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14 março 2024

“Imaginário: Brinquedo Diabólico” comprova que o cinema não precisava de outro brinquedo assassino

Na trama, um ursinho de pelúcia atormenta a família de sua antiga dona que o abandonou na infância quando se mudou da casa (Fotos: Lionsgate/Divulgação)


Larissa Figueiredo

Estreando nesta quinta-feira nos cinemas, o terror "Imaginário: Brinquedo Diabólico" ("Imaginary") traz a aposta de um novo brinquedo assassino repleto de lugares comuns do gênero do terror misturado a um humor que permeia o “trash”. A nova produção da Blumhouse, em parceria com a Lionsgate, é dirigida por Jeff Wadlow. 

A trama narra o dilema de Jessica (DeWanda Wise, que também é produtora executiva do filme), uma ilustradora recém-casada que decide retornar à sua antiga casa da infância com o marido Max (Tom Payne) e as duas filhas dele. 

Quando chegam ao local, a mais jovem, Alice (Pyper Braun), fica apegada a Chauncey, um ursinho de pelúcia que ela encontra no porão. Apesar de a interação parecer divertida no início, não demora muito para as coisas ficarem sinistras. 


O brinquedo desafia a menina em um jogo de caça tesouros macabro que é a chave para um mundo de imaginação, literalmente. Segredos sobre a infância de Jessica começam a vir à tona quando ela percebe que o amigo imaginário de sua enteada é o mesmo que a acompanhou em sua infância e que se tornou muito infeliz por ter sido abandonado.

A produção, apesar de fazer parte do leque de apostas da Blumhouse, passou longe do sucesso de “M3gan” (2022), "Telefone Preto" (2022), "O Homem Invisível" (2019), o clássico “Corra!” (2017) e o recente “Five Nights At Freddy’s” (2023). Os efeitos visuais, além de não impactarem e não cumprirem sua função enquanto parte do gênero terror, perdem o “timing” em cena. Eles permanecem em tela para além da finalidade do susto propriamente dito, fazendo com que o espectador se acostume com o que deveria ser extraordinário. 


O filme deixa a desejar também nas cenas de ação. Não há luta pela sobrevivência nem grandes doses de violência. Tudo se resolve na força do roteiro e no superpoder da amizade entre as protagonistas, que evadem de situações complexas sem muitas explicações. Aliás, o roteiro deixa a desejar no quesito originalidade, não há nada de inovador em "Imaginário: Brinquedo Diabólico". 

Fora o clímax do longa, todo o resto caminha em um ritmo lento, repleto de informações dispensáveis que não são explicadas no desenrolar da obra, como o paradeiro da mãe das enteadas de Jesus. O que aconteceu com ela antes que as meninas se mudassem? Será que havia relação com o brinquedo? O filme não esclarece, apenas deixa indícios de que ela teria enlouquecido. 

Dois plot twists interessantes definitivamente salvaram o longa da monotonia total e trazem certa emoção e curiosidade à obra.


Ficha técnica
Direção: Jeff Wadlow
Produção: Blumhouse, Lionsgate
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas das redes Cineart e Cinemark e no Cinépolis Estação BH
Duração: 1h45
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

17 janeiro 2024

"Mergulho Noturno" - um terror que decepciona

A história gira em torno dos quatro integrantes de uma família e os ataques vindos de uma entidade que habita a piscina da casa deles (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Uma boa proposta que afunda na própria piscina e decepciona. Este é "Mergulho Noturno" ("Night Swim"), que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (18). O filme entrega poucas cenas de terror, tem um monstro tosco que só assusta na primeira aparição (o único berro de susto ouvido por todos na sessão de pré-estreia foi de uma amiga) e mais nada. 

Produzido pela Blumhouse, a mesma responsável por títulos do gênero como "A Freira" (2018), "M3gan" (2022) e “Five Nights at Freddy's - Pesadelo sem Fim" (2023), o longa, dirigido por Bryce McGuire é inspirado no curta-metragem homônimo de 2014. Difícil acreditar que uma produção de terror que tem como produtores James Wan e Jason Blum poderia se tornar o desperdício de um tema que tinha tudo para agradar quem gosta deste tipo de filme. 


"Mergulho Noturno" conta a história de Ray Waller (Wyatt Russell, de "Operação Overlord" - 2018) um ex-jogador de beisebol que foi forçado a se aposentar precocemente em função de uma doença degenerativa. Ele se muda com a esposa Eve (Kerry Condon, de "Os Banshees de Inisherin" - 2022), o filho Elliot (Gavin Warren) e a filha adolescente Izzy (Amélie Hoeferle, de "Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes" - 2023) para uma casa nova. Só não contavam com as forças sobrenaturais que habitavam justamente o local favorito das crianças: a piscina. 


O início do filme é até promissor. O diretor Bryce McGuire cria uma atmosfera de suspense e tensão, com imagens sombrias e uma trilha sonora inquietante. O público é rapidamente envolvido pela história e começa a se perguntar o que está acontecendo com a família.

Mas antes da metade do filme, o suspense já deixa de existir e as cenas de terror, já fracas, se tornam cada vez mais escassas, mesmo o diretor tendo afirmado em recente entrevista que o filme faria o público "perder o fôlego e roer as unhas nos cinemas".


Os jump scares, usados de forma excessiva, são previsíveis, não causam nenhum impacto e acabam perdendo a eficácia. O filme também peca por ser muito previsível, com uma reviravolta que é facilmente adivinhada. 

Apesar de ser um gênero que deveria causar susto e medo, o longa se concentra mais nas reações dos Waller ao que está acontecendo. E é a ótima atuação do elenco, especialmente da família, o ponto positivo de destaque. 

A piscina vilã, centro das atenções do filme, é pouco explorada e acaba ficando em segundo plano. A reviravolta é facilmente adivinhada, o filme dá pistas demais e tira o impacto. "Mergulho Noturno" pode até divertir os fãs do terror, mas é improvável que surpreenda ou assuste.


Ficha técnica
Direção e roteiro: Bryce McGuire
Produção: Atomic Monster e Blumhouse Productions
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h39
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

26 outubro 2023

"Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim", um terror que não dá medo nem assusta

Filme é baseado no videogame criado por Scott Cawthon em 2014, que fez sucesso entre adolescentes
(Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Uma pizzaria abandonada, um agenciador de empregos suspeito, bonecos animatrônicos que ganham vida e um desempregado desesperado para conseguir uns trocados. Tem de tudo um pouco em "Five Nights At Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim", menos terror e suspense. O longa, que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros, apesar da expectativa pode decepcionar. Não causa medo nem assusta.


A narrativa, que tinha tudo para ser um sucesso como o sinistro videogame criado por Scott Cawthon em 2014, tem um roteiro fraco, que derruba a trama logo no início, deixando claro quem é o vilão e qual rumo a história irá tomar. 

O enredo está mais preocupado em explorar um drama familiar e perde o foco de assustar o espectador que foi ao cinema em busca de um bom terror, recheado de perseguições num ambiente sombrio. Até mesmo quem nunca teve contato com a famosa série de jogos que conquistou centenas de fãs adolescentes vai perceber claramente os clichês. 


O ponto positivo e de destaque do filme são os bonecos mecânicos, criados pela Creature Shop, de Jim Henson, que seguem o visual do game e deixaram os personagens mais reais.

Freddy (o urso que dá nome ao lugar), Chica (que parece um canário), Cupcake (um doce), Foxy (o lobo caolho) e Bonnie (a coelha) estão muito bons e chegam a ser até fofinhos, apesar de destruídos pelo abandono. Afinal, um dia eles foram a alegria da criançada no local. Mas a trama perde ao tirar o forte do jogo que é a caçada dos bonecos às pessoas que estão dentro da pizzaria. 

Outro ponto favorável é a ambientação escura e decadente da pizzaria, com luzes piscando e objetos inanimados e mobiliário encostados nos cantos. Isso ajudou a dar o aspecto sombrio que o lugar exigia, além da boa trilha sonora adequada.


O filme acompanha Mike Schmidt (papel de Josh Hutcherson, da franquia "Jogos Vorazes"), um rapaz problemático que não consegue parar em emprego nenhum. No desespero para pagar as contas e sustentar a irmã, ele aceita a proposta de Steve Raglan (Matthew Lillard, o Salsicha do filme "Scooby-Doo") para trabalhar por cinco noites como segurança da abandonada Pizzaria Freddy Fazbear. 

Já no primeiro dia, ele percebe que o turno da noite no Freddy's não será tão fácil assim e vai precisar contar com a ajuda da policial Vanessa (Elizabeth Lail, da série "Once Upon a Time") para entender o que acontece na pizzaria. 

Para piorar, sua irmã Abby (Piper Rubio) tem uma forte ligação com os bonecos. Exceto pela veterana Mary Stuart Masterson, como a tia de Mike, o restante do elenco é formado por atores e atrizes desconhecidos.


Mesmo sendo produzido pela Blumhouse, responsável por ótimos longas de terror, como "M3GAN" (2023), "O Telefone Preto" (2022) e "O Homem Invisível" (2020), a adaptação para as telonas de "Five Nights At Freddy’s - O Pesadelo sem Fim" ficou a desejar e perdeu a chance de ser um dos sucessos deste ano.  

Fica a dica: não saia antes da meteórica cena pós-crédito, que reforça a possibilidade de uma sequência, ainda tentando aproveitar o sucesso da franquia do videogame.


Ficha técnica:
Direção: Emma Tammi
Produção: Blumhouse Productions e Vertigo Entertainment
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, terror