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21 dezembro 2021

"Matrix Resurrections" constrange uma das melhores trilogias da história

Keanu Reeves retoma o papel de Neo, um homem vivendo isolado do mundo, como se não pertencesse a ele (Fotos: Warner Bros Entertainment)


 

Wallace Graciano


Em qualquer lista de melhores filmes da história, certamente você encontrará "Matrix". Afinal, aquela obra revolucionária, lançada em 1999, bagunçou a cabeça de qualquer telespectador, com ideias sobre manipulação e realidade, fazendo com que o diálogo entre presente e futuro distópico fosse bem mais próximo do que se imaginava. Não à toa, ainda que com mais de 20 anos de lançamento, ainda tem um roteiro que envelheceu bem e traz impacto.


Sua sequência, "Matrix Reloaded”, trouxe um roteiro mais confuso, mas com diálogos mais intensos e lutas melhores coreografadas, o que aumentou o sentimento catártico dos fãs, que viam uma boa sequência para um filme inovador. 

Já em “Matrix Revolutions”, a trilogia teve um aparente fim digno, fechando respostas que ficaram nos roteiros anteriores. Eis, então, que vinha a dúvida: por que lançar um novo após tão grande hiato?


“Matriz Resurrections”, que estreia nesta quarta-feira, 22 de dezembro, é mais um filme que segue a onda sem criatividade de Hollywood, que lota salas de cinema com remakes e reboots, apostando na nostalgia e memória afetiva como chamariz para uma indústria em dúvidas de como se reconstruir.

A obra, que fique claro, é totalmente distinta da trilogia original já pela paleta de cores. Os tons escuros e esverdeados são deixados de lado, aliados à fotografia mais viva. Isso tudo contando a uma narrativa conduzida com humor descontraído e até mesmo com uma certa pitada de autoironia, como em uma das lutas que Neo (Keanu Reeves) terá de encarar durante a trama.


Ele, por sinal, está na Matrix como um desenvolvedor de jogos famoso, que perde sua vida social para trazer a sequência do que deu status de ícone da cultura pop. Ao mesmo tempo, sente-se isolado do mundo, como se não pertencesse a ele.  

Eis que, para acalmar seus anseios, Neo volta a seguir um coelho branco, fazendo referência aos seus antecessores e revivendo a memória afetiva da trilogia. Bom, o desenrolar, vocês já devem imaginar, certo?!


Após várias idas e vindas da Matrix, o filme se desenrola até em um ritmo constante, sem cansar muito o espectador. Porém, é sem o impacto de outrora, ainda que com uma atuação intensa e destacada de Carrie Anne-Moss (no papel de Trinity/Tiffany), que rouba o protagonismo da obra. Em suma, “Resurrections” é apenas mais um fan-service que vem para acalmar os anseios de uma galera envelhecida.


Por isso, vá ao cinema sem muitas expectativas, apenas buscando se divertir. Ou então sairá como os membros do grupo Gangrena Gasosa, que têm como um de seus sucessos a música “Eu não entendi Matrix”. Não por não compreender o roteiro, que é mais raso que os de outrora, mas, sim, entender o porquê de terem feito essa sequência. Um alerta: tem cena pós-créditos.


Ficha técnica:
Direção: Lana Wachowski
Produção: Warner Bros. Pictures / Village Roadshow Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: Somente nos cinemas
Duração: 2h28
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ficção / Ação