Documentário do rapper Emicida foi gravado nos bastidores e durante o show no Theatro Municipal de São Paulo (Fotos: Jefferson Delgado) |
Mirtes Helena Scalioni
Não é preciso ser especialista nem iniciado no gênero para aplaudir com entusiasmo o documentário “AmarElo – É Tudo Pra Ontem”, do rapper e ativista Emicida. Até porque o filme, em cartaz na Netflix, fisga o espectador é pela emoção. É no vaivém das câmeras, ora nos bastidores e no palco do show histórico que ele fez no majestoso Theatro Municipal de São Paulo, ora nos inúmeros depoimentos de pessoas envolvidas na tarefa que parece ser o objetivo do artista: mais do que convidar, convocar o Brasil a reescrever a história do negro neste país.
Dirigido
com equilíbrio e inteligência por Fred Ouro Preto, “AmarElo...” resgata nomes
esquecidos da nossa cultura miscigenada, desde os primeiros sambistas que
resistiram com bravura, passando pelo Movimento Negro Unificado de 1987 e por
artistas e intelectuais pretos que nossos livros didáticos desconhecem. Ao
final, o espectador compreende, com nitidez, o porquê do pedido de urgência no
título do filme.
Impossível
ficar alheio ao ver aquele teatro lotado de pobres e negros cantando junto com
o rapper, ídolo sem pompa, de carne e osso como todo mundo. Não é por acaso que
“AmarElo – É Tudo Pra Ontem”, começa e termina com a frase em off na voz do
próprio Emicida repetindo um ditado iorubá: “Exu matou um pássaro ontem, com a
pedra que só jogou hoje”.
Ficha técnica:
Direção: Fred Ouro Preto
Exibição: Netflix
Duração: 1h29
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gêneros: documentário