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06 fevereiro 2024

“Moneyboys” aborda prostituição masculina e drama particular

Filme dialoga com temas universais enquanto tenta emocionar público (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação)


Eduardo Jr.


Chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (8) o longa “Moneyboys”. Distribuído pela Pandora Filmes, o trabalho do diretor e roteirista chinês C.B Yi é de 2021. Já foi exibido em Cannes e só agora desembarca por aqui. E nele, um jovem que vive da prostituição carrega o preconceito da família, marcas de uma situação do passado e um desejo de recomeço. 

O filme se abre como um curta. O jovem Fei (Kai Ko) é recebido em um apartamento por Xiaolai (J.C. Lin), de roupas extravagantes, que já esperava por ele. O espectador até imagina que os dois vão se relacionar, mas, na verdade, os jovens estão ali para um programa a três com um cliente. Está dada a tônica do filme: há mais do que se imagina ou se vê.       


Vindo de um vilarejo, o inocente Fei se envolve com o já experiente ex-namorado. No entanto, a falta de maldade e de maturidade coloca o jovem em uma situação de risco. Apaixonado, Xiaolai toma uma atitude pra defender o namorado, que será crucial para o filme. 

A partir dali uma câmera nervosa, enquadramentos muito planejadinhos (em cenários falsos em demasia) e tons de lilás e vermelho acompanham a angústia de uma vida sem afeto e marcada pelo preconceito. E só então se tem o nome do filme na tela, como se um curta-metragem marcasse o ponto de partida da história. 


Mesmo sendo uma produção oriental, algumas abordagens são muito familiares a nossa cultura. Por exemplo, a violência associada à prostituição, a hipocrisia da família do protagonista, que aceita o dinheiro de Fei, mas não sua orientação sexual nem seu estilo de vida, o falso moralismo e a necessidade de manter as aparências perante a sociedade. 

Tais impressões podem sugerir um drama emotivo, ou talvez mais quente, mas este é um longa sem arroubos. E parece até haver dois filmes dentro de um só, quando um conhecido de Fei, Long (Bai Yu Fan) decide também sair do vilarejo e ir atrás dele na cidade. O foco da obra vai se direcionando mais para a entrada do novato no mundo da prostituição do que para a busca por soluções pelo protagonista. 


Mas o resgate da trama acontece, quando o passado vai ressurgindo e Fei precisa fechar algumas feridas, enxergar que vive de dar um afeto comprado aos clientes sem conseguir desfrutar de amor próprio ou envolvimentos sentimentais. 

O sentimento, inclusive, foi um dos propulsores do diretor para realizar o filme. De nacionalidade chinesa, C. B. Yi passou a adolescência na Áustria. Fez questão de ambientar sua história na China rural, falando da migração para a cidade, porque não conseguiria colocar as situações da trama em cidades europeias sem o mesmo contexto de violência. 


Direção 

Se o diretor se apoia nas lembranças e na ligação de décadas atrás com o país de nascença, é justamente a conexão com o passado que falta ao roteiro e ao protagonista. Não se sabe quando ou por que Fei saiu do seu vilarejo, ou quem é o cafetão responsável por agenciar os garotos de programa. 

Sem um passado, sem a família, amigos nem amores, o protagonista tem lembranças de alegrias recentes (mas a tentativa de evocar um flashback falha na execução técnica, com uma viagem ao passado que não tem cara de lembrança). Filme que pode ocupar o tempo, mas não deixa saudade. 


Ficha Técnica:
Direção e roteiro:
C. B. Yi
Produção: Panache Productions, Arte France Cinéma, Zorba Production, KGP Kranzelbinder Gabriele Production
Exibição: nos cinemas
Duração: 2 horas
Classificação: 14 anos
Países: Taiwan, Áustria, França, Bélgica
Gênero: drama