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19 junho 2021

No mês da diversidade, "Quem Vai Ficar Com Mário?" é uma comédia para refletir

Letícia Lima, Daniel Rocha e Felipe Abib formam o triângulo amoroso da produção que aborda questões LGBTQIA+ (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Robhson Abreu
Editor da Revista PQN e Jornal de Belô


Junho, mês da diversidade e de um olhar mais atencioso para as questões LGBTQIA+. O período não poderia ser mais propício para o lançamento nos cinemas da comédia "Quem Vai Ficar Com Mário?", do diretor Hsu Chien Hsin ("Ninguém Entra, Ninguém Sai" - 2017).

O longa é uma adaptação abrasileirada da comédia italiana "O Primeiro Que Disse" ("Mine Vaganti" - 2010), do cineasta Ferzan Özpetek. Feito para as telonas, o filme ainda não está sendo exibido em BH, já que os cinemas continuam fechados devido à pandemia de Covid-19. Também não há previsão de estreia nas plataformas de streaming.

Daniel Rocha, Rômulo Arantes Neto e o diretor Hsu Chien Hsin 

O roteiro escrito por Stella Miranda, Luis Salém e Rafael Campos Rocha é brilhante e flui naturalmente, nos aproximando de uma história, contada por meio do ponto de vista de uma década atrás, mas com uma pitada de temas atuais e muita representatividade para todas as cores da bandeira LGBTQIA+.

De forma leve, trilha sonora inspiradora e encorajadora, a história começa quando Mário, um jovem escritor interpretado por Daniel Rocha ("Recife Assombrado" - 2019) decide voltar para Nova Petrópolis, sua cidade natal, no interior do Rio Grande do Sul. Ele vai contar para o pai, Antônio (Zé Victor Castiel), e para a família, que é homossexual.


"Quem Vai Ficar Com Mário?" explora a insegurança do protagonista de se afirmar para a família, assim como acontece com milhares de gays que querem ser aceitos e respeitados. E isso vai gerar uma grande identificação com os espectadores.

Assim começa a confusão

Há quatro anos ele mora no Rio de Janeiro com o namorado, o diretor de teatro Nando, interpretado por Felipe Abib ("Faroeste Caboclo" - 2013). Mas a família acredita que ele está na Cidade Maravilhosa fazendo um MBA em Administração de Empresas. Ledo engano!


Durante um almoço em família, Mário decide contar sua condição, mas é surpreendido pelo irmão mais velho, Vicente, personagem de Rômulo Arantes Neto ("Depois a Louca Sou Eu" - 2021), que revela a todos que é gay. Com a notícia, o pai homofóbico põe o filho para fora de casa e tem um piripaque. No hospital, ele pede a Mário que tome conta da Brüderlich, a tradicional cervejaria artesanal da família.


Indeciso, Mário dá a notícia para Nando que acaba aparecendo de surpresa na mansão dos Brüderlich, provocando muitas piadas homofóbicas e trocadilhos machistas. Mas que, mesmo assim, não tiram o brilho das ótimas interpretações e entrosamento entre os atores.

Com a decisão de ficar, Mário conhece a coach contratada por Vicente para dar um novo rumo à empresa. Entra em cena a feminista Ana, vivida pela atriz carioca Letícia Lima ("Cabras da Peste" - 2021). E ela mexe com o coração e a cabeça de Mário, que acaba experimentando sensações que ele jurava improváveis de acontecer em sua vida.


Enquanto isso, no Rio, a glamourosa Lana (Nany People), Kiko (Victor Maia) e Xande (Nando Brandão), componentes da companhia teatral “Terceira Força”, da qual Nando é o diretor, estão afoitos para saber o que está acontecendo em Nova Petrópolis. As ótimas sequências protagonizadas por eles, quando se passam pela mãe e irmãos de Nando – diante da família Brüderlich – são as que mais fazem o público rir de verdade. Nany está ótima no papel.

Quem fica com quem?

As coisas vão ficando cada vez mais complicadas para Mário. Os ciúmes de Nando, as investidas de Ana, o medo que a família o rejeite por saber de sua opção sexual e que o pai o trate com indiferença, são as suas principais aflições.


"Quem Vai Ficar Com Mário?" mostra o leque de possibilidades de relacionamentos amorosos nos dias de hoje, de forma natural e sutil. Assim como Mário diz em uma das cenas: “Não importa o rótulo. O que importa é o conteúdo”. Meio chavão, mas cai bem no contexto cervejeiro da história para explicar que não importa a opção sexual e sim o respeito, o caráter e a dignidade de cada um. Uma das principais lutas da comunidade LGBTQIA+.

E como diz a letra da música tema composta por Hsu Chien Hsin e cantada pela Pabllo Vittar, “Tenha coragem de ser feliz”, o longa é isso: diversão, aceitação, amizade, família, redenção, respeito diversidade e amor. Mas afinal, quem ficou com Mário? Acho que todos nós, que aprendemos um pouco mais com a mensagem de amor dessa comédia tão atual e que nos faz rir.


Ficha técnica:
Direção: Hsu Chien Hsin
Produção: Sincrocine Produções / Warner Bros. Pictures /Tietê Produções
Distribuição: Paris Filmes / Downtown Filmes
Exibição: somente nos cinemas (sem previsão para estreia em plataformas de streaming)
Gênero: Comédia
Duração: 1h54
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Nota: 3,5 (0 a 5)