26 fevereiro 2025

Documentário "Chica da Silva - A Descoberta do Testamento" apresenta a mulher por trás do mito

Vídeo e série de reportagens do TJMG originados a partir a localização do documento são verdadeiras
aulas de história afrocentradas (Fotos: Gláucia Rodrigues)


Maristela Bretas


O trabalho minucioso de um grupo de historiadores e jornalistas do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) a partir da localização do testamento de Francisca da Silva Oliveira resultou no documentário "Chica da Silva - A Descoberta do Testamento". Uma aula de história que foge dos livros e mostra outra face daquela que se tornou uma das figuras mais influentes da sociedade colonial mineira do século XVIII.

Ao completar 229 anos de sua morte, ocorrida em 15 de fevereiro, Chica da Silva, ex-escravizada, foi alforriada e se tornou Dona Francisca da Silva Oliveira, tem sua vida novamente contada. Agora, a partir do testamento dela, localizado após mais de 200 anos no Fórum da Comarca de Serro, cidade mineira ao qual pertenceu o antigo Arraial do Milho Verde, onde Chica nasceu.

Capa do testamento descoberto de Chica da Silva

O documentário de 52 minutos, produzido pela equipe de Comunicação e disponibilizado no canal oficial do YouTube do TJMG, desmistifica a mulher considerada ousada para sua época e faz uma reparação histórica ao mostrar uma Chica da Silva até pouco tempo desconhecida.

Ao contrário do filme "Chica da Silva" (1976), de Cacá Diegues, e da novela de mesmo nome, exibida pela extinta TV Manchete entre 1996 e 1997, a produção do TJMG reúne fotos, ilustrações, documentos oficiais da época e diversos depoimentos de historiadores, entre eles o da professora da UFMG e biógrafa de Chica da Silva, Júnia Furtado. 

Casa de Chica da Silva em Diamantina

Além de entrevistas de funcionários de museus e do IEPHA, garimpeiro, mestre vissungueiro, madres do Mosteiro Nossa Senhora de Macaúbas, em Santa Luzia, e até descendentes da 7ª e 8ª gerações de Francisca da Silva Oliveira. 

As cidades mineiras de Diamantina, Serro, Milho Verde e Santa Luzia, também são mostradas no documentário, cada uma com sua importância na vida pessoal e religiosa de Chica da Silva. 

Sob a direção executiva de Comunicação de Mariana Brito, participaram dos trabalhos as jornalistas Daniele Hostalácio e Kátia Matos, locução de Mércia Lívia, imagens de Márcio Rodrigues, fotos de Gláucia Rodrigues, edição de Elton Lizardo, coordenação de Francis Rose, Eudes Júnior e Fernando Capreta.

Mosteiro Nossa Senhora de Macaúbas, em Santa Luzia

Kátia Matos explica como foi a produção de "Chica da Silva - A Descoberta do Testamento". "Era para ser uma reportagem, que acabou virando documentário por causa do volume de depoimentos, havia muitos aspectos importantes. Primeiro nós fomos colhendo os depoimentos dos historiadores. Daí o material era muito grande, então ele virou um documentário". 

Ela conta ainda que precisava mostrar também o testamento, que é a base do documentário, cuja descoberta deu origem às reportagens. "Eu pensei: vou pegar o testamento, que já estava transcrito pela Júnia Furtado, e dividi-lo. A partir dos fragmentos da história que está no testamento, eu fui colocando as falas de cada entrevistado de acordo com as partes do documento. Foi quase um ano de trabalho", explicou Kátia Matos.

Gravura exposta na Casa de Chica da Silva (Reprodução)

Além do documentário, uma série com quatro reportagens para o site do TJMG, que podem ser conferidas CLICANDO AQUI, detalha passo a passo a trajetória de Chica da Silva a partir da descoberta do testamento. 

Fizeram parte deste trabalho as jornalistas Daniele Hostalácio, Kátia Matos, Daniele Hostalácio, Manuela Ribeiro, Mariana Maia, com fotografias de Gláucia Rodrigues, design de Pedro Moreira e edição de web de Danilo Pereira.

Daniele Hostalácio, responsável pela reportagem e edição das matérias da série, conta que "o testamento é a voz da própria personagem. No documento, ainda que ele, provavelmente, tenha sido ditado e não escrito por Chica da Silva, porque possivelmente não era alfabetizada e só sabia assinar o nome, ela fala sobre ela, onde nasceu, quem eram os pais, o nome de todos os filhos, o que vai deixar para as filhas, para a mãe". 

A jornalista explica ainda que "ao trazer à luz o testamento, você traz também a voz de Chica da Silva. Uma personagem que viveu no século XVIII e que, ao longo dos séculos, por diferentes motivos, teve a história de vida muito descolada do que foi a personagem de carne e osso que viveu naquele período".

Trabalho de restauração do testamento

Documento histórico

Para o presidente do TJMG, desembargador Luiz Carlos de Azevedo Corrêa Junior, "o documentário demonstra que o compromisso social do Tribunal de Justiça também compreende o resgate da história como forma de contribuição para entendermos o presente. Nossa expectativa é que, por meio do testamento, novas historiografias sobre Chica da Silva possam ser construídas. Esperamos que o documento impulsione novos estudos em torno dessa personagem", afirmou.

O testamento descoberto será restaurado para integrar o acervo do Museu da Memória do Judiciário Mineiro (Mejud) do TJMG, juntamente com a carta de alforria de Chica da Silva, e disponibilizados no futuro para a coletividade. 

Ele revela vários aspectos da vida de Chica da Silva, que foi comprada de outro senhor feudal, alforriada em seguida e manteve uma união sólida e de amor por 17 anos com o desembargador João Fernandes de Oliveira, maior contratador de diamantes da época. Com ele teve 13 filhos, todos com o sobrenome do pai, e se tornou a mulher mais influente da região de Diamantina.

Carta de alforria de Chica da Silva

Apesar das inúmeras ilustrações de Chica da Silva, senti falta de uma imagem de João Fernandes de Oliveira no vídeo, possivelmente por não ter sido descoberto nenhum registro até agora.

No documentário, Chica da Silva, uma mulher preta de corpo esguio, é mostrada por meio de gravuras em variadas situações, inclusive incorporando características de mulheres brancas. Apesar de ter sido escrava e ter sofrido com o racismo e misoginia, ela mantinha escravos em suas propriedades e eram considerados seu maior patrimônio e herança a ser deixada para os filhos e filhas.

Confira o documentário completo abaixo:


Ficha técnica:
Produção: Equipe de Comunicação do TJMG
Exibição: canal do TJMG no Youtube
Duração: 52 minutos
Classificação: livre
País: Brasil
Gênero: documentário

24 fevereiro 2025

Famoso personagem dos quadrinhos, "O Homem-Cão" ganha divertida versão no cinema

Animação foi adaptada do primeiro livro da coleção iniciada em 2016 por Dav Pilkey que já reúne 12 obras (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


“Metade cão, metade homem, totalmente herói”. Esta é a animação "O Homem-Cão" ("Dog Man"), da DreamWorks Animation, que estreia nesta quinta-feira (27) nos cinemas, tratando de temas como lealdade, amizade e superação. Ideal para ser assistido em família, garantindo boas risadas.

Na história, o dedicado, mas atrapalhado oficial de polícia Rocha e seu inteligente e fiel cachorro Greg sofrem um grave acidente durante o trabalho. A única saída para salvar suas vidas é uma cirurgia que vai fundir o corpo de Rocha com a cabeça do cão.  


Nasce daí o Homem-Cão (voz original do diretor Peter Hastings e dublagem em português de Eduardo Drummond), o melhor policial da cidade, que jurou proteger e servir aos cidadãos, enquanto corre, senta e rola, como qualquer cachorro.

Aprendendo a aceitar sua nova identidade, o Homem-Cão precisa se esforçar para impressionar seu chefe (Lil Rel Howery, de "Corra!" - 2017 e dublagem de Rodrigo Oliveira). Sua principal missão é impedir que Pepê, o Gato (Pete Davidson/Gustavo Pereira), cometa uma série de crimes. 


O mais recente plano diabólico do supervilão é clonar a si mesmo para duplicar suas habilidades criminosas. Ele só não contava que mais esta invenção iria dar errada e acabaria criando o gatinho Pepezinho (Lucas Hopkins Calderon), um felino muito fofo que o chama de pai. Mas a história ainda pode piorar, com novos vilões surgindo. Você só vai saber mais assistindo a esta animação.

Assistir "O Homem-Cão" é uma experiência interessante, como se estivesse lendo uma HQ na telona. Os personagens, especialmente os "do mal", são divertidos com seus planos mirabolantes. 


O protagonista canino encarna bem o papel de protetor de todos os cidadãos, independente da raça, movido pela astúcia e emoção, mas atrapalhado às vezes, herança da sua meia metade humana. E ainda tem o Pepezinho, que vai conquistar o coração das mamães.

Adaptação

O diretor Peter Hastings também é responsável pelas séries "Kung Fu Panda: Lendas do Dragão Guerreiro" - 2011 e "As Aventuras do Capitão Cueca: O Filme" - 2017. Vale lembrar que "O Homem-Cão" é um spin off de "Capitão Cueca", personagem também criado por Dav Pilkey.


Adaptado do primeiro livro com o personagem criado pelo escritor e ilustrador em 2016, que virou best-seller nos EUA, "O Homem-Cão" é também o primeiro dos quadrinhos da franquia a ganhar a telona. 

A coleção tem 12 best-sellers nos EUA, a maioria traduzida para o português e outros 46 idiomas. As obras podem ser adquiridas em sites de livrarias e de compras online. 

Esta versão de "O Homem-Cão" para o cinema ficou bem próxima dos quadrinhos. Tem até algumas cenas de lutas que lembram os filmes  de monstros e robôs, do tipo Power Rangers, o que deverá agradar aos fãs e conquistar novos leitores para a franquia, além de oferecer bons momentos em família.


Ficha técnica:
Direção: Peter Hastings
Roteiro: Dav Pilkey (autor da obra)
Produção: DreamWorks Animation
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h29
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: comédia, aventura, ação

22 fevereiro 2025

"Dentro da Caixinha - Mundo de Papel" é um mergulho nas antigas cantigas de infância

Filme é o terceiro da série a estrear nos cinemas e, como nos anteriores, a direção é de Guilherme Reis
(Fotos: Postura Digital)


Da Redação


Uma ótima dica de programa em família neste domingo (23) é o filme "Dentro da Caixinha - Mundo de Papel", dirigido por Guilherme Reis. Esta é a terceira produção da série mineira lançada no cinema. 

Iniciada em 2016 com o musical infantil "Dentro da Caixinha, distribuído pela Cineart Filmes, teve como sequência "Dentro da Caixinha - Segredo de Criança", em 2022.

"Mundo de Papel" é uma fábula sobre reconexão da infância contemporânea com as cantigas e as tradições folclóricas do Brasil. O filme pode ser conferido na sessão das 11 horas, no Cineart Boulevard, ou das 15 horas, no Sesc Palladium, com ingressos a R$ 10,00 a inteira e R$ 5,00 a meia.


O longa, lançado em janeiro deste ano durante a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, foi concebido a partir da montagem dos episódios da primeira temporada da série "Dentro da Caixinha", vencedora do edital #AudiovisualGeraFuturo, do Ministério da Cultura. 

O projeto foi realizado pela produtora Postura Digital, com patrocínio do Uni-BH por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte.


Na história, o menino Lúcio (Victor Morais) está no hospital quando recebe a visita da avó Neusa, dos filmes "Dentro da Caixinha", vestida de palhaça. A doutora Parafina (Marta Morais) empresta uma misteriosa caixinha ao garoto. 

Ao abri-la, o jovem é transportado, junto com sua mãe Alda (Bárbara Lima) e a irmã Zulma (Maria Clara Naene), para o Sertão da Memória, um lugar fantástico habitado por personagens das cantigas de roda. 

Mulher Rendeira (Valentina Melo), Mestre André (Fábio Martins), Marinheiro Só (Asafe Azevedo de Paula), Dona Baratinha (Alice Aguiar), Soldado Cabeça de Papel (Pedro Martins Dornelas Araújo e Dudu Santana), e outros estão entre os personagens.


A presença das crianças no esquecido mundo das canções antigas faz renascer a esperança e desperta, em todos os habitantes, o desejo que eles fiquem para sempre dentro a caixinha.

O elenco infantil foi selecionado a partir de uma oficina de interpretação oferecida a 80 crianças no Sesc Palladium. Ao todo são mais de 60 crianças envolvidas, entre figurantes e elenco. 

Destaque para a atriz e palhaça Marta Morais, que interpreta a avó Neusa em todos os filmes da série. Vale a pena conferir, uma verdadeira volta à infância, que fará pais e filhos cantarem juntos. Saiba mais sobre ao mundo "Dentro da Caixinha" clicando aqui.


Ficha técnica:
Direção: Guilherme Reis
Roteiro: Caio Ducca e Guilerme Reis
Produção: Postura Digital
Exibição: domingo (23/02), sessões às 11 horas, no Cineart Boulevard; e às 15 horas no Sesc Palladium
Ingressos: preços especiais - R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)
Duração: 1h23
Classificação: livre
País: Brasil
Gêneros: ficção, família

19 fevereiro 2025

"A Garota da Agulha" - um conto sombrio sobre maternidade pós-guerra

Victoria Carmen Sonne entrega uma destacada atuação, ressaltada pela fotografia em preto e branco
(Fotos: Mubi/Divulgação)


Marcos Tadeu
Parceiro do blog Jornalista de Cinema


Representante dinamarquês na corrida pelo Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional, "A Garota da Agulha" ("Pigen Med Nålen") chegou à plataforma Mubi no dia 24 de janeiro. Dirigido por Magnus Von Horn, o longa é um conto sombrio e cruel sobre maternidade após os eventos da Segunda Guerra Mundial.

A história acompanha Karoline (Victoria Carmen Sonne), uma jovem operária que enfrenta a pobreza e uma gravidez indesejada na Copenhague pós-guerra. Desesperada, cruza o caminho de Dagmar (Trine Dyrholm), dona de uma loja de doces que, secretamente, mantém uma agência de adoção para mães em dificuldade.


O primeiro destaque do filme é a atuação de Victoria Carmen Sonne. Ela entrega uma protagonista sofrida, mas batalhadora. Mesmo em condições desfavoráveis, Karoline se descobre mãe, mas rejeita o filho ao ser abandonada pelo parceiro, que tinha condições de assumir a criança. 

Ser mulher já é difícil; em tempos de guerra, o peso se torna ainda maior. A ajuda vem por meio de Dagmar, uma senhora que cuida de crianças, mas também as usa em atividades ilícitas. Sem casa e sem abrigo, Karoline troca seu leite materno por um teto, desenvolvendo uma relação complexa com a senhoria.


Outro ponto forte do filme são os aspectos técnicos. A fotografia em preto e branco de Michał Dymek cria um contraste perfeito com a atmosfera sombria da história, elevando ainda mais a jornada de Karoline. 

A montagem de Agnieszka Glinska dá ritmo ao filme sem torná-lo cansativo, tornando a trajetória da protagonista cada vez mais instigante. O design de produção também merece destaque: as casas, os cenários e toda a ambientação são impecáveis, graças ao trabalho de Jagna Dobesz.

Talvez o único ponto que deixa a desejar seja a falta de aprofundamento na história de Dagmar. Embora isso não prejudique a narrativa, mais informações sobre essa figura dúbia poderiam enriquecer o enredo.


No centro do filme estão a maternidade e seu lado sombrio, além do impacto da guerra e como ela transforma as pessoas — para o bem ou para o mal. Esse é, sem dúvida, um dos grandes acertos do diretor, que conduz a trama com precisão.

"A Garota da Agulha" vale a pena ser conferido, não apenas por sua indicação ao Oscar, mas também por provocar reflexões, especialmente para mulheres e mães, sobre suas escolhas. Um conto quase real que ressoa até os dias de hoje.


Ficha técnica:
Direção: Magnus Von Horn
Produção: Nordisk Film, Film i Väst
Exibição: Mubi
Duração: 2h02
Classificação: 16 anos
Países: Dinamarca, Polônia e Suécia
Gêneros: drama, histórico

18 fevereiro 2025

Somos "Flow" 100% como animação do ano

Filme aborda a questão climática, a necessidade de conviver com as diferenças e de união em situações extremas (Fotos: Sacrebleu Productions)


Jean Piter Miranda e Eduardo Jr.


"Flow" é como uma obra de arte. É uma animação que não tem diálogos (isso é impressionante), e ainda assim, os animais se comunicam. Você tira várias camadas para poder interpretar a crise climática que a gente está vivendo, a necessidade de pensar no coletivo, de pensar no próximo, de ter empatia, de saber conviver com as diferenças e de, realmente, um necessitar do outro. 

Não dá para ser individualista em situações extremas. Poderíamos ser mais coletivistas no nosso dia-a-dia? "Flow" é uma obra para  refletir, ela leva a gente a pensar e sentir. Por estas razões que esta produção da Letônia, dirigida por Gints Zilbalodis, merece ser conferida nos cinemas a partir do dia 20 de fevereiro.


Na história, o mundo está devastado, coberto apenas por vestígios da presença humana. Um gato preto solitário que, um dia, enquanto é perseguido por uma manada de cães, vê seu lar ser destruído por uma grande enchente. 

Buscando uma forma de sobreviver após a inundação, ele enfrenta diferentes ameaças, até que encontra refúgio em um pequeno veleiro povoado por diversas espécies. Todos tentam fugir dessa situação hostil e precisam se unir apesar de suas diferenças.


É aquela questão de experiência. "Robô Selvagem" é mais uma produção norte-americana, muito boa por sinal, mas que a gente coloca naquele mesmo pacote das outras boas produções hollywoodianas, como "Monstros S.A"., "Vida de Inseto" ou "Divertida Mente". 

Tem muita produção boa da Disney, da Pixar, da DreamWorks e a gente coloca ali, está tudo igual. Como experiência, eu falo que foram boas, mas é mais daquilo que a gente já viu. 

Como obra cinematográfica, "Flow" é diferente em tudo. A parte gráfica, a mixagem de som, a temática, ficaram ótimas. A animação ser feita sem diálogo, apenas com sinais sonoros e gestos entre os animais, e você ter que ler a situação para entender o que está passando, ficou fabuloso. 


As metáforas ficam na nossa cabeça, por muito, muito tempo. É um filme que marca. Você não vai conseguir tirar ele da cabeça. E tem cenas que são maravilhosas, na água, no céu, que dão para fazer pôster e pregar na parede. Por mim não precisava nem ter votação. Já poderia dar o Oscar direto para "Flow".

O colaborador Eduardo Jr. concorda com Jean Piter. Para ele, "se você chegou a este texto esperando encontrar análises sobre técnica e execução cinematográfica, pode se decepcionar. A interpretação das camadas e mensagens do filme tem tudo para ganhar mais espaço no gosto do público (no meu, já ganhou). 


Em tempos em que a perfeição parece ser o objetivo dos estúdios de animação, "Flow" se preocupa menos com a estética e mais com o conteúdo. Não que o desenho tenha traços malfeitos, mas notoriamente está um pouco distante daquele "padrão Pixar", tão amplamente difundido. 

Na tela os gráficos remetem a videogames dos anos 90. Aqui os personagens são um gato, um cachorro, uma capivara, um lêmure e uma garça, que juntos tentam sobreviver a uma inundação. No desenvolver da trama vão se abrindo camadas para interpretar diversas pautas e mensagens no filme. 


O grupo improvável de cinco animais, domésticos e selvagens, em uma floresta e precisando aprender como conviver em harmonia até remete à necessidade de união entre os cinco continentes pela preservação do nosso planeta.

"Flow' não tem diálogos, mas as escolhas e os gestos dos personagens falam por si só. Ou seja, a arte se faz até sem palavras. As ações e cenas ficam reverberando na cabeça da gente durante um tempo. 

Um filme lindo, especialmente na fotografia, capaz de deixar o público embasbacado. Merecedor do Globo de Ouro como Melhor Animação. E mesmo com um orçamento de 3,5 milhões de euros (em torno de R$ 21 milhões) é também um dos fortes candidatos ao Oscar 2025.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Gints Zilbalodis
Roteiro: Gints Zilbalodis, Matïss Kaza e Ron Dyens
Produção: Sacrebleu Productions
Distribuição: Mares Filmes, Alpha Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h25
Classificação: Livre
País: Letônia, França e Bélgica
Gêneros: animação, fantasia, família, aventura

14 fevereiro 2025

“Sing Sing” - A arte de transformar vidas no sistema prisional

Colman Domingo entrega mais uma brilhante atuação, desta vez como um detento que encontra um novo propósito com o teatro (Fotos: Diamond Films)


Filipe Matheus
Parceiro do blog Maravilha de Cinema


Colman Domingo está em cartaz nos cinemas como protagonista do longa “Sing Sing”, dirigido por Greg Kwedar e distribuído pela Diamond Films. O filme traz um retrato sensível da realidade prisional, evidenciando o poder transformador da arte na vida das pessoas. 

A trama acompanha Divine G (Domingo, de "Rustin" - 2024), um homem injustamente condenado que encontra um novo propósito ao atuar no grupo de teatro formado por detentos. 


Para esses homens, a arte se torna um símbolo de resistência e liberdade, mostrando que mesmo atrás das grades, ainda é possível ressignificar a própria história.

Um dos pontos altos da produção é a transformação pelo teatro, principalmente na vida de Clarence Maclin, um novo detento cauteloso e desconfiado. Aos poucos, a arte vai mudando sua trajetória e a de outros integrantes do grupo.


Trazendo ainda mais autenticidade à narrativa, Clarence “Divine Eye” Maclin, Sean “Dino” Johnson e Jon-Adrian “JJ” Velazquez interpretam a si mesmos, compartilhando suas próprias experiências como ex-encarcerados e ex-alunos do programa de teatro prisional da organização Rehabilitation Through the Arts (RTA).

Com uma abordagem poética, a obra reforça que a esperança é inerente ao ser humano. E que o passado não define futuro. Ao evidenciar a importância da arte dentro do sistema prisional, o filme é uma inspiração para mudanças e reforça o valor da cultura de ressocialização, provando que sempre existe luz no fim do túnel.


A trilha sonora do filme é composta por Bryce Dessner, uma peça fundamental na narrativa. Além de “Like a Bird”, que concorre ao Oscar 2025 como Melhor Canção Original, sucessos como "Blades" e "The Void" não apenas acompanham a trajetória dos personagens, mas também tocam profundamente o espectador.

Além de Melhor Canção Original, o longa foi indicado ao Oscar 2025 nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, e Melhor Ator, um reconhecimento à atuação de Colman Domingo. 


O lançamento do filme foi simultâneo nos cinemas e nas prisões dos Estados Unidos, em parceria com a A24. Baseado no programa RTA, conta com o apoio da ONG Edovo, que disponibiliza tablets em centenas de unidades correcionais dos EUA, promovendo educação e reintegração. 

Outro ponto de destaque de "Sing Sing": todos os envolvidos da equipe receberam o mesmo salário, além de participações de propriedade no filme. Não deixe de conferir nos cinemas. 


Ficha técnica:
Direção: Greg Kwedar
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h47
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gênero: drama

11 fevereiro 2025

"Aos Pedaços" estreia com a promessa de melhor fotografia que você verá este ano

Diretor Ruy Guerra ousa ao criar um jogo de suspenses e paranoias entre protagonistas (Fotos: Pandora Filmes)


Eduardo Jr.


O cineasta Ruy Guerra está de volta aos cinemas. Aos 93 anos, ele estreia nesta quinta-feira (13/02) “Aos Pedaços”, longa finalizado em 2020 em que luz e sombra emolduram magistralmente um thriller psicológico ousado. A distribuição é da Pandora Filmes. O filme está em exibição no UNA Cine Belas Artes.

Na trama, Eurico Cruz (personagem vivido por Emilio de Mello) se divide entre duas mulheres, com o mesmo nome. Ana (Simone Spoladore) mora em uma casa na praia, enquanto Anna (Christiana Ubach), mora em uma casa idêntica, em uma área deserta.


Ao receber um bilhete anunciando sua morte, assinado por “A”, a paranoia do protagonista se intensifica. Mais ainda diante da presença de Eleno (Julio Adrião). A presença de uma garrafa nas mãos do trôpego Eurico faz o espectador pensar em delírios, e depois, duvidar das alucinações. 

Aí está uma das ousadias do diretor: neste jogo de suspenses e paranoias, ele deixa aberta a possibilidade de uma vingança das duas por saberem que não são únicas na vida de Eurico. Estariam as duas mulheres cientes da existência uma da outra?


A relação do protagonista com uma delas é mais misteriosa. Com outra, provocativa. E as duas atrizes vão desenrolando na tela possíveis motivações para tramar contra o marido. E a Eurico cabe transitar entre a passividade e o desespero, até solucionar sua angústia. 

As interpretações mais teatralizadas podem agradar ou não ao espectador, mas sustentam o aspecto artístico, experimental e atrevido de Ruy Guerra.   


Para além da trama, está a fotografia. Pablo Baião apresenta um preto e branco em enquadramentos hipnotizantes. A música de Fracktura, narração de Arnaldo Antunes e desenho de som de Bernardo Uzeda completam o pacote. 

Não por acaso o filme foi premiado no Festival de Gramado com Kikitos de Melhor Fotografia, Melhor Som e Melhor Diretor. 

Este não é um filme que se resume em uma palavra. É uma grande viagem, é instigante, é bonito, questiona a realidade, e talvez seja ainda mais, a depender da experiência do espectador. Mas além de tudo, é a oportunidade de valorizar mais um grande talento do cinema brasileiro.  


Ficha técnica:
Direção: Ruy Guerra
Roteiro: Ruy Guerra e Luciana Mazzotti
Produção: Kinossauros Filmes, Tacacá Filmes
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: UNA Cine Belas Artes - sala 1, sessão das 18h30
Duração: 1h33
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: thriller psicológico, drama

09 fevereiro 2025

"Acompanhante Perfeita" equilibra bem ficção, comédia e um terror brutal

Sophie Thatcher protagoniza a história, vivendo uma mulher dominada e submissa numa relação com Jack Quaid (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Escrito e dirigido por Drew Hancock, com distribuição da Warner Bros. Pictures, está em cartaz nos cinemas a comédia de terror (se é que posso chamar assim) "Acompanhante Perfeita" ("Companion"). 

Com boas atuações de Sophie Thatcher (de "Boogeyman: Seu Medo é Real" - 2023) e Jack Quaid ("Oppenheimer" - 2023), o filme, logo no início, dá um choque no espectador. E vai mantendo este ritmo ao longo de toda a narrativa.

A trama segue Iris (Thatcher) e Josh (Quaid) que vivem um relacionamento complexo, que vai da paixão à primeira vista à toxidade da manipulação, com cenas bem perturbadoras. 


Em entrevista, a atriz descreveu o relacionamento de sua personagem como intenso e codependente, com Iris disposta a fazer qualquer coisa para que Josh se sinta amado e cuidado. 

Do encontro ao acaso que dá início à relação a um fim de semana com os amigos de Josh - Kat (Mega Suri, de "Não Abra" - 2023), Sergei (Ruper Friend, de "Asteroid City" - 2023), Eli (Harvey Guillén, de "Besouro Azul" - 2023) e Patrick (Lukas Cage, de "Sorria 2" - 2024) -, o casal vai passando por diversas situações e mudanças nos planos. 

Até a surpreendente revelação de que um dos hóspedes é um robô de companhia com tendências assassinas, o que vai provocar uma reviravolta completa na trama. 


"Acompanhante Perfeita" se destaca por sua mistura de gêneros, ao conseguir equilibrar bem comédia, ficção e terror. O diretor usa a relação dominadora dos protagonistas para mostrar o quanto ela pode se tornar doente e abusiva e as consequências disso. 

Iris representa a mulher tratada como objeto, um simples acessório na vida de um homem (Josh) que usa e abusa dela como e quando quer. 

Drew Hancock também não economiza em cenas brutais, com variadas formas de mortes e torturas. Um filme de terror diferente, com toques de ficção graças ao androide que substitui um ser humano. 


O que nos leva a pensar sobre o uso da inteligência artificial e um futuro não muito distante do que vivemos hoje, com máquinas ocupando lugares de pessoas para suprir a solidão.

Para alguns, "Acompanhante Perfeita" pode desagradar, mas a produção vem caindo nas graças do público. Pelo menos dos norte-americanos, que garantiram o retorno do valor investido de US$ 10 milhões na primeira semana de bilheteria nas salas do país. 

Eu, particularmente gostei da abordagem. Confira na Semana do Cinema, com ingressos a R$ 10,00 e combos com valores promocionais. Depois conta aqui nos comentários o que achou.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Drew Hancock
Produção: New Line Cinema, Boudelirlight Pictures, Vertigo Entertainment e Subconscious
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h37
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: ficção, terror, comédia

04 fevereiro 2025

"Alma do Deserto" - com fotografia e registros pungentes, a obra é uma ode à resistência e à liberdade

Documentário coproduzido entre Brasil e Colômbia narra a história de uma mulher trans da etnia Wayúu
(Fotos: Retrato Filmes)


Silvana Monteiro


Dirigido por Mônica Taboada-Tapia, "Alma do Deserto" se destaca como um documentário que vai além da simples narrativa factual, transformando-se em uma profunda meditação sobre identidade, resistência e o direito à existência plena. 

Coproduzido entre Brasil e Colômbia, o filme narra a história de Georgina Epiayu, uma mulher trans da etnia Wayúu, cuja luta pela revalidação de sua identidade civil e pelo direito de votar se entrelaça com os desafios de pertencer a múltiplos mundos. 


Com uma fotografia que fala, a estética visual de "Alma do Deserto" é impactante. A cinematografia vibrante captura as cores e texturas do deserto colombiano, criando um contraste sensível entre a vastidão implacável da paisagem e a intimidade do cotidiano de Georgina. 

Cada enquadramento é meticulosamente composto para transmitir a beleza e a hostilidade do ambiente, refletindo a dualidade de sua existência: a liberdade da natureza versus as barreiras de uma sociedade excludente.


O documentário transcende a mera documentação de eventos. Ele mergulha na intensa luta de Georgina por reconhecimento, revelando relatos profundos e registros surpreendentes. 

Sua história se transforma em uma epopeia contemporânea. A reconstrução de sua identidade emerge como um ato revolucionário — um grito silencioso contra o preconceito e a violência. Georgina luta contra muitas mortes, a morte do seu corpo, de seu nome e de sua alma livre e destemida.


Ao registrar suas inúmeras idas a repartições públicas em busca de seus documentos civis, o documentário se mostra, em muitos aspectos, um manifesto político e social. 

Ao explorar a intersecção entre gênero e etnia, o longa revela as múltiplas camadas de opressão enfrentadas por comunidades marginalizadas. 

A narrativa de Georgina é, ao mesmo tempo, pessoal e coletiva, refletindo as lutas de muitas outras pessoas trans e indígenas que buscam espaço e respeito em sociedades marcadas por preconceitos históricos. 


Mônica Taboada-Tapia demonstra, com sensibilidade e ousadia, um compromisso profundo com a verdade e a dignidade humana. Sua direção equilibra a crueza dos fatos com a beleza poética do cotidiano. 

O uso de depoimentos íntimos e registros visuais vibrantes conferem ao filme uma dimensão quase lírica, onde cada silêncio e cada olhar carregam o peso de uma história de superação. 

Os dedos ágeis de Georgina moldando o barro, seus cabelos finos dançando ao vento, e sua maneira simples e serena de reivindicar o que lhe é constantemente negado é tocante e transformador. 


Exibido na Jornada dos Autores do Festival de Veneza e agraciado com o prêmio Leão Queer, o filme se consolida como uma obra indispensável para aqueles que buscam compreender as complexas interseções entre identidade, cultura e direitos humanos.

As inúmeras cenas de suas travessias pelo deserto revelam um contraste profundo entre sua liberdade — pessoal e corporal — e sua identidade de gênero, como se seu anseio indomável se dissolvesse na vastidão das dunas, fundindo-se à beleza árida e implacável da paisagem com a luta da protagonista por coexistência.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Mónica Taboada-Tapia
Produção: Estúdio Giz, Guerrero Films
Distribuição: Retrato Filmes
Duração: 1h27
Classificação: 12 anos
Países: Brasil, Colômbia
Gênero: documentário

03 fevereiro 2025

"Emília Pérez" estreia nos cinemas brasileiros carregado de polêmicas

Considerado um dos favoritos ao Oscar 2025, filme recebeu 13 indicações e tem no elenco Karla Sofía 
Gascón e Zoe Sandaña  (Fotos: Paris Filmes)


Jean Piter Miranda


Nas últimas décadas, muitos criminosos ligados ao tráfico de drogas fizeram cirurgias plásticas para mudar de rosto e de identidade. São muitas histórias que ocorreram em diversos países. Tudo para poder driblar a polícia e a justiça. Sumir do mapa e começar uma nova vida em outro lugar. 

Parece roteiro de cinema e agora se torna a trama central de “Emília Pérez”, filme que recebeu 13 indicações ao Oscar 2025 e estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (6). 

O traficante mexicano Manitas Del Monte (Karla Sofía Gascón) procura a ajuda da advogada Rita (Zoe Saldaña). Ele quer fazer uma cirurgia de mudança de sexo, trocar de identidade e abandonar o mundo do crime. 


Manitas, chefe do cartel Juan Del Monte, vira Emília Pérez. Mas há um preço a pagar por isso. Não apenas em dinheiro. Para começar uma nova vida, é preciso deixar tudo para trás. É preciso ter um bom plano e seguir tudo à risca. 

Rita, a advogada, vive frustrada com sua profissão. Por ganhar pouco e, principalmente, por sentir que não atua em favor da justiça. Ela então recebe a proposta para fazer todos os trâmites para que Manitas faça a troca de gênero. 

Pesquisar clínicas, preços, conversar com médicos, ver questões bancárias, entre outras coisas. Claro, para isso, vai receber uma boa grana. 


Os procedimentos são feitos. Rita segue sua nova vida. Emília também. Mas elas se cruzam novamente. Não por acaso. Mais uma vez, Emília quer a ajuda de Rita. Agora para recuperar parte do que era importante para ela, de quando ainda era Manitas. Aí as coisas começam a se complicar. 

A trama é bem envolvente. Emília tem que lidar com um novo mundo a sua volta, com a nova aparência, sua sexualidade, seus afetos, amores, paixões. E isso traz muitos conflitos, muitos dilemas. Inclusive para Rita.

Vale destacar que "Emília Pérez" é um musical. Ou talvez seja um “meio musical”. Diferente de obras em que são feitas quase totalmente em canções e coreografias, o longa tem apenas algumas poucas cenas cantadas. Com o desenrolar da história, a gente até esquece que se trata de um musical. 


Além dos conflitos pessoais e familiares dos personagens, o filme também aborda brevemente questões que são caras para os mexicanos. A busca pelas milhares de pessoas desaparecidas por conta do tráfico de drogas e o drama das famílias que sofrem sem saber se um dia serão encontradas ou se foram mortas. 

O filme teve ótima aceitação pelos festivais e recebeu boas críticas por onde passou. Exceto no México. Por lá, os espectadores e a imprensa especializada vêm detonando o longa. Eles alegam que o filme é superficial e carregado de clichês e estereótipos que não retratam a cultura mexicana. 

Também reclamam do fato de o elenco ser composto por estrangeiros. Karla é espanhola, Zoe e Selena são estadunidenses. Edgar Ramirez é venezuelano e apenas Adriana Paz é mexicana. Isso sem falar que o diretor, Jacques Audiard, é francês. 


Selena Gomez, embora tenha ascendência mexicana, vem recebido muitas críticas por não falar o espanhol fluente e por ter um sotaque “americanizado”. Algo que só é perceptivo para os mexicanos. É como se pegássemos a maravilhosa argentina Eva de Dominici para interpretar uma brasileira. Certamente, faria sucesso mundo afora, mas, o público brasileiro nunca iria engolir. 

Karla Sofía é a primeira mulher trans a ser nomeada para o Oscar. Ela e Zoe Saldaña estão ótimas. Não por menos, foram indicadas aos prêmios de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. Edgar Ramirez e Adriana Paz também têm atuações muito boas. 


O longa também concorre nas principais categorias do Oscar: Melhor Filme, Filme Internacional e Direção. Além disso, está na disputa de Melhor Roteiro Adaptado, Canção Original ("Mi Camino" e "El Mal"), Trilha Sonora Original, Edição, Som, Fotografia e Cabelo e Maquiagem. 

São 13 indicações ao Oscar! Isso faz de Emília Pérez o filme de língua não-inglesa a conseguir o maior número de indicações na premiação. O recorde anterior era de “O Tigre e o Dragão” (2000) e “Roma” (2018), ambos com 10. 

Em meio a polêmicas, "Emília Pérez" já faz história e chega como favorito ao Oscar 2025. Uma narrativa diferente, quase um gênero novo, que conta bem a história que propõe. Vale a pena ver na telona. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Jacques Audiard
Produção: Pathé Films, France 2 Cinéma, Saind Laurent Productions, Page 114, Why Not Productions, Pimenta Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h10
Classificação: 16 anos
País: França
Gêneros: musical, comédia, drama