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27 julho 2024

"Deadpool & Wolverine" - um filme feito para os fãs dos super-heróis da Marvel

Ryan Reynolds e Hugh Jackman protagonizam o longa recheado de sarcasmo, piadas e violência
(Fotos: Marvel Studios)


Jean Piter Miranda e Maristela Bretas


Sarcástico, divertido, violento (e põe violento nisso) e nostálgico. Tudo isso numa só produção e ainda por cima, de super-heróis muito queridos. Este é "Deadpool & Wolverine", um filme feito para delírio dos fãs do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). 

O longa faz a gente pular na cadeira cada vez que um personagem icônico ou uma cena que remete a filmes passados dos dois heróis aparece na tela. Quem não assistiu aos anteriores e também às séries não terá condições de entender o que se passa. 


E não são poucas as referências, cada uma melhor que a outra, bem saudosistas e com comentários no estilo do anti-herói que conquistou o público. Os dois primeiros filmes dele - "Deadpool" (2016) e "Deadpool 2" (2018) foram produzidos pela 20th Century Fox. Em 2019, a Disney adquiriu a produtora e com isso o personagem passou a integrar o MCU. 

Nessas duas primeiras produções, Deadpool já fazia diversas brincadeiras sobre pertencer ao MCU e às questões de direitos autorais. Um humor peculiar que foi muito bem aceito e ganhou milhares de fãs. Agora, ao lado de Wolverine, essas piadas estão ainda mais ácidas e feitas bem na medida.


As cenas de ação são bem coreografadas e contam com ótimos efeitos especiais. Inclusive nas cenas de câmera lenta. A sincronia com as músicas e o sangue completa o espetáculo. Sim, tem muito sangue. O que justifica a classificação indicativa de 18 anos, o primeiro dessa faixa no MCU. 

A trilha sonora é imbatível, trazendo clássicos que vão de AC/DC, NSYNC, Avril Lavigne, Green Day, The Platters, Fergie, Huey Lewis & The News aos sul-coreanos Stray Kids, além de outros sucessos do passado. 

Mas o grande e esperado momento, apresentado nos primeiros trailers do filme, é "Like a Prayer", de Madonna, num dos melhores momentos do longa.


"Deadpool & Wolverine" aborda o multiverso e a trama é toda em cima disso, deixando clara a ligação com o Universo Marvel. O mesmo multiverso aberto por "Homem-Aranha: Sem Volta pra Casa" (2021) que criou a possibilidade de interação com outras obras. Ou seja, qualquer filme pode ser retratado como outro universo e interagir com o heróis da produtora. 

Cada personagem pode ter outra versão de si em outro mundo. Esses outros mundos foram muito bem explorados em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" (2022), com várias participações especiais. Uma produção que trouxe inclusive ingredientes de filmes de terror para o MCU. 


De novidade, "Deadpool & Wolverine" leva o humor da Marvel para outro nível. Super escrachado, debochado, irônico e com piadas metalinguísticas, que fazem referências a outros filmes. Além disso, o longa frequentemente “quebra a quarta parede”, quando o personagem olha para a câmera e conversa com o público. Isso é mantido de forma bem acertada. 

Na trama, Deadpool precisa recrutar Wolverine (que morreu em "Logan" - 2017) para salvar seu mundo e seus amigos dos dois filmes anteriores, incluindo a amada Vanessa (Morena Baccarin) de ser destruído. 

A vilã da vez é a bela e cruel vilã Cassandra Nova (Emma Corrin em ótima interpretação), que comanda uma gangue de excluídos de vários mundos - novamente várias referências ao MCU e aos X-Men.


O longa também traz boas surpresas para os fãs, especialmente sobre super-heróis do passado, o que o torna ainda mais interessante. É daqueles filmes que você quer assistir mais de uma vez para relembrar as histórias ou matar a saudade. Tem tudo para ser o melhor dos três de Deadpool e um dos melhores de Wolverine. 

Pelo desempenho já na pré-estreia, o filme promete ser o novo sucesso de bilheteria da Marvel e bater recordes, como aconteceu com "Vingadores: Ultimato" (2019). 

Segundo previsões, o valor gasto de US$ 300 milhões com a produção (US$ 100 milhões só de cachê de Hugh Jackman) poderá ser compensado já neste primeiro final de semana, tornando-se a maior estreia global para um filme indicado para maiores de 18 anos.


Ryan Reynolds definitivamente nasceu para o papel de Deadpool/Wade Wilson e além de produtor, ele também é autor de algumas das frases usadas pelo personagem (a cara dele). Ganha inclusive mais tempo de tela que seu parceiro, proporcionando os momentos mais divertidos, chocantes e sem noção.

Já Hugh Jackman será eternamente o Wolverine/Logan dos X-Men que todos curtem nos filmes, mas resgatando o herói dos quadrinhos, com o uniforme azul e amarelo. 

Não podia ser outro ator para interpretar o super-herói mal-humorado com uma raiva latente e sempre pronto a explodir ou cortar alguém com suas garras de adamantium, especialmente se for Deadpool. Os dois em tela se completam e dão show. 


Comédia, violência para uma classificação 18 anos, multiverso, novos mundos e novos personagens. Definitivamente, o MCU não está acabado, saturado ou em decadência. Há bons filmes, outros medianos e uns bem fracos. Sim, a Marvel errou e acertou ao longo dos anos. Mas não se esgotou e segue firme e forte. 

Muitos achavam que a Disney iria mudar o super-herói mais polêmico e escrachado do cinema, que choca quem não está preparado para tanto palavrão, frases de sacanagem e lutas com mortes violentas. 

Mas "Deadpool & Wolverine" mostra que é possível o MCU trazer novidades e criar mais e mais filmes, interligados ou não. Os milhões de fãs pelo mundo esperam por isso e agradecem.


Ficha técnica:
Direção: Shawn Levy
Produção: Marvel Studios, 20th Century Fox Film
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h07
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: comédia, ação, ficção

26 maio 2018

"Deadpool 2" é escracho total, censura zero e trilha sonora 10

Ryan Reynolds reúne um grupo de "heróis" nada a ver e resolve ser o mocinho do seu jeito (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


Ele se superou, tira sarro até mesmo da produção, alegando ser "um filme de família" . No Brasil, a classificação etária baixou de 18 para 16 anos para atrair um público mais jovem. Mais crítico que nunca - de tudo e de todos -, abusando nos efeitos gráficos e na violência, Ryan Reynolds está de volta (como ator, produtor e ainda ajudou a escrever o roteiro) em "Deadpool 2".

As piadas estão mais escrachadas, mas o anti-herói também adota uma posição (no estilo dele) de defender as mulheres, o público LGBT, deficientes e vítimas de bullying. Para quem temia que a compra da Fox pela Disney pudesse afetar o estilo do polêmico personagem Marvel, isso não aconteceu neste filme. Ninguém escapa da irreverência de Deadpool, que está tão bom e em alguns itens até melhor que o primeiro.

A excelente trilha sonora é um dos pontos fortes, com gêneros musicais que agradam a todos os gostos, muitas vezes "orquestrados" por Deadpool. Tem Dolly Parton ("9 To 5"), Barbra Streisand ("Papa Can You Hear Me"), AC/DC ("Thunderstruck") , A-ha ("Take On Me"), Peter Gabriel ( "In Your Eyes"), Air Supply ("All Out of Love"), Cher ("If I Could Turn Back Time") e, principalmente, Celine Dion, que canta "Ashes", tema maravilhoso de abertura, que parece a de um filme de 007. Clique aqui para conferir.

Para tornar o pacote completo, muitos tiros, explosões, violência que chega a assustar, efeitos visuais e até cenas românticas de Deadpool/Wade Wilson com a companheira Vanessa, interpretada novamente pela bela brasileira Morena Baccarin. Para ficar ainda melhor, o elenco ganha o reforço de Josh Brolin como Cable, um soldado do futuro que vem ao presente para assassinar o jovem mutante Russell. Este é o segundo papel do ator pela Marvel neste ano - o primeiro foi o excelente vilão Thanos, de "Vingadores - Guerra Infinita".

Alguns personagens de "Deadpool" (2016) retornam nesta continuação, como o Colossus (Andre Tricoteux/ Stefan Kapicic), Megasonic (Brianna Hildebrand), Blind All (Leslie Uggams), a cega dona da casa onde vivia Wade, o taxista Dopinder (Karan Soni) e Weasel (T.J. Miller). E surgem novos, além de Cable, como Dominó/Neena (Zazie Beetz), a garota que tem a sorte como superpoder, Yokio (Shioli Kutsuna), a nerd que fala pouco mas é muito simpática, e Firefist/Russell (Julian Dennison), o adolescente mutante incendiário.

"Deadpool 2" consegue trazer para o universo Marvel discussões de temas atuais e polêmicos que produções com outros heróis do estúdio deixam passar em branco (exceto "Pantera Negra"). Mas sem usar um discurso careta, cheio de frases feitas. Pelo contrário, ele rasga o verbo, esculacha com sua imagem, com a dos outros, com a censura reduzida, com a cegueira da amiga.

Não escapam das piadas de Deadpool nem alguns personagens da Marvel, como Wolverine (seu ídolo), o Professor Xavier, Hulk, Capitão América e até os da DC, como Batman. O mercenário do collant vermelho e preto usa frases famosas de alguns deles, mas também tem seus momentos de "mocinho" e encara uma briga feia para tentar salvar pessoas que ele mal conhece. E para isso vai reunir um grupo totalmente nada a ver, que inclui Terry Crews (Bedlam), Bill Skarsgärd (Zeitgeist) e Brad Pitt (Vanisher) para formar a X-Force, uma turma de X-Men sem regras, que cruza os braços igualzinho o Pantera Negra - "Wakanda Foverer". Hilário.

O filme já começa com muita ação e explosão, numa situação que vai ser explicada voltando no tempo. Tem morte de heróis, prisão de mutantes, mais explosões, tiros a dar com pau e a entrada em cena do super soldado Cable, que está caçando o jovem mutante Russell. O incendiário pode ser a salvação de Deadpool, que vai precisar aprender o que é ser herói de verdade para salvar o adolescente. Para isso, vai precisar da ajuda de Colossus e dos X-Men (o time barato da Marvel, como zoa Deadpool), além dos fiéis amigos Dopinder e Weasel e de um grupo de novos mutantes para formar a X-Force.


Irreverente, cômico, violento, dramático em alguma situações,"Deadpool 2" mantém o humor negro e estilo besteirol do primeiro, mais violento e menos erótico. Vale a pena conferir o novo ótimo trabalho de Ryan Reynolds que está mais a vontade na pele do irônico super-herói. Pecou um pouco no roteiro de qualidade mediana (até o personagem critica), apresentando apenas os novos mutantes como novidades. Vale ficar atento às cenas pré e pós-créditos, que mudam o final do filme.



Ficha técnica:
Direção: David Leitch
Produção: Marvel Entertainment / 20th Century Fox
Distribuição: Fox Films do Brasil
Duração: 2h01
Gêneros: Comédia/ Ação / Aventura
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 4,5 (0 a 5)

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