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15 março 2025

"Vitória", mais um brilhante trabalho da insuperável Fernanda Montenegro

Filme conta a história de uma idosa que filmou e denunciou o tráfico e a corrupção policial na comunidade
 ao lado de seu prédio (Fotos: Sony Pictures)


Maristela Bretas


Para a diva do teatro, TV e cinema, Fernanda Montenegro, parar de atuar é uma situação que está longe de acontecer. Depois de encerrar, com perfeição, o sucesso "Ainda Estou Aqui" no papel de Eunice Paiva no final da vida, a atriz estreou essa semana nos cinemas o filme “Vitória", do diretor Andrucha Waddington ("Sob Pressão" - 2016).

E o público pode esperar mais da Fernandona, como é carinhosamente chamada. É dela a narração perfeita e pontuada do emocionante documentário "Milton Bituca Nascimento", que estreia dia 20 nos cinemas. Este está sendo, definitivamente, o ano das 'Fernandas', Montenegro e Torres, mãe e filha.


"Vitória" conta a história de coragem, força e resiliência da idosa Joana Zeferino da Paz, a Dona Nina. Cansada de assistir à rotina diária de traficantes e policiais corruptos que aterrorizavam a comunidade ao lado de seu apartamento em Copacabana, ela decide filmar e denunciar às autoridades tudo o que acontece no local. Sua denúncia colocou fim a esse esquema na época.

Idosa, sozinha e de poucos, mas fiéis amigos, não admitia injustiças, especialmente contra crianças. Seu protegido foi Marcinho (ótima atuação de Thawan Lucas), o garoto que ela tentou proteger da influência do tráfico. Uma frase dita por Dona Nina exemplifica bem sua posição: "O perigo não vem das crianças, vem da janela". 


A verdadeira Dona Vitória poderia se chamar Maria, como muitas outras mulheres comuns. "Teve força, raça e gana sempre", como diria Milton Nascimento. Alagoana, negra, aposentada e sempre batalhadora, aos 80 anos se cansou de conviver com a violência e o descaso das autoridades e resolveu agir.

Para ela, era um absurdo as pessoas se calarem diante de tanta corrupção, e a ideia de filmar o que acontecia foi a forma de conseguir provas para denunciar a situação, mesmo que isso significasse colocar sua vida em risco. 

Na busca pela paz e pelo fim dos tiroteios e balas perdidas diários que atingiam prédios e moradores, ela iniciou sua cruzada contando com o apoio do jornalista Fábio Godoy, muito bem interpretado por Alan Rocha. 


Destaque também para Linn da Quebrada, no papel de Bibiana, a moradora trans do prédio, que também se torna amiga de Dona Nina. No elenco temos ainda Laila Garin (a inspetora de Polícia Laura Torres), Thelmo Fernandes (o síndico Seu Osvaldo) e Marcio Ricciardi (Major Messias).

Chamam atenção também no filme as belas imagens de Copacabana, com suas praias e calçadões, em contraste com o cotidiano da violência armada dos morros, tão próximos. 

O som também é ponto importante na narrativa, desde o barulho do trânsito caótico das ruas, às velhas canções da MPB tocadas na vitrola de Dona Nina. E o mais angustiante deles, o das rajadas de metralhadoras e gritos que cortam a noite na vizinhança.


De Nina para Vitória

Mas, por que o nome Vitória? Após as denúncias feitas ao alto escalão da polícia e a história com as provas ser publicada nos jornais, Dona Nina precisou ganhar nova identidade, entrou para o Programa de Proteção às Testemunhas, mudou de endereço e passou a se chamar Vitória Joana da Paz. 

O filme é uma adaptação livre do livro "Dona Vitória Joana da Paz" do jornalista Fábio Gusmão, que publicou o caso em 24 de agosto de 2005, mas só revelou a nova identidade da personagem após sua morte em fevereiro de 2023, no livro. 

Segundo o autor, era desejo de Dona Vitória ser interpretada no cinema por Fernanda Montenegro, uma de suas atrizes favoritas.

A verdadeira Dona Vitória (Foto: Arquivo Pessoal)

Além de ser uma determinação por causa da proteção legal, a não divulgação foi uma promessa feita à amiga, mesmo Dona Vitória não se importando em ter o nome divulgado. Para ela, perder a identidade original era mais uma das muitas perdas sofridas ao longo da vida.

O cotidiano de solidão, falas e caminhadas mais lentas mostram bem a vida de Vitória, para quem uma simples xícara quebrada tinha um significado muito especial. Em vários momentos da trama, ela está tentando colar os pedaços da antiga peça de porcelana, como se estivesse fazendo o mesmo com sua vida. 

A velhice e a possibilidade de perder o pouco que tinha se refletem nos cacos da xícara que nunca mais vai ficar perfeita. Como ela.


"Vitória" é envolvente, tenso, real e atual ao abordar a criminalidade, o desrespeito aos idosos e a solidão. Fernanda Montenegro se expõe sem esconder as marcas e restrições na fala e movimentos de seus bem-vividos 95 anos. São estas características que reforçam e tornam sua interpretação mais forte e emocionante.

O roteiro do longa é assinado por Paula Fiuza e direção inicial de Breno Silveira, que infelizmente faleceu no início das filmagens. Foi substituído por Andrucha Waddington, que entregou um grande trabalho.

Assistir Fernanda Montenegro em ação é uma oportunidade imperdível, mais ainda três vezes no mesmo ano. Recomendo conferir nos cinemas os três filmes - "Ainda Estou Aqui", "Vitória" e, na próxima semana, "Milton Bituca Nascimento".


Ficha técnica:
Direção: Andrucha Waddington
Roteiro: Paula Fiuza e Breno Silveira
Produção: Conspiração Filmes e coprodução MyMama Entertainment e Globoplay
Distribuição: Sony Pictures
Classificação: 16 anos
Exibição: nos cinemas
País: Brasil
Gêneros: drama criminal

07 janeiro 2025

A histórica e inédita conquista do Globo de Ouro 2025

Elenco e diretor do filme na cerimônia de entrega do Globo de Ouro (Fotos: Globo de Ouro - Shayan Asgharnia)


Silvana Monteiro

Em 1986, Fernanda Torres alcançou um feito histórico ao conquistar o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes, tornando-se a atriz brasileira mais jovem a receber essa honraria. Sua performance visceral no filme 'Eu Sei Que Vou Te Amar", dirigido por Arnaldo Jabor, conquistou não apenas o coração dos jurados, mas também deixou uma marca indelével no cenário do cinema internacional. 

Quase quatro décadas depois, em 2025, Fernanda adicionou outro marco memorável à sua história ao vencer o Globo de Ouro. No domingo, 5 de janeiro de 2025, a atriz foi consagrada como Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro por sua interpretação de Eunice Paiva em "Ainda Estou Aqui". 

                  

Único filme nacional entre o top 10, com mais de 3 milhões de ingressos vendidos, fechou 2024 como a quinta maior bilheteria do ano. Leia a crítica no blog clicando aqui.

Essa conquista histórica foi celebrada com ares de festa nacional e gerou especulações imediatas sobre sua possível inclusão na lista de indicados ao Oscar. 

Embora o Globo de Ouro tenha perdido parte de sua relevância como termômetro para o Oscar - ultrapassado pelas premiações dos sindicatos de atores, produtores, roteiristas e diretores -, é inegável que a vitória trouxe visibilidade global para a atriz brasileira.

Fotos do filme "Ainda Estou Aqui": Alile Dara Onawale

A caminho do Oscar?

Historicamente, apenas duas vencedoras de Melhor Atriz em Filme Dramático no Globo de Ouro ficaram fora da lista final do Oscar: Shirley MacLaine por "Madame Sousatzka" (1989) e Kate Winslet por "Foi Apenas Um Sonho" (2009). 

No entanto, a ausência de Fernanda Torres nas indicações ao Critics Choice Awards e na pré-lista do BAFTA lança uma dúvida sobre sua presença na cerimônia da Academia de Hollywood. Ainda assim, sua atuação em "Ainda Estou Aqui" é amplamente reconhecida como uma das mais impactantes do ano. 


Uma carreira repleta de marcos

Filha das lendas da dramaturgia brasileira Fernanda Montenegro e Fernando Torres, Fernanda cresceu imersa em um ambiente artístico. Desde cedo, demonstrou que o talento corria em suas veias. Sua estreia no cinema aconteceu com "A Marvada Carne" (1985), obra que já evidenciava sua habilidade em interpretar personagens complexos e autênticos.

Foi em "Eu Sei Que Vou Te Amar", porém, que Fernanda consolidou seu lugar entre os grandes nomes do cinema mundial. Contracenando com Thales Pan Chacon, deu vida a uma mulher que revisita sua relação amorosa em uma narrativa crua e intensa. Sua atuação, cheia de nuances, encantou audiências e críticos, rendendo comparativos com grandes estrelas do cinema europeu.

"Eu Sei Que Vou Te Amar" (Divulgação)

Conexão pessoal com o Globo de Ouro

A vitória de Fernandinha no Globo de Ouro por "Ainda Estou Aqui" é um testemunho de sua versatilidade e habilidade de transitar entre gêneros como drama, comédia e teatro.

Além disso, a conquista carrega um simbolismo especial: 25 anos atrás, sua mãe, Fernanda Montenegro, esteve entre as indicadas ao mesmo prêmio por Central do Brasil, mas não levou a estatueta. Agora, a filha fecha esse ciclo com uma memorável vitória.

Walter Salles e Fernanda Torres

Multifacetada e inquieta

Ao longo de sua trajetória, Fernanda Torres acumulou experiências que vão além da atuação. Seja na TV, no teatro ou no cinema, ela continua sendo uma referência para novas gerações de artistas. Recentemente, também tem se destacado como escritora, trazendo ao público textos que combinam humor e reflexão sobre a sociedade contemporânea.

Se o Globo de Ouro celebra trajetórias icônicas e talentos únicos, Fernanda Torres representa exatamente isso. Com a estatueta agora em sua prateleira, sua experiência, respaldada pela conquista, de fato transcenderá o tempo e as fronteiras.


O valor histórico e social de "Ainda Estou Aqui"

Adaptado do livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, "Ainda Estou Aqui" é uma obra que resgata a importância da memória, da família e da resiliência. Mesclando autobiografia e biografia, o filme retrata a história de Eunice Paiva, mãe do autor, enquanto reflete sobre o contexto histórico e social brasileiro.

A narrativa relembra os anos de chumbo da ditadura militar no Brasil, expondo o impacto pessoal e familiar da repressão. Eunice enfrentou a perda do marido, Rubens Paiva, um político torturado e desaparecido pelo regime militar. 

Mesmo diante dessa tragédia, ela mostrou coragem ao criar os filhos sozinha e lutar por justiça. A história ressalta o papel das mulheres na resistência e reconstrução social.


O filme também explora a relação de Marcelo com sua mãe durante sua batalha contra o Alzheimer, sensibilizando o público para a importância do cuidado com idosos e da empatia diante de doenças neurodegenerativas.  

Além disso, faz um apelo pela busca da verdade e reparação em relação aos desaparecidos políticos, reforçando a importância de manter viva a memória histórica para evitar a repetição de erros no futuro.

"Ainda Estou Aqui" transcende sua condição de uma história íntima e se torna um retrato do Brasil, da luta por direitos humanos e da capacidade de seguir em frente mesmo nas situações mais adversas.


06 janeiro 2025

Fernanda Torres é eleita melhor atriz dramática no Globo de Ouro 2025

Protagonista do filme "Ainda Estou Aqui", do diretor Walter Salles, foi a primeira brasileira a faturar
a estatueta (Montagem com reprodução TNT)


Maristela Bretas


A torcida foi grande e desta vez o prêmio saiu para a brasileira Fernanda Torres, que conquistou a estatueta de Melhor Atriz de Drama no Globo de Ouro 2025, por seu protagonismo no filme "Ainda Estou Aqui", do diretor Walter Salles.

Fernanda Torres entrou na disputa com estrelas premiadas e famosas de Hollywood, como Angelina Jolie, Tilda Swinton, Nicole Kidman, Kate Winslet e Pamela Anderson. Ela é a primeira brasileira a vencer o Globo de Ouro, que já foi disputado por Sônia Braga e por sua mãe, Fernanda Montenegro.

"Ainda Estou Aqui" (Foto: Alile Dara Onawale)

A atriz dedicou o prêmio a ela, que em 1999 disputou na mesma categoria e perdeu para Cate Blanchett. "Quero agradecer Walter Salles, meu parceiro, meu amigo. Que história, Walter! Quero dedicar isso para a minha mãe. Ela estava aqui 25 anos atrás. Isso é a prova de que a arte ultrapassa gerações. (...) Esse é um filme que nos ensina a sobreviver em tempos como esses”, discursou Fernanda Torres. 

Também agradeceu ao marido Andrucha Waddington e a seus filhos, a Selton Mello e a todo o elenco de "Ainda Estou Aqui" que, infelizmente, perdeu para a produção "Emília Pérez" na categoria de Melhor Filme em Língua Não-Inglesa. O longa brasileiro volta a disputar premiação de Melhor Filme Estrangeiro no próximo domingo (12), no 30º Critics Choise 2025.

"O Brutalista" (Foto: Universal Pictures)

Na edição do Globo de Ouro deste ano, realizada no Hotel Hilton, em Los Angeles, o filme "Emilia Pérez" levou outras três estatuetas. O segundo lugar ficou para "O Brutalista", com três premiações, e a série dramática "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" faturou quatro. 

A atriz Viola Davis e o ator Ted Danson receberam prêmios especiais por suas carreiras de sucesso no cinema e na TV. Confira a lista dos vencedores abaixo.

MELHOR FILME DRAMA - "O Brutalista"

MELHOR FILME COMÉDIA OU MUSICAL - "Emília Pérez"

MELHOR SÉRIE DRAMA - "Xógum"

MELHOR SÉRIE COMÉDIA OU MUSICAL - "Hacks"

MELHOR MINISSÉRIE, ANTOLOGIA OU TELEFILME - "Bebê Rena"

MELHOR DIREÇÃO DE FILME - Brady Corbet ("O Brutalista")

MELHOR ATRIZ FILME DE DRAMA - Fernanda Torres ("Ainda Estou Aqui")

MELHOR ATOR FILME DE DRAMA - Adrien Brody ("O Brutalista")

MELHOR ATRIZ FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL - Demi Moore ("A Substância")

MELHOR ATOR FILME DE COMÉDIA OU MUSICAL - Sebastian Stan ("Um Homem Diferente")

"Emilia Pérez" (Foto: Pathè Films)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE - Zoe Saldaña ("Emilia Pérez")

MELHOR ATOR COADJUVANTE DE FILME - Kieran Culkin ("A Verdadeira Dor")

MELHOR FILME EM LÍNGUA NÃO-INGLESA - "Emilia Pérez" (França)

MELHOR ANIMAÇÃO LONGA-METRAGEM - "Flow"

MELHOR ROTEIRO DE FILME - "Conclave"

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL DE FILME - "Rivais"

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL DE FILME - "El Mal" ("Emilia Pérez")

CONQUISTA CINEMATOGRÁFICA E DE BILHETERIA - "Wicked"

MELHOR ATOR SÉRIE DE DRAMA - Hiroyuki Sanada ("Xógum")

MELHOR ATOR SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL - Jeremy Allen White ("O Urso")

"Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" (Foto: FX)

MELHOR ATRIZ SÉRIE DE DRAMA - Anna Sawai ("Xógum")

MELHOR ATRIZ SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL - Jean Smart ("Hacks")

MELHOR ATOR EM MINISSÉRIE, ANTOLOGIA OU TELEFILME - Colin Farrell ("Pinguim")

MELHOR ATRIZ EM MINISSÉRIE, ANTOLOGIA OU TELEFILME - Jodie Foster ("True Detective: Terra Noturna")

MELHOR ATOR COADJUVANTE EM SÉRIE - Tadanobu Asano ("Xógum")

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE EM SÉRIE - Jessica Gunning ("Bebê Rena")

MELHOR PERFORMANCE EM STAND-UP - Ali Wong ("Single Lady")

10 dezembro 2024

Canal Brasil faz maratona de filmes com Fernanda Torres

Seleção terá entrevista no “Tarja Preta”, apresentado com Selton Mello, e produções como “Os Normais - O Filme”, “Terra Estrangeira” e “Casa de Areia” (Fotos: Alile Dara Onawale)


Da Redação


Em homenagem à atriz Fernanda Torres, o Canal Brasil exibe nesta terça e quarta feiras (10 e 11 de dezembro) uma maratona de 11 filmes da atriz. Nessa segunda-feira, ela foi indicada como Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro 2025 pelo filme "Ainda Estou Aqui", indicado a Melhor Filme de Língua Não Inglesa.

Esta é a quarta vez que o diretor Walter Salles concorre à premiação. Em 1999, a atriz Fernanda Montenegro também concorreu como Melhor Atriz, sob a direção de Salles, em "Central do Brasil".

"Ainda Estou Aqui" 

A programação especial inicia com o programa “Tarja Preta”, apresentado por Selton Mello. Na entrevista gravada em 2006, a atriz faz uma retrospectiva de sua carreira, conta curiosidades de bastidores e relembra memórias de filmes como “Terra Estrangeira”, “O que É Isso, Companheiro?” e “O Primeiro Dia”, além de sua experiência como roteirista em filmes como “Gêmeas” e “Traição”.

A maratona termina na quarta-feira com a exibição de “Amigos, Sons e Palavras”. Na atração, comandada por Gilberto Gil, eles conversam sobre o papel da mulher na preservação do afeto e reflexões existenciais sobre feminilidade e sociedade.


Premiações

Com um total de sete prêmios, o longa também foi premiado no 81ª Festival de Veneza (Melhor Roteiro); foi escolhido o Melhor Filme pelo público, na 48ª Mostra de S. Paulo; no Festival Internacional de Cinema de Vancouver, no Canadá e no Festival de Cinema de Mill Valley, nos Estados Unidos. A atriz Fernanda Torres foi eleita Melhor Atriz em filme internacional pelo Critics Choice Awards.

No domingo (8), Fernanda Torres conquistou o segundo lugar na categoria de Melhor Atuação na premiação da Associação de Críticos de Cinema de Los Angeles, ao lado da atriz Demi Moore. 

Na semana passada, o longa "Ainda Estou Aqui" foi escolhido como um dos cinco Melhores Filmes Internacionais, pela National Board of Review, uma das mais importantes associações de cinema dos EUA, sediada em Nova York.


MARATONA FERNANDA TORRES

Tarja Preta: Fernanda Torres (2006)
Horário: Terça, dia 10/12, às 19h30
Episódio: Selton e Fernanda Torres - T03Ep01

Terra Estrangeira (1996) (110’)
Horário: Terça, dia 10/12, às 20h
Classificação: 16 anos
Direção: Walter Salles e Daniela Thomas

O Primeiro Dia (1997) (95’)
Horário: Terça, dia 10/12, às 21h40
Classificação: 14 anos
Direção: Walter Salles e Daniela Thomas

Eu Sei que Vou Te Amar (1986)
Horário: Terça, dia 10/12, às 22h55
Classificação: 14 anos
Direção: Arnaldo Jabor

"Eu Sei Que Vou Te Amar" (Divulgação)

Casa de Areia (2005) (103’)
Horário: Quarta, dia 11/12, à 00h40
Classificação: 16 anos
Direção: Andrucha Waddington

Traição (1998) (104’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 2h35
Classificação: 18 anos
Direção: José Henrique Fonseca, Arthur Fontes e Cláudio Torres

Gêmeas (1999) (75’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 4h20
Classificação: 14 anos
Direção: Andrucha Waddington

O Que É Isso companheiro? (1996) (110’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 5h30
Classificação: 16 anos
Direção: Bruno Barreto


"O Que é Isso Companheiro?" (Divulgação)

Jogo de Cena (2007) (106’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 7h25
Classificação: 12 anos
Direção: Eduardo Coutinho

Saneamento Básico (2007) (112’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 10h45
Classificação: 14 anos
Direção: Jorge Furtado

Inocência (1983) (118’)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 12h40
Classificação: 14 anos
Direção: Walter Lima

Amigos, Sons e Palavras: Fernanda Torres (2018)
Horário: Quarta, dia 11/12, às 14h40
Episódio: Gilberto Gil recebe Fernanda Torres - T01Ep02


Serviço
Maratona Fernanda Torres
Data: dias 10 e 11 de dezembro
Horário: a partir das 19h30
Exibição: Canal Brasil
Classificação: Conforme a programação
País: Brasil
Gêneros: drama, suspense, história, entrevista

06 novembro 2024

"Ainda Estou Aqui" - um filme sobre resiliência, coragem e tempos sombrios

O aguardado longa de Walter Salles entra em cartaz nos cinemas de BH e promete cativar o público
(Fotos: Alile Dara Onawale/Divulgação)


Eduardo Jr.


Estreia nesta quinta-feira (7/11), o longa "Ainda Estou Aqui", novo trabalho do diretor Walter Salles, distribuído pela Sony Pictures. Coincidência ou não, no mesmo dia da morte de Evandro Teixeira, fotojornalista que clicou momentos icônicos do combate à ditadura no Brasil, a equipe do Cinema no Escurinho foi convidada para acompanhar a pré-estreia deste que se configura como mais um resgate memorável desse triste período da história. 

O buzz em torno do filme, após a exibição no Festival de Veneza, tem tudo para se justificar em terras brasileiras. Adaptado do livro homônimo do jornalista Marcelo Rubens Paiva, o longa conta a história de Eunice Paiva, mãe de Marcelo e mulher do ex-deputado Rubens Paiva, que é levado de casa por policiais, nos anos 1970, dando início ao drama.


Aliás, o termo "drama" se aplica mais ao segundo ato da obra, que inicia com a apresentação das personagens e com um suspense, canalizado na presença dos caminhões com militares, que passam pelas ruas e provocam um incômodo na protagonista, em contraste com o cotidiano festivo do casal e seus cinco filhos. 

Walter Salles é inteligente ao mostrar Rubens Paiva (Selton Mello) com uma rotina familiar e depois sua prisão sem motivos claros. Imprime a percepção de que, na ditadura, qualquer coisa era motivo para violar direitos. 

Deixa no espectador o vazio da falta daquele personagem (talvez uma espécie de simulacro da falta que um ente desaparecido deixa nos familiares). É aí que o cotidiano solar e colorido da família começa a se transformar.  

(Foto: Lais Catalano Aranha/Divulgação)

A entrada dos milicos é digna de "O Poderoso Chefão" (1972), com sujeitos mal-intencionados emergindo das sombras. A fotografia faz questão de escurecer a tela. A maldade do regime consegue causar impacto no espectador sem apelar para arroubos cinematográficos ou de emoção. E nem precisa. 

A câmera nos faz enxergar a Eunice criada por Fernanda Torres, uma escolha visual que se mostra acertadíssima! A protagonista começa uma mulher de classe média alta, muda para dona de casa sem privilégios, se reinventa como advogada, e comunica tudo com uma atuação e expressões impecáveis, entregando melancolia e força até nos gestos mais sutis. 

Além de Fernanda, todo o elenco parece ter entendido que menos é mais. O filme traz atuações precisas e bem sintonizadas entre atores que dão vida aos personagens na 1ª fase e os que assumem após a passagem de tempo. 


Ponto positivo também para a excelente trilha sonora, com músicas da época muito condizentes com a mensagem e com o momento (de ontem e o atual, embora o filme seja também sobre memória). 

Uma dessas pautas da atualidade já era parte da biografia de Eunice. Após a tragédia familiar, ela voltou a estudar, se formou em Direito e passou a atuar em prol das causas indígenas (que voltaram aos noticiários, recentemente) e violações dos Direitos Humanos. 

Se assim podemos dizer, uma das vitórias foi a dela própria, ao obter a certidão de óbito do marido. Eunice recebe o documento como sempre fez, sorrindo. Por ordem dela, não era permitido à família Paiva chorar ou sofrer frente às câmeras, pois essa seria uma vitória dos assassinos que destruíram tantas outras famílias brasileiras. 


Eunice morreu em dezembro de 2018, com 86 anos, em decorrência do Mal de Alzheimer. Está representada nessa fase final por Fernanda Montenegro. E com a mesma força expressiva que a filha deu à personagem no início e meio do longa. 

No final deste filme, de tamanho refinamento técnico que mal se percebe o passar das duas horas de exibição, o espectador observa algo que pode ser interpretado como o que essas famílias experimentam: a busca de uma completude que nunca mais existirá. O que fica, é memória. Filme imperdível! 

"Ainda Estou Aqui" é a produção brasileira escolhida para integrar a lista de possíveis indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025. A prévia dos finalistas sai no dia 17 de dezembro e a lista com os cinco escolhidos será divulgada no dia 17 de janeiro. 


Ficha técnica:
Direção: Walter Salles
Roteiro: Murilo Hauser e Heitor Lorega
Produção: Mact Productions, VideoFilmes, Arte France, RT Features
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h15
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gêneros: drama, suspense

15 maio 2024

Incômodo e indigesto, “A Hora da Estrela” está de volta para reforçar a complexidade de Clarice Lispector

Produção de 1985, protagonizada por Marcélia Cartaxo, retorna ao cinema em versão digitalizada, dentro do projeto Sessão Vitrine Petrobras (Fotos: Vitrine Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


Embora muitos considerem impossível, a diretora Suzana Amaral foi lá e fez: transformou em cinema a obra complexa de Clarice Lispector em1985, quando, sob sua direção, “A Hora da Estrela” ganhou quase todos os prêmios do Festival de Brasília, além de ter conquistado o Urso de Prata de Melhor Atriz no Festival de Berlim. 

Pois agora o longa volta ao cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira (16), dentro do projeto Sessão Vitrine Petrobras, que está digitalizando e remasterizando películas importantes do cinema nacional. Ele pode ser conferido na sala 3 do Cine Una Belas Artes, sessão de 18h40, com ingressos a R$ 20,00 a inteira e R$ 10,00 a meia.


Não se pode dizer que o filme estrelado magnificamente por Marcélia Cartaxo seja fácil de ver. Não é. O longa, que conta a história de Macabéa, é indigesto e incomoda. 

Causa desconforto e talvez até certa repulsa a trajetória da nordestina de 19 anos que se vê absolutamente sozinha e despreparada numa cidade como São Paulo. Órfã de pai e mãe, desajeitada, ignorante, feia e ingênua, a jovem é mais uma figura invisível na metrópole.


Sem desmerecer o elenco, todo ele correto na medida, Marcélia Cartaxo é a grande responsável pelo brilho do filme. Sua Macabéa, tão tímida quanto estúpida, é quase uma provocação ao espectador com seus silêncios, olhares e posturas submissas. É como se ela pedisse desculpas por existir. 

Seu contraponto é o namorado Olímpico de Jesus, em atuação excelente de José Dumont, com suas tiradas professorais e engraçadas que, no entanto, não fazem o espectador rir.

É preciso ressaltar também a presença da sempre brilhante Fernanda Montenegro como a cartomante picareta Madame Carlota, responsável pela grande mudança na vida de Macabéa que, acreditando em suas previsões, pode ter finalmente a sua hora de estrela. Ao final, pode-se dizer, ninguém sai ileso do filme de Suzana Amaral.


Para quem não leu o livro de Clarice Lispector, vale contar que Macabéa divide um quarto com mais três moças e trabalha como datilógrafa numa firma onde tem como chefes os senhores Pereira e Raimundo, feitos por Denoy de Oliveira e Umberto Magnani. 

Entre as colegas, destaca-se a atirada e sensual Glória (Tamara Taxman), tão bonita quanto antiética. É nesses dois ambientes, além das praças, metrôs e ruas pelas quais transita, que essa heroína brasileira mostra, com sutileza, sua dor de viver.


Ficha Técnica
Direção: Suzana Amaral
Roteiro: Suzana Amaral e Alfredo Oroz
Baseado no romance homônimo de Clarice Lispector
Produção: Raiz Produções e Assunção Hernandes
Distribuição: Sessão Vitrine Petrobras e Vitrine Filmes
País: Brasil
Ano: 1985
Duração: 1h36
Classificação: 12 anos
Gênero: drama