Jessica Chastain é a assassina profissional que passa a ser caçada por sua organização por causa de um erro (Fotos: Netflix) |
Jean Piter Miranda
Uma agente super bem treinada no uso de armas e nas artes
marciais. Mais que isso. A melhor de todas. Que executa perfeitamente as
missões em que é ordenada. Até que um dia ela comete um erro e passa a ser
perseguida pelos integrantes da própria equipe. Parece familiar, não? Essa é
trama de "Ava", novo filme estrelado por Jessica Chastain, disponível
na Netflix.
Ela é Ava, uma assassina profissional sedutora que trabalha para
uma organização secreta. Ela recebe ordens para executar pessoas em troca de
dinheiro e não hesita, vai lá e faz. Assim ela fica “famosa” por ser a melhor de todas as
agentes. Mas claro, isso tem um preço: Ela precisou ficar distante da família
pra seguir essa “carreira” e usar o codinome Ava. Até que infringe as “regras
de conduta” do seu trabalho e passa a ser perseguida pelos próprios colegas.
Olhando assim, dá pra pensar em outros filmes com enredos
parecidos: "John Wick" (2014), com Keanu Reeves, "Jason
Bourne" (2002), com Matt Damon, e até alguns dos muitos 007 que tivemos.
Quando pensado em uma mulher como protagonista, saindo na porrada, num roteiro
semelhante, lembramos de "Salt" (2010), com Angelina Jolie,
"Atômica" (2017), com Charlize Theron, e "Operação Red
Sparrow" (2018), com Jennifer Lawrence. Sendo assim, "Ava" já
começa não trazendo nada de novo.
O roteiro também não apresenta novidade. A agente precisa
voltar para a cidade natal, reencontrar a família e tentar consertar os
problemas de relacionamento que ficaram para trás com a mãe e a irmã. É bem
legal rever Geena Davis em um filme. Ela é Bobbi, a mãe de Eve. Fica muito
naquela de “você sumiu e reaparece do nada”. A irmã Judy (Jess Weixler) é
ressentida com isso, a mãe é do tipo que apazigua as coisas, pois entende bem a
vida que a filha mais velha leva, mesmo não dizendo nada.
Tem o guru de Ava, Duke (John Malkovich), mais um veterano
que abrilhanta o elenco. Mas, a participação dele é bem clichê e previsível. É
o cara que recrutou e treinou a assassina, e meio que a considera como uma
filha, apesar de tudo. O que soa como algo bem forçado. O filme não mostra nada
que possa sugerir essa ligação afetiva entre os dois.
Ava começa a ser perseguida pela própria organização, que tenta matá-la. A razão pela qual vão atrás dela é de cair o queixo. Você pensa: estão querendo matar a melhor agente deles por esse motivo? É o maior furo no roteiro. Se ficar atento a isso, todo o resto da história fica sem sentido e muito forçado. Mas pelo menos, quando a ação ocorre ela garante boas cenas e muitos truques de câmera.
Vendo o trailer, o ponto alto do filme, o que normalmente se
espera, são as cenas de luta, porrada comendo. No trailer, tudo muito legal. Na
obra completa, a coisa não fica muito boa. As cenas são um tanto lentas.
Jessica Chastain dá o seu máximo e até vai bem. Mas certamente não convence aos
espectadores mais exigentes ou aqueles que fizerem comparações com outros
filmes de ação. Ou seja, o que era para ser o destaque se torna, com muita boa
vontade, a parte mediana da produção.
O elenco tem ainda Colin Farrell como vilão. Ele manda bem,
como é de costume. Nos diálogos, nas cenas de ação e em tudo mais. É até bem
pouco aproveitado. Quando aparece, cumpre muito bem seu papel. O melhor do
filme, por sinal. O ator Common, que
interpreta Michael, o ex de Eve, assim como Farrell, teve uma participação
quase dispensável, um desperdício de talento.
Para quem assistir "Ava" como mero entretenimento,
tudo bem, dá pra passar. É de mediano a igual a muitos outros. Com um olhar
mais crítico fica claro que se trata de uma produção fraca, melhor nem ver. Com
um grande detalhe: o filme deixa em aberto uma possível continuação. Pra quem
gosta do gênero e não é muito exigente, é uma boa pedida.
Direção: Tate Taylor
Exibição: Netflix
Duração: 1h37
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Ação / Suspense / Drama
Tags: #Ava #NetflixBrasil, #JessicaChastain, #JohnMalkovich,
#CollinFarrell, #suspense, #ação, #drama, #assassinaprofissional, @cinemanoescurinho