Wicked"

Melhor Som
"Um Completo Desconhecido"
"Duna: Parte 2"
"Emilia Pérez"
"Wicked"
"O Robô Selvagem"

"Emília Perez" (Foto: Paris Filmes)

Melhores Efeitos visuais
"Alien: Romulus"
"Better Man: A História de Robbie Williams"
"Duna: Parte 2"
"Planeta dos Macacos: O Reinado"
"Wicked"

Melhor Fotografia
"O Brutalista"
"Duna: Parte 2"
"Emilia Pérez"
"Maria Callas"
"Nosferatu"


"O Brutalista" (Foto: Universal Pictures)

22 janeiro 2025

"Conclave" - um jogo de poder, fé e reviravoltas

Ralph Fiennes interpreta o cardeal Lawrence, que vai comandar a reunião da cúpula da Igreja Católica para escolher o novo Papa (Fotos: Diamond Films)


Maristela Bretas


Um dos momentos mais importantes da Igreja Católica, retratado em várias produções cinematográficas e obras literárias, ganha mais uma versão nas telonas. Desta vez, cabe à ótima atuação, digna de Oscar, de Ralph Fiennes interpretar o coordenador da escolha do novo Papa em "Conclave".

O filme, dirigido por Edward Berger, estreia nesta quinta-feira (23) nos cinemas e tem recebido elogios por festivais e premiações onde foi exibido. O longa lembra outra produção, "Anjos e Demônios", de 2009, com Tom Hanks, por envolver uma investigação durante a escolha do novo Pontífice. 


Mas "Conclave" vai além, dando espetadas nada leves em questões como o papel da mulher no alto escalão da igreja, a visão religiosa sobre as áreas pobres ou em conflito e, especialmente, o jogo do poder para conquistar a liderança do Vaticano e dos países católicos. 

Além de Fiennes, a escolha acertada de Stanley Tucci, Isabella Rossellini, John Lithgow e Carlos Dienz fez toda a diferença. Sem contar a ambientação. Não espere conhecer Roma e o Vaticano por fora. No máximo a entrada da Basílica de São Pedro.


Mas mesmo a trama se passando em um ambiente fechado e austero (quase uma clausura de luxo), é possível ver um pouco do interior dos belíssimos ambientes do Vaticano, como a Capela Sistina, com seus afrescos, vitrais e pinturas das paredes e dos tetos. 

Tudo isso mostrado no momento certo, sempre associado a uma possível mudança na situação. Parece até que todos os envolvidos estão sendo vigiados pelos anjos.

A história começa a partir da morte do Papa e os cardeais do mundo todo são convocados para a escolha do sucessor do Pontífice. Assim como uma votação política para cargos públicos, o conclave divide os religiosos em aliados e inimigos velados, com campanha acirrada feita por seus apoiadores. 


Junto a isso, claro, estão as intrigas, os segredos comprometedores e as jogadas sujas para ver quem vai levar o trono. 

Ralph Fiennes interpreta o cardeal Lawrence, que por decisão do Papa falecido deverá comandar a escolha do sucessor e conduzir o Conclave. Ele só não esperava encontrar tanta sujeira por baixo dos tapetes do Vaticano. O que parecia uma eleição praticamente definida, vai ganhando novos contornos e candidatos.

Para piorar, Lawrence vive um momento de dúvidas sobre sua fé na Igreja Católica. O que pode colaborar em uma investigação mais afastada dos fatos e denúncias que vão surgindo a cada nova cena.


As mulheres, apesar de colocadas como simples serviçais dos cardeais, têm um papel importante na trama, provocando grandes reviravoltas. É o caso de Isabella Rossellini, que vive a Irmã Agnes.

A disputa no Vaticano vai contar com Stanley Tucci no papel do cardeal Bellini, John Lithgow, Sergio Castellitto e Lucian Msamati interpretando, respectivamente, os cardeais Tremblay, Tedesco e Adeyemi. Os quatro querem o lugar do Papa a qualquer custo.

A novidade do elenco é o ator estreante e arquiteto mexicano Carlos Dienz, como o cardeal Benitez. Ele é um religioso que atuou em áreas de grandes conflitos armados e conhece uma realidade que a maioria dos membros da igreja nunca se interessou em saber. 


"Conclave" é um filme de reviravoltas e detalhes, nem sempre sutis. Apesar de ser um longa previsível (todo mundo sabe que uma hora o Papa vai ser escolhido e a fumaça branca vai sair da chaminé da Basílica), entrega um bom suspense mesclado com drama. 

Fica uma pulga atrás da orelha do início ao fim sobre as reais intenções de todos os clérigos, especialmente o cardeal Lawrence. Um filme que vale a pena ser conferido nos cinemas. 

O longa pode garantir o primeiro Oscar de Melhor Ator para o britânico Ralph Fiennes, após duas indicações passadas como Melhor Ator Coadjuvante, em "A Lista de Schindler" (1993) e "O Paciente Inglês" (1996).

Fiennes e o longa começaram bem a temporada de premiações deste ano, conquistando seis estatuetas do Globo de Ouro, entre elas, a de Melhor Filme Dramático e a de Melhor Ator em Filme Dramático.


Ficha técnica:
Direção:
Edward Berger
Produção: FilmNation Entertainment e Indian Paintbrush
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 2 horas
Classificação: 12 anos
Países: EUA e Reino Unido
Gêneros: suspense, drama

20 janeiro 2025

"É Assim Que Acaba": sem emoção, sem força, sem profundidade

Blake Lively estrela romance adaptado da obra literária homônima de Colleen Hoover (Fotos: Sony Pictures)


Mirtes Helena Scalioni


Na grande maioria das vezes, a adaptação de uma peça literária para as telas resulta num comentário recorrente: gostei mais do livro. Só que esse nem é o caso de "É Assim Que Acaba", baseado no best-seller do mesmo nome da escritora americana Collen Hoover. 

Mesmo sem conhecer a história escrita, é possível cravar que trata-se de uma trama superficial e fraca como costumam ser os romances ditos de superação. 


Não se pode dizer que o filme, dirigido por Justin Baldoni - que também faz Ryle Kincaide, o galã protagonista - seja ruim desde o início. O longa começa até bem, com a chegada de Lily Bloom (Blake Lively) para o sepultamento do pai e seu reencontro com a mãe. 

As atitudes inesperadas da moça instigam e passam a ideia de que vem aí uma história forte, dramática e com algum suspense. Puro engano. 

O primeiro encontro de Lily Bloom com Ryle num terraço, e o improvável diálogo entre eles pode dar saudade de um filminho de sessão da tarde. Cheia de gracinhas, no mais óbvio estilo de sedução barata, a conversa, longa e chata, é desanimadora e - acreditem - brochante. 


Ela é linda e se faz de misteriosa e ele é simplesmente o máximo - uma espécie de príncipe encantado, bonito, sarado, inteligente e, como se não bastasse, é neurocirurgião, aquele que tem o poder e o talento de consertar cabeças com seu bisturi.

Como está em todas as sinopses, "É Assim Que Acaba" tem como tema central a violência doméstica. Natural, portanto, que o público fique na expectativa do momento em que os insultos e a pancadaria vão começar e como será a reação da protagonista. Mas até isso é mal construído. 


Lily Bloom muda para Boston e realiza seu sonho de abrir uma floricultura. E por uma dessas coincidências que costumam acontecer em filmes, sua primeira funcionária é Allysa (Jenny Slate), justamente a irmã boazinha do príncipe.

Outro detalhe difícil de aceitar no filme: Lily é recatada e faz questão de ser uma mulher muito, muito difícil. No auge dos beijos e amassos, ela afasta o rapaz e justifica que não faz sexo casual. Quase diz: não sou dessas, tá? Discurso mais antifeminista impossível. 


Para completar o roteiro de sessão da tarde num dia chuvoso, reaparece, do nada, o primeiro amor de Lily Bloom, espécie de salvador da moça em perigo, embora quase tão violento e possessivo quanto Ryle Kincaide. 

Atlas Corrigan (Brandon Sklenar), ex-morador de rua, surge, do nada, como proprietário de um dos melhores restaurantes de Boston. 

Haja flashbacks, agora com a atriz Isabela Ferrer como Lily jovem, para explicar tamanho milagre. Enfim, sobram clichês e superficialidades. "É Assim Que Acaba" é o tipo de filme que acaba em nada. 

O filme pode ser conferido nas plataformas de streaming por assinatura Max e Prime Video, ou por aluguel na Apple TV+, Google Play Filme e ClaroTV+.


Ficha técnica:
Direção: Justin Baldoni
Produção: Sony Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: Max, Prime Video, Apple TV, Google Play Filme e Youtube, ClaroTV+
Duração: 2h11
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: romance, drama

17 janeiro 2025

Com muita ação, “The Moon: Sobrevivente” coloca a bandeira da Coreia do Sul na Lua

O ator e cantor Do Kyung-soo (D.O.), do grupo Kpop E.X.O., é o astronauta que fica preso em solo lunar
(Fotos: Sato Company)


Jean Piter Miranda


O ano é 2029. A Coreia do Sul realiza uma missão espacial para mandar astronautas à Lua. Na reta final da operação, a tripulação enfrenta problemas. Hwang Sun-woo (Do Kyung-soo, do grupo Kpop EXO) fica sozinho em solo lunar. 

Esse é apenas um dos problemas que ele enfrenta. Isso, enquanto o governo de seu país faz todos os esforços para tentar trazê-lo de volta à Terra. Este é “The Moon: Sobrevivente” ("Deo Mun"), filme sul-coreano, dirigido por Kim Yong-hwa, que estreia nos cinemas brasileiros. 


A história tem dois personagens principais. Além do Hwang Sun-woo, quem tem muito tempo de tela é o ex-diretor do centro espacial sul-coreano, Kim Jae-gook (Sol Kyung-gu). Ele é chamado para integrar uma equipe remota de resgate.

Na Lua, Hwang mantém contato constante com a equipe do centro espacial. Tudo que ele passa é acompanhado no telão do comando de operação. Cenário o qual já vimos em muitos filmes norte-americanos: dezenas de pessoas sentadas em frente aos seus computadores, com headphones, uma tela gigante e diretores dando ordens. 


Por falar no que já foi visto, é inevitável a comparação com “Perdido em Marte” (2015), em que Matt Damon tenta voltar para casa. É bem verdade que “The Moon: Sobrevivente” reproduz um pouco do muito que já foi apresentado em filmes do gênero, sem nenhuma novidade. 

Falando em técnica, as imagens do espaço e da Lua são muito bem feitas. Uma produção de alto nível que não deixa nada a desejar. Os efeitos especiais são usados na medida certa e dão a impressão de que o astronauta realmente está fora da Terra.  As qualidades técnicas do longa garantiram a ele o troféu Blue Dragon Film Awards for Tecnical Award, premiação importante em seu país.


De roteiro, temos muitos coadjuvantes. É difícil memorizar nomes, funções e estabelecer as relações entre eles e a importância de cada um na história. Isso sem falar que filme toca em temas como a possível exploração Lua e a disputa tecnológica entre a Coreia do Sul e as outras nações. Mas nada disso se aprofunda. 

O desenrolar da história traz muitas reviravoltas. Hwang enfrenta vários problemas para tentar retornar à Terra. São muitos momentos de tensão. Ao mesmo tempo, a direção força bastante ao explorar as emoções e as ligações afetivas entre os personagens. 


Temos que considerar, no entanto, que tudo isso seja apenas um choque cultural. Obras com muitos coadjuvantes, sem que nenhum deles tenha um desenvolvimento significativo. O sentimentalismo exagerado, muitas reviravoltas e poucos cenários, entre outros pontos, talvez sejam características comuns do cinema sul-coreano, o que, por aqui, pode causar estranhamento. 

São duas horas e 10 minutos de filme e muita coisa para digerir. A impressão é que pegaram um roteiro de uma série de uns 10 capítulos e resumiram para caber em um longa-metragem. “The Moon: Sobrevivente” é um bom entretenimento e uma boa oportunidade para conhecer mais do cinema asiático. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kim Yong-hwa
Distribuição: Sato Company
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h10
Classificação: 14 anos
País: Coreia do Sul
Gêneros: ficção, suspense

16 janeiro 2025

"Luiz Melodia - No Coração do Brasil" amplifica a voz do poeta do Estácio

Documentário traz o artista carioca, falecido em 2017, como narrador da própria história (Fotos Embaúba Filmes) 


Eduardo Jr.


Dia 16 de janeiro foi a data escolhida para a estreia do documentário “Luiz Melodia: No Coração do Brasil”. Dirigido por Alessandra Dorgan, o longa traz o artista carioca, falecido em 2017, como narrador da própria história. A distribuição é da Embaúba Filmes. O filme poderá ser conferido no Una Cine Belas Artes e no Centro Cultural Unimed-BH Minas.

Este não é um filme com movimentos de câmera autorais ou cores marcantes, daquelas que identificam de imediato o cineasta responsável. Todo o documentário é composto por material de arquivo. Gravações de áudios, entrevistas e shows foram cedidas por Jane Reis, viúva do artista e produtora associada nesta homenagem. 


Já de saída, uma mensagem na voz do cantor alerta que, nesses tempos de crise em que estamos vivendo, é bom se soltar enquanto existe música dentro de nós. 

Muito coerente com quem construiu um repertório que vai do samba ao jazz e levou aos palcos um corpo cheio de movimento, que parece nunca ter sentido que envelhecer seria um fardo. Melodia faleceu aos 66 anos, mas permanece vivo, sendo frequentemente regravado.


Essa mensagem sobre a importância de sentir e viver a arte fica ainda mais pertinente se olharmos para os bastidores da produção. 

Foram sete anos de pesquisa e muita luta para fazer o projeto sobreviver enquanto a Ancine e todo o audiovisual brasileiro enfrentavam problemas e ameaças de censura por parte do ocupante anterior da cadeira da Presidência da República. 


Mas Luiz era musicalidade e também resistência. Nascido no bairro do Estácio de Sá, seu corpo já evocava liberdade. Em algumas cenas, lá está ele, sem camisa, tranças soltas, e no seu canto, a poesia autoral. 

Em nome do direito de fazer o que queria, no momento desejado e de manter uma liberdade criativa, passou alguns períodos sem gravar, pois enfrentava gravadoras de peito aberto, e saía vitorioso. A aclamação do público é a prova disso.  


A própria voz de Luiz Melodia se encarrega de tudo. Com suas “canetadas”, foi despertando a atenção e fazendo amigos. Entre eles, Waly Salomão, Torquato Neto e Gal Costa, a responsável por fazer com que o compositor se instalasse "no coração do Brasil", como ele mesmo escreveu em “Magrelinha”.  

Nessa narrativa, enquanto vai desfiando suas histórias, a voz do poeta do Estácio é coberta em alguns momentos por imagens antigas do Rio de Janeiro, da cena cultural da cidade e acompanhada por ritmos que foram sua influência, como o samba de Zé Keti. 


Ao longo da imperceptível uma hora e quinze do documentário, o espectador vai descobrindo que Luiz Melodia era firme em suas escolhas. Doce ao bancar suas decisões. Inteligente em ler e entender o mercado fonográfico. E poético ao criar e levar o resultado ao público, que hoje pode desfrutar de registros e repertório incríveis (que passam por duetos memoráveis a trilhas de novela inesquecíveis). 


Ficha técnica:
Direção:
Alessandra Dorgan
Direção musical: Patricia Palumbo
Produção: Big Bonsai, coprodução MUK Produções e Plate Filmes
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: Una Cine Belas Artes e Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 1h15
Classificação: Livre
País: Brasil
Gênero: Documentário