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03 novembro 2024

"Todo Tempo Que Temos": um drama sobre o amor e suas imperfeições

Florence Pugh e Andrew Garfield são os protagonistas do longa dirigido por John Crowley
(Fotos: Imagem Filmes)


Filipe Matheus
Texto  cedido pelo colaborador Blog Maravilhas de Cinema


Dirigido por John Crowley ("Brooklyn" - 2016), está em cartaz nos cinemas o tão esperado "Todo Tempo Que Temos" ("We Live In Time"), estrelado por Florence Pugh e Andrew Garfield. Embora tenha a ambição de se tornar um clássico do drama romântico, o filme falha ao não explorar a narrativa do casal protagonista de forma profunda.

O longa tenta contar uma história de amor, mas tropeça em situações previsíveis, decepcionando aqueles que buscam uma paixão envolvente. Almut (Pugh) e Tobias (Garfield) se encontram inesperadamente e de imediato, há uma conexão entre eles. 


Essa conexão os leva a um caminho desafiador, onde aprendem a valorizar momentos únicos em uma trama nada convencional sobre o amor. As diferenças entre os dois revelam que a imperfeição é parte essencial da construção de uma relação. Mesmo assim, é possível erguer um futuro juntos, superando erros e buscando a felicidade.

Apesar da originalidade, falta emoção à obra. Não se trata apenas de contar uma história, mas de mostrar como ela realmente existe na prática. A busca por realização, em alguns momentos, parece vaga, diminuindo a força de "Todo Tempo Que Temos" e impedindo-o de brilhar no gênero dramático.


A inclusão de flashbacks não enriquece a narrativa. Em certos momentos, a confusão com o tempo presente é evidente. É fundamental destacar a dramatização do filme. O espectador antecipa como a trama vai se desenrolar, tornando o enredo menos envolvente e frágil em algumas situações.

Apesar do roteiro pouco criativo e recheado de clichês de Nick Payne, o longa conta com as boas atuações e a química perfeita de Florence Pugh e Andrew Garfield. 

Eles dão sustentação suficiente para entregar o esperado, fazendo com que o público se importe com a construção da história, tanto nos bons quanto nos maus momentos enfrentados pelo casal.


Uma curiosidade sobre os protagonistas: ambos atuaram em produções da Marvel, com Pugh como Yelena Belova, em "Viúva Negra" (2021). Garfield foi o Homem-Aranha/Peter Parker nos dois filmes de "O Espetacular Homem-Aranha" (2012 e 2014) e em "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa" (2021).

Apesar das falhas, "Todo Tempo que Temos" merece ser conferido nos cinemas. O filme oferece uma genuína história de amor, ressaltando a importância das dificuldades na construção de um relacionamento.


Ficha técnica:
Direção: John Crowley
Produção: Studio Canal e Film4
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h44
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, romance, comédia dramática

28 fevereiro 2024

"Duna: Parte 2" supera primeiro filme em ação e atuação do elenco

Sequência, também dirigida por Denis Villeneuve, é épica e pode se tornar a maior ficção científica do ano (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Novamente grandioso, com ótimas atuações de todo o elenco, efeitos visuais, montagem, som, figurino, maquiagem e trilha sonora impecáveis, "Duna - Parte 2", que entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira, supera o primeiro filme. 

O novo longa-metragem tem grandes cenas de lutas e de batalhas no deserto, dignas de uma produção que custou US$ 190 milhões, contra os US$ 165 milhões de "Duna", de 2021. 

O diretor Denis Villeneuve, que dividiu o roteiro com Jon Spaihts, melhorou um ponto que incomodou muito em "Duna", também dirigido por ele: tinha pouca ação e era arrastado. 

E mesmo assim conquistou seis estatuetas do Oscar em 2022 - Melhor Som, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Edição, Melhor Design de Produção, Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Visuais.


As locações da nova produção foram feitas em Budapeste, Itália, Abu Dhabi e Jordânia e ocupam um importante papel. Novamente, as areias dos desertos dos dois últimos países dão um show, dispensando o uso excessivo de computação gráfica e proporcionando uma fotografia excepcional para Greig Fraser.

Baseado no romance de seis livros escritos por Frank Herbert em 1965, "Duna: Parte 2" faz jus à obra literária. O filme dá continuidade à saga de Paul Atreides (Timothée Chalamet), que conseguiu sobreviver ao massacre dos demais integrantes de sua família. Ele e sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), se unem a Chani (Zendaya) e aos Fremen, comandados por Stilgar, papel de Javier Bardem, que domina a tela toda vez que aparece. 


O jovem busca vingança contra os responsáveis por sua tragédia e que agora ameaçam o povo e o planeta Arrakis, também conhecido como Duna. Nessa batalha, Paul terá de ganhar a confiança de seus novos aliados e travar uma batalha contra o exército do imperador Shaddam (Christopher Walken). Ele também precisará escolher entre seu amor por Chani e evitar um futuro terrível que ele conseguiu prever.

Timothée está mais seguro no papel principal e entrega um líder convincente, tanto nos discursos quanto nas batalhas. E forma um casal fofo e bem entrosado com Zendaya. A atriz ganha o merecido destaque, sendo peça-chave no aprendizado e na sobrevivência de Paul Atreides, disputando a tela com a tarimbada Rebecca Ferguson, sem deixar cair o ritmo. 


Além dos protagonistas, estão de volta do primeiro filme Dave Bautista (como Glossu Rabban, responsável por dizimar vários reinos), Josh Brolin (o guerreiro Gurney Halleck), Charlotte Rampling (sacerdotisa Gaius Helen Mohiam) e Stellan Skarsgård (Baron Vladimir Harkonnen). 

Entre as novidades no elenco desta continuação, além de Christopher Walken, temos as ótimas atuações de Austin Butler (como o ambicioso vilão Feyd-Rautha Harkonnen), Florence Pugh (princesa Irulan) e Léa Seydoux (Margot Fenning), que deverão ganhar destaque no terceiro filme, em planejamento. 


"Duna: Parte 2" não deixa de fora o embate político-religioso, com Paul sendo trabalhado para se tornar um líder guerreiro e um messias, a ser seguido pelo povo, especialmente os milhares de fundamentalistas que acreditam ser ele um predestinado a levá-los ao paraíso. 

A trilha sonora foi novamente entregue ao excelente Hans Zimmer, que não deixou por menos, como sempre. Quem for assistir ao longa na sala @Imax, do @CineartBoulevard, notará que uma das músicas nas batalhas é semelhante (se não for a mesma) da apresentação do sistema tocada antes de cada filme.


Um ponto que ainda pode confundir quem está entrando na franquia a partir deste longa é o excesso de informação. Recomendo ler os livros ou assistir ao primeiro filme para entender as disputas entre os reinos e quem é quem na história. Muitos pontos são esclarecidos nesta sequência e novos são criados a partir das decisões de Paul.

"Duna: Parte 2", até o momento, pode ser considerado o grande filme de ficção científica do ano e deverá agradar aos fãs que estavam ansiosos pela continuação. Merece ser visto no cinema, de preferência numa sala especial. O som e as imagens na tela maior proporcionam uma experiência fantástica.


Ficha técnica:
Direção: Denis Villeneuve
Produção: Legendary Pictures e Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h46
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, ficção científica, ação

19 julho 2023

Grandioso em tudo, "Oppenheimer" mostra quem foi o pai da bomba atômica

Cillian Murphy entrega excelente interpretação do famoso físico criador da arma usada na 2ª Guerra Mundial
(Fotos: Universal Pictures) 


Maristela Bretas


Christopher Nolan novamente chega aos cinemas trazendo uma obra grandiosa, tanto no uso de recursos visuais quanto na duração. "Oppenheimer", que estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas, é uma "viagem" à mente inquieta e angustiada do gênio chamado de "pai da bomba atômica". O filme conta, em flashbacks, o que ele sofreu por ser brilhante na ciência, mas ingênuo quanto ao ser humano, em especial, aos políticos.
 


Ambientado durante e após a Segunda Guerra Mundial, "Oppenheimer" conta a vida do físico teórico da Universidade da Califórnia que foi convidado a dirigir o Laboratório de Los Alamos, no Novo México, com a missão de projetar e construir as primeiras bombas atômicas dos EUA.

O Projeto Manhattan, como batizado, reuniu um grupo formado pelo físico e grandes cientistas de várias nacionalidades que desenvolveram a arma nuclear responsável pela destruição das cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945, e a morte de mais de 250 mil pessoas.


Roteirista e diretor, Nolan entrega seu 12º longa de uma filmografia que inclui obras como o excelente "Dunkirk" (2017), "Interestelar" (2014), "Batman - O Cavaleiro das Trevas" (2008) e "Tenet" (2020). Ele não poupa no visual e som, explorando todos os recursos do formato Imax. 

São muitas imagens mirabolantes (e põe muitas nisso) das alucinações de Oppenheimer com fusão de átomos, explosões atômicas e de estrelas, raios e fissão nuclear. São pelo menos 30 minutos do início do filme que poderiam ser resumidos em 10. 


A trilha sonora, entregue a Ludwig Göransson, também está perfeita, proporcionando o clímax certo para aumentar o impacto sobre o espectador. 

Nolan também acerta ao usar cenas coloridas e em preto e branco que reforçam a seriedade dos dois julgamentos do cientista por traição, após ser considerado herói pelos americanos com a criação da bomba que dizimou os inimigos.


Se a parte visual e sonora são destaques, as interpretações não ficam atrás. Nota máxima para Cillian Murphy, como Julius Robert Oppenheimer, e Robert Downey Jr., no papel de Lewis Strauss. 

Murphy incorporou o famoso cientista, especialmente na estrutura física - ele fez uma dieta intensa para perder peso. A história mostra o gênio, que era "fora da caixa" da ciência convencional, e o homem, que vagava entre o egoísmo, o sucesso por dirigir importante projeto da bomba, o amor por duas mulheres, a ingenuidade de achar que seria uma estrela respeitada para sempre em sua nação e o arrependimento pelo uso de sua criação como arma de destruição em massa.


Já Downey Jr. está perfeito como o ex-presidente da Comissão de Energia Atômica dos EUA, figura decisiva na implantação do projeto da bomba. O ator confessou em entrevista recente que foi o melhor filme que já participou em sua vida. Com certeza é um dos melhores papéis (talvez o melhor) de sua carreira.


A maquiagem para envelhecimento dos personagens, bem como o figurino de época também são pontos positivos, muito bem trabalhados, juntamente com a escolha dos personagens coadjuvantes. Muitos ficaram cópias fieis de figuras que marcaram esse período da história, como Gary Oldman, interpretando o presidente Harry Truman, e Tom Conti, como Albert Einstein.


A ala feminina não deixou por menos, com Florence Pugh e Emily Blunt dando show em seus determinantes papéis na vida do cientista. A primeira como a amante do físico, Jean Tatlock, membro do Partido Comunista da América. A segunda interpreta Kitty, bióloga alemã e esposa de Oppenheimer que também integrava o mesmo partido.

Outros nomes famosos do cinema deixaram sua marca no longa: Matt Damon, Rami Malek, Kenneth Branagh, Jason Clarke, Casey Affleck, Josh Hartnett, Matthew Modine, a maioria como integrantes do governo e das Forças Armadas que estiveram por trás do projeto Manhattan.


"Oppenheimer" é baseado na biografia "American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer" ("Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometheu americano"), de Kai Bird e Martin Sherwin, publicada em 2006 e vencedora do Prêmio Pulitzer. 

Vale a pena conferir, mais uma grande produção de Christopher Nolan e forte candidato na disputa do Oscar 2024 na principal categoria, além de atores principais, coadjuvantes e parte técnica. Uma ótima oportunidade para conhecer a vida do famoso e polêmico cientista.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Christopher Nolan
Produção: Universal Pictures, Atlas Entertainment, Syncopy
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 3h01
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: biografia, histórico, drama

05 dezembro 2022

Simples e sem arroubos, "O Milagre" atrai ao explorar o fanatismo, a verdade e a fé

Florence Pugh e a jovem Kíla Lord Cassidy são as protagonistas deste thriller psicológico (Fotos: Netflix)


Silvana Monteiro


Idolatria, ceticismo, abuso infantil, luto perinatal e distúrbios alimentares são temas de "O Milagre" ("The Wonder"), novo filme em exibição na Netflix. Nesse domingo (4), a produção faturou o prêmio de Melhor Trilha Sonora (composta por Matthew Herbert) do British Independent Film Awards (BIFA) 2022, além de receber outras 11 indicações para essa importante premiação britânica.

O longa é uma adaptação do romance homônimo de Emma Donoghue, com um roteiro que provoca desconfiança e remete à frieza dos fatos. É exatamente por sua construção fria, sem arroubos, que ele chama a atenção.


A história se passa no ano de 1862 e narra o drama da jovem Anna O’Donnell (Kíla Lord Cassidy), de 11 anos, que vive num vilarejo da Irlanda e não come há quatro meses. 

A enfermeira inglesa Lib Wright, vivida por Florence Pugh (de "Adoráveis Mulheres" - 2020 e "Viúva Negra" - 2021) e a freira Irmã Ryan (Josie Walker) são enviadas à casa da garota a fim de manterem uma vigilância ininterrupta de 15 dias e testemunharem a veracidade dos fatos e se lá estaria ocorrendo um milagre. 


Elas precisam fazer relatórios para um grupo de autoridades masculinas do povoado. Anna é muito religiosa e passa a dizer que vive de maná dos céus, o que faz com que seus pais e o povo da província passem a tratá-la como uma santidade. A história ganha mais força com a insistência do médico Dr. McBrearty (Toby Jones) e do padre Thaddeus (Ciarán Hinds).


Junto a Alice Birch ("Normal People", "Succession") e o diretor Sebastián Lelio, premiado com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2018, por "Uma Mulher Fantástica", a escritora Emma Donoghue adaptou sua obra para o cinema, inspirada em casos reais de virgens jejuadoras - adolescentes que deixavam de comer acreditando que seriam abençoadas pela penitência.

Ela já recebeu indicações ao Oscar, ao Globo de Ouro e ao BAFTA pela adaptação para as telas do best-seller, "O Quarto de Jack" (2015), estrelado por Brie Larson.


"O Milagre" tem uma fotografia interna que provoca a sensação em quem o assiste de que é preciso ver além do que é mostrado nas cenas. É isso que mantém o telespectador de olhos vidrados e ouvidos atentos. Nos ambientes internos, o diretor abusa de cenas feitas sob baixa iluminação. 

Nas tomadas claríssimas em grande plano realizadas fora da casa, nos momentos em que a enfermeira perambula com a menina pelos campos, ele faz uma referência ao isolamento vivido pela profissional de saúde. Tanto pelas suspeitas do mistério que envolve a menina, quanto por seu sofrimento, vivenciando um drama pessoal que só o público conhece.


A obra explora bem a sonoplastia, com poucas inserções de canções e muitos efeitos sonoros. Traz uma dicotomia enigmática a ausência de alimentos na vida da garota e o voraz apetite da enfermeira. Além de instigar a percepção de quem tenta desvendar o que mantém a sobrevivência da jovem. 


A grande sacada do filme é a chegada do repórter do Jornal Daily Telegraph, William Byrne (Tom Burke), que insiste em fazer uma matéria sobre Anna. 

Mesmo impedido pela enfermeira, ele fica pelas redondezas, o que vai mudar totalmente o destino da história e unir quatro personagens, três deles presentes na trama: o repórter, a garota e a enfermeira.

O quarto, supostamente morto, é retratado em meio aos acontecimentos que levam à descoberta do real motivo pelo qual a menina está sem se alimentar. 


Acuada, isolada e sem ninguém que acredite em suas palavras, a enfermeira Lib Wright vai tomar decisões que podem parecer antiéticas, mas que de fato serão o milagre dessa história. 

Destaque para as ótimas interpretações de Florence Pugh e da jovem Kíla Lord Cassidy. Surpreendentemente dramático e estranho, "O Milagre", entre a penumbra e a luminosidade, merece que você acredite nele.


Ficha técnica:
Direção: Sebastián Lelio
Produção: Netflix / Volta Pictures / Element Films
Exibição: Netflix
Duração: 1h48
Classificação: 16 anos
Países: Irlanda, Reino Unido, EUA
Gêneros: drama, suspense