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12 março 2024

"As 4 Filhas de Olfa" mergulha na vida de uma mulher tunisiana

Indicado ao Oscar, documentário dirigido por Kaouther Ben Hania é baseado em um caso real ocorrido em 2010
(Fotos: Atomicalab/Divulgação)


Silvana Monteiro


Está em cartaz no Una Cine Belas Artes, o documentário "As 4 Filhas de Olfa" ("Les Filles d'Olfa"), dirigido por Kaouther Ben Hania (“O Homem que Vendeu Sua Pele” - 2020). Baseado em um caso real ocorrido em 2010, ele mergulha na vida da tunisiana Olfa Hamrouni, que teve quatro filhas, mas, misteriosamente, as duas mais velhas desapareceram. 

O filme adota uma abordagem única ao mesclar realidade e ficção, convidando três atrizes profissionais para interpretar a mãe e duas das filhas, permitindo uma exploração emocional e psicológica mais profunda dos eventos narrados. 

Vencedor do prêmio Golden Eye de Melhor Documentário do Festival de Cannes em 2023, foi um dos indicados ao Oscar 2024 na mesma categoria e tem 95% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes. 


Hend Sabri interpreta Olfa com uma profundidade que traz à tona reflexões sobre o feminino, maternidade, violência e complexidade das relações familiares, religião e perspectiva sociopolítica. Nour Karoui e Ichraq Matar fazem os papéis das filhas mais velhas.

Segundo a diretora, a ideia para o documentário surgiu em 2016, quando estava terminando outro projeto. A história de Olfa, que circulava na mídia na época, a deixou intrigada e emocionada. Logo, entrou em contato para convencê-la a participar de um documentário sobre sua vida. O projeto, no entanto, sofreu dificuldades e quase não foi finalizado.


Nas primeiras filmagens, que ocorreram apenas com Olfa e suas duas filhas mais jovens, Kaouther Ben Hania percebeu que não estava capturando um momento genuíno da história daquela família. Ela, então, pausou o projeto, e retornou anos depois com três atrizes — Nour Karoui, Ichraq Matar e Hend Sabri — para interpretar as filhas desaparecidas e a própria Olfa, respectivamente.

A decisão da diretora de incluir as três atrizes no documentário foi inovadora e reforça a originalidade da obra, possibilitando trocas emocionais intensas entre as seis protagonistas, algo como olhar-se no espelho ou ver-se com distanciamento, principalmente em relação à genitora.

A narrativa envolvente aborda temas como sonhos, crenças, revoltas, violência, transmissão e irmandade, questionando os valores e a estrutura da sociedade. Kaouther habilmente tece uma história que não apenas explora o desaparecimento das filhas, mas contextualiza-o na narrativa humanossocial, discutindo temas como fundamentalismo religioso, liberdade feminina, intergeracionalidade e conflito entre tradição e modernidade.


A fotografia impressiona, capturando a beleza e complexidade da Tunísia, refletindo a intensidade intimista e emocional dos personagens. A escolha de cenários e a maneira como as cenas são filmadas contribuem para a atmosfera envolvente e impactante do documentário.

"As 4 Filhas de Olfa" apresenta uma narrativa forte e comovente que vai além do tradicional documentário, ao explorar as nuances emocionais e psicológicas de sua história e ao ampliar vozes e identidades. 

É uma obra que não apenas informa, mas também emociona e provoca reflexão, tornando-se uma experiência cinematográfica marcante, tanto para amantes do gênero Doc. , quanto para pessoas que querem conhecer esse tipo de narrativa.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kaouther Ben Hania
Distribuição: Synapse Distribution
Exibição: sala 3 do Una Cine Belas Artes (sessão 14 horas)
Duração: 1h47
Classificação: 14 anos
Países: Turquia, Alemanha, França, Arábia Saudita
Gêneros: drama, documentário

21 janeiro 2022

Drama psicológico com pinceladas de terror, "Vozes do Passado" estreia em plataformas digitais

Julia Ormand é o destaque interpretando uma mãe manipuladora e opressiva (Fotos: AtômicaLab)


Maristela Bretas

Com narrativa arrastada e confusa nos primeiros 20 minutos (a duração é de 1h34), o drama psicológico "Vozes do Passado" ("Reunion") já está disponível para compra e aluguel nas plataformas digitais Claro Now, Vivo Play, Tunes/Apple TV, Google Play e YouTube Filmes. Apesar de ter em seu elenco principal a ótima Julia Ormand (como Ivy) e Emma Draper (Ellie) que entregam boas atuações, elas só começam a mostrar seus trabalhos  depois de meia hora de exibição.

Mesmo assim, o diretor e também roteirista Jack Mahaffy fica indeciso se quer explorar a instabilidade emocional de Ellie que se agrava com lembranças do passado, ou se quer seguir para o lado do terror provocado na mente da jovem pela antiga casa da infância. Mas as situações que deveriam assustar não abalam nem criancinha, são bem básicas e só vão melhorar no final. 


Não acredito que a proposta do filme seja a de assustar. O roteiro, apesar das muitas cenas paradas, trabalha muito em cima de flashbacks que provocam dúvidas no espectador sobre a sanidade da jovem e de sua família e o que está por trás de toda trama.

Passados 12 anos da morte da meio-irmã Cara (Ava Keane), Ellie, é uma escritora, está grávida e separada do pai da criança. Ela retorna à casa onde viveu com os pais, Ivy e Jack e, imediatamente começa a ter visões e a sensação de que está sendo perseguida por algo ou alguém. 

A culpa pela tragédia que marcou sua vida no passado, alimentada por uma mãe possessiva, controladora e também instável, vai agravar o fraco lado emocional da jovem..


Emma Draper está bem no papel, mas é Julia Ormand quem se destaca como Ivy, uma mulher com raiva da situação que se encontra, cuidando de um marido inválido que ela odeia por todas as traições que ele lhe impôs durante o casamento, que esconde segredos cruéis. Ela quer manipular de novo a vida da filha como se ela fosse ainda uma garotinha. E também a do filho que ela espera, apossando dele como se fosse seu.

A relação turbulenta e doente entre mãe e filha vai forçando Ellie a enfrentar o passado e a verdade sobre a morte da irmã, da qual se julga culpada. No elenco estão ainda Gina Laverty (como Ellie jovem, cujo olhar dá até medo), Cohen Holloway (namorado da jovem) e John Back (Jack, marido de Ivy e pai de Ellie e Cara).

Filmado na Nova Zelândia, “Vozes do Passado” exige paciência até metade do filme, mas tem um bom elenco e um final que é quase previsível, mas agrada. O longa poderá ser encontrado nas versões dublada e legendada. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Jack Mahaffy
Distribuição: Synapse Distribution
Exibição: Claro Now, Vivo Play, Tunes/Apple TV, Google Play e YouTube Filmes
Duração: 1h34
Classificação: 14 anos
Gêneros: Drama / Terror