04 março 2025

"O Macaco" é um terror violento, com muito sangue e situações tão bizarras que são engraçadas

Com uma cara assustadora e ataques macabros, o "brinquedo assassino" pode se tornar o novo
sucesso do gênero entre os fãs (Fotos: Paris Filmes)


Maristela Bretas


Poderia ser somente um filme de terror, que lembra "Premonição" em alguns momentos, quando as pessoas sabem o que vai acontecer, mas mesmo assim não se cuidam. E, claro, as tragédias acontecem. 

Este é "O Macaco" ("The Monkey"), produção que estreia nesta quinta-feira (06) nos cinemas, adaptado do conto do mestre do suspense e terror Stephen King.

Osgood Perkins é o diretor e roteirista, repetindo a receita de "Longlegs - Vínculo Mortal" (2024), porém com mais cenas violentas que, de tão bizarras, chegam a provocar risos e comentários de engraçados e de espanto em alguns momentos. 

Oz Perkins (como é mais conhecido), que atuou em outro sucesso do terror/suspense, "Não! Não Olhe!" (2022), de Jordan Pelle, também faz um pequeno papel em "O Macaco", como o tio dos protagonistas. 


Para dar ainda mais peso à produção, ela conta com a produção e experiência em terror do aclamado diretor e produtor James Wan, responsável por "Maligno" (2021), "Invocação do Mal 2" (2016) e "Sobrenatural" (2011) e "Sobrenatural: Capítulo 2" (2013), além de outros do gênero.

Para quem gosta do gênero, os ataques, apesar de previsíveis, agradam e o pulo na cadeira do cinema é certo. Só de olhar a cara assustadora do macaco, um boneco que toca um tambor e faz as tragédias acontecerem, já é o suficiente para provocar tensão. É o tipo de brinquedo que um pai, com um mínimo de sensatez, jamais daria para uma criança.


O filme conta a história dos gêmeos Bill e Hal, que encontram um velho macaco de brinquedo no sótão da casa de seu pai. Aparentemente inofensivo, basta ele começar a tocar o tambor que passam a acontecer mortes terríveis, das mais variadas formas. 

Os irmãos decidem jogar o macaco fora e seguir em frente, mas anos depois as mortes voltam a ocorrer e eles precisam se reencontrar para acabar com o brinquedo. 

O diretor não economizou no sangue e nem na violência nos crimes cometidos pelo macaco, que apesar da cara assustadora, não desperta a desconfiança de ninguém. 


Exceto dos gêmeos, interpretados por Theo James (da trilogia "Divergente" (2014), "Insurgente" (2015) e "Convergente" (2016). Estão também no elenco nomes conhecido como Elijah Wood, Tatiana Maslany e Christian Convery.

Os efeitos visuais são bons, mas a história tem vários furos ao não explicar a origem do personagem macabro, nem o que aconteceu no período que os gêmeos ficaram separados e como o macaco aparece locais diferentes. 

Não chega a ser um clássico do terror, mas tem a marca de Stephen King, o que pode agradar aos fãs do gênero, que poderão relembrar o estilo de filmes do passado, que já começavam com a "ação" com poucos minutos de projeção. 


Outra vantagem de "O Macaco", talvez por economizar no enredo e focar nos ataques, é que as aparições e mortes não se restringem a locais fechados e escuros. Podem ocorrer a qualquer hora do dia ou da noite. E sim, como o próprio cartaz do filme avisa: "Todo mundo morre. E isso é uma m*rda!"

O espectador não deve esperar muitas explicações do porque o "brinquedo assassino" sai matando aleatoriamente. Ele vai entrar no cinema sem saber como as vítimas são escolhidas e sair com a mesma interrogação - será uma entidade incorporada, ele foi amaldiçoado, haverá uma continuação do filme para esclarecer todas as dúvidas? 

Muitas perguntas, sem respostas, mas mesmo assim o filme vale a pena porque "toca o terror" literalmente e está atraindo um bom público por onde estreia. 


Ficha técnica:
Direção: Oz Perkins
Roteiro: Oz Perkins e Stephen King
Produção: Neon, Atomic Monster, Black Bear Pictures, Range Media Partners, Stars Collective Films, C2 Motion Picture Group e Oddfellows Entertainment
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, comédia


03 março 2025

Deu Brasil! "Ainda Estou Aqui" ganha o Oscar de Melhor Filme Internacional

Filme de Walter Salles conquistou a estatueta pela primeira vez para o Brasil e tem Fernanda Torres e
Selton Mello no elenco (Montagem sobre foto de Alile Dara Onawales)


Maristela Bretas


Brasil, Brasil, Brasil. E não é com "Z", mas com "S". "Ainda Estou Aqui" conquista seu primeiro Oscar e é eleito "Melhor Filme Internacional" na 97ª edição. A atriz Penélope Cruz entregou a estatueta ao diretor Walter Salles, que a dedicou a Eunice Paiva e Fernanda Torres, que a interpretou na produção.

"Ainda Estou Aqui" concorreu também nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz, com Fernanda Torres. A obra já levou mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas e concorreu com “Emilia Pérez” (França), “Flow” (Letônia), “A Garota da Agulha” (Dinamarca) e “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha).

"Ainda Estou Aqui" (Foto: Alile Dara Onawales)

O filme brasileiro é baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens Paiva. Ele trata da força da mãe em assumir a liderança da família de cinco filhos e sua resistência para lutar em busca de informações sobre o marido (interpretado por Selton Mello), levado pelas forças da Ditadura Militar dos anos 1970 e que nunca foi encontrado.

Pouco antes da cerimônia, no Tapete Vermelho, Fernanda Torres, que ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama, agradeceu o apoio dos brasileiros e elogiou Eunice Paiva e Walter Salles. Ela disse que "o Brasil é um país muito afetuoso e no filme de Walter Salles as pessoas são tocadas". 

Walter Salles também falou que "Ainda Estou Aqui" é uma celebração da cultura brasileira e que estava muito honrado em representar esse Brasil que vale a pena.


A cerimônia do Oscar

O Oscar 2025 foi realizado nesse domingo de carnaval, diretamente do Teatro Dolby, em Los Angeles, na Califórnia. A cerimônia foi aberta com uma bela montagem de antigos e novos filmes vencedores da premiação. 

Ariana Grande interpretou "Somewhere Over the Rainbow", tema de "O Mágico de Oz", e Cynthia Erivo cantou "Home". A dupla encerrou as performances musicais com "Defying Gravity", da trilha sonora de "Wicked", e foi aplaudida de pé.

"Wicked" (Fotos: Universal Pictures)

Utilizando imagens do filme "A Substância", o comediante nada engraçado Conan O'Brien foi o apresentador da solenidade pela primeira vez. Ele chamou Robert Downey Jr. para anunciar o primeiro vencedor, Kieran Culkin, como Melhor Ator Coadjuvante pelo filme "A Verdadeira Dor'.

Goldie Hawn e Andy Garfiled anunciaram o Melhor Filme de Animação e, como era esperado, a estatueta saiu para "Flow", produzido na Letônia. Também entregaram o prêmio de Melhor Curta-Metragem em Animação para o iraniano "In the Shadow of the Cypress".

A estatueta de Melhor Figurino saiu para Paul Tazewell, do filme "Wicked", que agradeceu pela honra de ser o primeiro figurinista negro a receber este prêmio na categoria.

"Flow" (Foto: Sacrebleau Productions)

Halle Berry anunciou os homenageados de Hollywood deste ano - os produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson -, responsáveis pela franquia 007. 

Foi apresentada uma coletânea dos 62 anos de filmes do espião James Bond, além de performances das trilhas sonoras com diversas cantoras. Em toda a sua trajetória, o famoso espião com licença para matar foi vivido por sete atores diferentes e conquistou seis Oscars. 

Mike Jagger foi uma das surpresas da noite, subindo ao palco para anunciar "El Mal", da trilha sonora de "Emilia Pérez" como Melhor Canção Original. 

"Duna: Parte 2" (Foto: Warner Bros. Pictures)

Representantes do Corpo de Bombeiros de Los Angeles também foram chamados e aplaudidos de pé numa homenagem da Academia por seu trabalho no combate aos incêndios que atingiram a cidade em janeiro deste ano.

"Duna: Parte 2" confirmou as apostas que davam como certa sua vitória em duas categorias técnicas, como Melhor Som e Melhores Efeitos Visuais.

Morgan Freeman apresentou o quadro In Memorian, que relembrou nomes de astros, diretores e pessoas do cinema que faleceram em 2024 e 2025. Como o de seu grande amigo Gene Hackman, falecido na semana passada, além de Maggie Smith, Kris Kristofferson, Louis Gosset Jr., Gena Rowland, James Earl Jones, David Linch, entre outros.

"Anora" (Foto: Universal Pictures)

Outro homenageado da noite, desta vez por Oprah Winfrey e Woopy Goldberg, foi o produtor musical, compositor, empresário e maestro Quincy Jones. Coube a Queen Latifah a interpretação de "Ease On Down the Road", uma das composições de Jones. 

Quentin Tarantino anunciou o Melhor Diretor, entregando a estatueta a Sean Baker por "Anora". A duplamente vencedora do Oscar, Emma Stone, anunciou Mikey Madison como Melhor Atriz em "Anora". O filme também conquistou a maior categoria do Oscar, vencendo como Melhor Filme.

Confira a lista dos vencedores

Melhor Filme: "Anora"
Melhor Filme Internacional: "Ainda Estou Aqui" (Brasil)
Melhor Direção: Sean Baker - "Anora"
Melhor Atriz: Mikey Madison - "Anora"
Melhor Ator: Adrien Brody - "O Brutalista"

"Emilla Pérez" (Foto: Paris Filmes)

Melhor Atriz Coadjuvante: Zoe Saldaña - "Emilia Pérez"
Melhor Ator Coadjuvante: Kieran Culkin - "A Verdadeira Dor"
Melhor Roteiro Original: "Anora"
Melhor Roteiro Adaptado: "Conclave"
Melhor Montagem: "Anora"
Melhor Figurino: Paul Tazewell - "Wicked"
Melhor Maquiagem e Cabelo: "A Substância"
Melhor Trilha Sonora Original: "O Brutalista"

"A Substância" (Foto: Universal Pictures)

Melhor Canção Original: "El Mal" - "Emilia Pérez"
Melhor Animação: "Flow"
Melhor Design de Produção: "Wicked"
Melhor Som: "Duna: Parte 2"
Melhores Efeitos Visuais: "Duna: Parte 2"
Melhor Fotografia: "O Brutalista"
Melhor Documentário: "No Other Land"
Melhor Documentário em Curta-Metragem: "A Única Mulher na Orquestra"
Melhor Curta-Metragem: "I'm Not a Robot" (Irlanda)
Melhor Curta-Metragem Animado: "In the Shadow of the Cypress"


"O Brutalista" (Foto: Universal Pictures)